The Girl Is Mine

By mjverse

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Petra Pritchett, a mulher mais poderosa do mundo, comanda o Departamento de Segurança dos Estados Unidos com... More

Aviso e Esclarecimento
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3 | +18
Capítulo 4 | +18
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16 | +18
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23 | +18
Capítulo 24 | +18
Capítulo 25 | + 18
Capítulo 26
Capítulo 28
Capítulo 29

Capítulo 27

65 7 58
By mjverse

Jéssica Pimentel
Rancho Neverland, Los Olivos
2 de novembro de 1997, 03:17

   Sentada na grama perto do lago, termino uma garrafa de uísque. Estou perdendo o controle de mim mesma. Simplesmente não me reconheço mais. Fecho os olhos com força e tento não chorar, mas é inevitável. Estou tão confusa, tão perdida.

   Por que estou assim? Por que tudo parece estar desmoronando ao meu redor? Lembro-me dos momentos felizes, dos sorrisos, mas agora parecem tão distantes, quase irreais.

   Aperto a garrafa vazia com força, sentindo o vidro frio contra minha pele. Talvez seja isso que eu mereça, estar sozinha, perdida no meu próprio labirinto de dor e arrependimento. O vento gelado sopra, trazendo consigo memórias que preferia esquecer, mas que se recusam a ir embora.

   No fundo, sei que preciso de ajuda, de alguém que me resgate desse abismo. Mas quem? Quem estaria disposto a mergulhar na minha escuridão e me puxar de volta para a luz?

   Ouço passos atrás de mim, mas não me viro. Estou cansada demais para enfrentar mais uma batalha. Talvez seja melhor assim, deixar que a noite me envolva e me leve para longe de toda essa dor.

   — Jéssica? — uma voz suave chama meu nome, trazendo-me de volta para a realidade. Não respondo, apenas deixo que as lágrimas continuem a cair, esperando que, de alguma forma, elas lavem a dor que sinto.

   Sinto braços grandes e fortes me envolverem em um abraço. Um abraço confortável e familiar. O perfume amadeirado faz com que meu choro se intensifique. Abraço de volta, afundando meu rosto em seu peito, e choro como nunca, como se alguém importante houvesse morrido. É um choro do fundo da minha alma, e só esses braços podem me consolar. Só esses braços me lembram constantemente que não estou sozinha.

   — Vai ficar tudo bem, querida — meu pai fala enquanto me aperta em seu abraço terno e confortável.

Michael Jackson
Hotel Barkoff
Moscou, Rússia
12 de novembro de 1997, 20:51

   É a minha primeira vez viajando sozinho desde que comecei a namorar Jéssica, e eu não consigo sentir falta dela. A rotina sem ela tem um sabor estranho, misto de liberdade e vazio. Caminho pelo quarto do hotel, olhando pela janela a cidade iluminada, e a ausência dela parece não pesar tanto quanto eu esperava.

   Nosso relacionamento tem sido uma montanha-russa, com altos e baixos que me deixam exausto. Jéssica, com sua intensidade e ciúmes, sempre foi um desafio, mas eu sempre a amei. O que há de errado comigo? Por que me sinto aliviado com a distância dela? Será que estou deixando de lado algo importante? Tento me concentrar na música suave tocando no rádio, mas meus pensamentos vagam, retornando aos últimos dias, às discussões, ao seu olhar cheio de insegurança. Estou farto.

Almoço oferecido por Joana Barkoff
13 de novembro de 1997, 11:03

   Usando um terno preto, camisa vermelha e calça preta, caminho pelo jardim da enorme propriedade Barkoff. Hoje, Joana está lançando mais um uísque. Ela é a melhor nesse ramo e é muito respeitada. Sempre achei que ela e Daniel têm tudo a ver um com o outro. Ele produz vinho e ela uísque, ambos com uma qualidade incrível. É uma pena que não deram certo e que o que tinham acabou antes mesmo de Anely nascer, em 1977.

   Levo meu copo de uísque com gelo até os lábios e olho ao redor. Daniel e Patrice estão por aqui; se cumprimentaram de maneira sutil e cada um seguiu para um lado. Parece que realmente acabou tudo entre eles, mas é bom saber que ainda se respeitam e se gostam. É triste quando um casamento se acaba porque uma das partes deixou de amar. Embora eu não consiga entender como se deixa de amar alguém que esteve com você por quase vinte anos.

