"I can't decide what's wrong, what's right"
- If Only
Segunda-feira
20.04.2024
07:48
Esse último mês foi meio complicado para mim, minha mãe não está ficando em casa desde que revelei sua infidelidade, e meu pai prefere me ignorar..
Hoje começa a semana de provas e pela primeira vez, cheguei atrasada no colégio.
Ontem eu passei a noite estudando, fui dormir já era três horas da manhã, sem dúvidas estava exausta. Não é atoa que perdi a hora, só acordei porquê Lupe me acordou.
•••
O porteiro anotou meu nome e orientou que eu só entraria às 8h, no próximo tempo, e a prova começa 08:20. Posso aproveitar esses minutinhos e estudar mais um pouco, hoje tem prova de português e inglês. O problema pra mim é o português, sei como falar mas são muitas regras, muitas palavras novas também , as vezes me ocorre de misturar os idiomas.
Enquanto espero o tempo passar, sento em um banco do lado de fora, abro meu caderno e começo a rever as anotações de português.
•••
O sinal bateu indicando o segundo tempo, recolho minhas coisas e subo para o meu andar.
Entro na sala e me sento em uma das cadeiras vazias. O aplicador de prova entra e deixa o envelope com os papéis na mesa, para organizar a sala.
Quando completou 08:20, As provas são entregues e eu começo pela de inglês, que termino rápido.
Já na de português, luto para não me atrapalhar com as palavras.
Ao mesmo tempo que a prova estava difícil, estava fácil. Minha sorte é que faço prova adaptada, isso significa que tenho bem mais questões objetivas do que discursivas.
Por eu ser americana e meu português não ser 100%, minhas provas geralmente tem mais questões objetivas.
Desde que entrei no colégio, sempre misturei o idioma, ainda tenho algumas dúvidas na escrita do português.
Assim que termino as provas, saio para o banheiro, sem muita pressa, já que ainda tenho que esperar pela Madison e pela Iris. Puxo o espelho e retoco a maquiagem, tentando melhorar o cansaço evidente no meu rosto. Até que ouço uma voz familiar.
- Olivia.. — Alguém me chama. Meu estômago dá uma volta quando olho para o lado e vejo Sabrina parada ali.
Ela hesita, mas dá um meio sorriso com os braços cruzados
- Oi, Sabrina — Forço um sorriso, assim que vejo a garota. Ela estava sozinha
Tento disfarçar o desconforto, mas sinto o rosto esquentar ao lembrar do que aconteceu entre nós.
Ela me encara por um segundo, e é como se ambos os lados estivessem calculando o que dizer.
- A gente precisa conversar, não acha? —
Suspiro, sabendo que ela está certa, por mais que eu quisesse evitar o assunto para sempre.
- Acho que sim — Concordo, colocando o batom de volta na bolsa e me virando para ela.
Sabrina dá um passo à frente, parecendo escolher as palavras com cuidado.
- Por que.. hm, você está me evitando? — Então perguntou
- Não estou te evitando, Sabrina — Disse de imediato
- Ok, certo.. Nem sei por quê te perguntei isso. Quer dizer, não somos amigas. — Ela se afastou de mim
Sinto o estômago revirar com a última frase.
Abaixo os olhos, tentando não transparecer o quanto aquilo me afetou.
- Certo.. acho que é isso então — Murmurei, tentando deixar a voz firme
Sabrina me segura suavemente pelo braço
- Não, Olivia, espera. — Parece nervosa — Desculpa, eu... não era isso que eu queria dizer
- Então o que você queria dizer? Se você quer falar algo, fale logo — Falei, impaciente
Ela respira fundo, os olhos firmes nos meus, e, por um momento, sinto como se o mundo ao nosso redor tivesse sumido.
- Eu gosto de você, Olivia... Na verdade, eu gosto da pessoa que eu conversei na praia.. — Ela fez uma pausa — Da garota que passei uma festa inteira ao lado...
Encarei Sabrina surpresa, só consigo pensar em como tudo isso tinha virado um caos.
