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❦ Capítulo 16
IMPERDOAVELMENTE SEU
Estou tentando pensar em alguma coisa
que não seja a forma como você deixou
minha alma rasgada
— estou me costurando aos poucos,
não deixarei ninguém mais entrar
Jimin leu em algum lugar que não há beleza rara sem algo estranho nas proporções.
Seja algo assimétrico, que não tem harmonia nos dois lados, ou até mesmo algo que estraga a perfeição do resto. Precisava haver um traço diferente do normal, estranho e, às vezes, até mesmo assombroso. Apenas assim o físico ficaria original o suficiente para ser chamado de especial. E era exatamente aquilo que estava acontecendo.
Desde que Park apareceu ali, todos estavam em choque.
Assim que pisou na passarela, sua mente focou em um ponto qualquer no fundo e deixou seus olhos ali. Ergueu bem as costas e jogou os ombros pra trás, a cabeça sempre empinada e a coluna ereta. Agora sim estava com a posição digna de um modelo de Alta-Costura. Segurou qualquer sentimento de tristeza e vestiu a máscara que costumava tampar suas emoções.
A música clássica trágica fazia com que cada passo de Jimin naquele salto fosse como uma certeza de que aquele momento ficaria para história. No ápice do violino, o loiro desfilou impecavelmente. A respiração acelerada e nervosismo nem foi percebida pelos outros, visto que sua boca macia estava entreaberta, mas a respiração não era o que se notava.
Quase como um suspiro. Quente, sensual e vulnerável. Mas de vulnerável não havia nada na composição do seu look.
A primeira coisa que apareceu aos olhos do público foi a roupa extremamente sensual dele. Recortes pretos desciam em um decote fundo em renda texturizada, deixava seu colo todo à mostra, junto de um pouco do seu peito. Um corset vermelho vinho juntava com a renda belamente, tendo uma pelugem sofisticada em algumas partes.
O corset era o mais apertado que ele já havia vestido em toda sua vida. Deixava sua cintura fantasiosamente fina e seu quadril deliciosamente curvilíneo. Parecia uma ampulheta. Mais para baixo havia uma saia curta na frente e longa atrás, o tecido era vermelho com renda preta, voava como vento ao movimento. A saia curta deixava à mostra suas coxas torneadas na tinta, ainda invisível, junto de uma cinta liga sexy. A parte de trás da saia arrastava no chão com elegância.
Cada passo de Jimin trazia os olhares vibrantes para uma parte diferente de seu corpo. Boca. Rosto. Clavícula. Cintura. Bunda. Coxas. E, a luz laranja por trás deixava claro o conceito do look. Os fechos quentes de luz sobreavam as bordas da bela e gigante Asa prateada que ele vestia. Ela era revestida em preto fosco e as penas eram tão bem feitas e pintadas de prata que parecia uma linda armadura.
O peso da asa parecia enorme em seus ombros, junto do corset que tirava grande parte de sua respiração, mas Jimin não deixava transparecer. Até porque, quando a moda se mistura com a arte, obras magníficas podem tirar de si muito além do saudável. Mas Park desfilava como se fosse uma flor voando ao som do vento, estava em seu habitat natural.
Era uma mistura de contradições que ficavam muito bem juntas. Desde a forma elegante com que ele desfilava até o olhar sujo que permanecia ali, esquentando as bochechas de todos. Ele abria a boca como se fosse deixar um gemido sair, parecia fora da realidade.
Ele era lindo como um anjo, mas hoje parecia um demônio — o mais quente deles. O andado provocante, uma coxa atrás da outra, olhar afiado e sobrancelhas franzidas — como se pedisse um ato pecaminoso. Delicioso e angelical para qualquer um que o visse.
Não podiam negar, os olhos de todos estava em Park Jimin: a farsa que não foi desvendada.
Quando o loiro chegou à ponta da passarela, a luz do refletor bateu nele e um arquejo alto dá platéia foi ouvido. Agora a atração principal pegou a luz negra na passarela, tudo parecia fazer sentido. Assim que a luz bateu em si, sua pele vibrou em partículas de brilho junto de um efeito visual manipulado, genialmente pensado por Damiano, que parecia chamas.
Tudo se encaixava agora. Os tons de laranja na asa, a cor vinho na roupa, e a renda preta que agora era assertiva ao parecer cinzas e trazer o lado sombrio. A luz negra fazia a asa esbelta parecer pegar fogo junto da pele holográfica de Jimin. Visualmente, Jimin parecia brilhoso e ardente. Chamas para todo lado, sua pele parecia algo perigoso. Tudo parecia ficar se ascender. Tudo era fogo e, juntando com a asa e o conceito geral ficava claro:
Jimin era uma fênix.