   Mas entendo Patrice e também entendo Dan. Suas vidas são corridas e suas filhas já estão grandes, seguindo seus próprios caminhos. Eles, sem dúvida, se desencontraram em algum momento nesse percurso entre criar filhos e administrar suas carreiras. Essa é a vida real, e ela me deixa deprimido.

   Olho ao redor segurando meu copo na mão esquerda. Joana circula entre os convidados com um sorriso encantador, sempre pronta para brindar com seu novo uísque. A atmosfera é de celebração, mas há um silêncio desconfortável entre Daniel e Patrice. Eles se mantêm em lados opostos, cada um absorvendo a dor do passado e as mudanças inevitáveis do presente.

   Eu me pergunto como seria a vida deles se as coisas tivessem tomado outro rumo. Se as escolhas fossem diferentes. Mas, como sempre, a realidade é implacável. As pessoas se separam, os amores se perdem e os caminhos se cruzam apenas para se desviarem novamente. É um ciclo constante de encontros e despedidas, e eu me sinto um mero espectador, observando tudo de longe, tentando encontrar sentido em meio ao caos.

15:17

   — Amei a sua ideia de lançar seu uísque tão cedo — Patrice diz entre risos enquanto entra na cozinha, iluminando todo o lugar com sua presença. Ela está usando um vestido rosa acinturado e volumoso de alças grossas. O decote é muito sutil, não se tem muito o que ver, mas, não precisa. Olha só para tudo isso. Esse sorriso.

   Patrice sempre teve uma aura magnética, algo que fazia todos ao seu redor sentirem-se especiais apenas por estarem em sua presença. Seus cabelos loiros, sempre impecavelmente arrumados, caem em ondas suaves sobre os ombros. Seus olhos azuis, brilhantes e cheios de vida, parecem captar cada detalhe do ambiente, como se nada escapasse à sua atenção. O vestido que ela usa hoje realça sua figura esbelta, com uma elegância que é sua marca registrada.

   Enquanto ela se movimenta pela cozinha, há uma leveza em seus passos, uma graça natural que faz parecer que está flutuando. Patrice é o tipo de mulher que consegue ser sofisticada e acessível ao mesmo tempo, uma combinação rara que a torna ainda mais cativante. Seu sorriso é caloroso e contagiante, capaz de iluminar qualquer ambiente e fazer com que todos se sintam bem-vindos.

   — Você sempre sabe como transformar um dia comum em algo especial — Patrice continua, pegando uma taça de uísque e levantando-a em um brinde — À Joana e suas incríveis criações! — ela fala animadamente. Aqui, sentado em uma das cadeiras altas da bancada, eu levanto meu bombom e me junto ao brinde com Joana, Monique, Patrice, Pietra e Marjorie.

   — Por que Jéssica não veio? — Joana pergunta em um tom confuso e me encara em seguida.

   — Ela e Dan não estão se falando — digo em um tom baixo para ela, que revira os olhos.

   — Está na hora de todos crescerem! — Joana reclama e se senta na cadeira ao meu lado, colocando sua taça de sorvete ao lado dos meus bombons — E o que você acha disso? Dan é seu melhor amigo, ela sua namorada... bem, isso se você já não a pediu em casamento — ela diz entre risos e todas na cozinha a acompanham.

   — Não pedi — digo entre risos e olho para baixo — Bem, acho que eles têm que resolver isso, mas não me meto. Eles são irmãos e sabem o momento certo de acertarem as coisas.

   — Isso é verdade — Patrice murmura do outro lado da cozinha e suspira — Eu voltei a conversar com Petra, estamos bem de novo. Claro, do jeito Petra — ela ri baixinho.

   — Eu sei bem como é — viro minha atenção para o meu pratinho com bombons.

   — Meninas e menino! — Dan diz entrando na cozinha e indo direto para a geladeira, onde Patrice está bem ao lado. Aos poucos, todas as meninas vão saindo, a intenção é deixar os dois sozinhos pelo jeito. Me levanto, mas Patrice me olha como se estivesse me pedindo socorro. Me sento novamente e encaro Daniel pegar algum gelo, cumprimentar Patrice com um aceno e sair da cozinha. Ele está muito bem, sem dúvida, já deve estar encontrando alguém.

