Marcada

By afabbris

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Na isolada vila de Sant'Arua, cercada pela densa floresta da Serra Guaraciara, Anahi é vista como uma maldiçã... More

Prólogo: O nascer da Alma
Capítulo 1: Entre as copas de Sant'Arua
Capítulo 2: Purificações de Ka'aru Puranga
Capítulo 3: A marca da maldição deve ser purificada
Capítulo 4: Aparição sob duas asas
Capítulo 5: Uma nova realidade
Capítulo 6: A Cidade de Pedra
Capítulo 7: Éden, onde os Nephilins habitam
Capítulo 8: Adaptar é uma necessidade
Capitulo 9: Corpo, Alma, Mente.
Capítulo 10: Celestiais, Caídos, Renegados
Capítulo 11: Feche sua mente
Capítulo 13: A maldição persegue o coração corrompido
Capítulo 14: De volta as raízes
Capítulo 15: A mente adormecida de um Nephilim
Capítulo 16: Vislumbres do poder celestial
Capítulo 17: Desafio feito, desafio aceito
Capítulo 18: A força de dois sois
Capítulo 19: Os primeiros passos no mundo
Capítulo 20: Uma estranha para os humanos, uma estranha para os Nephilins.
Capítulo 21: Armas de minha alma

Capítulo 12: As sombras que habitam em mim

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By afabbris

Eu estava dormindo, sem sonhos, como se minha mente estivesse fechada, um vazio completo e absoluto. Não havia imagens, sons ou sensações — apenas um escuro acolhedor que me envolvia, trazendo um descanso profundo e necessário após a tortura interminável. Era como se todo o peso, toda a dor e angústia dos últimos dias tivessem sido temporariamente apagados. Não havia mais lembranças dolorosas ou humilhações constantes. Apenas um silêncio profundo e reconfortante, um abrigo seguro onde meu corpo e minha mente podiam finalmente descansar.

No vazio, sentia-me flutuando, sem noção de tempo ou espaço. Cada segundo se dissolvia no próximo, e a escuridão se estendia infinitamente, me protegendo de qualquer pensamento ou sensação intrusiva. Era um alívio bem-vindo, um porto seguro onde eu podia me recuperar, livre da tortura e da angústia.

Acordei por um breve momento, meus olhos abrindo-se lentamente, a visão ainda turva e confusa. Não sabia se estava realmente acordada ou se minha mente, finalmente, estava começando a sonhar. Consegui distinguir uma figura familiar ao meu lado. Azrael estava ali, parado, me encarando enquanto eu dormia. Sua presença era inconfundível, imponente e ao mesmo tempo tranquilizadora.

Ele estava de pé, próximo à minha cama, sua silhueta iluminada pela suave luz das velas que dançavam nas sombras da sala. Seus olhos, sempre tão intensos e enigmáticos, estavam fixos em mim. Por um momento, pareceu que um vislumbre de preocupação passava por seu olhar, um detalhe quase imperceptível em sua expressão normalmente impassível.

Meu coração acelerou levemente ao vê-lo, mas eu estava tão sonolenta e debilitada que mal conseguia manter os olhos abertos. Havia um conforto estranho em saber que ele estava ali, uma sensação de segurança que não conseguia explicar. No entanto, a exaustão me envolveu novamente, e minhas pálpebras pesaram. Enquanto deslizava de volta para o vazio escuro e sem sonhos, a dúvida persistia: Será que ele estava realmente ali, ou minha mente estava me pregando peças? Não tive tempo de encontrar a resposta antes de ser arrastada de volta à inconsciência.

No dia seguinte, comecei a despertar lentamente. A consciência voltou aos poucos, primeiro como uma vaga percepção de estar em um lugar diferente. Senti algo frio e incômodo em meu braço. Aos poucos, percebi que era um soro intravenoso, a agulha inserida na minha veia transmitindo um leve desconforto. Meus músculos doíam de maneira profunda, como se eu tivesse sido esculpida em pedra e estivesse finalmente voltando à vida.

Minha fome era avassaladora, um vazio doloroso no estômago que parecia devorar minhas entranhas. Cada respiração era acompanhada por um gemido silencioso de necessidade, minha garganta seca implorando por água. Lentamente, a luz começou a surgir por trás das minhas pálpebras fechadas, criando uma auréola de vermelho suave que me puxava mais para a superfície da consciência.

Abri os olhos com dificuldade, a luz ofuscante me fazendo piscar várias vezes enquanto meu olhar se adaptava. O teto branco acima de mim era iluminado pela luz do sol que se filtrava através de janelas altas e estreitas. Pisquei mais algumas vezes, tentando clarear minha visão turva e desfocada.

Olhei ao redor, meus olhos ajustando-se lentamente ao ambiente. Estava deitada em uma cama de enfermagem, os lençóis brancos e macios cheirando levemente a desinfetante e ervas curativas. O cheiro era reconfortante, uma mistura de limpeza e natureza que me trazia uma sensação de segurança.

A luz do sol que entrava pelas janelas lançava um brilho suave e tranquilizador na sala. O quarto era amplo e arejado, com várias camas dispostas em fileiras. As paredes eram de um tom claro e relaxante, adornadas com tapeçarias que representavam cenas de cura e proteção. Cada detalhe do ambiente parecia projetado para promover a recuperação e a paz.

Ao lado da cama, uma anja curandeira trabalhava em silêncio. Ela tinha uma presença serena e reconfortante, com longos cabelos prateados que caíam em cascata sobre seus ombros. Seus olhos eram de um azul profundo como se tentassem trazer cura somente com a cor de sua iris. Vestia uma túnica branca simples, adornada com bordados dourados descritos seu nome em enoquiano e em português também. Ela movia-se com uma graça quase etérea, suas mãos hábeis preparando uma mistura de ervas em um pequeno almofariz.

Ao perceber que eu havia acordado, a anja sorriu suavemente, seu sorriso claramente irradiava segurança, mesmo em um local onde não estavamos seguros.

Anjos parecem ter o dom de "transmitir" seja lá o que for. Felicidade, medo, angustia, paz, segurança. Eles eram encanação de sentimentos mesmo sem poder senti-los.

— Finalmente acordada — ela disse, sua voz melodiosa e suave. — Você esteve dormindo profundamente por um dia inteiro. Como se sente?

Eu tentei responder, mas minha garganta estava seca e apenas um som rouco saiu. A anja pegou um copo de água e segurou-o para que eu pudesse beber. A água fresca deslizou pela minha garganta, trazendo um alívio imediato.

Enquanto bebia, percebi uma preocupação genuína nos olhos da anja. No entanto, não pude deixar de me perguntar se aquela expressão de preocupação fazia parte de sua função. Durante meu tempo na academia e nas interações com os anjos, comecei a entender que eles eram seres de deveres específicos. Anjos têm funções definidas, e eles vivem por essas funções, executando-as com uma precisão quase mecânica.

Eles não se dão espaço para amar ou odiar, a não ser que tenham nascido para isso, ou fossem criados, seja lá como os anjos foram criados. A preocupação que eu via nos olhos da anja poderia ser simplesmente uma parte de seu papel como curandeira, uma necessidade de demonstrar empatia para promover a cura.

Eu entendia, no fundo, por que alguns anjos se rebelavam. Querer pensar por si mesmos, desejar algo além do que foram criados para fazer. Mas esse era um pensamento perigoso, algo que eu manteria guardado no fundo da minha mente, um segredo a qual iria manter mesmo sob tortura.

Eu entendia, no fundo, por que alguns anjos se rebelavam. Querer pensar por si mesmos, desejar algo além do que foram criados para fazer. Mas esse era um pensamento perigoso, algo que eu manteria guardado no fundo da minha mente, um segredo que não ousaria revelar a ninguém.

Azrael. Ele havia me feito passar por isso e nem sequer se preocupou comigo. Mas me lembrava sutilmente de sonhar com ele aos pés de minha cama. Será que era realmente um sonho? Ele estava ali, seus olhos intensos observando-me dormir, uma sombra de preocupação em seu rosto. Mesmo sem ter certeza se era real, a imagem permanecia viva em minha mente, uma lembrança incômoda de sua presença e, ao mesmo tempo, de sua ausência.

A anja curandeira continuava a me observar com seus olhos gentis e preocupados, e eu me perguntei se ela também alguma vez desejara algo diferente. Mas, em sua expressão, não havia nada além de devoção à sua função. Era como se qualquer desejo pessoal fosse suprimido, uma parte de seu ser que provavelmente nunca teria a chance de florescer.

A anja se afastou por um momento e voltou com uma bandeja de comida. Havia uma tigela de sopa quente, pão fresco e frutas. O aroma delicioso fez meu estômago roncar de fome.

— Aqui está — disse ela, colocando a bandeja na mesa ao lado da cama. — Coma devagar, seu corpo ainda está se recuperando.

Agradeci com um aceno de cabeça e comecei a comer. Peguei a tigela de sopa com as mãos, sentindo o calor reconfortante se espalhar pelos meus dedos. Levei a tigela aos lábios, bebendo a sopa diretamente como se fosse uma caneca.

Cada gole da sopa quente era como um bálsamo, aquecendo-me por dentro e trazendo uma sensação de conforto e sustento. A anja curandeira me ofereceu uma colher, seus olhos demonstrando uma leve dúvida, mas eu a ignorei, preferindo a simplicidade de beber diretamente da tigela.

— Eu não nasci para tantos detalhes — murmurei, mais para mim mesma do que para ela.

O pão fresco era macio e saboroso, e as frutas doces e suculentas. A simplicidade e a naturalidade dos alimentos traziam uma lembrança de casa, dos tempos em que colhíamos e preparávamos nossa própria comida com cuidado e respeito pela natureza.

Enquanto comia, ouvi vozes familiares se aproximando. Olhei para a porta e vi Sofia e Lucas entrando na sala. Seus rostos mostravam alívio e preocupação ao me verem acordada e comendo. Sofia usava uma blusa azul desbotada e calças escuras, com arranhões visíveis nos braços e uma bandagem na testa. Lucas estava vestido com uma camisa branca amassada e jeans, seu rosto mostrando sinais de cansaço, com um corte recente no lábio.

— Anahi! — exclamou Sofia, correndo até minha cama e me abraçando delicadamente. — Estávamos tão preocupados!

— É bom ver você acordada — disse Lucas, sorrindo. — Como você está se sentindo?

— Melhor agora — respondi, sentindo-me aquecida pela presença deles. — Foi um período difícil, mas estou feliz de ver vocês. De onde eu vim, diríamos 'Abaeté aendu porã', que significa 'meu espírito está bem'.

— Eu falei pra você que ela era indígena — comentou Sofia com um sorriso, se virando para Lucas.

Eu ri, apreciando o momento leve em meio à tensão. — Não é tão "índio" assim — expliquei, ainda sorrindo. — Minha tribo mudou muito com o tempo. Falamos português e mal aprendemos Tupi-Guarani. Eu sempre me interessei e tentei me manter conectada à natureza, mas...

— A criação — completou Lucas, como se isso explicasse tudo. Quase como um lembrete do porque eu era tão diferente, não me adequava ao mundo humano, ao mundo dos anjos mas talvez, aos olhos do que eles chamavam de Deus, eu era próxima.

Olhei para Sofia e Lucas mais atentamente, notando os sinais de batalha em seus corpos. Arranhões profundos cruzavam os braços de Sofia, a bandagem em sua testa manchada de sangue seco. Seus olhos, normalmente brilhantes e animados, estavam sombreados por círculos escuros de cansaço. Lucas não parecia muito melhor. Ele tinha um corte recente no lábio, e sua camisa branca estava amassada e suja, como se tivesse sido usada por dias sem descanso. Havia também um curativo improvisado em seu braço, manchado de sangue e sujeira.

— E vocês? Estão bem? O que aconteceu? — perguntei, a preocupação transparecendo em minha voz.

Sofia e Lucas se entreolharam antes de responder, uma sombra de preocupação passando por seus rostos.

— Tivemos algumas baixas — disse Sofia, finalmente. — Mas o importante é que você está aqui, viva e se recuperando. Precisamos focar nisso agora.

— Mas o que aconteceu exatamente? — insisti, meus olhos fixos neles, tentando ler mais do que suas palavras revelavam.

— Foi um ataque surpresa durante um treinamento noturno — Lucas explicou, sua voz baixa e grave. — Estávamos no meio do exercício quando um grupo de anjos renegados apareceu. Eles eram fortes, bem organizados... parecia que sabiam exatamente onde e quando atacar.

— Foi um caos — acrescentou Sofia, seu olhar distante, como se revivesse a cena. — Perdemos muitos. Alguns dos nossos melhores. Foi uma luta desesperada só para conseguirmos sair vivos.

No final, não havia espaço para fugas. Eu teria que viver um mundo novo, querendo ou não.

— Sinto muito — sussurrei, minha voz carregada de dor pela perda dos colegas.

— Não se preocupe com isso agora, Anahi — disse Lucas, tentando sorrir, mas sua expressão ainda estava marcada pela preocupação. — O importante é que você está aqui e precisa se recuperar. Vamos passar por isso juntos. Na verdade, ficamos sabendo que você passou por um treinamento que normalmente é aplicado apenas aos veteranos. Nem sabemos como você sobreviveu, para falar a verdade.

Eu olhei para eles, surpresa. O que eu havia passado foi um treinamento para veteranos? Isso explicava muita coisa, mas também levantava mais perguntas sobre as intenções de Azrael. Por que ele me submeteria a algo tão extremo sem me avisar? Qual era seu verdadeiro objetivo?

Antes que eu pudesse perguntar mais, a anja curandeira apareceu novamente ao nosso lado, interrompendo meus pensamentos.

— Anahi, preciso que se levante agora — pediu ela, com um sorriso encorajador.

Com algum esforço, saí da cama e me coloquei de pé. Para minha surpresa, meu corpo parecia estar super recuperado. Eu me sentia mais forte, mais firme, como se uma nova energia tivesse sido injetada em mim durante o sono. Minhas pernas, antes trêmulas e fracas, agora sustentavam meu peso com facilidade. Era como se eu tivesse renascido de alguma forma.

Lucas e Sofia estavam ao meu lado, prontos para me ajudar, mas não precisei de apoio. Caminhei com eles em direção ao meu quarto, sentindo cada passo mais confiante. O corredor parecia mais iluminado, como se a escuridão dos últimos dias tivesse finalmente começado a se dissipar. Chegamos ao meu quarto, e eu me virei para eles.

— Vou me trocar. Nos encontramos no refeitório? — perguntei, minha voz mais firme do que esperava.

— Claro, vamos esperar você lá — respondeu Lucas, sorrindo.

Assenti e entrei no quarto, fechando a porta atrás de mim. O espaço era familiar e reconfortante, um pequeno santuário em meio ao caos. Fui até o armário e escolhi uma roupa limpa, sentindo o tecido fresco contra minha pele. Enquanto me vestia, minha vida, cada momento meu desde que saira da vila como paragrafos mentais de reflexão. O treinamento brutal, a recuperação milagrosa, a presença constante de meus amigos. Não, o fato de ter amigos... tudo parecia tão surreal e tão distante da minha vida que chegava a ser confortante.

Pensamento meu que havia proclamado cedo demais.

Estava prestes a sair do quarto quando ouvi um ruído atrás de mim. Antes que pudesse reagir, fui empurrada para dentro novamente. A porta se fechou com um estrondo, e me vi cercada por Liana e um grupo de alunos. Seus olhos brilhavam com malícia, e um sorriso cruel se formava nos lábios de Liana. Um sorriso velho e conhecido mas nada reconfortante.

— Ora, ora, se não é a nossa querida Anahi — disse Liana, a voz gotejando sarcasmo. — Ouvi dizer que você teve um tratamento especial ultimamente. Vamos ver se você está realmente tão forte quanto parece.

Minha mente voltou instantaneamente ao passado, às memórias dolorosas da vila e da purificação. Sentia um nó se formar no estômago enquanto tentava entender o que estava acontecendo. Eles riam, um som que parecia ecoar pelas paredes do quarto, cada risada como um eco do passado e de tudo que havia visto.

Novamente. Novamente no mesmo papel sem reação. Liana se aproximou, puxando-me pelo braço e empurrando-me contra a parede. — Vamos fazer uma pequena brincadeira — sussurrou ela, seus olhos fixos nos meus. — Vamos ver se você ainda é tão forte assim.

As outras meninas começaram a arrancar minha roupa, enquanto eu lutava desesperadamente para me soltar. Estava em choque, as garotas rindo, com celulares na mão. Cada toque, cada palavra cruel sussurrada em meu ouvido, trazia de volta as memórias de dor e humilhação.

— Parem com isso! — gritei, minha voz quebrando de desespero.

Mas eles não pararam. As risadas ficaram mais altas, mais frenéticas. Sentia a raiva e o medo se acumulando dentro de mim, uma mistura perigosa de emoções que ameaçava me consumir.

De repente, algo dentro de mim estalou. Um sentimento de ódio começou a borbulhar dentro de mim, mesclado com a lembrança de que eu era igual a elas, que tinha a mesma força e que poderia matá-las se assim o quisesse. Imagens da minha vila vieram à tona, lembranças dos anjos que eram chamados de deuses e que haviam abençoado o local. Era como se uma memória bloqueada fosse repentinamente desbloqueada, revelando um poder que sempre esteve lá, escondido nas profundezas do meu ser.

Pude sentir os anjos como se estivessem em minhas veias, suas presenças apagadas, mas ainda pulsando dentro de mim, uma parte indelével da minha história. Lembrei-me das cerimônias na minha tribo, das oferendas feitas a Tupã. Minha mente se encheu de visões de meu povo reunido ao redor de uma fogueira, entoando cânticos antigos enquanto ofertavam alimentos e flores ao deus supremo. Nas chamas da fogueira, uma figura celestial aparecia, resplandecente e imponente, que agora eu reconhecia como a imagem do Arcanjo Miguel, o líder dos exércitos celestiais. Tupã, na forma de Miguel, descia até nós, trazendo proteção e força.

A visão na minha mente estava borrada e turva, como se algo estivesse corrompendo a memória. As figuras dançavam nas sombras, e a imagem de Miguel oscilava entre a claridade e a escuridão. Sentia que havia algo mais, algo escondido, mas a energia negra dentro de mim estava crescendo, ameaçando tomar o controle. As risadas das meninas ao meu redor tornaram-se distantes, um eco perturbador que se misturava com as lembranças distorcidas da minha tribo.

A marca em meu braço começou a queimar, aquecendo como uma brasa viva. As meninas que me seguravam gritaram e me soltaram, recuando em pânico. Senti algo sombrio e poderoso se agitar dentro de mim, um poder negro e feroz que emergia como uma fera desperta de um longo sono. As memórias dos deuses e das bênçãos que havia recebido tornaram-se claras, como se sempre tivessem feito parte de mim.

Liana e as outras garotas olharam para mim, o medo estampado em seus rostos. Elas viram algo em meus olhos, algo que as fez recuar. A energia negra se espalhou pelo quarto, uma sombra que parecia viva, se alimentando do meu ódio e da minha dor. As meninas foram jogadas para longe, como se uma força invisível as tivesse repelido.

— O que... o que você é? — gaguejou Liana, seus olhos arregalados de terror.

Eu não sabia a resposta. Tudo que sabia era que algo dentro de mim havia despertado, algo que eu mal conseguia compreender, a verdade é que eu mal havia compreendido o mundo a qual me encontrava agora.

Finalmente, a energia começou a se dissipar, e eu voltei a mim, ofegante e assustada. Olhei ao redor, vendo os rostos apavorados dos alunos. Liana estava caída no chão, tremendo.

— Nunca mais façam isso comigo — minha voz saiu baixa, mas carregada de uma determinação feroz.

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