Amor Dos Deuses.
🌴🇧🇷🌊
Eu estava sentado em um dos bancos do aeroporto enquanto batia os pés. Eu já estava a um bom tempo esperando por qualquer mínimo sinal de que Dawon havia chegado.
Já estávamos em agosto, e a última semana todinha eu fiquei esperando pelo momento em que minha irmã me mandaria mensagem me avisando que já estava vindo pro Brasil.
Faziam cinco anos desde a última vez em que eu a vi, isso no meu aniversário de vinte anos.
Dawon foi embora pra Coreia a um tempo para começar com seu negócios de roupas, antes ela vendia bem aqui no Rio, mas digamos que o estilo dela não faz o estilo do pessoal daqui, ainda mais pelo Brasil ser um país tropical e que o frio era bem diferente do frio coreano.
Não que nós tivéssemos nos afastado desde que ela foi embora, mas é meio óbvio que não éramos tão próximos como antes, ainda mais pela questão do fuso-horário e das nossas rotinas.
Dawon era quatro anos mais velha que eu, inicialmente era pra ela herdar as universidades e o grupo, mas ela sempre deixou bem claro que não queria isso e abriu sua loja de roupas assim que completou 26 anos.
O que dizer dela? Ela era uma mulher incrível, Dawon sempre foi muito forte e sempre foi muito decidida. Ela só é filha da minha mãe, por isso só possui o nome coreano, apesar do meu pai se referir a ela como Daphne muitas vezes.
Quando ela nasceu, meus pais já eram casados, mas não houve nenhuma suspeita de traição já que ela sempre se pareceu muito com a mamãe, na verdade, nós dois nos parecíamos muito com nossa mãe.
Eu não faço ideia de como descobriram que Dawon não era filha do Luccas, menos ainda como eles lidaram com isso já que na época eu só tinha quatro anos, mas sei que foi aí que as traições começaram de vez e quando passei a viver com pais separados vivendo sob o mesmo teto.
Sempre que Luccas e Lara brigavam, o que era com muita frequência, uma assustadora frequência, Dawon me puxava para o quarto e colocava fones de ouvido em mim para que eu escutasse música ao invés de prestar atenção na briga.
Mas assim que ela fez 18 anos ela saiu de casa, alugou um apartamento com algumas amigas dela em Copacabana e eu tive que me virar sozinho desde então, mas eu não a culpava, a faculdade que ela frequentava também ficava por lá já que ela se recusava a estudar na universidade da nossa família por achar que seria favorecida por isso, e eu a entendia, já que assim que fiz 18 anos eu também saí daquela casa.
Ela só sabia de Alan porque minha mãe a contou, me lembro até hoje que naquele dia ela chegou em casa de repente e me deu um abraço apertado, sem nenhuma razão, depois ela me levou pra sair, fomos no shopping, comemos besteira e passamos um bom tempo juntos, como não fazíamos a uns anos, e depois eu dormi na casa dela.
Apesar de todo o amor da minha irmã naquela época, meus pais conseguiram colocar na minha cabeça que eu me relacionar com homens era horrível e nojento, e eu acreditei neles por um bom tempo.
Eu vivia saindo, todo final de semana eu estava em uma balada diferente, beijando bocas diferentes só pra sentir alguma coisa, e eu vivi bem com isso até meus 25 anos, mas percebi esse ano que eu não vivia tão bem quanto eu pensava quando conheci Yoongi.
Ele abriu os meus olhos, com muito pouco fez com que eu sentisse alguma coisa, alguma coisa que eu não sentia há muito tempo. Ele era como um colírio para os meus olhos, com ele eu podia ser eu mesmo, com ele eu podia ser o Jung Hoseok.
Ter Yoongi na minha vida me fez lembrar de tudo aquilo que eu gostava, de todos os meus sonhos.
Eu amava dançar, e ainda não consigo acreditar que abandonei meu maior sonho para ir atrás de um sonho tão pequeno e limitado.
Não que eu não quisesse a presidência do grupo, eu queria, afinal, tudo isso em relação ao contrato estava acontecendo por isso, não é?
Mas a cada dia que passava...eu não sei, parecia que eu não queria tanto como um dia eu já quis assumir a presidência.
— Hoseok?! — ouvi um timbre muito familiar e me levantei rapidamente de onde eu estava sentado, esquecendo tudo de ruim que eu estava pensando.
Meus olhos arregalados varreram todo o aeroporto a procura daquela voz, não demorei muito para encontrar uma mulher baixa de cabelos longos e escuros parada no meio do aeroporto com diversas malas a cercando.
— Dawon! — eu corri em sua direção com um sorriso enorme que era capaz de rasgar o meu rosto. Permiti a mim mesmo voltar a ser aquele garoto de 14 anos e abracei minha irmã com força e saudade.
Apesar de os anos terem me feito mais alto do que ela, nosso abraço ainda se encaixava e ela ainda parecia me proteger como fazia quando éramos mais novos.
— Você tá enorme! — ela disse segurando meu rosto, pude ver seus olhos brilharem pelas lágrimas que se acumulavam. Eu prometi a mim mesmo que não ia chorar, mas ver ela pessoalmente depois de tanto tempo foi difícil segurar as lágrimas que insistiam em cair.
— Você que diminuiu! — Apontei e um sorriso de coração brincou em seus lábios pintados de lip-tint.