- Sabrina, eu... eu me afastei porque eu fiquei com medo. – As palavras saíram antes que eu pudesse segurar
Ela franze a testa
- Como assim? — Me olhou confusa
- De você. Você é... você é intensa, Sabrina. Desde que te conheci, toda vez que eu te olho, fico dividida entre querer te bater e... querer te beijar.
Sabrina ficou em silêncio, me olhando como se estivesse tentando decifrar cada palavra que eu havia acabado de dizer. O ar parecia pesado, e eu sentia meu coração bater tão rápido que temia que ela pudesse ouvir.
Ela finalmente respirou fundo, soltando o ar como se estivesse tomando uma decisão
- Naquela festa, você me beijou.. hm.. Foi por culpa do álcool e raiva do Josh, ou por atração? — Ela perguntou se aproximando
- Um pouco dos três... Mas confesso que desde o dia que te conheci, quis saber o gosto da sua boca.. — Do um sorriso envergonhada — Então talvez eu tenha te beijado pra matar a curiosidade sem correr risco de ser rejeitada. Afinal, qualquer coisa era culpa da bebida
- Quem rejeitaria você, Olivia? — Sabrina revirou os olhos — Você é uma garota muito linda, deveria ser um pecado te rejeitar
- Você esqueceu que sou corna? Joshua me trocou pela Tate — Revirei meus olhos
- Joshua é homem.. — Ela ri, e se aproxima — Hm.. então, qual é o gosto da minha boca? — Perguntou descaradamente
- Eu não lembro — Dei de ombros — Mas..
- Mas?
- Mas talvez eu precise provar de novo para lembrar. — A coragem saiu meio sem querer, mas já era tarde para voltar atrás.
Sabrina me olhou por um instante, surpresa, mas logo o queixo dela levantou com aquele sorriso confiante, que era meio irritante e irresistível ao mesmo tempo. Ela deu mais um passo, e agora estávamos tão próximas que eu conseguia sentir seu perfume.
Meu coração batia tão rápido que eu tinha certeza de que ela podia ouvir.
- Sabe que posso te ajudar com isso, né? — Sabrina murmurou, a voz baixa, quase um desafio.
Eu senti meu rosto corar, mas, ao invés de recuar, segurei seu olhar.
- E por que ainda está esperando? — Desafiei, tentando manter a voz firme.
Sabrina sorriu, um sorriso que me deixou ainda mais nervosa e ansiosa. Ela inclinou-se lentamente, e, quando seus lábios finalmente tocaram os meus, senti uma onda de eletricidade percorrer meu corpo.
Era suave, mas ao mesmo tempo intenso, como se o mundo ao nosso redor tivesse desaparecido.
O beijo foi breve, mas o suficiente para que eu sentisse cada detalhe: o calor, a maciez, a forma como nossas respirações se misturavam.
Quando ela se afastou, ambos estávamos com o rosto corado e os olhos brilhando.
- Então, e aí? — Ela perguntou com um sorriso malicioso — Já lembrou o gosto?
Senti a timidez retornar, mas forcei um sorriso desafiador, decidida a manter o clima leve.
- Acho que preciso de mais umas repetições para ter certeza — Murmurei, tentando manter a compostura, mas sem conseguir esconder a excitação que sentia.
- Você é uma boba — Ela revirou os olhos, e me puxou para outro beijo
Quando o ar faltou, nos afastamos, Sabrina me puxou para um abraço e eu deitei com a cabeça e seu ombro.
- Esse casaco que você está usando, é o meu? — Sabrina perguntou, soltando uma risada fraca
- Talvez.. — Levantei a cabeça para encarar ela. Sabrina arqueou a sobrancelha — Ok, é seu
Sabrina ri e acaricia meus cabelos.
- Pode ficar com o moletom, ele fica bem em você... — Deixou um beijo em minha testa, antes de se afastar — Preciso ir, gracie está me esperando
Assinto, e vejo a Carpenter se virar pra sair do banheiro .
- Sabrina! — A chamo, fazendo ela virar — Sua boca tem gosto de cereja!
Ela ri da informação, e logo sai do cômodo, me deixando sozinha.
Talvez eu esteja ficando louca, não sei o que estou sentindo.
Continua...