Behind The Shadows (Volume 2)

By catxxnich

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Continuação de Os Mil e Um Você. A vida estava boa para o casal triplo. Boa até demais. Quando Silver se vê e... More

I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XVI
XVII
XVIII
XIX
Notas do Autor

XV

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By catxxnich

Assim que abro a porta de casa, escuto as vozes de Sonic e Shadow em uma espécie de briga. No momento em que iria interferir, meu nome é proferido, a curiosidade falando mais alto e me fazendo silenciar para ouvir.

— É sério, você não pode contar — dizia Sonic, praticamente implorando.

— Mas o Silver precisa saber! É sobre ele! — Shadow rebate, os braços cruzados sobre o peito.

— Eu sei que é, mas não podemos arriscar — continua o azulado. — Se contarmos antes de termos o consentimento, vai saber o que Mephiles pode fazer com ele.

Dou um passo para trás com a menção ao nome de Mephiles, assustado com as palavras. Ele, por sua vez, já havia sumido sorrateiro, como sempre.

— Ah, por favor, ele não vai fazer nada — zomba Shadow, virando o rosto na direção da porta, onde eu estava. Ele salta para trás com o susto de me ver ali. — Silver! Oi!

— Silver? — pergunta Sonic, olhando para a mesma direção que Shadow. Seus olhos se arregalam instantaneamente e sua postura briguenta muda para nervosismo. — Aah, Sil! Há quanto tempo você tá aí? — Sua risada nervosa não passa despercebida. Eu poderia facilmente fingir que não ouvi nada, mas não queria apenas deixar isso pra lá.

— Tempo suficiente pra saber que vocês estão falando de mim às escondidas.

Sonic engole em seco alto até demais, as bochechas vermelhas de vergonha. Ele não parecia saber o que dizer, as mãos imparáveis.

— É claro que não! Por que faríamos isso?

— Eu — Shadow intervém — não tenho culpa. Sinceramente, por mim você já saberia desde o momento que eu soube.

— Mas não podemos contar! — mais uma vez, Sonic resmunga, olhando de mim para o outro com preocupação. — Acredita em mim, é pelo seu próprio bem.

— Já sei, já sei — o corto, já cansado de ouvir sempre a mesma coisa. — Na hora certa eu vou descobrir, blá-blá-blá.

Ambos concordam com a cabeça, envergonhados. Com um suspiro, fecho a porta atrás de mim e sigo na direção do quarto, a fim de simplesmente me atirar na cama com a cabeça enfiada no travesseiro. Porém, enquanto subia os últimos degraus da escada, a voz de Mephiles pausou meu caminho.

— Eu posso te mostrar um pouquinho do que você quer.

Eu paro quase imediatamente, me virando para ele. O ouriço estava mais uma vez com metade do seu corpo transformado naquela gosma estranha, que escorria nos degraus que ele já havia usado. Uma de suas mãos agarrava o corrimão, e outra se misturava à geleia de jabuticaba do chão.

— Como? — é tudo que pergunto, evitando mostrar o quanto aquilo me deixava animado e curioso. Mephiles ri com a pergunta nada sutil, demonstrando perceber a verdade por trás da falsa normalidade.

— Amanhã. Amanhã retornaremos à delegacia e você terá um gostinho do que está vivendo sem saber.

Quando abro a boca para perguntar mais, seu corpo inteiro derrete, escorrendo para algum lugar da casa que não conseguia ver de onde estava. Assim que deixo de avistar Mephiles, Sonic aparece lá de baixo, parecendo tímido. Eu levanto uma sobrancelha, esperando pela sua fala.

— Posso te contar uma coisa?

— Finalmente — murmuro, descendo os degraus que antes tinha subido. Paro o suficiente para ficar mais alto que ele, obrigando-o a elevar a cabeça.

— Essa noite, eu… eu conversei com o Mephiles.

Suspiro exasperado, sem esperar por essa confissão. Sonic não me deixa falar, continuando:

— Nós falamos sobre você, sobre ele, sobre muita coisa. Por isso eu já sei sobre o que ele é. — Seus olhos esbanjavam culpa, como se esconder aquilo de mim doesse muito. — Mas eu não posso te dizer. Ainda. Ele quer que você descubra por si só. Eu sei que não é fácil, eu também já passei por isso…

— Já passou? — questiono, cortando sua fala. As coisas ficavam ainda mais confusas quando Sonic as dizia daquela maneira. Não fazia o menor sentido ele ter passado pelo mesmo que eu estava passando com Mephiles. Ou será que fazia?