A pele do rosto também brilhava em algumas partes, mas o que chamava mais atenção era a maquiagem toda borrada dos olhos. A sua íris continha um quê de mágoa e raiva que, quando se juntava com o a sombra preta arruinada, parecia perfeito um para o outro.
O simbolismo da fênix era o triunfo diante da morte, o eterno recomeço. Doloroso, assombroso, mas ainda assim um recomeço que surge das cinzas. Quente e imortal. O recomeço que o loiro teve que passar, em poucos minutos, para estar aqui dessa forma apenas deixa claro a sua marca registrada. Um sentimento obscuro subiu seu pescoço até o nariz, sentia vontade de chorar.
Park parou na ponta da passarela, colocou as mãos na cintura fina e se esticou pra frente, como uma ave exibindo a beleza de suas asas em chamas. Deixou com que toda a sua clavícula flamejada pela tinta ficasse de frente ao público — ergueu a cabeça e piscou dolorosamente, com os olhos marejados.
Uma lágrima preta desceu.
Os flashes não pararam nem por um mísero segundo, o silêncio do choque era endurecedor. O fogo de Park Jimin chegou em todos, queimou seus corações. Nos avaliadores nas cadeiras da frente, nos fãs vendo a transmissão pelo celular, nos jornalistas fora do local e até mesmo nos seguranças das fileiras. O sentimento, além de rápido e hipnotizante, era claro:
Hoje seria o marco do ressurgimento da Versace, da volta de Jeon, e — principalmente — do sucesso e ódio de Park Jimin ao amor.
Quando a noite caiu, o canal oficial da Vogue não esperou o dia amanhecer para lançar a matéria mais aguardada da semana:
PARK JIMIM:
A FÊNIX QUE RETORNOU DAS CINZAS
Sob a batuta da mente criativa de Jeon Jungkook, estilista visionário e multifacetado, a casa italiana de moda mais uma vez provou por que continua sendo sinônimo de luxo e inovação. E no centro desse renascimento, uma nova estrela se firmou: Park Jimin.
A Versace não apenas retornou, mas ressurgiu das cinzas como uma fênix, reinventando sua própria história com um desfile que já é considerado um marco na alta-costura. É seguro dizer que estamos presenciando o surgimento de uma nova dinastia na moda e na cultura fashion global, e Park Jimin está no centro dessa revolução.
A Versace encontrou em Jungkook e Jimin os ingredientes perfeitos para continuar escrevendo sua lenda. A moda nunca esteve tão viva, vibrante e pronta para ser reinventada. Seja na alta-costura ou na sensualidade, o futuro da moda está em chamas.
Porque Park Jimin não apenas desfilou – ele incendiou a passarela.
-ˋˏ ༻ ❦ ༺ ˎˊ-
Há alguns anos atrás
Quando Jeon viu Jimin pela primeira vez ele usava uma blusa cor vinho.
Passou por si com uma confiança inabalável, nem olhou pro estilista. Assim que ele tirou os óculos escuros, percebeu que a pose era apenas uma fachada. Os olhos castanhos e abalados trouxeram a curiosidade de Jeon ao topo. Quem era aquele homem com uma postura impecável e olhar vacilante?
Jimin chegou na agência em que Jungkook trabalhava, fez uma entrevista, aparentemente impecável. A agência estava cheia de modelos nessa época, iriam recusá-lo, mas assim que pai de Jimin apareceu lá, e até mesmo conversou com o dono da agência, ele foi aceito. Ná época, dois modelos foram demitido sem motivos.
Ele juntou os dois acontecimentos, assim como grande parte das pessoas da agência, e pensou: Park Jimin conseguira seu trabalho por influência do pai. Antes mesmo de iniciar sua carreira aqui os rumores eram fortes, todo dia haviam novas provas e até suposições do quanto Park era dependente do nepotismo*.
Sempre que o via em fotos ele estava ao lado de seu pai, extremamente famoso e rico, apesar de sempre parecer um pouco sério demais, quase desconfortável ao lado do seu genitor.
Jeon sentiu decepcionado. Odiava trabalhar com modelos mimados e riquinhos. EnJeon podia ser bem rico, mas nunca fora mimado, muito pelo contrário. Ele tinha que se virar e fazer tudo por si só, seus pais não cuidavam de si. E talvez essa seja, inclusive, uma das razões pelo qual ele desgoste tanto dessa ideia. Porque foi claramente negligenciado* quando criança.
Depois de anos na miséria de sua carreira, Jeon havia tido a oportunidade de trabalhar com um cantor famoso na época, mas teve que ser revogado para Park Jimin entrar. Era sua oportunidade de conseguir fazer um trabalho bom novamente. Por isso, Jeon não esqueceu nunca de como uma parte de seu atual sonho havia sido roubada. Pensou que nunca mais fosse trabalhar com alguém tão inspirador a ponto de fazê-lo reascender na mídia.
