Organizar o novo apartamento tinha sido um projeto que me tomou tempo e energia, mas, acima de tudo, foi um trabalho feito com muito amor. A ideia de criar um lar para mim, Sophia e o bebê que estávamos esperando me dava uma sensação de esperança e propósito que eu não sentia há algum tempo. Depois de toda a confusão dos últimos meses, essa parecia ser a chance de começar do zero, de construir algo sólido, algo que realmente importava.
Minha mãe estava comigo, como sempre, pronta para ajudar e aconselhar. Ela tinha um olho bom para detalhes e tinha me ajudado a escolher os móveis, as cores, até mesmo os itens de decoração. Eu queria que tudo fosse perfeito, queria que Sophia se sentisse bem aqui, confortável, segura. E, para ser honesto, eu também precisava disso. Precisava acreditar que podíamos ser uma família.
- Omma, você acha que ela vai gostar? - perguntei, um pouco ansioso, enquanto olhava ao redor da sala. As paredes claras, o sofá confortável, os quadros que escolhi pensando em algo que agradasse os dois. Tudo parecia certo, mas algo dentro de mim ainda estava inquieto.
Minha mãe sorriu, aquele sorriso tranquilo que sempre me acalma.
- Filho, o apartamento está lindo e tudo o que você comprou também. Mas é ela que vai precisar colocar o toque pessoal dela aqui.
Ela estava certa, claro. Eu tinha feito o que podia, mas sabia que não era só sobre o apartamento. O que estava em jogo era muito maior. Era sobre nossa relação, nosso futuro. Eu queria que Sophia soubesse que eu estava aqui por ela, que estava disposto a fazer o que fosse preciso para que desse certo entre nós, mas também sabia que não podia forçar isso.
Eu respirei fundo, observando o quarto que tinha preparado para o bebê. As paredes azul-claro, os brinquedos ainda nas caixas, o berço montado no canto. Tudo parecia tão real agora. Essa ideia de ser pai, de criar uma criança com Sophia, me assustava, mas ao mesmo tempo me dava um novo sentido, meu coração se enchia de amor ao entrar aqui.
A turnê tinha terminado, e eu não precisava mais voltar para a mansão com os outros. Isso significava que agora eu podia me dedicar completamente a essa nova fase da minha vida. Eu sabia que as coisas entre nós estavam complicadas, que Sophia ainda tinha seus conflitos internos, mas eu queria que ela visse que estava disposto a lutar por nós.
Enquanto ajeitava alguns detalhes no quarto do bebê, minha mãe se aproximou e colocou a mão no meu ombro.
- Vai dar certo, Joon-ah - ela disse suavemente. - Só tenha paciência e esteja presente para ela.
Paciência. Eu sabia que isso era o que mais precisaria daqui para frente.
Suspirei profundamente, sentindo o peso de tudo o que havia acontecido nos últimos meses. Enquanto olhava para o berço, todas as memórias pareciam voltar como uma avalanche. A turnê, os conflitos, as noites sem dormir tentando entender o que estava acontecendo entre mim e Sophia. Era muito mais do que apenas a gravidez. Eram as dúvidas, as mágoas, as escolhas que fizemos. E, acima de tudo, o medo de não conseguir consertar as coisas.
- Omma... - minha voz saiu baixa, quase hesitante. - Às vezes eu sinto que, não importa o quanto eu tente, todos os erros que cometi vão nos separar ainda mais. Eu sei que falhei. A forma como tudo aconteceu, como eu a deixei sozinha quando ela mais precisava... - minha voz vacilou. - E agora, eu só estou com medo de que seja tarde demais, sabe? Medo de que, por mais que eu faça, por mais que eu queira ser a pessoa certa para ela e para o nosso filho, talvez eu tenha estragado tudo.
Minha mãe me olhou com aquela expressão compreensiva que sempre me fazia sentir que podia desabafar sem ser julgado.
- Filho, todos nós cometemos erros. Ninguém é perfeito, e o caminho até aqui foi difícil para vocês dois, eu sei disso - ela disse, com a voz suave. - Mas você não pode carregar esse fardo sozinho. Sophia também está lidando com as próprias dores, com os próprios medos. Ela também está aprendendo a lidar com tudo isso. O que importa agora é o que vocês vão fazer daqui pra frente, juntos.
Eu passei a mão pelos cabelos, frustrado.
- Mas e se ela não quiser? E se eu não for o suficiente? Já errei tanto... Dividi-la com outro homem, omma. Eu aceitei isso quando sabia que não suportava a ideia. Eu estive com outras mesmo prometendo que ficaria so com ela, na esperança de gostar um pouco menks dela. Como eu posso pedir para ela confiar em mim de novo? Como posso esperar que ela queira construir uma vida comigo, se nem eu consegui ser honesto com meus próprios sentimentos?