Ela estava linda, vestia diversos sobretudos sobre a roupa, suas bochechas cheinhas denunciavam que ela havia ganhado peso e eu não pude deixar de sorrir feliz por isso, já que isso significava que ela estava se alimentando bem em todos esses anos que estava fora.
Ela estava mais branca, provavelmente não tomava sol direito por lá, mas seus olhos brilhavam como nunca, ela toda brilhava e exalava felicidade por todos os poros de seu rosto.
— Onde está a mamãe? E o Luccas? — ela perguntou, apesar de ter parado de se referir ao Luccas como pai a muito tempo, eu ainda sabia que ela tinha um grande carinho por ele, afinal de contas, querendo ou não ele a criou.
— Eles ainda não chegaram...— disse chateado, era a primeira vez em cinco anos que Dawon vinha nos visitar, eles só tinham uma função que era estar aqui na hora certa mas até nisso eles conseguiram falhar.
— Tudo bem, depois eu passo pra ver eles — ela acariciou minha bochecha com as mãos cheinhas e fofas, fungando, ela secou as próprias lágrimas e nos trocamos um riso, agora eu já não conseguia controlar as lágrimas que caiam pelo meu rosto. — Não chora, se não eu vou chorar também!
— Então para de chorar! — olho pra cima, tentando conter as lágrimas.
Só então, pude perceber a presença de um homem parado a um bom tempo atrás de Dawon, um homem alto, de cabelos escuros no típico padrão e penteado coreano, vestindo um casado grande verde e óculos.
Ele segurava as malas de Dawon e as que deviam ser dele mesmo, olhei para minha irmã e só então ela se lembrou de me apresentar.
— Ah, Jonghyun — se vira para ele com um sorriso, logo voltando a me olhar — Esse é meu irmão, Hoseok. E, Hobi, esse é meu noivo, Jonghyun.
— Noivo?! — como assim ela estava noiva?
— Sim — ela me mostra o anel brilhante em seu dedo anelar na mão esquerda.
— E só pensou em me contar agora?!
— Eu tenho muita coisa pra te contar, Hobi — ela disse com um sorriso, fazendo meu estômago se revirar de ansiedade.
— Vamos pra casa agora, eu também tenho muita coisa pra te contar — eu pego uma das malas rosas que estavam no chão — Muito prazer, Jonghyun — sou educado, mas falo com aquele tom enciumado de qualquer irmão.
— Muito prazer, Hoseok — seu sotaque era bem menos forte do que eu esperava, provavelmente Dawon o ensinou o português durante os anos em que se conheceram.
Ajudei Jonghyun com as malas, já que Dawon não o ajudou com nada.
Caminhamos até o meu carro, guardamos as malas e Dawon se sentou no banco de trás junto do noivo, é sério? Não bastava já estar noiva, ela ainda ia sentar perto dele quando veio me ver?
Brincadeira hein.
Passei a dirigir o carro em direção ao meu novo apartamento. Eu já havia arrumado tudo para receber Dawon e agora o noivo dela também.
Com as mãos no volante, olhei para o meu próprio anel em meu dedo anelar, que estava na mão esquerda assim como o de Dawon.
De repente, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo, eu me toquei de que Yoongi tinha colocado o anel na mão de noivado.
"Eu vou fazer você ter certeza" lembro dele falar isso no restaurante.
Senti um gostoso frio na barriga e mordi os lábios contendo um sorriso. Podia ser só loucura da minha cabeça, mas eu achava que aquilo queria dizer alguma coisa..
[...]
— Satisfação, irmão — Sant, um mc conhecido por cantar poesia acústica 3 me cumprimenta quando chega no estúdio.
— Satisfação — bato em sua mão — Sou muito teu fã — não consigo guardar aquela informação pra mim, e vejo ele sorrir.
— 'Nois vai se dar benzão, hein.
— Satisfação — Maria, uma outra mc me cumprimenta um pouco acanhada — Tava vendo suas rimas no coliseu, 'cê rima muito.
— Poh, valeu — agradeço envergonhado.
Geral que cantou poesia acústica 3 colou aqui no estúdio, menos o Tiago Mac. O bagulho era que eles queriam regravar a música e queriam que eu cantasse a parte do Tiago.
Pra um MC que começou em batalha de rima, porra, aquilo era foda de mais! Ainda mais que eu ia cantar a parte do Tiago, simplesmente a melhor parte da música.
Semana passada, eu vim no estúdio de novo porque o pessoal tinha curtido a letra que eu escrevi e eles queriam saber se eu queria vender algumas, eu tinha um monte que eu não tava afim de cantar então brotei aqui e vi eles transformarem minhas letras em música.
Aquilo era foda pra caralho, era um sonho virando realidade. Fazer essa participação em poesia acústica três ia ajudar pra caralho quando eu finalmente fosse lançar minha música solo, e eu tava animado demais pra isso.
Eu tava ganhando fama nesse bagulho de música, as gravadoras já me conheciam e faziam propostas pra eu assinar contrato com eles ou vender minhas letras ou participar de algum feat com algum cantor.
Não ia trocar de gravadora agora, eu não tinha muita fama e preferia continuar com a DK que eu já tinha certeza que queria cuidar da minha carreira, feat também o Ryan aconselhou a eu não fazer muitos, pra ser uma surpresa daora quando eu finalmente lançasse a música, mas não tive como recusar trabalhar com o Sant, por isso tamo aí agora.
Tava louco pra contar isso pro Hoseok. Desde que ele se mudou, vez ou outra eu dormia na casa dele. Como nós dois acordamos de manhã cedo, ele pagava a minha primeira corrida do dia pra me ajudar e pra eu levar ele pra universidade pra ficarmos um bom mais de tempo juntos.
