VEGAS
Depois que saí dos abraços da equipe, corri, pegar meu celular, esperando uma ligação, uma mensagem, mas não tinha nada ali. Apenas meus homens, informando sobre os negócios, nem Macau, nem pá, nem Pete.
Não sei por que no intimido esperei algo diferente, afinal sempre foi assim. Talvez eu fosse diferente com Dragon, quando éramos jovens, se pá tivesse me dado devida atenção igual, ou era Macau, meus primos, ou era Pete.
Eu entendo, eu já o amava, mas confundi com inveja, mas agora admito que estou decepcionado. Ele não veio comigo, e ainda, sim, ele que está chateado? Ele não sabe como pilotar para mim, é importante?
Porra, subir em uma moto, e poder ser livre, sem ser comparado a nada, poder controlar o motor abaixo de mim sem depender de ninguém, é totalmente sobre meu controle, se ganho ou se perco, é o único lugar que não importa.
Teria que ficar até o final da semana por aqui, apertar a mão de alguns empresários, sorrir, e me deixar agradar por algo que eu mesmo conquistei, que não tem o dedo do pai nisso, mas qual o sentido?
Pete não está aqui, e mesmo decepcionado, por não receber uma ligação, a única coisa que quero é voltar para casa e beijá-lo até que ele sufoque, e implore para fodê-lo.
Meu ômega, sempre implora, estava rindo agora como um tolo, conversando com Nop, e algumas pessoas da minha equipe, até que um cheiro bem familiar, e uma mão foi envolvendo minha cintura.
— Podemos ter um minuto?
— Tawan. – Ele estava descaradamente perfumando meu corpo, e eu quase fiquei enjoado, então me afastei delicadamente, afinal de contas estamos em público. — Diego não vai gostar disso.
— Um minuto, querido. Eu sei que você leva mais, mas um minuto. – Nop me olhou com a pior cara do mundo, dando a entender que era uma má ideia, mas Tawan era um fato obscuro da minha vida, um amigo que estava lá, e depois sumiu, então eu precisava de alguma maneira escutar suas desculpas, de como me abandonou quando estava em coma.
Seguimos para um dos corredores mais afastados do Hotel, que dava uma grande festa para o campeão, e entramos em uma das salas. Era apropriado? Diego, provavelmente vai tentar arrancar minha cabeça, por levar o ômega dele dessa forma, mas ele pode tentar, duvido que tenha sucesso.
Assim que a porta fechou, seus braços tentaram apertar meu corpo, mas eu o afastei, e dessa vez da forma mais grosseira que consegui.
— Senti falta disso, amor. Suas mãos fortes, me colocando limites.
— Tawan, o que você quer?
— Eu quero tudo, Vegas, tudo que me foi tirado. Eu soube sobre como ficou depois do coma, mas o que eu poderia fazer? Aquele ômega maldito me jurou de morte.
— Que ômega?
— Ora, aquele com quem você anda sendo deixado a ser domado. Dragon Saengtham, aquela maldita vadia.
— Quando acordei, era Dragon que estava lá, não você. Então vamos poupar o drama, por que partiu?
— Porque ele tentou me matar, como seus primos também.
— Está dizendo que minha família está me enganando?
— Sim, você não se lembra, mas o último ano que passamos juntos, foi mágico, tão magico, que bem... Não esperei se quer que fosse te contar algum dia, garanto que eles todos fizeram sua cabeça contra mim, mas amor, eu tive que fugir, não só por mim, por...
Tawan estava chorando agora, ele deu alguns passos para trás, desistindo de ficar mais perto de mim, pegou o celular do bolso, e procurou por algo, então ele se virou para mim. Seu rosto era de dar dó, mas meu coração estava incapaz de sentir qualquer simpatia, meus instintos estão dizendo que ele está preste a mentir...
— Você e eu tínhamos uma dinâmica muito boa, sexo e amizade, não tínhamos? Mas no último ano, antes daquela infeliz corrida, estávamos mais próximos. Parece mentira, mas eu posso provar, aí estão lembranças nossas, em muitos lugares, se divertindo, transando, fazendo amor.
— Tawan, você poderia ter entrado em contato, se essa é a verdade. Mas você partiu.
