Insomnia ─ Chanmin

By bzngchannn

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Após presenciar um evento traumático, Christopher Bang, um co-produtor e compositor de 26 anos, luta contra u... More

Avisos
💤 | Insomnia
💤| Autumn rain
💤 | Destino ou coincidência?
💤 | Mudanças na rotina
💤 | Isso não é um encontro
💤 | Perto demais
💤 | Um passo para trás

💤 | Conflitos criativos

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By bzngchannn

O céu ainda estava escuro quando Christopher dirigia pelas ruas vazias de Seul. O relógio no painel marcava 5:00, e o silêncio daquela manhã era quebrado apenas pelo som suave do motor e pelo farfalhar das folhas secas arrastadas pelo vento. O ar gélido fazia com que as janelas ficassem ligeiramente embaçadas. Com a palma da mão, ele limpou uma pequena área do vidro para enxergar melhor.

As mãos de Chris estavam firmes no volante, mas sua mente vagava pelos acordes que revisaria mais tarde no estúdio. O trabalho era sua melhor forma de distração, logo, ele preferia adiantar as funções a passar mais tempo na cama, encarando o teto, sem conseguir fechar os olhos.

Ao se aproximar do prédio do estúdio, reduziu a velocidade. O estacionamento estava praticamente vazio, como sempre acontecia naquele horário. Apenas alguns carros, provavelmente dos seguranças e funcionários noturnos, preenchiam o espaço. Bang desligou o motor, mas permaneceu no carro por um momento. O som do vento contra as janelas preenchia o silêncio.

Suspirando profundamente, saiu do carro. O ar frio bateu em seu rosto, fazendo-o caminhar rapidamente em direção à entrada. O eco de seus passos ressoava no chão de concreto. As grandes portas de vidro se abriram com um leve rangido, e o saguão vazio o recebeu em um silêncio quase absoluto.

Após digitar o código de segurança, o moreno cruzou o longo corredor que levava ao elevador. Dentro da cabine, recostou a cabeça na parede fria, observando os números dos andares subirem lentamente.

Ao entrar na sala de gravação, uma onda de familiaridade e tranquilidade o envolveu. Ali, naquele espaço acolchoado e de luz baixa, ele se permitia respirar, mesmo que os pensamentos turbulentos o seguissem.

A sala estava serena, envolta em um silêncio quase palpável, como se as paredes acolhessem os segredos que ali ficavam. O leve zumbido dos equipamentos era o único som além do seu próprio respirar. Christopher tomou seu lugar na mesa de som e logo se perdeu em suas funções, a única forma que conhecia de aquietar a mente.

[...]

6:00 AM

Christopher estava sentado à mesa de som, os olhos fixos em suas funções, foi quando a porta da sala se abriu suavemente, e Changbin entrou com passos leves segurando duas canecas fumegantes de café. Ele colocou uma ao lado de Chris, que levantou o olhar por um breve segundo, reconhecendo a presença do amigo com um aceno silencioso. O aroma do café recém-preparado passava a se misturar ao cheiro levemente metálico dos cabos.

─ E então, como foi? ─ Changbin perguntou casualmente, puxando uma cadeira para se sentar ao lado de Christopher.

Christopher pausou. Seus dedos, antes ágeis sobre os controles, agora pairavam imóveis, como se a pergunta o tivesse puxado de volta à realidade. Ele respirou fundo, refletindo antes de responder.

─ Foi... interessante. Mais tranquilo do que eu esperava.

Changbin inclinou-se ligeiramente para frente, sua curiosidade despertada pela hesitação do amigo.

─ Interessante como?

Christopher ficou pensativo por alguns segundos, sua mente vagando de volta para o dia anterior. A sala de gravação começou a se desfazer ao seu redor, dando lugar à lembrança do consultório branco e estéril. De repente, ele se viu novamente diante do terapeuta, que o observava pacientemente, aguardando que ele falasse.

Flashback On

─ Você se lembra quando isso começou? ─ a voz do terapeuta era suave, mas não deixava de carregar uma gravidade que pesava no ar.

Bang desviou o olhar. As mãos, antes quietas, começaram a se mover inquietas em seu colo, como se procurassem algo para se agarrar. Suas pernas tremiam ligeiramente, entregando ainda mais sua ansiedade. A pergunta parecia ecoar em sua mente, reverberando no silêncio da sala.