— É. Bom, é tudo que eu posso dizer sobre isso. Não posso te dar mais detalhes. Mas, bem… digamos que eu ganhei a confiança dele. Pelo menos eu acho. — Sonic segura minhas mãos, os olhos cintilando de maneira carinhosa. — Eu sei que é confuso, mas isso vai fazer sentido depois. Você e ele… são como um só. E quando você entender o que isso realmente quer dizer, vai perceber que é impossível viver sem ele. Mephiles pode fazer bobagem, pode ser um idiota às vezes… — Ele respira fundo, olhando o chão por alguns segundos antes de se voltar a mim mais uma vez. — Mas ele se importa com você. E é pra isso que ele existe, é pra isso que ele tá aqui. Pra proteger você.

Com isso, ele solta minhas mãos e se afasta, me abandonando no início da escada, pensando no que tinha acabado de dizer.

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— Por que estamos aqui? — pergunto a Mephiles, me virando para ele no carro. Sem me olhar, ele solta o volante, abrindo a porta e saindo para o lado de fora. Respiro fundo, seguindo-o em silêncio. Quando entramos no local, o mesmo recepcionista chato da última vez nos recebe no balcão, revirando seus olhos castanhos quando percebe que sou eu.

— Que merda, você de novo? — resmunga, largando tudo o que fazia para escorar seus cotovelos na mesa e a cabeça nas mãos. — O que foi que você roubou agora, hein, palerma?

— Benin — responde Mephiles em meu lugar, frio e sério. O homem não parece entender, fazendo Mephiles repetir tão cruel quanto antes. — Quero falar com Benin Grey. Agora.

O policial zomba, pegando um walkie-talkie de algum lugar e apertando o botão para falar.

— Policial Grey, na escuta? — Ele espera um tempo, e quando não obtém resposta, tenta novamente. — Policial Grey, está aí? — Mais uma vez, nada. Ele solta o aparelho, sorrindo sarcasticamente para mim. — Ele não tá aqui, então vaza.

— Na verdade — Benin passa pelas portas de entrada carregando dois copos verdes de algum café perto dali, sorrindo quando seus olhos encontram os meus —, eu tô bem aqui. — O cara do balcão resmunga, se enterrando no assento em que estava. Benin se aproxima de nós, estendendo um dos copos para mim. — Curte matchá? Eu ia dar um pra esse querido aí, mas ele não anda merecendo muito, não.

Pego o copo que ele me estendia, avaliando o conteúdo pelo buraco do canudo. Mephiles ignora a todos, conversando casualmente com o tal Benin.

— Bom te ver, Christian Grey.

Benin dá uma risada, me pegando pelo braço e me levando para o lado de fora da delegacia, onde alguns bancos estavam colocados em uma fila bem torta.

— Bom te "ver" também, Dark Knight. — Ele faz aspas com os dedos, sentando-se. Eu faço o mesmo após ver Mephiles sinalizar.

— Vocês se conhecem? — pergunto em choque, sem entender o bate-papo estranho entre os dois.

— Digamos que sim — responde Benin, bebericando seu chá. Eu o imito, fazendo careta com o gosto nada convidativo. Mephiles arranca o copo de minhas mãos, olhando para ele com desdém.

— Prefiro chá preto.

Sorry, migo, não sabia que você viria.

— Escuta, qual é a de vocês? — me estresso, pegando de volta o chá das mãos de Mephiles. — Como são tão amiguinhos assim?

— Silver — Mephiles profere calmamente, alternando o olhar entre mim e o policial —, eu te trouxe aqui porque esse cara — Ele aponta para Benin — sabe de coisas que você não sabe sobre nós. Portanto, Grey, conta pra ele.

— Pera. — Ele vira seu corpo totalmente para mim, me olhando de cima a baixo. — Ele não sabe mesmo que você é a pe…

Dou um pulo de susto quando Mephiles tampa a boca do pobre policial com a mão, cortando sua frase.

— Não, não sabe. E não é você que vai fazê-lo saber. Você vai contar detalhes daquela época, mas não vai mencionar o que eu sou.