Minha mãe fez uma pausa, respirando fundo antes de responder. Ela sempre soube quando eu precisava de tempo para processar minhas próprias palavras, para acalmar os pensamentos.
- Joon-ah, você fez o que achou certo na época, tentando encontrar uma solução para uma situação difícil. Isso não faz de você um homem ruim. Faz de você um homem que ama tanto que estava disposto a tentar de qualquer forma. Mas você precisa conversar com ela, ser sincero sobre tudo isso. Não adianta esconder seus medos e arrependimentos.
Eu sabia que ela tinha razão.
Depois de conversar com minha mãe, senti um pouco do peso sair de cima dos meus ombros, mas ainda havia muita coisa a ser resolvida. Organizar o apartamento, preparar o espaço para Sophia, tudo isso me dava a sensação de que estava, pelo menos, tentando. Ainda assim, o que mais me assustava era a conversa que precisaria ter com o PD.
Despedimo-nos de forma simples. Minha mãe, como sempre, me abraçou apertado antes de sair, seu carinho e compreensão eram um consolo.
- Vai dar tudo certo, filho - ela sussurrou. - Tenha paciência e confie em você mesmo.
Eu assenti, meio distraído, já sentindo o frio na barriga voltar quando meu telefone vibrou no bolso. Assim que minha mãe saiu, chequei a tela e vi uma mensagem
de Sejin:
Estamos voltando este fim de semana. Prepare-se. PD quer te ver na segunda!
Um misto de nervosismo e expectativa tomou conta de mim. Os outros membros estariam de volta em poucos dias. Jin e eu tínhamos voltado há mais de uma semana, aproveitando a pausa para organizar as coisas e resolver assuntos pessoais, mas agora a realidade estava prestes a bater à porta com força total. Eu precisava colocar as coisas em ordem com Sophia antes que tudo explodisse - especialmente quando o PD descobrisse que eu seria pai.
Eu respirei fundo, o olhar fixo no apartamento que estava quase pronto. O lugar estava tomando forma, mas a conversa com Sophia ainda me assustava. Sabia que não seria fácil.
Minha cabeça girava com mil pensamentos, mas eu sabia que não tinha escolha.
Perspectiva de Sophia
Estava deitada no sofá, perdida nos meus pensamentos, quando o celular vibrou ao meu lado. Olhei para a tela e vi o nome de Namjoon. Senti uma pontada de ansiedade, algo que se tornara comum ultimamente sempre que pensava nele ou no que estávamos vivendo.
Atendi, e sua voz saiu calma, mas com aquele tom sério que ele usava quando queria falar sobre algo importante.
- Oi, Amor. Eu queria te convidar para vir até o meu apartamento. Tem algumas coisas que precisamos conversar e... eu queria que você visse o lugar. Quero que a gente junte nossas vidas, de verdade.
Fiquei em silêncio por um momento, tentando absorver suas palavras. Meu coração acelerou. Juntar nossas vidas... A ideia era assustadora e ao mesmo tempo reconfortante. Eu sabia que essa conversa teria que acontecer em algum momento, mas o medo de encarar o futuro ainda me segurava.
- Tudo bem, eu vou. - respondi, minha voz mais baixa do que o normal. Eu não sabia se estava pronta, mas precisava tentar.
Escolhi um vestido simples, mas confortável, e prendi o cabelo em um coque solto. Enquanto me olhava no espelho, não pude deixar de tocar levemente minha barriga. O bebê estava começando a se fazer notar, minha barriga ja estava bem redonda, e esse pensamento me encheu de uma mistura de medo e felicidade, eu podia sentir o meu bebê se mexer e eu sabia que nunca mais ficaria sozinha, era impossível não acariciar minha barriga e sentir aquela sensação gostosa.
Peguei minha bolsa, chequei o celular e chamei um Uber. A espera foi breve, e logo o carro estava me levando até o apartamento de Namjoon. Olhei pela janela, o coração batendo rápido a cada quilômetro que o carro percorria. A cidade passava em flashes borrados, mas meus pensamentos estavam fixos no que ele queria conversar.
O carro estacionou em frente ao prédio. Paguei o motorista e desci, sentindo o ar fresco da noite me envolver. Caminhei em direção à porta e toquei a campainha. Namjoon abriu quase imediatamente, como se estivesse esperando ansiosamente. E lá estava Namjoon, com aquele sorriso encantador e as covinhas que sempre me faziam sentir algo profundo
- – Oi, amor! – Ele me puxou para um abraço caloroso.
– Oi, Namjoon – sorri, um pouco tímida.
Fechei a porta atrás de mim e o encarei, sabendo que as palavras que viriam a seguir poderiam mudar muita coisa.
- Vem, senta! Comprei suco de uva pra gente beber! - Namjoon exclamou, com um sorriso animado. Ele parecia genuinamente empolgado, como se estivesse tentando criar um clima leve, talvez para amenizar a tensão que sabia que eu sentia. O entusiasmo dele era contagiante, e por um momento, esqueci da seriedade da nossa conversa.
Enquanto eu caminhava pelo apartamento, notei como as coisas haviam mudado desde a última vez que estive ali. Antes, o lugar parecia frio, impessoal, apenas um espaço funcional para descansar entre uma agenda cheia. Mas agora, o apartamento tinha vida, tinha alma. Era como se cada canto refletisse um pouco mais de Namjoon e daquilo que ele queria compartilhar comigo.
A sala estava impecável, com um grande sofá branco que ocupava o centro do ambiente. O tecido parecia macio e convidativo, perfeito para se jogar e conversar por horas. Ao lado, um teclado digital estava montado em um suporte, e eu sabia o quanto ele adorava tocar ali quando precisava pensar. Parecia que aquele teclado era uma extensão dele, sempre presente em qualquer espaço que ocupasse.
Ao fundo, uma enorme TV de tela plana estava presa à parede, perfeita para as noites em que ele se permitia relaxar assistindo a algum filme ou série. Porém, o que mais me chamou a atenção foram as imponentes paredes de vidro que iam do chão ao teto, permitindo uma vista incrível da cidade. As luzes noturnas de Seul brilhavam lá fora, e por um segundo, me peguei hipnotizada pela paisagem. Parecia que o mundo inteiro estava à nossa disposição, vasto e cheio de possibilidades, mas ao mesmo tempo assustador.
A luz suave que iluminava a sala deixava o ambiente acolhedor, quase como se estivesse pedindo que a gente ficasse ali, em paz, por um tempo. Era o tipo de lugar que poderia facilmente se tornar um lar... o lar que ele parecia estar querendo construir para nós dois.
- Aqui, sente-se - ele disse, me tirando dos meus pensamentos puxando a cadeira para que eu me sente na mesa de jantar que estava lindamente posta.
Ele parecia radiante enquanto olhava ao redor da sala, me mostrando os detalhes com um orgulho quase infantil. O apartamento estava lindo, tudo branco, minimalista e impecável. Era difícil imaginar Namjoon mantendo um lugar assim, e uma risadinha escapou dos meus lábios.
– Você gostou? – ele perguntou, me observando de perto. – Eu e a Omma passamos o dia todo comprando as coisas. Queria que ficasse bonito pra você, eu sei que essas são suas cores favoritas.
– Está incrível, Namjoon... mas você não deveria gastar tanto comigo. Nem sabemos se eu vou poder ficar no país – fiz uma pausa, sentindo o bebê chutar.
Ele suspirou, mas logo mudou de assunto, determinado a manter o clima leve.
– Comprei suco de uva. Achei que você ia gostar já que você não pode tomar vinho!– ele sorriu animadamente, enquanto servia o suco em taças.
Eu sorri de volta, sentindo um calor no peito. – Você sempre sabe o que me agrada, Namjoon.
– Eu tento – ele respondeu, sentando-se ao meu lado. Ele parecia pensativo, mas não nervoso, como se estivesse preparado para essa conversa há tempos.
Depois de uns segundos em silêncio, ele finalmente disse, segurando minha mão suavemente:
– Amor... eu venho pensando muito ultimamente. A gente tem passado por tantas coisas, e... sei que o futuro pode parecer um pouco incerto. Mas eu queria que você soubesse que estou pronto. Pronto pra te ter ao meu lado todos os dias. Quero que a gente construa algo de verdade... não só visitas ou momentos soltos. Quero você aqui, comigo.
Senti meu coração acelerar com a sinceridade dele. Eu sabia que Namjoon era do tipo que só falava algo quando tinha certeza. Toquei seu rosto com delicadeza e respondi, quase sem pensar:
– Eu também quero isso, Namjoon. Mas, ao mesmo tempo, eu fico com medo... medo de não estar pronta ou de não conseguir ser tudo o que você merece.
Ele olhou fundo nos meus olhos, apertando minha mão com carinho. – Você já é tudo o que eu preciso. Não tem que ser perfeita, só tem que ser você. Eu te amo assim, exatamente como você é.
Aquelas palavras derreteram qualquer resistência que eu ainda tivesse. Senti uma lágrima solitária escorrer pelo meu rosto, e Namjoon, com todo cuidado do mundo, limpou-a com o polegar.
– Não precisa ter medo, Amor – ele sussurrou encostando sua testa na minha . – A gente vai enfrentar tudo isso juntos. Eu estarei aqui. Sempre estarei.
