Stella Coller.
ㅡ Agradeço por finalmente ter se expressado. Estou verdadeiramente grata por saber disso.
ㅡ Uma garota qualquer.
Sabe, eu sinto que existe um amor verdadeiro do Christopher por mim. Apenas desejo que ele me toque, mesmo que seja apenas uma vez. Reconheço que pode parecer estranho, assim como eu mesma me considero uma pessoa peculiar. Tudo nessa situação é tão peculiar. Sei que cometi erros imperdoáveis, mas ainda assim, gostaria que ele tocasse em mim e me expressasse o que sente. Eu ficaria profundamente grata.
Existem diversas preocupações que ocupam minha mente, como Jack, Mia e minha casa. No entanto, coloquei Christopher acima de todas essas questões e agora me encontro aqui, no meio do nada, perdendo tempo pensando em alguém que simplesmente me ignora.
As palavras que ele pronunciou quando estava bêbado forneceram alguma explicação sobre sua aversão a tocar outras pessoas, mas ainda assim, anseio por sentir sua presença física. Acredito que todo o esforço que deposito nesse relacionamento em que estou tentando fazê-lo feliz seria recompensado.
Estou andando há horas e cada passo se torna mais exaustivo do que o anterior. O cansaço pesa em meus membros e minha determinação começa a fraquejar. Me sinto completamente perdida, sem objetivo, apenas vagando por essa floresta desconhecida. Anseio estar ao lado de Christopher, mesmo que isso signifique ser ignorada por ele. O frio penetra em minha pele, transformando o ambiente em um cenário ainda mais desolador. A densidade da floresta ao meu redor me causa arrepios e um medo profundo permeia cada pensamento.
A fome se intensifica e logo sinto uma ardente sensação em meu estômago vazio. A pergunta de como acabei me envolvendo nessa situação ecoa em minha mente, sem resposta. Como fui tão tola a ponto de adentrar uma floresta completamente desconhecida sem qualquer preparação? Sinto vergonha por minha imprudência e falta de cautela.
Caminho em direção a uma trilha que se abre à minha frente, mas percebo que as árvores ao seu redor começam a crescer descomunalmente, bloqueando a visão dos raios de sol que atravessam a copa. Olho mais de perto e vejo que algumas árvores possuem iniciais gravadas em seu tronco. As letras parecem um enigma para mim. C + L, observo atentamente, intrigada. Quem seriam as pessoas por trás dessas iniciais? Seria Christopher e outra pessoa? Essa casa que se encontra próxima pertence à família dele. A curiosidade me consome e uma torrente de pensamentos invade minha mente incansavelmente.
Enquanto eu me aventuro por essas terras desconhecidas, cada passo que dou me enche de assombro. A medida que me desloco pela trilha, observo com um encanto insondável as marcas deixadas por aqueles que já estiveram aqui antes de mim, e isso me faz sorrir interiormente. Afinal, conseguir vislumbrar vestígios da presença humana em meio a essa imensidão é simplesmente maravilhoso.
Neste momento, um pensamento toma conta de mim: Christopher, um dia, foi apenas uma criança como qualquer outra. Essa percepção traz um conforto inexplicável. Descubro, enquanto caminho, que estou subindo, lentamente, em direção a um destino incerto. Cada vez mais maravilhada, desconhecia que, no entorno dessas mansões majestosas de pessoas abastadas, existia toda essa preciosidade. A sensação de maravilha me domina.
Seguro meu celular com força, como se fosse a própria chave para explorar esse mundo novo que se revela diante de mim. Sigo minha jornada, consciente de que estou perdida, com uma fome voraz me atormentando, mas uma força irresistível me impulsionando a prosseguir além dos meus limites. Desejo superar todas as barreiras que me separam do meu destino.
Enquanto avanço, a atração que sinto por esse lugar cresce a cada passo dado. As palavras parecem escassas para expressar toda a beleza e fascínio que esta experiência proporciona. Mas não importa se retornarei para casa ou mansão, tanto faz, o que realmente importa é a busca incansável por ir além, ultrapassar fronteiras e mergulhar neste fascínio que me envolve por completo.
Caminhava lentamente pela estrada solitária, enquanto o vento gélido cortava minha pele exposta pelo short curto que escolhi vestir, uma decisão imprudente que deixava claro minha irresponsabilidade e falta de sensatez. Caraca! Por que sou tão inesquecível e burra? A sensação desconfortável do frio se instalava a minha volta, fazendo-me tremer involuntariamente. Jesus, como preferia que Christopher estivesse comigo nesse momento. Sua presença me trazia um conforto inexplicável, um calor que era capaz de aquecer até mesmo as noites mais geladas.
