24.07 - Terça-feira
Terminei o suco de beterraba, e o gosto horrível parecia que não ia embora nunca. Não demorou muito para que meus amigos chegassem para me visitar.
[...]
Todos fizeram as mesmas perguntas: "Você está bem?", "Quando vai receber alta?" Eles não podiam ficar muito tempo; o hospital permitia apenas duas visitas de cada vez, então tinham que ser rápidos. Tom foi o último a entrar, esperto ele, assim não precisava se apressar.
[...]
Passei um bom tempo com Tom. Ele se deitou ao meu lado na cama, e o silêncio se instalou.
— Tom, o que foi? — perguntei, notando que ele parecia distante.
— Nada, por quê? — respondeu ele, mas eu não estava convencida.
— Tem alguma coisa sim — retruquei.
— Estou preocupado com você — Tom admitiu.
— Não precisa se preocupar, eu estou bem... quer dizer, eu vou ficar bem — tentei acalmá-lo.
— Você me promete? Você vai se cuidar, né? — Tom perguntou, seu tom de voz carregado de preocupação. — O que você tem é grave.
— Sim, eu prometo — respondi, mesmo sem muita certeza de como seria o futuro.
[...]
Tom foi embora logo em seguida; o hospital não permitia visitas a qualquer hora, infelizmente.
Eu estava exausta com tantos exames e mais exames. A sensação de estar bem, mas ainda sendo bombardeada com soro e remédios, era cansativa.
Tom's Pov
Estou muito preocupado com a Mia. Estes dias sem ela vão ser chatos, e o hospital enche o saco com essas regras de visita.
15:46
Cloe me mandou uma mensagem pedindo para conversar. Ela sugeriu que nos encontrássemos na sorveteria perto de casa.
— Mãe, vou ali e já volto — avisei ao descer as escadas.
— Ali aonde? — minha mãe perguntou, distraída com a televisão.
— Na sorveteria. Quer alguma coisa? — perguntei, já abrindo a porta para sair.
— Não, filho, se divirta — minha mãe respondeu, e eu mandei um beijo antes de sair.
Demorei uns 8 minutos para chegar, e Cloe já estava lá.
— E aí, Tom — Cloe me cumprimentou assim que me viu entrar.
— E aí, Cloe — respondi, me sentando à mesa.
— Estou muito mal — Cloe disse.
— Prossiga — falei.
Passamos um bom tempo conversando. Fiquei feliz que ela confiasse em mim para falar sobre suas coisas. Ninguém nunca fez isso antes.
— Enfim, é complicado — disse Cloe, enquanto eu dava o último gole no meu milkshake. — Como a Mia está?
— Ah, ela está passando por exames e tratamentos. Vai ficar bem — respondi.
— Que bom então — Cloe comentou. — Eu tenho que ir, marquei de ir ao shopping com alguns amigos.
— Tudo bem, eu vou indo também — respondi, levantando-me da mesa.
— Quer ir junto? — Cloe me perguntou.
— Pode ser. Não tenho mais nada de interessante para fazer — respondi.
[...]
Chegamos ao shopping, onde eu e Cloe esperávamos os amigos dela na frente do cinema, só para encontrar todos ali. Avisei minha mãe que estava indo para lá.
Peguei meu celular e vi uma mensagem da Mia, mas quando fui responder, a bateria do celular acabou. Eu queria avisá-la que estava com Cloe para não preocupá-la.
— Merda — murmurei, frustrado.
— O que foi? — Cloe perguntou, confusa.
— Nada, só pensei alto — respondi.
— Beleza então. Meus amigos estão ali — Cloe apontou para um grupo de pessoas. — Vamos lá.
[...]
Passamos um tempo nos divertindo. Os amigos dela eram engraçados e legais. Decidimos ir à praça de alimentação para comer algo. Pedimos a comida e nos acomodamos em uma mesa grande, onde cabíamos todos. Éramos 8 pessoas.
— Então, Tom. Fale mais sobre você — uma garota à minha frente disse.
— Ela quer saber se você está solteiro — um garoto ao meu lado disse, dando-me uma cotovelada.
O que eu diria? Eu ainda não pedi a Mia em namoro, mas também não estávamos exatamente namorando.
— Eu não namoro, mas — comecei a dizer, mas fui interrompido.
— BOTA NA CHAPA! — um garoto exclamou em voz alta.
— Deixa ele terminar de falar, imbecil — Cloe interveio. — Prossiga.
— Mas, eu pretendo pedir a garota em namoro em breve — respondi, tentando ser inteligente.
— Se ferrou, Antonella — o garoto ao meu lado disse.
— Parem de ser idiotas — Antonella retrucou.
— Então, e vocês? — perguntei a eles.
Entramos em conversas animadas, cada um compartilhando um pouco sobre sua vida.
[...]
19:33
A comida ficou pronta e fomos buscar. Comemos e continuamos conversando.
— Esse aqui é seu Insta? — Giulia me perguntou.
— Sim — respondi.
— Uau, você toca guitarra. Demais! — Antonny, irmão de Antonella, comentou.
— Sim, eu e meu irmão tínhamos o sonho de formar uma banda quando éramos crianças. Às vezes, nossos outros dois amigos vinham tocar no porão com a gente — contei, e todos riram.
— Quem vai querer sorvete? — Cloe perguntou. Todos levantaram as mãos. — Então, alguém vem me ajudar?
— Eu vou — levantei-me da mesa.
Fomos até uma sorveteria na praça de alimentação e pedimos os sorvetes.
— O que achou deles? — Cloe perguntou.
— Eles são muito engraçados. Adorei — respondi.
— Que bom. Vamos marcar de sair de novo quando a Mia sair do hospital — Cloe sugeriu.
— Seria uma ótima ideia. Juntamos meus amigos com os seus — respondi, e ela sorriu.
[...]
21:49
Cheguei em casa depois de um longo dia, coloquei meu celular no carregador e fui tomar um banho.
[...]
Assim que saí do banho, bateram na porta do meu quarto.
— Estou de toalha — avisei.
— Foda-se — Bill entrou no quarto. — Você tem celular para quê?
— Opa, opa, o Billy está estressado — eu disse rindo, enquanto abria o guarda-roupa.
— Qual é, Tom? A Mia não parou de me mandar mensagem perguntando onde você estava. Ela quer falar urgente com você — Bill disse, jogando um travesseiro em mim com tanta força que derrubou minha toalha, mas consegui segurar o travesseiro estrategicamente.
— Você quer ver a peça do pai? — eu retruquei.
— Seu idiota, liga para a Mia e responde a ela — Bill saiu do quarto batendo a porta.
Será que era algo urgente?