─ Não foi de uma vez ─ ele respondeu, a voz quebrando ligeiramente. ─ Acho que... começou naquela noite. Eu estava dormindo e o telefone tocou, mas eu não quis atender.

O terapeuta inclinou levemente a cabeça, uma expressão de encorajamento nos olhos. Ele não disse nada, permitindo que seu paciente continuasse no seu próprio ritmo.

─ Quando acordei... ─ Christopher engoliu seco, os lábios pressionados em uma linha fina. ─ Era tarde demais. Vi que ele tinha ligado, mas... eu não retornei a ligação. Achei que não era nada demais, que não teria problema em esperar até a manhã seguinte.

O silêncio entre os dois parecia ter peso, como se cada palavra tivesse criado um abismo entre eles. O terapeuta permaneceu sereno, suas mãos repousando sobre um caderno fechado. Depois de um momento, ele falou novamente, a voz medindo cada palavra com cuidado.

─ Isso te faz sentir que falhou, de alguma forma?

Christopher abaixou o olhar, os dedos agora apertando as palmas de suas mãos com força. O nó na garganta parecia crescer, mas ele o ignorou, tentando manter o controle.

─ Sim. Talvez... talvez se eu tivesse atendido, as coisas pudessem ter sido diferentes. Ou talvez não ─ sua voz saiu em um sussurro, enquanto ele soltava um longo suspiro. ─ Mas o que me corrói é o "e se?". Esse "e se" não me deixa em paz.

O terapeuta apenas assentiu. Sabia que aquilo era apenas o início, a ponta do iceberg. Chris também sabia. Mas, por enquanto, isso era o máximo que ele conseguia dizer.

Fim do flashback.

Ainda perdido nas memórias, Christopher percebeu que suas mãos estavam apertando a beirada da mesa de som com a mesma força que ele apertara as mãos no consultório. Seus dedos soltaram-se lentamente, enquanto a cena ainda rodava em sua mente.

─ Chan? ─ A voz do amigo o puxou de volta para o presente. A sala de gravação novamente tomou forma ao seu redor, substituindo o consultório frio e silencioso. Ele piscou, como se o ar tivesse voltado a circular, e olhou para o amigo, que o observava com uma leve preocupação, segurando sua caneca de café, agora quase vazia. ─ Você me parece um pouco avoado. Tem algo mais pra me contar?

O rapaz esfregou o rosto, tentando dissipar o peso que ainda sentia em seu peito. As memórias o seguiam como sombras, mas ele sabia que Changbin já estava ciente de tudo aquilo. Não havia necessidade de trazer à tona novamente, pelo menos não naquele momento. Talvez fosse melhor focar em algo mais leve, algo diferente. Foi então que se lembrou do que havia acontecido antes da sessão.

Uma risadinha escapou de seus lábios, quebrando a tensão em seus ombros. Chan se recostou na cadeira, deixando que o humor substituísse, mesmo que momentaneamente, o peso de suas memórias.

─ Bom, na verdade... conheci um garoto meio peculiar enquanto esperava no consultório. ─ disse, balançando a cabeça como se ainda achasse a situação estranha.

Seo, claramente aliviado por ver o amigo mudar de assunto, ergueu as sobrancelhas intrigado.

─ Um garoto? Peculiar como?

Christopher girou a cadeira levemente, uma expressão meio divertida surgindo em seu rosto ao lembrar da cena.

─ Ele estava limpando a poltrona excessivamente antes de se sentar e usava luvas descartáveis. No começo, pensei que era algum tipo de funcionário de lá, mas as roupas eram caras demais para aquele tipo de função. ─ Ele riu baixinho, quase surpreso com o quanto aquilo havia chamado sua atenção. O garoto parecia tão fora de lugar, mas, ao mesmo tempo, tão completamente absorvido por seus próprios rituais.

─ Isso é... diferente.

Christopher sorriu, girando levemente na cadeira, sua mente voltando para a cena. O garoto tinha sido uma distração inesperada, quase bem-vinda.

─ Pois é. Diferente o suficiente para me fazer puxar conversa com ele ─ Christopher continuou, como se ainda estivesse processando o encontro.

