''Vou ficar ao seu lado
Mesmo quando a noite escura chegar.''
(Orbit - Hwasa)
POV ALICE
Era para ser uma noite tranquila. Ao menos, a mais tranquila que se pode ter com um guarda Volturi a solta onde aparentemente estar em algum plano distorcido dos Volturi. É muito mais fácil acreditar nisso do que ele ter realmente deixado a guarda, uma vez que não há motivo algum para isso.
Com os outros ou jogando cartas, ou dormindo, havia resolvido sair ao ar livre e dar uma volta. Caminhei pela floresta calmamente, até chegar próximo a um penhasco que tem vista a toda grande cidade a nossa frente. Sentei-me na beirada e sorri apreciando o momento.
Foi quando, sem dúvidas, uma das piores visões que já tive se apoderou da minha mente.
A morte de Carly.
E agora aqui estamos, reunidos no escritório de Carlisle que subitamente parece pequeno demais para todos. Ao meu lado, Jasper segura minha mão e tenta me acalmar. Não consigo, o medo é maior.
-Como assim a morte de Carly?!
A voz de Esme é mais alta do que deveria, seu semblante toma uma mistura de medo e terror. Todos subitamente tornam-se tensos e assustados com a notícia.
-Você sabe qual seria o motivo? O catalisador?
Bella questiona-me ao lado de um Edward extremamente pensativo e concentrado, provavelmente repassando a visão em sua mente, tentando achar uma saída.
-Não. - nego com a cabeça de forma triste -Eu tentei ver o que poderia ser, mas não consigo.
-Eu estou tento um pesadelo? -Nahuel pergunta próximo a porta, ele foi acordado para participar da reunião. Passa a mão no rosto de forma aflita -Por favor, me digam que sim.
-Eu vou transformá-la.
A voz de Carlisle me faz olhá-lo. O semblante está decidido e em torno de si uma áurea de proteção o envolve, como se estivesse pronto para qualquer coisa se isso fosse salvar sua filha.
-Se o que causará isso for um fator humano, como doença ou acidente, ela estará a salvo. Além disso, será muito mais forte na forma de vampira. Carly sempre disse que deseja se transformar, mas apenas daqui uns dois anos e ter terminado o ensino médio. entretanto dado as circunstâncias, ela com certeza aceitará o adiantamento.
A vontade de chorar retoma e engulo seco tentando manter-me sobre controle.
-Pai... -sussurro, a voz treme mesmo que não deseje -Não vai adiantar.
-Como assim?
A frase de Carlisle soa triste e distante, seus ombros caem em derrota.
-Acredite, eu já imaginei o futuro onde eu mesma a transformava com toda certeza, e a visão continuou. Seja qual for o motivo, não tem a ver com ela ser humana.
Essa é a pior parte em ter visões, por mais que parece que eu possua algum controle sobre algo, a verdade é que sou tão refém do futuro quanto qualquer um a minha volta. A diferença é que sei antes. E isso muitas vezes é terrível.
-Como exatamente foi a visão, Alice?
O Híbrido me questiona, seu corpo tenso e pronto para qualquer luta. Ele gosta de Carly, isso é nítido como água cristalina.
Retiro meus olhos do dele e abaixo as vistas. Não quero dizer.
-O túmulo de Carly. -Edward se pronuncia por mim.
Um silencio incrivelmente perturbador nos engole. Meu irmão foi brando, a visão é mais que isso.
Nela há um túmulo com as inscrições:
''Amada filha. Querida irmã. Doce amiga.
Aqui descansa Carly Sarodh Cullen.
Uma alma pura demais para esse terrível mundo.''
Nesse terrível futuro, vejo Esme e Carlisle sentados abraçados sobre a grama ao lado do túmulo. As mãos tremulas de Esme passam sobre a inscrição de forma sofrida. Os semblantes de ambos são dolorosamente tristes de ver: O sofrimento de pais que perderam um filho.
-Mas para um vampiro morrer é preciso queimá-lo. -diz Rosalie -Não haveria nada para ser enterrado.
A fala dela é terrível de ser ouvida, mas o contexto é valido. Entretanto eu também já havia entendido esse ponto.
-Criaríamos um túmulo seja qual for a morte. -Jasper soa baixo ao meu lado -Uma forma de homenageá-la. Foi o mesmo que os Denali fizeram para Irina.
As lembranças de quando Irina foi morta pelos Volturi retorna. Eu não cheguei a presenciar realmente, mas vi o sofrimento dos Denali e já cheguei a ver o singelo túmulo que carrega apenas coisas que Irina gostava de usar em vida. Uma forma de homenagem. De deixar viva uma parte de quem já se foi.
-Pode ter haver com Alec, não é, Alice? -a voz rouca de Nahuel se pronuncia sobre a as lembranças -Ele está nos Estados Unidos sem motivo aparente.
-Sim, há chances de ser ele.
Um rosnado escapa de seu peito e ele trinca o maxilar com raiva.
-Mas há algo mais. Eu não sei o que é, mas o fato de considerar apenas Alec não melhora a situação.
-Como assim?
-Quando considerei pararmos Alec, o enfrenta-lo antes que possa chegar em Carly, a visão continuou.
-Então ele não seria o motivo? -Bella se põe em dúvida.
-Não digo isso, sem dúvidas ele é um perigo porque nesse momento não vejo nada de bom acontecendo se encontrar Carly.-suspiro -Mas é como se ele fosse apenas um dos motivos. Como se houvessem outros.
-Não é possível que não possamos fazer nada!-esbraveja Esme, o desespero pairando em sua voz -Tem que haver algo que não estamos considerando!