Com o tempo, as pessoas pareciam ter esquecido da forma como Park entrou. Ele hipnotizou todos. Com seu sorriso gentil, jeito ousado e olhar determinado, todos pareciam ter caído em seu feitiço como pobres vítimas indefesas.
Até porque, quem resistiria a Park Jimin?
Bochechas fofas, mãos pequeninas e olhos que diminuíram quando ele sorria. Ele era adorável. Sem falar no corpo curvilíneo, boca cheia e voz sensual. Ele era irresistível para todos, sem um exceção. Sua beleza era venenosa e aqueles que não queriam cair em seus encantos deveriam permanecer o mais longe possível.
Foi aí que começou o ódio.
Park Jimin conseguiu fazer com que todos ao redor esquecessem desse início, agora os funcionários que perguntavam a si o porquê do ódio. E, no começo, era apenas uma irritação. Até porque, por todos esses anos, ele não chegou a conversar com Jimin com frequência. Jeon trabalhava principalmente com outras maracas de luxo e modelos, enquanto Park ficava sempre na agência.
Mas, o pouco que eles se encontraram, foi o suficiente para o moreno perder o controle. E Jeon, acima de tudo, odiava perder o controle. Evitava o modelo à todo custo porque sabia que, assim que os dois começassem a ter uma conversa, não conseguiria resistir a provocá-lo, tentar tirar a verdade dele.
— Park Jimin está aqui.
Sempre que ele ouvia essa frase seu corpo queimava.
Ia ao banheiro, ficava longe, lavava o rosto e se crucificava por estar sendo uma das vítimas do modelo. Observava-o de longe e o odiava cada vez mais. Era óbvio que Park vestia uma máscara para socializar com outras pessoas. Ele era charmoso na medida certa para entrar em suas mentes e fazer todos gostarem dele.
Com aquele sorriso radiante, jeito inocentemente safado e perfume enlouquecedor, Jeon tinha certeza que ele tinha tudo para receber o seu ódio. Queria ser empedernido*, mas seu corpo não obedecia.
Então aí chegou a confusão de sentimentos. Um sentimento de raiva junto de atração. E a raiva até poderia ser incontrolável, mas o desejo era irreversível. Uma vez que o sentia, não conseguiria voltar atrás.
Como um louco pervertido, tentava se enganar e fingia que não ficava com tesão durante a noite toda só de lembrar os fios sedosos em sua nuca, testa e caindo nos olhos. Porra. Ou estava muito obcecado e carente, ou estava com problemas de coração.
Torcia para que fosse a segunda opção.
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Do outro lado da história, outro ponto de vista era vivido.
Quando Jimin conheceu Jeon, o moreno usava um terno cor vinho, formal como sempre. Assim que o viu, sentiu suas bochechas pegarem fogo. O estilista estava dentro do elevador, todo sério e sexy. O maxilar travado e sobrancelhas franzidas. Apenas com um relance de olhar foi o suficiente para fazer que o corpo inteiro de Jimin paralisasse.
Pareciam uma miragem à sua frente. Quase dois metros, corpo escultural e olhar penetrante. Ah e, é claro, simplesmente o maior estilista de todos os tempos. Uma febre nos anos 2000 e um dos únicos homens que se assumiram naquela época. É claro que estava petrificado.
— Não vai entrar? — perguntou o moreno, demonstrando que estava sem paciência. Levantou a cabeça e olhou por três segundos para o modelo e se arrependeu amargamente.
Porra. Porra. Porra.
Jimin coçou a garganta, sem jeito, e entrou rapidamente, ainda com um brilho nos olhos ao conhecer pela primeira vez pessoalmente um dos seus ídolos e, secretamente, a razão pelo qual Park se descobriu gay tão cedo. Lembrou-se da primeira vez que ficou excitado, aos 15 anos, quando viu uma revista com a rosto e corpo de Jeon Jungkook — que na época estava começando a sua carreira aos 21 anos.
Engoliu seco e teve certeza que suas orelhas estafavam vermelhas.
Jeon fechou os olhos e o observou por mais 2 segundos só para ter certeza de que sua mente não estava lhe pregando uma peça. Infelizmente não, sua mente estava certa.
Porra. Porra. Porra.
Jimin havia pintado o cabelo de loiro.
Como era possível que a sua existência teria se tornado ainda mais irresistível agora? Não achou que fosse possível se sentir mais descontrolado assim. Fechou a cara, totalmente descontente em relação a reação do seu próprio corpo — principalmente pau e mente — com apenas uma mudança de coloração.
Bufou alto.
Park desviou os olhos, achando que ele estava incomodado com seus olhares. Clicou no andar que queria e o elevador começou a subir. Não conseguia tirar os olhos dele, tinha que falar alguma coisa. Abriu e fechou a boca algumas vezes, pensando mil vezes antes de falar.