— Sim, eu parti, como poderia ficar? Se de um dia para o outro, aquele Dragão começou a te perseguir, você nunca tinha me jurado fidelidade, mas aquilo me magoou, vocês estavam transando, fazendo cenas nos clubes, ele estava tomando o meu lugar, e quando eu disse que tudo estava acabado, você não me deixou partir, você me pediu desculpas e disse que iria mudar.
Enquanto ele falava eu comecei realmente a acreditar um pouco nas coisas que ele falava, porque de fato eu sou um cara egoísta, e nunca fui fiel a um ômega, porque sexo, e amor são coisas diferentes, e eu nunca prometi amor a Tawan, então transava com outros ômegas também, mas de fato ele sempre aceitou tudo, nunca me questionava, ou fazia cara feia, ele sempre estava pronto, quando, e a hora que eu quisesse, então meus dedos pararam de rolar o álbum de fotos.
Porra, eu o encarei, e agora ele chorava, mais do que antes, sentado na beirada do sofá. Será que ele era o ômega de quem Kinn falou, não Pete?
Dragon, seria muito bem capaz, de tentar me enganar, sexo era algo inevitável com tanta hostilidade entre nós, mas eu balancei a cabeça agora. Pete me ama, pode ser que no passado, ele tenha me usado, mas agora, eu sei que ele me ama, eu me vinculei com ele por dentro, ainda não mordi seu pescoço, mas me vinculei a ele, e senti seus sentimentos na hora do sexo. Dragon me ama, não importa se ele mentiu, eu faria isso também, porra, somos mafiosos, o que esperar?
Mas eu congelei, com a foto de Tawan com uma barriga grande, depois fotos de Tawan na maternidade, e depois fotos de um pequeno bebê com olhos negros, retos. Sem dúvida alguma, essa criança era um Theerapanyakul, era como olhar para Macau quando pequeno.
— Ele está com a família de Diego, ele me acolheu quando eu mais precisei. Eu pensei mil vezes em tentar te contar, mas eu temia que aquele ômega matasse meu amado filho.
— Você deveria ter me dito, se é que isso é verdade.
— Haha, imaginei que duvidaria, amor. Não tem problema, posso provar com um exame de DNA quando quiser. Ele está bem seguro na Venezuela, Diego mantém um cartel muito bem seguro.
— Tawan...
— Eu te amo, Vegas, mas sua família me odeia. Ficamos juntos, quando descobrimos que seu pai queria te obrigar a casar com Porsche ou Dragon, apenas para fortalecer a família, então ficamos mais juntos do que nunca, e isso gerou nosso filhote. Ele é tão bonzinho, Vegas.
— Como pode deixá-lo sozinho, e estar aqui?
— Em que momento eu poderia falar com você? Diego não é meu alfa, é mais como um irmão superprotetor, mas tenho que garantir a segurança do meu filho, quer dizer, do nosso filho.
— Como ele se chama?
— Venice. Achei que combinaria com seu nome e do seu irmão, acho que fiz bem, não fiz?
— Sim, é um bonito nome, mas... Não, Tawan, não me toque...
— Vegas, por quê? Eu te provei a verdade, eu sinto sua falta... Não me diga que...
— Eu tenho um ômega Tawan, e por mais que isso seja horrível de dizer, isso não mudará. Tenho certeza de que, quando eu conversar com ele, nada vai acontecer com Venice.
— Não, Kornwit, você não está entendendo, esse ômega me odeia e ele sabe sobre meu filhote, como seu primo também. Foram os dois que mandaram eu fugir e acabar com a vida do meu bebê, ou eu seria morto. Então eu fugi.
— Tawan.
— Ou sou eu e Venice, ou você nunca o verá.
— Você não pode mais me negar isso.
— Eu posso e vou, meu amor. Venice é minha prioridade, aonde ele vai, eu vou, não duvide de um pai ômega, Vegas, eu sou capaz de tudo.
— Eu amo Dragon.
— Eu nunca liguei para o que você sente por outras vadias, por que isso seria diferente? Mas é essa minha condição, Venice e eu, ou nada.
Tawan se aproximou, beijou meus lábios com fervor, mesmo que eu sequer tenha aberto minha boca. Pegou o celular das minhas mãos, e enfiou um cartão no meu bolso, antes de sair porta fora fazendo questão de lembrar.
— Esse é um número seguro, se quiser saber sobre seu filhote. Lembre-se Vegas, Venice e eu, sem aquele desgraçado que tentou nos matar.
Continua...
AXÉ!