Embora nunca tenha expressado em palavras, desde o momento em que o conheci, ele se tornou alguém especial para mim. Ninguém nunca havia me olhado daquela maneira, como se eu fosse algo precioso, como se eu tivesse algum valor. Mesmo com sua postura firme e bruta, suas palavras formais e sua natureza reservada, havia algo genuíno nele que me atraía de forma irresistível.
Ele não faz ideia de que eu tenho conhecimento de seus sentimentos por mim. É como se um segredo silencioso nos envolvesse, uma verdade não-dita que paira no ar sempre que estamos juntos. Mas sim, acredito que também o amo. Talvez eu nunca encontre coragem suficiente para confessar isso a ele. Talvez a vida nos separe e eu morra com esse sentimento guardado dentro de mim, fazendo-me pensar em todas as possibilidades que poderíamos ter tido juntos.
Mas agora, caminhando pelo frio implacável, desejo ardentemente poder vê-lo uma última vez. Desejo olhar em seus olhos, sentir seu toque uma última vez, e dizer, de forma inabalável, o quanto o amo. É uma vontade que me consome, uma ânsia que me consome por dentro, mesmo que eu não saiba se terei essa oportunidade. A incerteza me sufoca enquanto o amor que carrego transborda em cada pensamento, em cada batida acelerada do meu coração.
Amar alguém do nada é algo que sempre considerei errado, mas no meu caso, não foi algo repentino. Eu o amei desde o primeiro ato de gentileza, desde a primeira palavra cuidadosa que ele me dirigiu. Eu queria tanto saber se esse sentimento irá se transformar em algo no futuro, mas Deus e ele mesmo são incertos quanto a isso.
Se Christopher soubesse que eu comecei a admirá-lo por suas atitudes e palavras, talvez ele se surpreenderia. Se ele soubesse que eu amava vê-lo fugir das minhas perguntas e agir como um perfeito cavalheiro, talvez ficasse intrigado.
Eu amo os enigmas que ele pronuncia, mesmo que às vezes me causem um leve desconforto. A rejeição de Christopher machuca, mas ainda assim o amo. Pelo menos, acredito que sim. Eu temo que esse amor, o dele, seja fruto da carência ou de um trauma de abandono.
Às vezes me pego fantasiando sobre essas possibilidades, sobre um romance sombrio e intenso, sem perceber que estou vivendo algo diferente e especial com Christopher.
O coração palpita só de pensar nele, seus gestos e palavras parecem fazer parte de um enredo magistralmente elaborado. Cada olhar, cada sorriso, cada gesto de cuidado e atenção foram se acumulando, construindo esse sentimento intenso e profundo que carrego por ele.
Espero que, de alguma forma, ele também sinta algo por mim. Que nossos caminhos se cruzem de forma definitiva e que possamos viver essa história que se desenha tão misteriosa e cheia de emoção. Eu me perco em devaneios sonhadores, ansiando por um desfecho feliz ao lado de Christopher, o homem que me faz sentir viva de uma maneira que nunca experimentei antes.
Caminhando vagarosamente por entre as árvores, percebo que minha visão começa a ficar turva, como se estivesse observando o mundo através de uma neblina densa e misteriosa. No entanto, decido ignorar esse fenômeno estranho, como se não tivesse importância alguma. O ambiente ao redor ganha contornos difusos, mas eu continuo avançando, sem dar muita atenção a esse sintoma incomum que parece querer me alertar sobre algo.
Finalmente, chego próximo a uma árvore imponente e decidido a fazer uma pausa. Inclinando-me contra o tronco, tiro o meu celular do bolso e desbloqueio a tela, revelando a coleção de fotografias que tirei de Christopher junto com Mia, em momentos furtivos onde ele não percebia a presença das nossas lentes. A ironia disso tudo me atinge, uma garota impulsiva e tola como eu se apaixonar pelo perfeitamente correto Christopher. Que situação tão previsível e monótona, penso para mim mesma.
Deslizo os dedos pela tela do celular, abrindo os aplicativos um por um, imersa em pensamentos que vagueiam pela estranha conexão que sinto pelo homem que me confunde e fascina. Observo as mensagens que recebi, algumas delas revelando sentimentos que revelei para Mia, que não sei se estou pronta para encarar. E então, como se fosse uma brincadeira cruel do destino, percebo consternada que o sinal de rede naquele lugar remoto da floresta é nulo.
A sensação de estar isolada, longe da tecnologia e das vozes que parecem querer alcançar-me, me envolve como um véu de mistério e solidão. É como se o mundo exterior se afastasse lentamente, deixando-me à mercê dos meus pensamentos tumultuados e das incertezas que pairam sobre minha relação tumultuada com Christopher. A paisagem ao meu redor surge agora em tons mais sombrios, ecoando a confusão e a perplexidade que habitam meu coração inquieto. Será que estou preparada para desvendar os mistérios que me aguardam adiante, ou devo permanecer na segurança da minha própria confusão interior?