— Algum problema? — a pergunta saiu seca, quase rude. Park piscou forte e tomou coragem, sem deixar se levar pelo tom de voz grave do outro.
— Eu... — inspirou fundo. — Eu sou Park Jimin, novo modelo da Agência. Só queria dizer que você é uma grande inspiração, é uma honra trabalhar no mesmo local que você. Eu me esforcei muito pra chegar até aqui.
Jimin sorriu adoravelmente e o coração de Jungkook acelerou. Sentiu um quê de raiva aderindo suas veias com intensidade. Foi criado com tanta frieza e indiferença, não seria agora que mudaria toda sua personalidade por um ninguém.
Porra. Porra. Porra.
— Ah, não parece. — escorou seu corpo descontraídamente da parede do elevador e cruzou os braços, Jimin engoliu seco e quase suspirou com a cena, ainda mais quando o estilista o olhava com tanta... raiva? — Jurei ver seu pai saindo daqui no dia que você foi recusado. — arqueou as sobrancelhas em acusação. — Logo depois você foi aceito. Peculiar.
Park recebeu um olhar tão desgostosos que nem conseguiu responder. A porta do elevador se abriu e fechou enquanto ele ficava parado ali, sem entender o que aconteceu. Agora sozinho, colocou as mãos no rosto e recordou-se da ameaça que seu pai veio aqui fazer à si quando foi aceito. Soube que os rumores da agência eram um pouco cruéis e não muito semelhantes à verdade, mas não pensou que fosse sentir isso logo no começo.
Seu pai havia ficado transtornado com o fato de que havia conseguido entrar a agencia dos maiores modelos do país, mas não aceitou não receber uma porcentagem por cima do salário que receberia. Jimin quase perdeu a oportunidade depois que seu pai fez aquele show de horrores na sala da direção. Não sabia de onde Jeon havia tirado aquela história, mas ficou decepcionado ao ter o seu primeiro encontro com seu ídolo assim.
Mas ele não desistiria. Naquela noite, quando deitou na cama e relembrou o formato dos olhos do estilista, prometeu a si mesmo que tentaria falar com Jeon de novo. Quem sabem eles até poderiam ser amigos. Revirou-se na cama e riu dos próprios pensamentos.
Na outra semana, o encontro aconteceu.
Jimin viu ele andando em passos apressados nos corredores e foi atrás, tendo uma certa dificuldade de acompanhar os passos longos dele. Ele era mais alto e mais rápido, além de parecer nunca querer estar perto de si. Porra, daquele jeito começaria a pensar que o estilista estava fugindo de si. Aumentou o passo.
— Oi, Jeon! — Jimin falou, o moreno nem mesmo o respondeu. Ele continuou: — Eu quero tirar à limpo aquele rumo-
— Perdão, eu te conheço?
Jeon parou e virou para trás, Jimin arregalou os olhos com a parada repentina e tentou frear seus pés, mas não conseguiu. Quanto percebeu, já estava com a testa no peito musculoso de Jeon Jungkook. Soltou um arfado abismado.
— Oh, meu deus! Perdão!
Jeon não falou nada, apenas deu um passo para trás e tentou acalmar seu próprio corpo. Sentiu seu próprio peito queimar e travou o maxilar. Aquele loirinho parecia estar o perseguindo, não só na sua mente, como agora também fisicamente. Ele sentia os olhares curiosos e também os pequenos planos que o modelo fazia apenas para ficar ao seu lado.
Isso piorava tudo. Jeon se distraía no ambiente de trabalho e, a cada dia, passava a gostar menos de Jimin.
Por isso, decidiu que hoje faria o suficiente para que o modelo nunca mais quisesse falar consigo. Assim, os dois, não se falariam a ponto dos problemas de coração de Jeon ficassem mais sérios.
— É que, bem, eu te devo uma explicação sobr-
— Você não me deve nada.
E, realmente, Park não devia, mas queria dever. Queria falar mais com o estilista, mesmo que ele ficasse com aquela cara tempestuosa*. A fama de grosseiro do estilista era falada desde os seus 21 anos, por isso não se surpreendeu muito com o comportamento. Mas, é claro, Jimin não era de ferro, muito pelo contrário. Logo logo iria deixar de ser tão paciente assim e mostraria que era tão raivoso quanto ele.
— Estou apenas tentando me aproximar. — Park disse, há um segundo de perder a paciência e xingá-lo. O olhar de Jeom estava frio como neve hoje, a rudez desnecessária fez o loiro perdeu um pouco do encanto.
— Não quero que você se aproxime e tenho certeza que nada em você que me interesse. — ditou sério e se virou, saindo de perto dele em passos agora lentos e relaxados. Estava certo de que, depois desse fecho, Park Jimin nunca mais iria querer falar consigo. Finalmente teria um pouco de paz.