Ele parecia animado pra caralho também pra ouvir minha música, e eu já tinha escrito mais algumas pra lançar no álbum de novembro.
Hoseok era minha inspiração, enquanto eu estivesse com ele não ia faltar música pra cantar.
Fomos direto pro estúdio pra começar a gravar, achei que minha voz com a da Maria não ia ficar daora, já que minha voz era diferente da do Tiago, mas ficou numa harmonia daora.
Nunca imaginei que algum dia eu fosse cantar com gente que já tinha nome dentro da música, e agora estar numa gravadora com o Sant e a Maria, regravando Poesia Acústica era como a metade de um sonho realizado.
A outra metade só ia se realizar quando eu postasse minha música.
Não demoramos mais do que duas horas pra gravar, na real foi bem suave e engraçado, eu ficava nervoso com eles do lado e por isso tivemos que regravar algumas vezes.
— Relaxa, irmão — lembro de ouvir Sant me dizer, ele me deu a dica de relaxar os ombros e respirar fundo, e funcionou. — Oh, esquece que eu e a Maria tá aqui, vai pro teu lugar de conforto, tá ligado? Um lugar que tem o que você quer, que te acalme.
— To ligado — concordei e então respirei fundo mais uma vez. O instrumental começou a tocar de novo, pedi pra tocar desde a parte do Sant pra dar tempo de relaxar.
Sant e Maria já tinham regravado a parte deles, ver como eles agiam dentro do estúdio era muito daora, eles eram profissionais pra caralho e nem demoraram pra fazer a parte deles.
Fechei os olhos e respirei fundo, movendo os ombros e balançando os braços tentando me livrar do nervosismo e esquecer que do outro lado do vidro tinha uma galera me observando.
Respirando pela boca, me concentrei na música e senti um relaxamento quase instantâneo, como se eu estivesse boiando no mar, quando aquele sorriso tão familiar tomou conta dos meus pensamentos.
Um friozinho gostoso tomou conta da minha barriga e eu senti um sorriso crescer em meu rosto, o sorriso de Hoseok tomava conta de toda a minha atenção, fazendo com que eu me esquecesse completamente da produção e de Sant e Maria que estavam do outro lado do vidro.
O sorriso dele me aquecia, ainda que na minha imaginação. O sorriso dele tinha um lindo formato de coração, mas gostava de me referir a ele como o sol, porque era isso que Hoseok era, meu sol.
Ele me lembrava tudo o que era bom, o sol da manhã que não queimava e te dava vontade de ficar o dia inteiro na laje.
O sol do fim de tarde, quando o brilho laranja mesclava com o azul e formava uma paisagem linda no horizonte.
A melodia familiar começou a tocar e então dividi minha atenção entre o sorriso de Hoseok e a letra da música, ainda que fosse muito difícil fazer essas duas coisas ao mesmo tempo.
"Ana capricorniana
Nesse final de semana
Desculpa, mas não quero ver você partir
Amanhã acordo cedo, o corre aqui não tenha medo
O morro todo hoje quer te ver sorrir".
Eu cantava como se no estúdio só estivesse eu e Hoseok, eu me concentrava em pensar em como seu sorriso iluminava toda a sala somente por me ver cantar, e sorri um pouco mais por achar que a última parte que cantei parecia muito com ele.
"Quem é que tem coragem pra falar de amor?
Quem é que tem coragem de ser o que não é?
Fiz essa aqui na laje
Esse fundo é montagem
Me diz o que 'cê quer pra aliviar essa dor
Fui de peito aberto pra fechar contigo
Seu mundo 'tava escuro, eu fui o seu farol
Escolha são escolhas, 'cê tem seus motivos
Mas quem quer viver na sombra não espera o sol
'Cê sabe que a vida é um tecido fino
Que a qualquer momento pode se rasgar
Talvez não seja nada, seja só o destino
Era simplesmente a hora de tudo acabar".
Essa parte era a mais pesada pra mim, fazia com que eu me lembrasse de coisas do passado que antes doíam, mas agora eram só uma memória que pouco a pouco era esquecida.
Sem querer, acabava que tudo fazia com que meu amor por Hoseok aumentasse, de um jeito assustadoramente novo, como eu nunca havia sentido antes.
A minha parte preferida era meu verso com a Maria, eu não sabia se ia ficar legal agora cantando, mas depois que juntasse nossas partes do jeito certo, alguma coisa dentro de mim dizia que ia ficar bom, eu estava confiante.
"Meu quarto ainda tem seu cheiro, de vazio eu entendo
Esvaziou o coração, e sem ter explicação, me arrancou de dentro
Meu quarto ainda tem seu cheiro, de vazio eu entendo
Esvaziou o coração, e sem ter explicação, me arrancou de dentro
Ana capricorniana, você acha que me engana
Desculpa, mas não quero ver você partir
Vai embora com a minha blusa, só pra deixar outra sua
Ninguém pode saber que você teve aqui".
Sorri com essa última parte, achando graça por ser uma situação um pouco parecida com a de antes com os pais do Hoseok, será que os pais dele sabiam? Tinham lidado bem com o fato de eu ser genro deles?
"Quem é que tem coragem pra falar de amor?
Quem é que tem coragem de ser o que é?
Fiz essa no meu quarto, minha casa não tem laje
E a única montagem é seu sorriso sem cor, amor".