Caminhando vagarosamente entre as árvores majestosas da floresta, começo a sentir o frio gélido penetrar em meus ossos, como se quisesse me congelar por inteira. Apesar de tentar me manter firme, a sensação de fraqueza se intensifica a cada passo, tornando-me ciente da minha vulnerabilidade diante da natureza selvagem que me cerca. Questionamentos perturbadores começam a ecoar em minha mente : Será que sou realmente uma garota fraca, incapaz de lidar com os desafios que surgem em meu caminho?
Os arredores da floresta ganham uma tonalidade sombria e melancólica, refletindo a tormenta que se agita dentro de mim. Os olhos ardem com uma mistura de cansaço e confusão, como se tentassem enxergar para além da névoa densa que obscurece minha visão. Uma dor aguda ecoa em minha barriga, lembrando-me de que a fome se faz presente, apesar da incerteza sobre quando foi a última vez que me alimentei. A fragilidade do meu corpo parece contradizer a determinação que um dia senti pulsar em meu peito.
Resolvo descansar junto a uma árvore imponente, cujas raízes se estendem pelo chão coberto de folhas secas. Ao me sentar, no entanto, um desequilíbrio súbito me faz cair de forma desajeitada, lançando-me ao chão com um baque surdo. O som da terra úmida sob meu corpo se mistura ao eco de minha respiração ofegante, enquanto tento compreender a extensão da exaustão que me envolve. Cada parte do meu ser parece pesar mais do que nunca, como se o próprio peso do mundo estivesse sobre meus ombros frágeis. Será que consigo encontrar forças para me reerguer diante dos desafios que se erguem diante de mim, ou devo aceitar a fraqueza que ameaça me consumir por inteira?
Enquanto observava perplexa as copas das imponentes árvores da floresta, comecei a sentir uma dor lancinante se espalhar por todo o meu corpo. Cada músculo parecia gritar em agonia, e uma sensação de queimação tomou conta da minha garganta, fazendo com que engolir se tornasse uma tarefa árdua. Incapaz de compreender o que estava acontecendo comigo, me vi tomada pelo desespero.
Enquanto tentava desesperadamente me mover, percebi que várias folhas secas caíam sobre o meu corpo, como se a própria natureza lamentasse a minha situação. Minhas mãos trêmulas tentavam em vão afastar as folhas, mas a fraqueza que me dominava era avassaladora. O tempo parecia correr de forma implacável, enquanto eu me via presa na imensidão da floresta, sozinha, faminta e temerosa.
Em meio ao desespero e à autodepreciação, pensamentos angustiantes invadiram a minha mente : Se eu não tivesse saído, não estaria passando por isso.
Ecoava em meus pensamentos. Uma sensação de impotência me envolvia, enquanto a ideia de morrer naquele lugar remoto se tornava cada vez mais real. Eu, uma simples leitora aventureira, agora me via à beira da morte, incapaz de escapar do meu destino cruel.
O tempo parecia se distorcer, enquanto eu me via à mercê da floresta que me cercava. Minha visão começou a turvar, como se a própria natureza estivesse se desfazendo diante dos meus olhos. Inclinando minha cabeça para o lado esquerdo, percebi que a escuridão se aproximava rapidamente, engolindo tudo à minha volta. Seria este o meu fim? Morrer sozinha e desamparada na imensidão da floresta?
A sensação de que o tempo voava se tornou avassaladora, enquanto minha respiração fraca parecia ecoar pela floresta. Vozes masculinas ecoaram ao longe, trazendo consigo um misto de temor e esperança. De repente, algo firme e reconfortante envolveu o meu corpo, emanando um calor reconfortante. Em meio à escuridão iminente, uma chama de esperança se acendeu dentro de mim, revelando que talvez houvesse uma chance de sobreviver àquele momento de desespero absoluto.
-Você me assustou demais, minha princesa? -Sussurrou alguém, sua voz familiar ecoando suavemente em meus ouvidos. Deixei-me levar pela dor latejante em meu corpo, permitindo-me afundar na escuridão que se aproximava.
-Um dia, eu vou te ter só para mim, eu prometi a Deus. -Declarou uma voz, embargada de emoções intensas que transbordavam em mim. As palavras soaram como uma promessa eterna, ecoando no espaço entre nós, eu e o nada. -Você se lembra disso, não é? Você é minha para sempre.
As palavras pairaram no ar, envolvendo-me em sua intensidade avassaladora. Um turbilhão de sentimentos me invadiu e, sem forças para resistir, deixei-me levar pela avalanche de emoções. Tudo à minha volta pareceu desvanecer-se, a escuridão acolhedora me envolvendo enquanto desmaiava, entregando-me ao desconhecido.