-Mas eu não sei mais no que pensar! -meu tom de voz imita ao de Esme, a impotência em meu corpo -Eu passei a ultima hora inteira considerando todos os pontos possíveis, tudo o que poderia haver de ruim e nada mudou. Entre várias possibilidades, pensei em trocá-la de pais, transformá-la e claro, manter Alec o mais longe possível... Nada mudou! A visão nem mesmo se escureceu, pelo contrário, passou a ser cada vez mais nítida.
Todos sabem o que significa uma visão clara e nítida: Um futuro cada vez mais certo.
-Seriam os Volturi? Sem dúvida estão querendo o mal dela.
-Esse é o estranho. Não os vejo fazendo nada. Não há movimentação deles. Seja qual for o motivo, Os Volturi continuam como estão.
-Isso! -a voz surpresa de Edward me surpreende, ele esteve calado até então. Olho-o e vejo que está com os olhos em Emmett -O que pensou é o certo!
A até eu me surpreendo. Edward se vira para todos.
-Emmett pensou que as visões de Alice são subjetivas, mudam de acordo com o que se é decidido. - afirmo com a cabeça, já sabia disso e não sei onde ele quer chegar - Não vemos o catalizador da morte porque não foi decidido ainda, mas vemos a visão da morte porque ela já é um fato. Então seja quem for, já decidiu querer a morte dela, mas nem mesmo ele sabe como será porque...
- Porque não será ele a decidir como atacará. - ponho-me em alerta, entendendo -Quem quer a morte não é o mesmo que a está planejando.
-E quem seria? -Nahuel pergunta.
Carlisle deixa um suspiro irritado sair de si.
-Os únicos que planejariam algo assim.
POV CAIUS
A minha frente vejo Aro, ele conversa calmamente com os visitantes. Volto o olhar para Marcus e sei que meu semblante se espelha ao tédio dele. Faz semanas desde que Alec se foi e desde lá a raiva dentro de mim cresceu.
Sim, eu não aceitei perder para uma Cullen. Sim, eu odiei vê-lo sair com vida. Sim, eu odeio saber que ela está viva.
Mas Aro pediu um tempo, ele ainda acredita que seu plano B dará certo, que Alec voltará a nós quando tiver a Humana. Para mim, esse plano deveria ser o F de Fracasso. Não sei se o desgosto que criei por Alec e pelo que já possuo pelos Cullen está interferindo em minha visão, mas não vejo porque esperar que ele volte.
As coisas continuariam a mesma? Duvido demais.
Seja como for, aqui estou eu esperando o momento certo de atacar. Porque sim, a morte da vadiazinha é uma certeza. Seja agora ou daqui um tempo, eu quero que ela morra e terei isso.
Enquanto isso, ocupo minha mente pensando. Planejando.
Por mais que Aro pareça descontente por ter que seguir o plano que desejo, concordamos em algo: Não podemos sujar nossas mãos. Os Volturi não poderão ter culpa direta sobre o ataque. Uma vez que eles ''não fizeram nada de errado'', fato esse que quebrará nosso status de justiça.
Se estivéssemos matado Carly quando descobrimos sua existência ao invés de perdoa-la, nada disso agora seria necessário. O fato de termos disponibilizado uma chance aos Cullens, invalida usarmos ela saber o que somos.
Além disso, existe a vidente entre eles, sem dúvidas ela saberá quando atacaremos. Não, não podemos nos envolver pessoalmente.
Mas como passar por cima de alguém que tem visões do futuro?
Entretido com meus pensamentos, passo os olhos nos visitantes a nossa frente. São vampiros de um clã africano que vieram apenas para visita. O homem alto e de pele retinta sorrir ao conversar com Aro, os olhos vermelhos alegres por ter a atenção de um Volturi. Sua companheira é uma mulher baixa e de aparência semelhante a ele, pergunto-me de que tribo africana são.
Tribo africana.
Ergo a cabeça e reprimo um leve sorriso, minha mente faz a ligação de uma memória que detesto com a solução do que preciso. Ao menos um esboço dos passos que darei.
Mas para agir terei que ser cuidadoso. Sei que Alice tem as visões subjetivas e só aparecem quando uma decisão real é tomada. Então não a tomarei, não agora.
Ergo-me do trono e isso chama a atenção do casal, forço um sorriso enquanto caminho em direção ao corredor, saindo da sala de julgamentos. Aro me olha levemente curioso, mas logo me perde de vistas.
No corredor, reconheço o manto totalmente escuro de Jane. Ela caminha para entrar na sala, seu olhar está firmado ao chão enquanto se aproxima. Espero que fale ao passar por mim, mas ela parece não me ver.
--Jane.
A cumprimento. A jovem ergue os olhos no mesmo momento, seus olhos vermelhos momentaneamente perdidos, algo perto da raiva borbulha meu peito.
--Olá, Mestre. -balança a cabeça vagamente para se recompor -Precisa de algo?
--Não, querida.
Com minha dispensa, ela afirma e volta a se virar e caminhar. Sigo com olhar sua pequena estatura até entrar na sala. Enrugo os lábios em desgosto.
Essa é outra que aos poucos está cada vez mais estranha.
Pergunto-me se Aro não percebeu ou prefere a ignorância de não notar.
Seja como for, Jane anda pensando demais. Deixo essa questão suspensa pois não há motivo aparente de me preocupar agora e volto a seguir corredor adentro.
Encontro quem procuro andando na direção contrária, provavelmente para ir ao nosso encontro.
-David, -chamo-o-Tenho uma tarefa para você.
-E qual seria, Mestre?
Deixo um sorriso em meu rosto.
-Precisará ir até o continente africano.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO: