Entre Fronteiras

By BrookSan835

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Um romance proibido More

Capitulo 2 - A Promessa e a Nova Ameaça

Capitulo 1 - Encontro Inesperado

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By BrookSan835

     A chuva caía em Londres, encharcando as ruas e as almas que nelas caminhavam. Bedelia Montgomery, herdeira de uma das famílias mais tradicionais da Inglaterra, observava o cair das gotas pela janela do vasto salão de sua mansão. Os dias eram longos, e as noites, solitárias. A pressão de ser uma Montgomery, de manter a postura, de casar-se por dever e não por amor, pesava-lhe como correntes invisíveis.

Era uma tarde como qualquer outra quando seu pai anunciou a chegada de William Rochester, o jovem herdeiro de uma família rival, envolta em escândalos e segredos. As duas famílias eram conhecidas por suas diferenças; enquanto os Montgomery eram aristocratas tradicionais e rígidos, os Rochester viviam à sombra de boatos sombrios sobre negócios obscuros e alianças políticas questionáveis. Ainda assim, o encontro havia sido arranjado como uma tentativa de trégua.

     Bedelia suspirou, não esperando nada além de uma tarde entediante. Vestiu-se com a formalidade que sua posição exigia e desceu as escadas da mansão. No entanto, ao pisar no salão principal, o destino tomou uma direção inesperada. Seus olhos encontraram William, e o que ela viu não era o jovem arrogante que esperava. Ao invés disso, havia algo misterioso e encantador em sua presença. Ele possuía uma beleza austera, um olhar sombrio e intenso, que parecia esconder mais segredos do que ela jamais poderia imaginar.

— Senhorita Montgomery — ele disse com uma reverência educada, sua voz rouca e cheia de nuances.

— Senhor Rochester — Bedelia respondeu com a mesma frieza que esperavam dela.

Enquanto se sentavam para discutir os negócios de suas famílias, Bedelia não conseguia evitar observar cada detalhe dele. O modo como ele falava, o jeito como seus olhos escureciam ao mencionar o passado... havia uma dor ali, uma profundidade que a intrigava. Sentia-se estranhamente atraída por aquela aura de perigo que ele emanava.

Conforme as horas passavam, Bedelia percebeu que William não era o homem superficial que ela pensara. Ele desafiava suas ideias, provocava sua mente e, de maneira inesperada, fazia seu coração bater mais rápido. Em uma pausa da conversa formal, ele a encarou diretamente, um leve sorriso enigmático nos lábios.

— Sabe, Bedelia... eu não sou o homem que os outros pensam que sou — ele disse, sua voz um sussurro baixo, quase como uma confissão.

Ela hesitou, sentindo o calor subir por seu rosto. — E quem é você, então, William?

— Alguém que foi forçado a viver pelas expectativas dos outros. Alguém que sonha com liberdade... com algo além dessas paredes de dever. Assim como você, talvez.

Bedelia estremeceu. Como ele poderia saber tanto sobre seus próprios desejos ocultos, seus medos? Era como se William pudesse ver através da máscara que ela usava, e isso a aterrorizava e encantava ao mesmo tempo. O que havia começado como um encontro de conveniência tornava-se algo mais profundo, mais perigoso.

Quando a reunião terminou, William se inclinou levemente, sua voz soando como uma promessa proibida.

— Não acredito que este será nosso último encontro, Bedelia.

Ela mal conseguiu responder. Algo no tom dele, na maneira como seus olhos escuros a penetravam, dizia-lhe que ele estava certo. Algo havia sido aceso naquela tarde, algo que poderia mudar suas vidas para sempre.

Enquanto ele saía pela porta, Bedelia sabia que seu mundo, outrora tão controlado e previsível, nunca mais seria o mesmo.

Nos dias que se seguiram após o encontro com William Rochester, Bedelia tentava se concentrar em sua rotina monótona, mas sua mente constantemente voltava àquela tarde. Suas palavras, seu olhar penetrante, o mistério que ele parecia carregar... Tudo nela desejava esquecer aquele encontro, mas algo muito mais profundo, e talvez perigoso, a impedia.