Terminei os últimos versos sentindo aquela sensação de ter finalizado algo difícil e muito esperado depois de tanto tempo. A música acabou e eu abri os olhos, assim que o fiz, do outro lado do vidro pude ver todos, inclusive Ryan, Maria e Sant aplaudindo, ainda que não conseguisse ouvir o som das palmas.
Tirei o fone e deixei sobre o microfone, sentindo minhas bochechas arderem e uma timidez repentina tomar conta de mim. Sai do estúdio e então pude ouvir com clareza o som das palmas ainda batendo.
— Cara, você nasceu pra isso! — Ryan comentou, vindo em minha direção sendo acompanhado por Maria e Sant.
— Irmão, cê mandou muito — Sant me elogia e eu me sinto como uma criança quando veste uma roupa e é elogiado pela mãe.
— Você cantou com uma emoção — Maria é quem me explana — Essa carinha não engana ninguém, não tem nada melhor do que cantar apaixonado — um sorriso enorme tomava conta de seu rosto — Ela tem sorte.
— Ele — eu a corrijo sem pensar duas vezes, vendo quando suas sobrancelhas se levantaram de surpresa, mas o sorriso não abandonou seu rosto.
— Ele tem muita sorte — ela diz de novo, sincera.
— Irmão, espero trabalhar com você mais vezes — Sant bate na minha mão, quando ouvi aquilo eu senti aquela ansiedade tomar conta do meu peito de novo. Porra, o Sant queria gravar comigo de novo, eu precisava contar isso pro Hoseok.
— Eu gravei, e um pessoal queria te chamar pra divulgar uns produtos, uma marca aí de boné se amarrou no seu visual e eles botam fé na sua carreira — Ryan me conta, fazendo com que eu arregale os olhos, surpreso — E mais, parceiro, se tu continuar indo nas batalha e mandar as rima daora, se pá te chamam pra participar de algum podcast. Imagina, tu no podpah.
— Ia ser do caralho — Sant responde por mim — Eu tenho o contato de uma galera, tenho certeza que esse teu álbum vai ser um sucesso, irmão.
— Poh, valeu — eu tava nervoso de mais, porra era o primeiro trabalho grande que eu fazia, ainda mais porque meu álbum ainda tava meio longe da data de lançamento.
Caralho, eu precisava contar pro meu namorado.
— Trás algum dia ele no estúdio pra gente conhecer ele — Maria disse, e eu olhei para Ryan, esperando alguma reação negativa.
— A gente vai ter que dar um prêmio pro moleque, é por causa dele que cê só escreve música foda — Ryan diz e eu fico confuso, ele não tinha falado pra eu mudar "ele" por "ela"?
— Então é isso, fechou — Sant diz — Foi um prazer te conhecer, irmão — ele se despede com um bater de mãos e um meio abraço.
— O prazer foi meu, cara.
— Muito sucesso aí na sua carreira viu, a gente ainda vai cantar junto de novo — Maria me abraça e se despede depois do Sant.
O clipe nós íamos regravar só pra daqui a duas semanas, era o primeiro clipe que eu ia gravar e eu tava nervoso, esse eu fazia questão de levar o Hoseok.
Me despedi de toda a equipe, tava feliz pra caralho de ter gravado com eles, de ter participado disso, e tava louco pra ver o Hoseok.
Mais cedo ele já tinha me mandado mensagem, falando que a irmã dele já 'tava vindo pro Brasil e que queria que eu passasse no apê dele pra conhecer ela, mas isso foi às nove horas da manhã.
Agora, às uma hora da tarde de uma sexta-feira ela já devia ter chegado e devia no mínimo estar dormindo, nunca andei de avião mas devia ser mó trampo acordar cedo pra pegar voo e ainda nem conseguir dormir direito.
Não me preocupei em almoçar, queria ir direto pra casa do playboy, mas eu tava de pé desde às seis horas da manhã, porque querendo ou não hoje ainda era dia da semana e eu precisava trampar, e depois que deu umas nove da manhã, eu precisei ir direto pra gravadora pra encontrar com o pessoal.
Só agora que reparei que fiquei quatro horas dentro de um estúdio, porra, quando a gente faz o que a gente gosta o tempo passa voando.
Apesar de não querer almoçar, só pra ver o playboy mais rápido, eu tava precisando de um banho, porque dirigir no calor do Rio é brincadeira, hein, então fui direto pra casa, tentando acelerar o máximo que podia, mas sem ser parado por excesso de velocidade, pra chegar mais rápido em casa, tomar meu banho, almoçar – já que eu já ia estar lá mesmo – e zarpar pra casa do Hoseok.
Ao mesmo tempo que queria ir ver ele rápido, eu 'tava nervoso pra conhecer a irmã dele. Já tinha conhecido o pai dele, até porque quem não conhecia o governador?
Sei lá, ficava nervoso de pensar na possibilidade dela não gostar de mim, não sei se isso ia mudar alguma coisa no meu relacionamento com o playboy, mas ninguém quer desapontar a família do namorado, ou eu estou errado?
Ficava pensando em quando fosse conhecer a mãe e o pai dele de verdade, tipo, apresentado como namorado de verdade, tá ligado?
Balancei a cabeça tentando não me concentrar nisso, se não eu ia ficar mais nervoso do que eu já 'tava.
[...]
— Eu ainda não acredito que você vai se casar — Resmunguei ao me sentar ao lado de Dawon no sofá do hall da entrada.