   — Obrigada por não ir! — Patrice murmura para mim. Aceno positivamente para ela, que se aproxima e se senta ao meu lado. Ficamos um curto tempo em silêncio até que... — Ele não me deixou escolha — olho para ela, que está me encarando — Sei que você está martelando nessa sua cabecinha o porquê da separação — ela ri — Petra não é a única supergênio dessa família — ela se ajeita na cadeira — Ao longo dos anos, Dan foi ocupando os espaços de sua vida com seus negócios e hobbies. Eu fiquei ali, apenas um troféu na prateleira. Um enfeite na vida fantástica de Daniel Hichello Richards — Patrice suspira dolorosamente — Juiz, enólogo, chefe de cozinha e dono de um dos hotéis mais rentáveis da história. Ele até tentava conciliar tudo e me fazer acreditar que eu era sua prioridade, mas eu sabia que não era. E eu finalmente aprendi a viver com isso. Até que Sophia e Taylor finalmente foram para a faculdade e eu decidi não viver mais nessa situação nenhum dia a mais. E sim, por isso fiquei chateada com Petra quando eles se envolveram. Ele largou tudo e se dedicou completamente a ela enquanto estiveram juntos, enquanto eu... Bem, tive que esperar o fantástico Dan ter tempo para mim.

   — Sinto muito — murmuro — Você merece mais, merece alguém que realmente esteja a sua altura — respiro profundamente — Dan é realmente fantastico, mas, ele tem suas prioridades bem determinadas.

   — Sim, e eu não me importo mais, me sinto livre! — ela sorri — Finalmente posso respirar, estar ao lado de alguém tão perfeito te sufoca! — sua voz embarga. A puxo para meus braços e beijo o topo de sua cabeça.

   — Já acabou — sussurro para ela que se entrega a um choro dolorido e tão baixinho. Olho para a porta e lá está Dan, com os olhos lacrimejados mas, ele está com um semblante tranquilo. Como se finalmente entendesse tudo. Um sorriso se desenha em seu rosto quando ele me encara de volta. Ele está tentando me mostrar que está bem. Como sempre.

Petra Pritchett
Pentágono, Washington
15 de novembro de 1997, 09:07

   Usando um salto fino e bem alto, caminho lentamente pelo corredor. Estou vestida com um terno preto, e meus cabelos estão lisos e escorridos, diferente da juba rebelde de sempre. Ao chegar à porta da minha sala, entro de uma vez, empurrando-a com força para que ela bata fortemente na parede. O impacto faz o presidente e seus assistentes pularem de susto.

   — Bom dia! — digo com um tom doce e muito sarcástico — O que devo à ilustre visita? Quem morreu ou quem devo matar? — pergunto com uma voz fina e animada.

   — Ninguém morreu — o presidente diz em um tom baixo e calmo.

   — Então o que você quer, Clinton? — digo firmemente, fechando completamente o meu semblante. Lentamente caminho em direção ao presidente e paro a um passo dele — Quer que eu cuide de uma certa ilha? Que eu corte a cabeça de Jeffrey e tome banho com o sangue dele? Eu amaria fazer isso. Podemos até gravar e vender para a TV. Ficaria incrível no noticiário da manhã — abro um enorme e assustador sorriso para ele e seus assistentes, que estão amedrontadíssimos — Imagina só: Secretária de Estado, Petra Taylor Pritchett, filha de Elizabeth Taylor, toma banho com o sangue do maior pedófilo...

   — Já chega, Petra! — Clinton murmura envergonhado e olha para o chão. Seguro um sorriso e o encaro, esperando que ele abra a boca e diga o que quer logo.

   — Eu não tenho tanto tempo quanto você, queridinho — cantarolo e cruzo meus braços enquanto o encaro.

   — Só tenho um pedido — ele suspira — Acabo de ser reeleito e não quero que suas investigações sujem meu nome — arqueio uma das sobrancelhas para ele, que parece tentar tomar coragem para dizer o que quer — Quero que pare de investigar a morte de Marilyn Monroe!

   Um silêncio pesado preenche o ambiente. A expressão no rosto de Clinton é um misto de nervosismo e determinação, como se estivesse esperando por uma reação explosiva. Olho para ele com um sorriso frio e calculista.

   — Então é isso? — pergunto com uma voz gelada — Você está aqui para me pedir que eu pare de investigar um dos maiores "mistérios" do século, só porque você não quer que seu nome seja associado a ele? — dou uma risadinha sarcástica — Eu devo dizer, Clinton, você tem coragem. Mas, eu não sou de recuar apenas porque alguém me faz um pedido.