─ Aposto que ele deve ter ficado assustado. ─ Changbin brincou, conhecendo o lado extrovertido de Chan, que costumava iniciar conversas inesperadas. ─ Sobre o que conversaram?

─ Não sei ao certo. ─ admitiu em um sorriso, agora mais relaxado, enquanto a lembrança do encontro ganhava mais cor. - Talvez sobre como meus sapatos sujos poderiam me levar a doenças e até uma possível morte?

Changbin riu alto, recostando-se na cadeira, sua curiosidade agora misturada com diversão.

─ Ok, isso foi estranho. Você realmente conseguiu encontrar alguém mais estranho que você.

O mais velho ergueu uma sobrancelha, fingindo uma expressão ofendida em reação ao comentário.

─ Obrigado pelo elogio, amigo. Fico realmente honrado em saber que você pensa isso de mim.

Seu tom de deboche arrancou uma gargalhada sincera de Changbin, embora seus olhos permanecessem atentos. Sabia que havia mais por trás da leveza nas palavras de Christopher, mas preferiu não pressionar. Deixaria o amigo lidar com seus próprios demônios no seu tempo. Afinal, era para isso que amigos estavam ali: para segurar o silêncio quando necessário.

[...]

Horas depois, o som das batidas preencheu a sala enquanto Seo e Bang trabalhavam, ajustando cada detalhe da produção. Os dois estavam completamente imersos no processo, quando a porta do estúdio se abriu com um estrondo. A batida seca fez os dois pararem ao mesmo tempo e olharem na direção da entrada.

E lá estava ele: Han Jisung, ou como era mundialmente conhecido, J.ONE, o principal artista da gravadora Vital Harmony. Seu rosto brilhava em indignação, a mandíbula cerrada, e seus olhos ardiam com uma mistura de frustração e raiva.

─ Vocês tão de brincadeira comigo? ─ ele explodiu, a voz carregada de insatisfação. Fechou a porta com força, fazendo o som reverberar por toda a sala.

Christopher e Changbin se entreolharam, sabendo exatamente o que estava por vir. A frustração de Jisung não era novidade. Na verdade, era quase uma constante nos últimos meses. Criatividade e emoção andavam lado a lado com ele, mas, às vezes, a balança pendia para o lado mais caótico.

Han era um gênio criativo, um prodígio que eles haviam descoberto anos antes, quando ele ainda era apenas um garoto com rimas afiadas e uma visão única sobre o que a música poderia ser. Mas, assim como seu talento, suas emoções eram intensas e muitas vezes difíceis de controlar. Esse era um dos momentos em que sua paixão se transformava em frustração.

─ Calma, cara. O que aconteceu? ─ Changbin perguntou, tentando soar calmo, enquanto girava a cadeira para encarar o jovem.

O que aconteceu? ─ Jisung riu, uma risada carregada de sarcasmo, e então, jogou um envelope amassado na mesa, de frente para Bang. ─ Aconteceu que acabaram de rejeitar novamente uma de minhas melhores músicas."Não é comercial o suficiente", disseram. Vocês têm ideia do quão frustrante isso é?

Christopher abriu o envelope, passando os olhos pela música rejeitada. Ele conhecia bem aquela música. Era crua, intensa, Jisung em sua forma mais pura. Mas ele também sabia que, para a gravadora, isso poderia ser um problema. A Vital Harmony estava cada vez mais pressionada a lançar hits que seguissem tendências comerciais. Não era algo fácil de equilibrar, e Jisung sempre foi o tipo de artista que preferia seguir suas próprias regras.

─ Olha, Jisung, eu entendo sua frustração. ─ Chan começou, tentando manter seu tom o mais razoável possível. Ele sabia que tinha que medir suas palavras ao lidar com o amigo em momentos assim. ─ Mas você sabe como as coisas funcionam. A gravadora tem que vender, e às vezes o que é mais pessoal ou artístico acaba sendo visto como arriscado.

─ Arriscado? ─ Jisung repetiu, os olhos flamejando. ─ Hyung, sinceramente, eu não entrei nessa pra fazer o que é seguro! A música tem que ser autêntica, tem que ser eu. Eu não sou um produto.