— E eu não acredito que você finalmente saiu daquele hotel!
— An an, nem tenta mudar de assunto — sou rápido em dizer, Dawon era muito espertinha e eu sabia que ela só queria me enrolar.
— Eu acabei de chegar, Hobi — ela praticamente derrete no sofá — Fala um pouquinho de você, só até eu não ficar mais tão cansada.
Nós tínhamos chegado por volta das dez horas em casa, assim que chegamos eu ajudei o noivo de Dawon a organizar as coisas no quarto que tinha preparado pra eles.
Agora, estávamos somente eu e a Dada em casa, o noivo dela saiu porque ela insistiu que ele fosse comprar tomates, nutella e bom-bocado, já que na Coreia não tinha e ela disse que estava morrendo de vontade de comer.
Acho que já era mais do que óbvio que eu não sabia cozinhar, então nós pedimos comida pelo ifood pra almoçarmos.
A viagem havia sido cansativa, quase 30 horas de voo não era brincadeira, fiquei até surpreso por Dawon continuar acordada por tanto tempo, eu no lugar dela já estaria no meu décimo quinto sono.
— Dawon, você mal chegou e eu já descobri que você está noiva, você quem precisa me contar sobre sua vida!
— Aish, ninguém mais tem respeito pelos mais velhos — ela passou a mão pelos cabelos longos e lisos — Não tem o que contar, eu estou noiva.
— Ah, só isso né? — ironizo — Você já está noiva a quanto tempo?!
— Um ano.
— UM ANO? — abri a boca em puro choque — E-e você nunca pensou em me contar?!
— Estava esperando eu vir pra cá.
— E se você não viesse?! Só ia descobrir quando o convite do seu casamento chegasse?!
— É claro que eu ia vir pra cá! — ela se sentou no sofá com um pouco de dificuldade, ela devia estar cansada mesmo — Eu vou casar aqui.
— Vai casar aqui? Aqui aonde?
— Ué, Hoseok, aqui no Rio!
— Você já preparou tudo?
— Não, eu queria que você participasse disso comigo — ela disse e pegou em minhas mãos — Eu estava morrendo de saudades, Hobi.
— Ah, Dawon! — ela não tinha direito nenhum de me esconder tudo isso e depois falar essas coisas bonitas e me fazer chorar.
Eu era o puro suco da hipocrisia.
— Como vocês se conheceram? — funguei para que meu nariz não escorresse.
— Nos conhecemos quase um ano depois que eu cheguei na Coréia. Jonghyun gostava de moda, e estava a procura de marcas novas para descobrir. Nós trabalhamos juntos por quase cinco meses, já que ele divulgava meu trabalho e até me ajudava a desenvolver mais a minha criatividade. Depois de quase seis meses, só rolou... — ela dizia com um ar de apaixonada, os olhos de Dawon brilhavam ao dizer de seu noivo e ver minha irmã tão radiante era a coisa mais linda do mundo. — Eu pedi ele em namoro, na Coreia não tem essas coisas mas não queria ficar num relacionamento sem falar oficialmente que estava em um relacionamento, e aí, dois anos depois ele me pediu em casamento, no caso, ano passado.
— Ele não pediu minha benção, como assim você aceitou?
— Mas ele vai pedir!
— Ele vai?
— Claro que vai, meu noivo é um homem!
— Por que eu sinto que você está me escondendo alguma coisa? — eu perguntei ao analisar melhor a minha irmã. Não esperava que ela estivesse igual a cinco anos atrás quando ela saiu do país e, apesar de não ter mudado quase nada, ao mesmo tempo que parecia não ter mudado ela parecia ter mudado muito.
Ela estava radiante, e não era pelo sorriso que eu percebia isso, ela só brilhava. Suas bochechas coradas também denunciavam que ela estava me escondendo alguma coisa, acho que isso era uma coisa dos Jung.
— Hoseok...— ela assumiu um ar sério, ainda que sorrisse um pouco, suas mãos voltaram a segurar as minhas e eu respirei nervosamente, com um pouco de medo do que ela me falaria — Eu estou grávida.
Meu mundo todo pareceu parar, somente Dawon estava na minha frente e nada mais importava.
Meus olhos desceram até chegarem em sua barriga, vendo um volume que antes eu não tinha percebido antes.
De repente, tudo parecia se interligar, o brilho de Dawon, as bochechas rosadas, o sorriso que se recusava a sair de seu rosto e até o pedido de comprar tomates, nutella e bom-bocado.
Ela pegou uma de minhas mãos e direcionou até sua barriga, fazendo eu ficar surpreso, como se aquele toque fosse íntimo de mais, como se ela estivesse me confirmando de que ali dentro havia mesmo um bebê.
Assim que minha palma tocou a superfície de sua barriga, senti por segundos uma elevação a mais, um chute.
Olhei para Dawon e seus olhos estavam ainda mais arregalados e surpresos do que os meus, seu sorriso havia crescido e ela ela apertava sua palma sobre a minha.
— Você sentiu? — perguntei quando senti outro chute em minha mão.
— Óbvio que senti, é minha barriga que ele 'tá chutando — disse sorrindo.
— Ele? É ele?
— Eu deixei pra fazer meus exames aqui, ainda nao sei mas é quase como uma coisa de mãe — ela me explica.
— Coisa de mãe? Só isso que te garante que é menino?
— O importante é que venha com saúde!
— Já tem nomes em mente?