Benin concorda com a cabeça, finalmente tendo sua boca livre. Antes de falar, ele dá outro gole em sua bebida.

— Beleza. Sabe a época que você foi preso? — Aceno com a cabeça, não querendo lembrar muito daqueles tempos. — Pois bem, você nunca esteve sozinho! Nosso herói aqui ajudou a todos nós.

— Como assim? — Olho para Mephiles em dúvida, mas ele continua encarando Benin, que não para sua história.

— No meio da noite, você sempre dava um jeito de fugir da sua cela. Sinceramente, ninguém nunca descobriu como. Quando você fugia, as câmeras magicamente desligavam. E quando te achávamos, você não era você! Você era Mephiles The Dark!

— Você roubava meu corpo enquanto eu dormia?! — me exaspero, esperando que Mephiles respondesse. Ele continuou em silêncio.

— No início, ninguém gostava de você. Mas você fez muitas coisas boas. Quer dizer, o Mephiles, né? Ele fez muitas coisas boas. Ele era praticamente um policial noturno, que cuidava dos presos e até mesmo de nós! E passamos a confiar cada vez mais nele. Mas nós o acobertávamos de quem é superior a nós aqui dentro. Todos nós seríamos demitidos se soubessem que um prisioneiro tá vagando à solta pela madrugada agindo como um policial de verdade.

— Então, você não é um policial de verdade? — pergunto novamente, mas dessa vez, Mephiles não me ignora.

— Nunca fui. Só… gostava de agir como um.

— Muitas vezes, ele aparecia quando você precisava. Brigas que você se meteu ou coisa assim, ele aparecia pra te salvar.

— Ele não lembra — sussurra o ouriço. Ainda assim, nós o escutamos, Benin acenando positivamente com a cabeça.

— Eu imaginei. Mas, sério, você não faz ideia de tudo que ele já fez por nós. Eu podia dormir tranquilamente no turno da noite porque sabia que ele cuidava por mim.

— Agora faz sentido do porquê eu tava sempre tão cansado — penso alto, puxando um dos espinhos para fora do lugar.

— Ah! — ele praticamente grita, até mesmo saltando do banco. Um pouco do seu chá escorre para fora pelo canudo, deixando parte do chão com uma coloração clara de verde. — Sabe por que o Ren te odeia?

— Ren?

— O cara da recepção — Mephiles me ajuda, fazendo uma careta desgostosa ao mencioná-lo.

— Ah. Por quê?

— Uma vez, no meio da noite — Benin conta, fazendo gestos como se estivesse em uma peça de teatro dramática —, ele e outro policial começaram a brigar! Foi em um lugar sem câmeras, então ninguém perceberia. Mas nosso herói Mephiles The Dark salvou o dia! Ou melhor, a noite! Enquanto ele rondava, ouviu os gritos e foi correndo até lá. Acredita que foi tão feio que o Ren sacou uma arma?! Mas ele se tremeu todo e errou o tiro. Mephiles viu tudo, denunciou pra mim e nós contamos pros outros. A princípio, pensamos que ele seria demitido, mas só rebaixaram ele pra ficar no balcão o mais longe possível de qualquer arma de fogo. Não sei que desculpa ele deu pra não mandarem ele pra rua, mas funcionou muito bem.

— Dá pra ver que ele ama muito o novo posto dele — zomba Mephiles, olhando de soslaio para dentro da delegacia.

— E por isso ele me odeia?

— É. — O policial dá de ombros. — Ele pensou que Mephiles era você e te odeia até hoje. Ele não acredita que você realmente tenha… — Ele dá um sorriso temeroso, pigarreando e nunca terminando a frase. — Enfim, acho que é isso. Saiba que você e Mephiles serão sempre muito bem-vindos aqui!

— Obrigado, eu acho.

Mephiles agarra meu braço, me fazendo levantar do banco.

— Agora vamos te deixar voltar ao trabalho. Vamos, Silver.

Sendo arrastado por Mephiles, dou um aceno rápido para Benin, que acena alegremente de volta.

— Ah, e Benin? — O ouriço para, olhando para ele por cima dos ombros. — Da próxima vez, vou esmagar esse matchá na sua cabeça.

— Tudo bem! Já entendi! Chá preto! — grita ele, assistindo-nos entrar no carro e desaparecer de volta para casa.

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