   — Petra, você não entende a gravidade da situação — ele tenta argumentar, a voz carregada de urgência — Se essas investigações forem divulgadas, podem prejudicar não apenas a minha reeleição, mas também a estabilidade do governo.

   — A estabilidade do governo? — repito, com uma ênfase irônica — Ou talvez seja mais sobre a sua própria pele?

   — Não é apenas sobre mim — Clinton diz, tentando manter a calma — A verdade é que há muito mais em jogo aqui do que você imagina. Eu estou pedindo, como um favor, que você reconsidere — a sala permanece em silêncio, enquanto me aproximo ainda mais, quase encostando meu rosto no dele. Vejo o medo em seus olhos, e isso só me dá mais prazer.

   — Então é assim que você quer jogar, Clinton? — digo suavemente, com um tom de ameaça velada — Bem, vamos ver se eu tenho peninha de você até o final da minha investigação — murmuro friamente. Clinton tenta manter a compostura, mas posso ver a tensão em seus ombros. Dou um último olhar penetrante antes de me afastar e sair da sala, meus passos ecoando pelo corredor enquanto deixo o presidente com seus próprios demônios.

Michael Jackson
Rancho Neverland, Los Olivos
16 de novembro de 1997, 17:01

   Em passos lentos, caminho para dentro de casa. Prometi a Jéssica que voltaria antes do dia vinte, então aqui estou. Liguei para ela na noite passada para avisar que voltaria hoje para casa, e ela não me pareceu tão feliz e ansiosa quanto das últimas vezes. Algo dentro de mim pressente que algo vai acontecer.

   — Senhor, a senhora Jéssica está esperando pelo senhor na sala de estar — Dayse diz em um tom baixo. Vejo em seus olhos que não é coisa boa. Fecho os olhos e respiro fundo.

   — Obrigado, Dayse — balbucio para ela e estufo o peito de coragem. Caminho em direção à sala de estar e Jéssica se levanta da poltrona para me receber. Ela está séria, e tem uma mala perto da poltrona.

   — Michael, precisamos conversar — Jéssica diz com uma voz firme, mas controlada. A mala ao seu lado parece ser um aviso sutil. Tento ler seus olhos, mas a expressão é fechada, impossível de decifrar. Ela estende a mão em minha direção, mas não para um abraço, apenas um gesto que eu não sei interpretar.

   — O que está acontecendo, Jéssica? — pergunto, a ansiedade cresce em meu peito. Meus olhos permanecem fixos na mala, que parece carregar o peso de uma decisão muito importante.

   — Não é fácil dizer isso, mas acho que é melhor se você se sentar — ela responde, seus olhos agora cheios de uma tristeza que não posso simplesmente ignorar. Sinto o coração apertar enquanto me dirijo ao sofá, tentando me preparar para o que está por vir. Sento-me, e Jéssica toma uma respiração profunda antes de falar. Seus olhos evitam o meu, fixos no chão por um momento, antes de finalmente encontrarem os meus novamente.

   — Michael, eu... eu não sei como dizer isso sem parecer insensível, mas... — sua voz vacila. Ela olha para a mala e depois para mim, um misto de dor e resignação em seu olhar — Eu tomei uma decisão. Eu não posso mais continuar assim. A verdade é que eu decidi que preciso ir embora — as palavras dela soam como um eco distante. Tentei processar cada uma, mas elas parecem se perder no ar, sem conseguir encontrar um lugar onde possam se firmar. Meu coração acelera, e uma sensação de pânico começa a tomar conta de mim.

   — O quê? — minha voz sai quase como um sussurro, cheio de incredulidade — Por que, Jéssica? O que aconteceu? — ela balança a cabeça lentamente, como se estivesse lutando para encontrar as palavras certas.

   — Não é sobre você, Michael. É sobre mim. Eu sinto que estou perdendo a mim mesma nesse relacionamento. Sinto como se estivesse me sufocando aqui. Eu preciso encontrar meu próprio caminho, e isso significa que preciso estar longe de você.

   Em silêncio, tento processar suas palavras. O som do relógio na parede parece ensurdecedor, marcando o tempo que se arrasta enquanto a realidade se instala. Jéssica levanta a mala, a pega e a coloca ao lado de onde estou sentado.