— Se for menina, eu queria que fosse Liz — ela fazia carinho na própria barriga — Se fosse menino, eu e Jonghyun queríamos que fosse Hoseok.
— Hoseok?
— Foi ele quem insistiu, até tentei fazer ele parar com essa ideia de colocar um nome tão feio no meu filho mas não consegui — ela diz com um sorriso, não conseguindo manter a pose séria.
— Eu te amo, Dawon — eu praticamente pulso em cima da minha irmã, rodeando seu pescoço com os braços, a envolvendo num abraço apertado mas tomando cuidado com meu futuro sobrinho.
— Eu te amo, Hobi — ela diz e me abraça de volta. — Sabe, acho que não sou só eu que estou escondendo alguma coisa... — disse e eu mesmo senti minhas bochechas esquentarem, sabendo que elas já estavam vermelhas.
— Eu 'to mesmo — confesso, negar qualquer coisa para Dawon era burrice e perca de tempo. Daqui a pouco Yoongi estaria aqui, e antes mesmo de eu contar ela somaria dois mais dois e já ia descobrir por conta própria — Eu to namorando — revelei de uma vez, vendo Dawon me olhar sem esboçar reação.
— Legal, legal — disse fazendo biquinho, mordendo a parte interna da bochecha.
— Nem vem, você tá noiva!
— Eu falei legal! — ela se defende, mas eu a conhecia muito bem e sabia que era aquele típico ciúme de irmã mais velha — Ela é legal, bonita? Se conhecem a quanto tempo? — Dawon me enchia de perguntas.
— Ele — e a única coisa que falo, fazendo ela ficar quieta mais uma vez.
Além da avó de Seokjin, do próprio Seokjin e de Jimin, ninguém quem eu considerava da minha família sabia, vale lembrar que eu nem cheguei a falar pra eles, eles mesmos tiraram suas conclusões e ficou por assim mesmo.
Eu sabia que não deveria esconder coisas assim da minha própria irmã, era um passo enorme me assumir daquela forma, dizer pra alguém da minha família que eu estava namorando sim e estava namorando um homem! Além de que eu não queria esconder, eu não aguentava mais guardar aquilo só pra mim, e contar pra Dawon, depois de tanto tempo, foi libertador.
Foi como se tivessem tirado um peso de cima dos meus ombros, pelo menos um terço dele.
— Ele te faz feliz? — ela perguntou depois de um longo tempo em silêncio. Não notei nada de ruim em seu tom de voz, apenas preocupação.
Eu sabia porque ela estava fazendo aquela pergunta, ela sabia de Alan, sabia de como eu sofri naquela época e eu sabia que ela não me julgaria por nada, afinal de contas, ela era minha irmã.
— Sim, e muito — eu senti meus olhos lacrimejarem ao dizer aquilo em voz alta. Yoongi me fazia muito bem, me fazia muito feliz, e eu estava feliz por finalmente compartilhar isso com alguém.
— Se conhecem a quanto tempo?
— Fazem seis meses, mas vai fazer um mês desde que começamos a namorar, nesse mês — como o tempo havia passado rápido. Seis meses desde que conheci Yoongi, e agora um mês desde que eu o pedi em namoro.
— E você não me contou?
— Se você quer que eu seja sincero, nem eu fiquei sabendo — nós rimos juntos. Quanta coisa dava pra acontecer em um ano.
— E quando eu vou conhecer ele?
— Hoje.
— A mamãe e o Luccas já sabem?
—...Não — respondi depois de um tempo em silêncio.
— E quando você vai contar?
— Quando for a hora certa — quando eu estiver preparado.
— Eu te amo, Hoseok — ela disse de novo, dessa vez sendo ela a me puxar para um abraço.
Ficamos por longos segundos abraçados, até que ouvimos batidas na porta, o que me levou a crer que fosse meu cunhado, já que Yoongi sabia que minha porta nunca estava trancada.
Me levanto para abrir, me deparando não somente com Jonghyun com sacolas de mercado na mão, mas também com Yoongi, que o ajudava segurando algumas sacolas e um pouco acanhado atrás do meu cunhado.
— Opa, pode entrar — digo sorrindo, abrindo passagem para meu cunhado que ainda era tímido em relação a mim.
— Quem é ele? — Yoon perguntou baixinho ainda na porta de casa.
— Meu cunhado — eu respondo no mesmo tom, abraçando Yoongi pelo pescoço mesmo sabendo que ele não conseguiria me retribuir o abraço por conta das sacolas em suas mãos — Que demora, hein — é a última coisa que digo antes de colar nossos lábios num selinho, que durou tempo o suficiente pra encher meu coração daquele sentimento quentinho e gostoso.
— Se todas as vezes que eu demorar pra chegar eu for recebido assim, vou ter que me atrasar de novo — diz brincando, se aproximando de novo para um segundo beijo, mas eu me afasto com um sorriso, puxo seu braço e o levo para dentro do apartamento.
— Ah, boa tarde — Dawon diz educada, ela ainda estava sentada enquanto Jonghyun olhava perdido para a cozinha, tentando decidir se ia guardar as compras ou não.
— Boa tarde... — Yoongi respondeu com vergonha, pude ver suas bochechas branquinhas ganharem um tom avermelhado. Lindo.
Peguei as compras de sua mão e chamei meu cunhado para me acompanhar até a cozinha, deixei as sacolas em cima da bancada, decidindo guardar tudo aquilo depois.
Yoongi ficou em pé, ainda parado perto da porta enquanto olhava para todos os cantos da minha casa, com vergonha de olhar para minha irmã ou para meu cunhado.