As palavras do garoto, embora cheias de raiva, tinham uma verdade dolorosa. O mais velho sentiu o impacto delas. Ele também já havia se perguntado até que ponto havia sacrificado sua autenticidade pelo "seguro". Mas antes que pudesse responder, Changbin se adiantou, tentando manter a calma.

─ Ninguém aqui tá dizendo que você é um produto, Jisung. ─ ele disse, sua voz calma, mas firme. ─ Mas precisamos encontrar um meio-termo. Podemos retrabalhar a música juntos, fazer algo que seja você e que a gravadora aceite. Precisamos ser inteligentes.

Jisung cruzou os braços, respirando fundo, claramente tentando conter sua raiva. Ele confiava nos dois, mas sentia-se traído pelas circunstâncias. Era como se o mundo estivesse pedindo para ele se comprometer com algo que ele considerava inegociável.

Christopher levantou-se, dando alguns passos em direção a ele, tentando uma abordagem mais pessoal.

─ Nós te chamamos para o teste porque vimos em você algo especial, e isso não mudou. Mas as coisas mudaram desde aquele tempo. A indústria exige sacrifícios, e precisamos saber quando lutar e quando ser estratégicos. Podemos retrabalhar a música, encontrar um equilíbrio.

Jisung o encarou por um momento, antes de desviar o olhar.

─ Vocês estão se vendendo pra essa indústria porca. ─ ele murmurou. A raiva era tanta que acabou deixando escapar palavras que, no fundo, sabia não serem reais, apenas ditas no calor do momento.

Um grande silêncio se instaurou, e Chris percebeu que a tensão na sala havia atingido um pico. Ele queria dizer algo que pudesse quebrar a barreira entre eles, mas não sabia o que.

Changbin, por outro lado, já estava no limite da paciência. Respirando fundo, ele passou a mão pelo rosto antes de finalmente soltar, num tom mais duro do que o habitual:

─ Você deveria se acalmar e parar de falar merda. ─ disparou. ─ Nem sempre conseguimos o que queremos. Aceite isso, não seja um mimado.

Jisung ficou paralisado, os olhos arregalados de surpresa. A tensão na sala se condensou, quase sufocante. A raiva que ele demonstrava até aquele momento deu lugar a algo mais vulnerável. Seus ombros caíram, e seus olhos, agora marejados, desviaram-se para o chão.

─ Eu só... não quero perder quem eu sou. ─ disse ele, a voz baixa e falhada, quase difícil de ser ouvida.

Bang sentiu um aperto no peito. Ele sabia o quanto Han temia ser engolido pela indústria, assim como sabia o quanto o garoto amava a música. Ele também sabia o quanto Changbin estava tentando ajudar, mesmo que suas palavras tivessem sido duras.

Changbin suspirou, arrependido. Sabia que havia passado do ponto, mas não era fácil lidar com o gênio do mais jovem quando ele se tornava tão intransigente.

─ Olha, me desculpa, Jisung. ─ disse, sua voz mais suave agora. ─ Eu só... quero que você veja o outro lado também. A gente vai dar um jeito nisso. Prometo.

Jisung assentiu lentamente, ainda com o semblante abatido. Ele não disse mais nada, apenas virou-se e saiu da sala, fechando a porta com mais suavidade do que quando entrou

O silêncio que ficou para trás parecia mais pesado do que o som das batidas que antes preenchiam a sala. O australiano sentou-se olhando para seu amigo, que esfregava as têmporas com uma expressão cansada.

─ Ele ainda age como um garoto. ─ Christopher murmurou, tentando aliviar o clima. ─ Só pega leve com ele, tá?

Changbin soltou uma risadinha, embora seus olhos refletissem preocupação.

─ É, eu sei. Acho que vou pedir desculpas mais apropriadamente depois... comprar algo pra ele comer, talvez. Isso sempre funciona. ─ Voltou a se ajeitar na cadeira, virando-se novamente de frente para a mesa de trabalho. ─ Agora, podemos terminar o que começamos? Tenho um lindo homem me aguardando em casa, não gosto de fazê-lo esperar.

Chan riu, sacudindo a cabeça. A tensão aos poucos dissipou-se, e eles voltaram ao trabalho, o estúdio novamente imerso em música.

♪♫•*¨*•.¸¸🌙¸¸.•*¨*•♫♪

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