— Arrombado do caralho.
Jeon ficou estático.
Fechou os olhos por uns segundos, sem acreditar no que ouviu, e voltou alguns passos. Faziam anos que não escutava alguém o xingar com tanta veemência. Cruzou os braços, tentando controlar a irritação.
— O que disse?
Jimin piscou lento, meio incerto sobre algo que deveria ter saído mais baixo de sua boca. Mas, agindo com base no seu orgulho, ele empinou o nariz como se nada o abalasse e respondeu:
— O quê? Tem problemas no ouvido? — franziu as sobrancelhas, como se estivesse com dó. — Quer que eu repita?
Jeon soltou um riso pelo nariz, incrédulo. Esse loiro era um provocadorzinho do caralho, queria acabar com ele na surra. Jungkook era naturalmente fácil de se irritar, mas ele o levava a ter os piores tipos de pensamentos.
— Repete.
Ambos estavam a poucos centímetros um do outro, as respirações já se misturavam e algumas pessoas que passaram ao redor olhava para os dois sem entender, mas já estavam alarmados. Jimin se perdeu por um segundo naqueles olhos escuros e imersos em obscuridade do moreno, mas caiu na real quando ele falou novamente, furioso:
— Repete, porra.
— Arrombadozinho do caralh-
Jeon empurrou ele contra a parede mais próxima do corredor em um baque seco. O antebraço forte do estilista foi para o pescoço do menor e ele pressionou seu corpo contra o dele, esmagando suas coxas com seu próprio peso. Apertou o colarinho enquanto Jimin sorria imoral.
Ouviu um chamado em choque ao redor por um dos funcionários e logo o corpo musculoso de Junkook foi tirado de cima de si. Em 5 minutos, Jeon foi de admirador para inimigo nos conceitos de Jimin. As coisas mudavam rápido entre eles. Por isso, o estilista pediu deslocação da sua sala para o andar de cima e os dois quase nunca se esbarravam depois daquilo.
Com o tempo, o timbre da voz de Jeon foi sumindo da memória de Jimin e vice-versa. Ambos se odiando longe um do outro.
Foram anos assim, até que tudo acontecesse e eles chagassem até hoje.
Quando Jimin foi perguntado por um repórter se estava namorando com Jeon Jungkook, ele estava usando uma blusa social cor vinho quando respondeu:
— Namorando? O Jeon? — rebateu com um tom debochado, revirou os olhos por trás dos óculos. Andou em passos apressados para limousine que o esperava ali. Depois que o artigo foi postado, estava sento tratado como um galã gay hollywoodiano.
O repórter arqueou as sobrancelhas e continuou, cada vez mais interessado:
— Então vocês não são exclusivos?
O sorriso que o loiro deu era tóxico, cheio de ácido e carregava aquela vontade de machucar quem estava assistindo. E esperava, nada humildemente, que ele estivesse vendo quando olhou para a câmera e respondeu:
— Definitivamente não.
Jimin entrou no carro e fechou a porta com força.
Para a internet, ficou muito clara a resposta do loiro: ele estava à procura de um novo amor. O modelo mais bem pago da semana estava aberto a conhecer novas pessoas sempre que quisesse. Queria deixar claro que não havia se apaixonado por um certo estilista renomado. Não estava amando ninguém e muito menos namorando.
Colocou sua mão no rosto, sentindo um amargor no âmago vir. Sempre que lembrava dele se sentia um estúpido. Já fazia uma semana desde que tudo aconteceu, só queria esquecer e nunca mais lembrar. Não sabia nem como estava conseguindo sair de casa, a vontade de ficar o dia todo deitado queimava em suas veias.
Seu coração não dava um descanso, ele doía e apertava sempre que lembrava. Sua boca ficava seca e seu nariz começava a pinicar. O sentimento de ter sido enganado era pior do que amar e ser recusado. Trava-se de um ego que agora estava em pedaços por confiar demais no amor.
Porque, naquela noite, assim que Jimin pisou no backstage e finalizou o desfile, ele despencou de mágoa e não conseguiu nem mesmo ir no afterparty para tirarem fotos do look. Não se importou com o que a marca acharia e logo voltou pra casa sem responder os elogios.
Ele havia chegado em casa e, antes que conseguisse dar um passo para dentro, suas pernas fraquejaram e ele caiu no chão em um choro doloroso e alto. Sua respiração falhava quando lembrava do rosto de Jin e das palavras insensíveis de Jeon. Não tinha energia pra nada, gastou toda sua racionalidade.
Depois de um dia insanamente exaustivo, ficou ainda se torturando por dias à finco. Leu a matéria sobre si mas apenas serviu para ficar com mais raiva, tinha quase arruinado sua própria carreia por conta de um desequilibrado emocional. Não deixaria isso acontecer novamente. Afastaria-se de todos e então ficaria blindado dessa maldição que chamam de amor.