   — Eu não queria fazer isso de forma abrupta, mas eu não vejo outra maneira — ela diz, com a voz cheia de uma tristeza que reflete a minha própria — As coisas não estão funcionando, e eu sei que isso é o melhor para nós dois — olho para a mala, depois para Jéssica, e uma onda de desespero começa a me consumir.

   — Eu... eu não posso acreditar que isso está acontecendo — murmuro, minha voz quase quebrando — Não há nada que possamos fazer para resolver isso? — Jéssica balança a cabeça novamente, com uma expressão de resignação.

   — Michael, eu já tentei. Eu realmente tentei, mas eu sinto que estou apenas me afundando mais. Eu preciso de um tempo para mim, para descobrir quem eu sou sem você, sem Petra! — essas palavras soam como um golpe final. Levanto-me lentamente, o corpo pesado com o peso da desilusão. Jéssica pega a mala e se prepara para sair.

   — Quando você vai embora? — pergunto, minha voz quase inaudível.

   — Agora! — ela responde, e o silêncio se instala entre nós, preenchido apenas pelo som distante da chuva que começa a cair lá fora.

   — Jess — me aproximo, levo minha mão até a dela e a puxo sutilmente para mim. A abraço e delicadamente beijo sua bochecha — O que é bom para você, é bom para mim — sussurro enquanto minha boca desliza até sua orelha. Ela se afasta sutilmente, deixando meus braços. Sem olhar para mim, pega sua mala e sai da sala. Caminha determinada até a porta principal. Eu a sigo lentamente até a entrada, a sensação de perda apertando meu peito.

   Ela sai da casa e caminha até o carro que já está a esperando há vinte passos da casa. Me viro, a dor da separação se fazendo presente. Caminho para as escadas e começo a subir lentamente, tentando fugir da visão do que parece ser um final inevitável.

   No entanto, ouço o som dos saltos batendo fortemente no chão. Paro e me viro lentamente. Jéssica sobe as escadas correndo até mim, com uma intensidade que me surpreende. Ela me abraça fortemente, e em seguida, me beija apaixonadamente. Levo minhas mãos até seu rosto e correspondo ao beijo com a mesma intensidade, o toque de nossos lábios trazendo uma mistura de alívio e desespero.

   O beijo é fervoroso. Nossos corpos se apertam, como se tentássemos prender o momento. Quando finalmente nos afastamos, os olhos de Jéssica estão cheios de lágrimas que ameaçam cair.

   — Michael, eu... — ela começa a falar, mas as palavras se perdem. Envolvo-a novamente em um abraço apertado, sem querer soltá-la.

   — Não diga nada mais, Jess — murmuro contra seu cabelo — Apenas vá, eu vou ficar bem e eu sei que você também vai — beijo o topo de sua cabeça — Espero que ela dê mais uma chance para vocês — sussurro para ela que sorri.

   Jéssica respira fundo e me dá um último olhar antes de se afastar lentamente, seu olhar se desviando para a porta. As lágrimas em seus olhos brilham à medida que ela se dirige novamente para a saída. Eu a sigo lentamente. A observo partir, e a dor se instala profundamente. A sensação de perda é palpável enquanto ela entra no carro e se afasta, o veículo desaparecendo na distância. Eu fico aqui, na porta principal, tentando lidar com a enxurrada de emoções enquanto a casa volta ao silêncio. E a solidão.

Thomas Michael Pritchett
2 de janeiro de 1998, 03:37

   Os pingos gelados da chuva fazem os machucados doerem ainda mais. Tento não me mover, cada movimento é uma tortura. Abrir a boca é um esforço doloroso, e a dor parece se intensificar com cada tentativa. Não consigo entender como fui parar aqui. Estava em casa, dormindo tranquilamente, e agora me vejo nu e completamente enrolado em arame farpado no gramado de Neverland.

   O frio penetrante da chuva é apenas um lembrete da gravidade da minha situação. Cada fio de arame farpado corta minha pele, e a sensação é agonizante. As gotas de chuva misturam-se com o sangue que escorre, e a combinação é uma sensação nauseante e dolorosa. Sinto uma mistura de pânico e desesperança enquanto tento entender o que aconteceu.

   A visão turva pela dor e pelo frio não ajuda. Tentei me lembrar de como cheguei aqui, mas a memória é uma névoa densa, obscurecida pela dor e pelo choque. Apenas o eco dos meus próprios gemidos e o som incessante da chuva são meus companheiros.