Como ele era lindo.
Andei em sua direção e o puxei para que se sentasse ao meu lado no sofá. Segurei suas mãos e fiz um carinho nelas com o polegar, vendo um sorriso pequeno surgir em seu rosto que ainda estava meio vermelho.
— Yoongi, essa é a minha irmã, Dawon — apresento, apesar dele já conhecer ela pelo o que eu falava — Dada, esse é o Yoongi, meu namorado — eu não me importei se Jonghyun estava presente, daqui a pouco tempo ele já seria da família, e era melhor que ele já me conhecesse para não ser uma surpresa depois do casamento.
— É um prazer te conhecer, Yoongi — minha irmã fala sorrindo, revezando seu olhar entre eu e meu namorado. — Esse aqui é meu noivo, Jonghyun — ela apresenta meu cunhado — E esse aqui é meu filho — ela também faz questão de apresentar o bebê, colocando a mão sobre a barriga.
— Ah, meus parabéns — Yoongi diz, mostrando o sorriso gengival ao saber da gestação de Dawon.
— Ainda não sabemos o sexo, mas Dawonie insiste que vai ser um menino — Jonghyun diz com o sotaque forte, deixando um beijo sobre os cabelos de Dawon.
— Já tem algum nome em mente? — faz a mesma pergunta que eu a pouco tempo, arrancando um sorriso meu.
— Se for menina, ela queria que fosse Liz, mas se for menino eu quero que seja Hoseok.
— São nomes lindos — ele aperta minha mão, fazendo com que eu olhe em sua direção e veja seus olhos brilhando pra mim.
— O bebê chutou quando Hoseok colocou a mão! — ela exclamou animada.
— Ele só não chuta quando eu estou por perto! O que você tem contra o papai? — Jonghyun perguntou ao tocar a barriga da noiva.
— Ele deve saber que você vem me irritando a quase cinco anos — ela brinca.
— Muito obrigado por nos receber em sua casa, Hoseok — Jonghyun me agradece e se reverencia, me deixando envergonhado — Mas agora acho que nós realmente precisamos descansar um pouco — ele diz, olhando apaixonadamente para minha irmã.
— Tudo bem, eu entendo, eu mesmo estou cansado só de saber da viagem de vocês — ele ajuda Dawon a se levantar, agora eu conseguia ver perfeitamente a barriga redondinha dela.
— Esse querido só está a cinco meses aqui dentro e eu já quero arrancar ele daqui logo! — ela reclama ao segurar a própria barriga, como forma de amenizar o peso. Como que eu não pude ver uma coisa tão óbvia?!
— Bom descanso — Yoongi diz e Dawon e Jonghyun sorriem em sua direção, logo andando em direção ao próprio quarto.
— Ela é uma versão sua só que de cabelo longo — Yoongi diz depois que ouve a porta do quarto bater.
— Eu já ouvi muito isso — eu digo sorrindo e então me levanto, indo em direção a cozinha enquanto sou acompanhado por Yoongi.
— Acha que eles gostaram de mim?
— Não tem porque não gostar — respondo sua pergunta, pegando as compras de dentro das sacolas e guardando dentro dos armários para que não ficassem ali sobre o balcão.
— Fiquei com ciúmes quando vi seu cunhado subindo no seu apartamento — ele me revela, fazendo com que eu largasse o que estava fazendo para olhá-lo, vendo que ele se concentrava em me ajudar a guardar as compras.
— Você não pode ficar falando essas coisas.
— Não posso? — ele me olha desentendido após guardar um saco de tomates na geladeira.
— Não — eu abraço sua cintura, deixando nossos corpos próximos um do outro.
— Por que não?
— Faz eu me apaixonar mais por você.
— Deixa de ser brega, Hoseok! — aquele sorriso gengival enfeita seu rosto, e suas bochechas voltam a ficar vermelhas.
Não aguentando mais, eu juntei nossas bocas, deixando vários selinhos sobre ela.
Nós terminamos de guardar as compras, ainda eram duas horas da tarde, então fomos pra sala e eu coloquei o filme "Minha Vida em Marte" pra assistirmos enquanto tomávamos sorvete de napolitano.
— Você quer ir ver as gravações do clipe de Poesia Acústica na semana que vem? — Yoongi me pergunta e então eu me lembro de que ele havia ido pra gravadora hoje.
— Quero sim! — era a primeira vez que ele me chamava pra ver ele no (segundo) trabalho dele. Apesar de eu conhecer o pessoal da gravadora, saber o endereço e ser livre pra ir lá fazer uma surpresa para o Yoon, eu preferia deixar ele fazendo o que ele gostava sozinho, além de que não queria estragar a surpresa que ele vinha prometendo pra mim no final do ano.
— Como foi na gravadora?
— Foi incrível! O Sant e a Maria gostaram do meu trabalho, e eles querem te conhecer — ele disse animado.
— Semana que vem eu te acompanho, pra deixar bem claro que você já tem namorado — deixo um selinho em seus lábios que agora tinham gosto de morango por conta do sorvete.
— Eu ia adorar — ele volta a selar nossos lábios, dessa vez aprofundando o beijo.
A boca dele tinha gosto de chocolate, morango e creme, era o sorvete mais gostoso que eu já tinha experimentado.
Até o filme acabar ficamos assim, abraçados, trocando carícias e tomando sorvete, somente aproveitando a companhia um do outro.