Apesar de que, depois de tudo, a sensação que ficou era que seu coração nunca mais seria o mesmo. Não voltaria ao tamanho normal. Ele sempre ficaria assim, retraído e incurável.
Eu não tenho ninguém.
— Jimin...
Após dias uma melancolia sufocante, Yoongi chegou em sua casa de surpresa, mas Jimin estava sem vontade de socializar. Não havia contado para ninguém que estava se relacionando com Jeon, e esperava que não tivesse que avisar que ele não estavam mais juntos também. Se no silêncio começou, esperava que terminasse da mesma forma.
— Ei, olha pra mim. — o homem de cabelos verdes segurou o rosto de Jimin com cuidado, vendo os olhos vermelhos de choro e olheiras roxas do sono. O coração dele se quebrou ao vê-lo assim. — Jin me contou o que aconteceu...
Na mesma hora, Park afastou seu rosto do toque de seu amigo, o desgosto apareceu em sua expressão. Só de citar o nome de Jin ele sentia vontade de chorar. Jimin nem mesmo conseguiu responder, apenas negou com a cabeça. Mas ele continuou:
— Então Jeon é o cara do aplicativo...
O loiro assentiu e piscou pesado, encostou as costas no sofá e se aconchegou melhor entre os cobertores. A chuva forte deixava sua casa toda fria, sentia-se sem motivações para fazer algo que não seja remoer os acontecimentos. Yoongi sentou ao seu lado e disse estranhando:
— Pela forma que ele falava de você, eu jurava que ele, pelo menos, sentia o mesmo.
— Não sente.
Yoongi franziu as sobrancelhas.
Não era isso que Jin havia falado para Yoongi. Seu amigo havia o chamado desesperadamente ontem pelo telefone, disse que havia estragado a amizade de anos dos dois. Ele estava chorando, aos prantos, e só depois de 20 minutos tentando o acalmar até Yoongi conseguir entender.
Sinceramente, Yoongi acreditava em Jin e, surpreendentemente, acreditava em Jeon. Por todo esse tempo sendo professor do Jun, Yoongi já havia visto a forma como o pequeno falava do modelo e, principalmente, todas as histórias românticas fantasiosas que ele escrevia em seu caderninho e insistia dizer que era baseado em fatos reais.
Um dia, Jun disse que estava feliz porque seu titio estava feliz. Disse que o estilista quase nunca sorria mas agora era quase recorrente ver a fileira de dentes brancos na sua boca. Havia chegado perto de si e sussurrado, entre um sorriso travesso: acho que ele tá paixonado.
Ao se lembrar disso, Yoongi sentiu uma necessidade imensa de tentar fazer os dois, pelo menos, terem uma conversa. Eles haviam terminado muito abruptamente, cheio de mágoas e palavras cruéis que nem deveriam ter sido ditas. Quando Jin o falou como a briga deles havia sido feia — e alta o suficiente para que todos ao redor pudesse ouvir — ele ficou chocado.
— Jin me disse que Jungkook, no trabalho, já tratava você como namora-
— E tem como confiar no Jin!?
— Jimin... — inspirou fundo, tentando reunir o pouco de paciência que tinha. O professor tinha bastante paciência com crianças, mas com adultos... — Ele está arrasado. Disse que tentou contar pra você várias vezes mas nunca tinha coragem, chegou até a quase discutir com Jeon por conta disso.
— Os dois são covardes que não conseguiram me dizer a verdade, nada mais.
Jimin era inflexível. Estava se sentindo tão humilhado que nem mesmo conseguia lembrar direito de suas palavras, apenas as de Jeon. Não estava racional, sua emoções o controlavam como uma marionete. E, consequentemente do seu coração vingativo, ele só sentia uma imensa vontade de descontar sua raiva.
— Jin disse que Jungkook ia te contar logo depois do desfile de Alta-Costura, ele não queria te desconcentrar antes! Aparentemente, ele até estava preparando um encontro pa-
— Não, Yoongi! Meu deus! Ele quem me deu o bolo naquele dia. — exasperou, levantando-se de tanta agonia só em tocar nesse assunto. — Ele é o homem que ficou me enganando e fingindo que não me conhecia! Isso é humilhante!
— Ei, ei! Calma! Jimin, você ia fazer o mesmo, lembra?
Ah.
Park virou de costas e fechou os olhos. Quando estava com raiva, ficava cego de algumas coisas, mas não achou que fosse se esquecer de uma quase ação sua que mudaria o caminho de tudo. Sentiu seu corpo se arrepiar só de pensar. Vendo a reação do loiro, Yoongi continuou:
— Você ia se encontrar com ele, transar e depois fingir que nada aconteceu. Ia começar a ignorar ele e fugir. Eu que dei a ideia, inclusive.