   — Pai — grito desesperado, mas a voz falha, abafada pela dor e pelo esforço. O grito sai como um sussurro fraco, e a esperança de ser ouvido parece uma ilusão distante. A sensação de estar completamente isolado é esmagadora, e a luta para manter a calma é quase tão difícil quanto a dor física que estou suportando.

   Preciso de ajuda. Preciso entender o que aconteceu e encontrar uma maneira de escapar desse pesadelo. Enquanto isso, a chuva continua a cair, sem misericórdia, e o arame farpado parece se apertar ainda mais ao redor de mim.

   — Thomas! — meu pai grita da porta e então, o escuto se aproximar rapidamente — Meu filho, o que aconteceu, como isso aconteceu? — ele grita em desespero, e eu finalmente me sinto um pouco melhor. Nada dói. Meus olhos pesam. E eu me deixo levar pela escuridão que começa a se formar ao meu redor, enquanto o som da chuva e as vozes de meu pai se tornam um borrão distante.

   A sensação de estar flutuando na penumbra é um alívio temporário. As dores se tornam uma memória distante, e a consciência começa a se esvair. Sinto a presença de meu pai, mas sua voz está longe, cada vez mais abafada pela névoa que se instala. O frio e a dor se dissipam, e eu me entrego à escuridão que se aproxima, a sensação de paz se tornando mais forte a cada segundo.

Elizabeth Petra Jackson
Residência Oficial Pritchett, Portland
03:48

   — Thomas! — grito fortemente e me sento na cama de uma vez. Olho para meus lençóis e em seguida para o chão ao lado da minha cama. Olho ao redor. Estou no meu quarto, aqui na casa da minha mãe. Respiro fundo, mas é quase impossível. Sinto um aperto no peito que é quase sufocante. Mamãe entra no quarto afoita e com uma arma em sua mão. Ela está usando apenas uma calça de alfaiataria preta e seu sutiã. A coitada sem dúvida não deve ter chegado há pouco tempo em casa.

   — Lily, você está bem? — ela pergunta, com a voz trêmula e uma preocupação evidente nos olhos. A arma em suas mãos parece quase um reflexo do medo que ela sente. Seus olhos buscam os meus, tentando encontrar um sinal de que estou realmente segura.

   — Eu... eu estou bem, mamãe — digo, tentando acalmá-la, mas minha voz ainda sai com um tremor de nervosismo. Sinto o coração ainda acelerado, e a imagem de Thomas em perigo parece se agarrar a mim. Ela respira fundo e tenta se acalmar, mas a tensão em seus ombros é palpável. A arma ainda está firmemente em sua mão, como se fosse a única coisa que a está mantendo centrada.

   — Eu ouvi um grito, pensei que algo estivesse acontecendo com você — ela diz, sua voz mais calma agora, mas ainda carregada de preocupação. Olha ao redor do quarto, como se procurando por algo que confirmasse sua paranoia.

   — Foi só um pesadelo, mamãe. Não precisa se preocupar — asseguro, tentando desviar a atenção da arma em suas mãos e do medo que ainda parece dominá-la. Ela abaixa lentamente a arma e a coloca sobre a mesa de cabeceira, seus movimentos são lentos, quase hesitantes. Senta-se na beirada da cama ao meu lado e pega minha mão com a dela.

   — Não há nada aqui que possa nos machucar — diz ela, olhando para mim com uma mistura de alívio e ainda um vestígio de apreensão. O alívio em seus olhos é reconfortante, e a tensão no ar começa a se dissipar um pouco. Olho para a mão dela segurando a minha, sentindo um pouco da força e do conforto que sempre encontrei nela.

   — Talvez eu tenha ficado um pouco assustada demais com o pesadelo — admito, tentando me acalmar e me recompor. O aperto no peito começa a diminuir, e a sensação de segurança que minha mãe me transmite ajuda a aliviar a pressão.

   — Não se preocupe com isso agora — diz ela, com um tom mais suave e maternal — Vamos tentar descansar um pouco. Estou aqui com você, e tudo vai ficar bem! — o telefone toca ao lado de sua arma, ela olha para mim — Tudo bem se eu atender? — aceno positivamente para ela que leva sua mão até o telefone e o atende. Sua mão aperta a minha fortemente e eu consigo escutar a voz do meu pai desesperada do outro lado da linha.