— Você pensa em ter filhos? — perguntei depois de um tempo, não sei o porque disso agora, acho que saber que Dawon estava grávida e ver um filme que a protagonista tinha uma filha contribuiu para que eu fizesse essa pergunta.
— Sim — ele respondeu — Eu sempre quis formar uma família.
— Sério?
— Sim, você não?
— Ah, eu já te falei que eu queria ter quatro filhos, mas nunca pensei direito sobre isso.
— Eu pensava muito nisso, de ter pivete em casa, soltando pipa e fazendo aniversário — ele dizia com um sorriso na cara.
— Já...pensou em ter filhos comigo? — perguntei meio acanhado. Era óbvio que eu não podia engravidar, mas barrigas de aluguel e crianças prontas para serem adotadas ainda eram uma opção.
— Óbvio que já — respondeu, me olhando como se conseguisse ver minha alma — O que eu mais quero é formar uma família com você, parece até idiota como em seis meses você conseguiu me fazer de gato e sapato.
Eu não sabia dizer se era muito cedo pra isso, até porque ainda não fazia nem um mês desde que passamos a namorar, mas eu compartilhava desse mesmo sentimento com Yoongi.
Eu nunca pensei em ter minha própria família antes, apesar de sonhar em algum dia ter filhos.
Mas agora que eu e ele namorávamos, eu só conseguia pensar no futuro. Eu queria casar com ele, queria ter filhos com ele, queria construir uma família com ele.
— Vai ter uma festinha amanhã em casa, não vai ninguém de mais, só a família mesmo — ele me diz — Eu queria que você fosse, pra te apresentar pra minha família e essas coisas — ele não me olhava, como se estivesse com vergonha.
— Vou conhecer sua família?
— Vai, mas vai na medida do possível, minha tia Paloma é foda e só vai te contar história zoada minha, então vou levar você embora antes dela chegar.
— Ela vai ser a primeira que eu vou querer conhecer.
— Você ainda não é louco — ele disse sorrindo, voltando a me encarar.
— Posso levar a Dawon?
— Pode, poh, ela é tua irmã — diz como se fosse óbvio.
— Vai ser amanhã que horas?
— Uma hora, na hora do almoço mesmo. Tua irmã vai ficar bem lá?
— Por que não ficaria?
— Vai ter churrasco, e barulho pra cacete, grávida fica enjoada fácil não é não?
— Ah, se você soubesse como Dawon é barulhenta, e do jeito que ela come eu duvido que ela fique enjoada.
— Amanhã eu passo aqui pra te buscar então.
— Dorme aqui — faço uma careta com a possibilidade dele ir embora mais tarde.
— Amanhã vou ter que ajudar lá em casa cedo.
— Dorme aqui, amanhã você acorda cedo e vai. Nem precisa me buscar, eu mesmo posso ir.
— E meu papel de namorado fica como?
— Fica com você dormindo aqui, agarradinho comigo — deixo um beijo em sua bochecha — Por favor, Yoon.
— Nem precisa pedir por favor, eu não ia negar de qualquer jeito — ele diz, coloca a taça de sorvete já vazia sobre a mesa de centro e volta pro sofá.
Deixei a minha no chão, com preguiça de me levantar. Me deitei sobre o sofá e ajeitei as pernas para que Yoongi se encaixasse entre elas. Ele deitou em cima de mim, com a cabeça em meu peito, fazendo com que eu conseguisse mexer nos cabelos escuros dele.
Ficamos naquela posição enquanto terminamos de assistir o filme, não sei a hora exata, mas nós acabamos tirando um cochilozinho na sala.
Nunca achei que algum dia eu fosse amar alguém como amo Yoongi, nunca achei menos ainda que algum dia eu seria amado na mesma intensidade em que eu amo.
Alguma coisa dentro de mim garantia que nosso amor era igual, eu podia jurar que nunca tinha visto tanto amor assim.
E foi pensando nisso, em como Yoongi virou o centro do meu mundo, que eu acabei adormecendo na sala, logo depois de sentir a respiração de Yoongi ficar mais serena, denunciando que ele mesmo já havia dormido.
🌴🇧🇷🌊
SEXTOU
Quinta agora é aniversário de alguém, duvido vocês acertarem🙈
Dawon apareceu! NOIVA E GRÁVIDA.
Gente... faltam em torno de 8 capítulos pra acabar, vocês tem noção disso??? Eu nem consigo acreditar.
BATEMOS 350 SEGUIDORES MEUS AMORES, 32k de views e quase 4k de curtidas, a cada dia que passa TPQ não para de crescer, vocês não sabem como eu fico feliz com isso😭😭😭
Eu brinco, dou risada falando que não vejo a hora de TPQ ser concluída, mas só Deus sabe como que eu to triste com isso.
Tava pensando em criar um grupo no insta pra gente conversar, divulgar Fanfics, o que vocês acham?
Gente, to vendo um monte de gente que acompanha TPQ e não tá seguindo hein, meu ttk tem mais seguidor que aqui, que que é isso??🤨 KKKK brincadeira, fico feliz de acompanharem, mas segue aí pra não perderem nenhuma fanfic nova, hehe.
Esse capítulo foi mais curtinho, 6k de palavras só, mas depois de dois capítulos de 10k tá bom né?
Eu espero que vocês tenham gostado, meus amores. Sejam muito bem vindos quem chegou agora, não to dando conta de responder todos os comentários, mas fiquem cientes que eu leio todos!
Um beijão da Heartless e até breve💋