Jimin engoliu seco, sendo o seu âmago revirar. Colocou mão na testa e sentiu o suor de ansiedade se acumulando ali.
— Eu nem lembro porquê eu queria afastá-lo.
Yoongi puxou o loiro pelo ombro, se sentindo até um pouco culpado por ter aconselhado ele a fazer aquilo. Park agora carregava um olhar cansado, quase culposo. Tentou ser empático ao dizer:
— Se eu não me engano, você não queria se apegar tanto a ponto de se apaixonar. — Jimin ficou quieto, como uma presa esperando ser descoberta. Yoongi sussurrou: — Mas parece que a sua tática não deu muito certo, né?
O corpo de Jimin virou pedra. Suas costas pareciam rocha e cada pelo do seu corpo estava arrepiado, como se estivesse com febre. Mesmo assim perguntou, já sabendo a resposta:
— O que você quer dizer com isso?
— Bem... — parou e lambeu os lábios, quase nervoso por ter que ser a pessoa que falará o óbvio: — Você se apaixonou do mesmo jeito, Jimin.
O silêncio preencheu a casa.
Jimin sabia que estava apaixonado, não era tão burro assim, mas não tinha ainda falado em voz alta. Sentia que se falasse para si mesmo, com todas as letras, aquele sentimento viraria real. E ele não queria que fosse. Também não imaginaria que estivesse tão óbvio assim a ponto de, mesmo sem contar para seu amigo, ele facilmente descobrisse.
Não queria estar apaixonada, mas estava. Porra, e como estava!
Yoongi ligou a TV e sentou no sofá.
— Meu pai me mandou mensagem. — Jimin sentou ao seu lado. — Disse que falou com um "cara da Chanel" há umas semanas sem saber que ele me iria me expor assim.
— Seu pai sendo bonzinho sem motivo? — arqueou uma sobrancelha, sem acreditar na benevolência do homem.
— Ele disse que não gostaria que eu perdesse dinheiro e fama. Já faz um tempo que estou pagando algumas coisas pra ele, só quero tirá-lo da minha vida logo.
— Isso é um absurdo!
E era mesmo, mas Jimin não estava pensando em seu pai agora. Fazia anos que seu genitor não o tratava bem, não seria agora que as coisas iriam mudar. Mas a forma como tratou Jungkook com uma desconfiança incabível foi algo diferente para a relação dos dois. Agora apenas se lembrava das palavras horríveis que disse a Jeon.
— Eu acusei Jeon de ter vazado aquelas informações.
Yoongi arregalou os olhos e quade deu um tapa no seu amigo.
— Óbvio que não era ele!
— Eu sei, eu sei! Apenas não estava pensando muito bem na hora. — colocou as mãos nos olhos. Sua mente parecia não lhe dar descanso. A cena do rosto melancólico de Jeon aparecia toda hora.
Jimin estava triste a semana toda. Apesar de não querer falar muito sobre o que havia acontecido, era só sobre isso que pensava. Jeon. Jeon. Jeon. Estava com uma raiva instigando só de pensar que, mesmo após Jungkook tê-lo machucado.
Jimin ainda era imperdoavelmente seu.
— Caralho!
O grito de Yoongi puxou a atenção de Jimin para a TV e ele rapidamente leu o que estava escrito:
JEON JUNGKOOK AGRIDE PAPARAZZI
Após uma semana marcada de sucesso, o estilista Jeon Jungkook foi flagrado agredindo um paparazzi na porta do condomínio onde mora. Apesar da fama recuperada no último desfile, o estilista fez aparições desgostosas e ainda não parece estar satisfeito com a conquista.
Seria esse um indício de amor falido?
A repórter falava com seriedade enquanto uma foto de um homem com o supercílio sangrando, provavelmente o paparazzi. Não haviam videos do momento, apenas fotos. E, após a última frase da jornalista, uma imagem de Jimin e Jungkook juntos apareceu, e depois outra de Park saindo do local que foi de desfile, sozinho e claramente triste.
— Ai meu deus!
Yoongi estava agora perto da TV, apertando com as mãos nas bordas e com os olhos arregalados. O rosto cheio de infelicidade no rosto de Jeon fez ele engolir seco. Era óbvio que ele estava sofrendo tanto quanto, ou talvez até um pouquinho mais, que Jimin. O corpo todo tenso mas fotos, olhar sem brilho e aparência de mal estar. Claramente estava vivendo os dias como se eles tivesse o triplo de horas de duração, cada segundo corroía seu interior.
Yoongi sabia que, depois de ver o estado de Jeon e Jimin, seria difícil terminar a semana com leveza. Olhou pro lado e Jimin estava estático, não falou nada.