Rancho Neverland, Los Olivos
15:48

   Corro desesperada para dentro da casa, minha respiração ofegante e o coração batendo forte. Passo por meu pai, que tenta me impedir, mas continuo sem hesitar em direção ao quarto dele. Sempre que estamos doentes ou precisamos de um lugar seguro, é no quarto dele que encontramos conforto. Esse espaço é como um bálsamo para nossas almas. Mesmo depois de tantos anos, nunca verdadeiramente crescemos para nosso pai.

   — Thomas! — grito pelo meu irmão, minha voz ecoando pelas paredes da casa. Ouço sua resposta vinda do quarto do nosso pai. Acelero o passo e alcanço a porta, que abro com urgência. Thomas está lá, com um sorriso sonolento nos lábios, mas coberto de curativos e arranhões. Meus olhos se enchem de lágrimas enquanto caminho até a beira da cama e o encaro, com um aperto no peito.

   — Estou bem, fique calma! — Tom murmura — O único problema é que quando eu bebo água, vaza pelos furinhos — seu tom leve me faz rir, mas a risada logo se transforma em um choro desesperado. Ele se levanta lentamente e vem até mim, me envolvendo em um abraço forte, tentando me oferecer consolo e segurança.

   — Quem fez isso com você? Por quê? — pergunto entre lágrimas, a dor e a preocupação quase me sufocando. Ele tenta me acalmar com um tom reconfortante.

   — Você sabe que ser o braço direito da nossa mãe tem um preço — ele sussurra, com um olhar cansado mas tranquilo — Mas já está tudo bem, eu estou bem!

   — Não está tudo tão bem assim — sussurro de volta, tentando me recompor. Olho para ele, tentando respirar fundo e manter a calma — Mamãe sabe quem fez isso com você e foi fazer uma visitinha para essa pessoa e a família há algumas horas! — a expressão no rosto de Thomas muda, a leveza se substituindo por uma tensão preocupada.

   — O que ela vai fazer? — ele pergunta, com uma inquietação evidente. Eu sinto um frio na espinha ao imaginar o que pode ter acontecido.

   — Eu não sei, Thomas — admito, com um suspiro pesado — Mas eu sei que ela não está contente e que isso pode ter acabado muito mal.

Petra Pritchett
Casa Branca, Washington
06:12

   Com uma bandeja tampada por uma cúpula redonda, caminho lentamente até o quarto de Clinton e sua esposa. Com a bota, chuto a porta com força, fazendo-a abrir instantaneamente e acordando o casal, que se espanta ao me ver.

   — Bom dia, queridos! — digo em um tom doce e assustador.

   — Como você entrou aqui? — pergunta a esposa de Clinton, desesperada.

   — Você já foi secretária de Estado, pensei que soubesse manter a calma em um momento como este! — digo com uma das mãos em meu colo.

   — Petra, pelo amor de Deus... — Clinton começa, mas eu o interrompo.

   — Você pensou em Deus quando mandou drogar e enrolar meu filho em arame farpado? — pergunto friamente. Clinton olha para sua esposa, que não parece surpresa. Como imaginei. Abro um enorme sorriso para eles — Não se preocupem com nada, está tudo bem — levo a bandeja até a cama deles e a deixo sobre os lençóis.

   Clinton parece ver um fantasma ao olhar para a bandeja. Ele sabe como as coisas funcionam comigo. Olha para mim e depois para a bandeja novamente. De nervoso, ele vomita em cima da cama.

   — O que é isso? — pergunta a esposa dele, começando a chorar. Ela também sabe exatamente do que sou capaz.

   — Apenas um presente, um doce presente pelo que fizeram com meu filho. Vamos, abra! — falo empolgada enquanto tiro as luvas, revelando o sangue em minhas mãos e o jogo neles.

   — Não — ela começa a chorar de maneira mais desolada, assim como Clinton — Nós só queríamos dar um susto, fazer com que você parasse as investigações — ela chora mais e mais.

   — Não se preocupem com isso. O filho que eu e Michael Jackson fizemos é forte e muito resistente. Ele está ótimo. Só não posso dizer o mesmo da única filha de vocês! — digo friamente. Hillary apoia sua testa no ombro de Clinton e chora escandalosamente. Ele, tremendo, lentamente leva suas mãos até a cúpula e finalmente a abre. Ao ver o couro cabeludo e os cabelos dourados e cacheados de sua filha, ele se desespera, e o pânico toma conta de seus olhos.