Ela caminhava pelos jardins da mansão, o vento outonal acariciando suas faces enquanto seu olhar vagueava pela paisagem. Desde pequena, Bedelia se refugiava ali, entre as rosas e os carvalhos centenários, buscando um breve alívio para o peso de suas responsabilidades. Mas, dessa vez, o ar fresco não trazia o alívio habitual. Havia um novo peso em seus pensamentos, algo que crescia e se intensificava dia após dia.

Ela não ousava falar sobre William com ninguém. Sua família já se referia aos Rochester com desdém, e o próprio fato de ter que recebê-lo novamente era motivo de cochichos entre os empregados. Mas a verdade era que Bedelia ansiava por vê-lo outra vez, ainda que não entendesse o motivo. Havia algo nele que a fazia questionar tudo o que sempre acreditou ser certo.

Naquela tarde, enquanto caminhava de volta à mansão, uma carta foi entregue a ela por um dos criados. O selo era discreto, mas o papel elegante e as iniciais "W.R." desenhadas no canto a fizeram perder o fôlego por um instante. Bedelia caminhou rapidamente até seu quarto, trancando a porta antes de abrir o envelope.

“Bedelia,
Nossas famílias podem estar destinadas ao conflito, mas nós não precisamos nos curvar a essa sina. Há mais entre nós do que aparenta. Se você sentir o mesmo que eu senti naquele dia, venha à clareira perto do rio, à meia-noite.
William."

Seu coração acelerou. A proposta era arriscada, imprudente. Encontro à meia-noite? Um escândalo, caso fosse descoberta. Ainda assim, algo a impulsionava, uma força que ela não conseguia explicar. Seria loucura? Ou seria a liberdade que tanto desejava?

A noite caiu lentamente, e o convite de William dominava seus pensamentos. Bedelia se revirava na cama, sem conseguir pregar os olhos. A prudência dizia-lhe para esquecer tudo aquilo, ignorar o convite e continuar com sua vida controlada. Mas uma outra voz, uma mais rebelde, sussurrava-lhe que talvez aquela fosse sua única chance de viver algo verdadeiro.

Quando o relógio bateu meia-noite, Bedelia tomou sua decisão. Levantou-se silenciosamente, vestiu-se com um manto escuro e saiu pela porta dos fundos da mansão. O jardim que tantas vezes a acolhera agora parecia conspirar com sua fuga, as sombras das árvores escondendo seus passos apressados. O caminho até o rio não era longo, mas cada passo parecia ecoar em seu coração como uma batida de tambor.

Ao chegar à clareira, ela o viu. William estava ali, de costas para o rio, com as mãos nos bolsos, observando o reflexo da lua na água. Quando ele se virou ao ouvir seus passos, um sorriso de satisfação brincou em seus lábios.

— Eu sabia que você viria — disse ele, sua voz baixa, quase como um segredo compartilhado apenas entre os dois.

Bedelia não respondeu de imediato. Sua mente ainda lutava contra a decisão que havia tomado, mas seu corpo, sua alma, já estavam ali, entregues àquele momento. Ela deu mais alguns passos, parando a poucos metros de William.

— Por que me chamou aqui? — ela perguntou, sua voz tremendo levemente.

William deu um passo à frente, seus olhos fixos nos dela. — Porque sabia que você, assim como eu, quer mais do que o destino que nos foi imposto. E também porque... — ele hesitou por um momento, algo mais suave surgindo em seu olhar —, porque desde o momento em que a vi, soube que seria impossível seguir as regras.

As palavras dele a atingiram com força, mas não tanto quanto o toque de sua mão, que agora segurava a dela. O calor de seu toque fez Bedelia estremecer. Era a primeira vez que alguém a tocava daquela maneira, sem a frieza do dever ou a formalidade da tradição.

— Isso é loucura — murmurou ela, embora sem afastar a mão.

— Talvez — concordou William, puxando-a delicadamente para mais perto. — Mas talvez a loucura seja a única coisa verdadeira que ainda nos resta.

E antes que Bedelia pudesse responder, William inclinou-se e a beijou. Um beijo suave, mas cheio de promessas e segredos. Um beijo que parecia desafiar tudo o que o mundo deles esperava. Naquele momento, Bedelia soube que não havia volta. Ela estava mergulhada no proibido, e, pela primeira vez, sentia-se realmente viva.

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