No fundo, os dois sabiam o motivo da briga com o paparazzi. O condomínio havia enchido de fotógrafos depois do desfile, ainda mais agora que os rumores de romance entre eles estão à todo vapor mas nenhuma informações parecia ser o suficiente para eles. A mídia queria saber de tudo.
As fotos tiradas dos dois em sua primeira aparição juntos como modelo e estilista da Versace há uns meses ainda fazia sucesso. Mas a que mais tinha curtidas era a dos dois sorrindo e correndo de mãos dadas no aeroporto de volta para Paris. Se algum dia pensaram que receberiam muito hate ao deixar claro um relacionado românticos com um homem, esse definitivamente não era o caso.
O público amava os dois juntos. Amavam a ideia de romance, a ideia de atração no trabalho e também a imaginação ao ver dois homens absolutamente gostosos juntos.
Juntos na moda, juntos no trabalho, juntos na vida e juntos no amor. Eles queriam os dois juntos.
E Yoongi também.
-ˋˏ ༻ ❦ ༺ ˎˊ-
— Professor Yoon...
Jun chegou de mansinho quando a aula acabou, os outros alunos saíam da sala enquanto o pequeno chegava perto da sua perna e deixava um aperto ali. Yoongi viu que hoje ele estava mais desanimado, mas achou que fosse só porque ele não gostasse de chuvas fortes.
— Jun, está tudo bem? — perguntou preocupado e se abaixou para ficar da altura dele. O menino fez um bico e seus olhos de repente começaram a se encher de lágrimas. — Ei, o que foi? Fala comigo.
Quando Yoongi perguntou, o coração de Jun não se aguentou, começou a chorar sem conseguir controlar.
— É que- — soluçou e colocou suas mãozinhas nos olhos. — Meu titio tá estranho...
— Oh... — coçou a garganta, já sabendo do que se tratava, mas resolveu apenas ouvir o menino desabafar. — O que aconteceu, querido?
— E-eu não sei, ele não quer me contar. Eu até tentei ligar escondido pro Jiminnie ontem pra ele ir lá pa' casa e tentar fazer o meu titio feliz, mas ele descobriu e ficou muito bravo.
Yoongi franziu as sobrancelhas ao tentar imaginar a carinha de Jun enquanto Jungkook — mentalmente exausto e magoados — brigava com ele por ter entrado em contato com o homem que estava apaixonado.
O professor observou a forma como Jun parecia tão arrasado e suspirou. Não imaginou que o modelo havia conquistado o coração do pequenino também. Jimin havia escondido o suficiente para que ficasse fora de uma parte importante de sua vida.
— Jimin também está muito triste... — tirou a franja do rosto do pequeno com os dedos e deixou um carinho ali. Ele arregalou os olhinhos e perguntou esperançoso:
— V-você conhece o Jiminnie??
Yoongi assentiu, dando um sorriso triste. Jun de repente foi para o seu lugar na sala, abriu sua mochila e tirou de lá um papel amassado, mas cuidadosamente dobrado em forma de carta. Voltou em passos rápidos e estendeu o papel para si dizendo:
— Entrega isso aqui pra ele, por favor? — Yoongi pegou a carta delicadamente, assentindo. Olhou direito e viu um coração borrado desenhado ali, junto de gotas molhadas que estavam no papel, claramente lágrimas. — É um convite pro meu aniversario. Você acha que ele vai?
Yoongi sentiu vontade de chorar também, mas se controlou. Abriu e fechou a boca várias vezes, sem saber o que dizer.
O fim do amor foi cruel com ambos. Ele assombrou Jeon por mêses, até que ele estivesse no limite de para que só assim chegasse ao fim, sem nem ter a oportunidade de contar o seu lado. O fim também horrorizou Jimin com a verdade do começo de uma relação cheio de mentiras e ódio.
O motivo por terem estado acordando todos os dias com um sorriso no rosto, agora vira motivo para ficarem até tarde em suas camas, sem vontade de voltar à rotina.
Por isso afirmou:
— Vai, Jun. Pode ter certeza que ele vai.
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A minha: 🥲🥲🥲😵💫😵💫💧
Vocês não sabem a dificuldade que é pensar em um look com conceito e ainda ser inovador, sempre é difícil descrever 😮💨 Cadê um designer pra colocar eles em prática???
Esse capítulo era pra ser sofrência, mas acabou sendo levinho, né? O próximo vai ser emocionalmente mais pesado, mas eles vão se acertar.
❦ GLOSSÁRIO
Nepotismo: é o favorecimento dos vínculos de parentesco nas relações de trabalho ou emprego.
Negligenciado: Tratado com desleixo, sem a atenção necessária
Empedernido: Aquele que não se deixa persuadir ou não se comove.
Tempetuosa: revolta, raivosa, abespinhada, irada, irosa, irritada, zangada.