   — Não! — grita Clinton, a voz embargada pela dor e pelo choque. Ele tenta se levantar, mas está paralisado pelo horror diante do que vê.

   — Você deve estar sentindo o mesmo desespero que eu senti quando recebi um telefonema desesperado e entre lágrimas do pai dos meus filhos me contando o que vocês mandaram fazer com ele. Michael passou horas cortando cada pedacinho do arame para não machucar ainda mais o nosso filho — digo com um tom frio, observando a reação de Clinton e Hillary.

   — Petra, por favor — suplica Hillary, suas lágrimas se misturando com o sangue do couro cabeludo em suas mãos. Ela tenta se aproximar de Clinton, mas ele está em estado de choque, incapaz de mover-se para confortá-la.

   — Não é uma questão de "fazer isso" ou não. É uma questão de justiça e proteção. Vocês cruzaram uma linha que não pode ser desfeita — respondo, com um olhar implacável — E não se enganem, isso não é um jogo. A dor que vocês causaram é real e palpável.

   Clinton, ainda tremendo, tenta esconder o rosto com as mãos, enquanto Hillary continua a chorar, a dor e a culpa evidentes em cada soluço. A cena diante de mim é um misto de desespero e vingança, e eu sinto que finalmente alcancei a justiça para o sofrimento que meu filho passou.

   — Agora tratem de fazer outra filha para que eu possa dar continuidade à minha vingança! — digo em um tom cômico e dou uma risadinha — Que a verdade está clara, espero que vocês pensem duas vezes antes de tentar qualquer coisa novamente. A minha família e eu não seremos vítimas de jogos de poder e crueldade, porque eu sou a própria crueldade e não hesitarei em matar vocês dois com minhas mãos nuas! — me inclino ligeiramente para frente, meu olhar fixo em Clinton e Hillary, antes de finalmente me virar e deixar o quarto, sabendo que meu recado foi dado de forma clara e definitiva.

   Caminho lentamente e levemente pelo corredor até as escadarias. Uma das portas do corredor se abre. Paro e me viro lentamente.

   — Você estava indo embora sem me dar oi? — Chelsea murmura sonolenta e então caminha até mim e me abraça forte. Beijo sua bochecha e a abraço de volta.

   — Que barulheira toda foi aquela? Você aprontou com eles? Não me diga que vou ficar de castigo?

   — Não mesmo, você nunca mais vai ficar de castigo em toda a sua vida — digo entre risos para ela que também ri — Acho bom demorar uns quinze minutos para ir até o quarto dos seus pais, eles estão um pouco estéricos!

   — Entendo, tudo bem — ela ri — Tchau Petra, te vejo na próxima vez que meu pai for visitar Portland! — me afasto lentamente dela e aceno positivamente — E esse sangue? — ela pergunta preocupada, segurando minhas duas mãos.

   — É cinematográfico, trabalhei ajudando minha irmã com algumas coisas relacionadas à maquiagem cenográfica há alguns anos e foi com algo assim que aprontei com seus pais — abro um enorme sorriso para ela que parece finalmente ter entendido. Ela leva as duas mãos até a boca e ri.

   — Você é minha heroína! — ela ri baixinho — Isso não vai te prejudicar? — pergunta preocupada.

   — Eles não são nem loucos de tentar qualquer coisa que seja. Eles sabem que na próxima vez não vou ter piedade! — digo calmamente para ela, que acena positivamente e suspira — Vou indo, se cuida e cuida deles — falo entre risos para ela que acena positivamente e caminha até o quarto dos pais. Consigo escutar os gritos e choros aliviados dos dois. Me encosto no corrimão do início da escada e os escuto agradecendo a Deus.

   Depois de alguns minutos, me viro e começo a descer as escadas, mas sinto alguém atrás de mim. Então me viro bruscamente. Clinton, com o rosto vermelho e com lágrimas ainda descendo por seu rosto, me encara.

   — Não vai mais acontecer, nunca mais — ele fala entre lágrimas e soluços. Aceno positivamente para ele e desço as escadas despreocupadamente. Os seguranças da Casa Branca apenas acenam para mim enquanto passo por eles e saio pela porta principal.

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