Aproximamo-nos ainda mais, e ele me beijou, um beijo lento e cheio de ternura. Era como se naquele momento, todos os medos e dúvidas fossem apagados, substituídos por uma certeza única: nós tínhamos algo especial, algo que valia a pena lutar.
Depois que nossos lábios se separaram, ele riu baixinho, quebrando a tensão. – Você viu a vista daqui? – perguntou, apontando para a parede de vidro. – Toda vez que olho, fico impressionado com o quanto a cidade parece viva à noite.
Eu me virei para admirar a paisagem, as luzes da cidade brilhando como estrelas. Senti Namjoon se aproximar e me envolver com os braços por trás, e encostei minha cabeça em seu peito, fechando os olhos por um momento.
– Está vendo? – ele murmurou, com a voz baixa, quase um sussurro. – É isso que eu quero. Não precisa ser grandioso, só... nós dois. Juntos. Com essa paz.
Suspirei, sentindo todo o carinho e amor dele me envolver. – Eu quero isso também, Namjoon. Quero que a gente tenha essa tranquilidade... e que possamos sempre voltar um para o outro, mas ainda sim, tem tanto envolvido...
Ele me virou de frente para ele, segurando meu rosto com ambas as mãos.– Então é isso que vamos fazer. Sem pressa, sem pressão. Só nós dois, no nosso tempo. Vem, vamos jantar – Ele me puxa novamente para a mesa, e vai para a cozinha buscar nosso jantar.
– Como você sabe, sou um desastre na cozinha, mas pedi a um chef amigo do Jin pra cozinhar pra nós. Então, eu sei que está tudo delicioso!
Jantamos, e a conversa fluiu facilmente. Entre risadas e lembranças, ele me surpreendeu ao se levantar de repente e voltar com uma mala enorme.
– Aqui! – Ele colocou a mala ao meu lado, abrindo-a para revelar uma quantidade absurda de presentes. – Como você não pôde ir na turnê, eu comprei presentes em todas as cidades pra você!
– Eu não acredito que você fez isso, Namjoon!
– Sim! Era minha forma de me sentir mais perto de você – ele sorriu.
Dentro da mala, havia de tudo: perfumes, bolsas, vestidos caros, até pequenas lembranças como chaveiros e globos de neve. Meu coração se derreteu. A forma como ele pensava em mim em cada detalhe era quase impossível de acreditar.
– Obrigada, Namjoon... – estendi minha mão, e ele a pegou, puxando-me para mais perto.– Volta a me chamar de amor? Sinto falta... – ele pediu, triste.
– Tudo bem, amor. – Ele sorriu, e nos abraçamos. Sentimos o bebê chutar, o que fez seu rosto se iluminar.
– Ele sempre fica agitado quando estou perto de você – comentei, acariciando minha barriga.– Porque ele já sabe quem eu sou – Namjoon riu, mas logo o sorriso vacilou. – Mas... precisamos conversar sobre os próximos passos. Os membros estão voltando este fim de semana, e eu volto para a empresa na segunda. Vou falar com o Bang PD.
Eu revirei os olhos. – Não sei se estou confortável com isso, Namjoon. Você sabe como o Bang é controlador.
– Eu vou lidar com isso, prometo. Não quero que você se estresse. Por falar nisso, quando será sua próxima consulta?
– Na terça à tarde.
– Certo, vamos juntos. Tenho muitas perguntas – ele sorriu, mas então hesitou. – Eu... liguei para o Dr. Baek.
– E? – perguntei, já esperando o que viria.
– Ele disse que, por você estar grávida, não será deportada agora. Mas assim que o bebê nascer... pode ser diferente. Ele sugeriu que a gente casasse... – falou com receio, como uma criança que sabe que está prestes a ser repreendida.
– Não, Namjoon! – interrompi. – Isso está fora de cogitação. Não quero me casar só por causa do bebê.
– Casamento é coisa séria. Só se deve fazer com quem se ama – expliquei, suspirando.
– Então você não me ama? – ele perguntou, a irritação começando a tomar conta. – É por isso que você reluta tanto? Você ainda gosta dele, não é?
– Isso não tem nada a ver com o Yoongi! – rebati, exasperada. – Eu só quero ter certeza de que, se casarmos, será por amor, não por obrigação. Você realmente me ama, Namjoon?
Ele se levantou, passando as mãos pelo cabelo frustrado. – Claro que eu te amo, Sophia! E é por isso que quero você e o nosso bebê na minha vida. Não quero que você vá embora!
– Vem aqui – pedi suavemente, tentando acalmá-lo. Puxei-o para um abraço e, mesmo hesitante no começo, ele cedeu. Sentiu-se confortável nos meus braços, e sua respiração pesada aos poucos começou a desacelerar.
Ele encostou o rosto no meu pescoço, respirando fundo. – Você dificulta minha vida, amor – murmurou, e eu pude sentir o leve roçar do nariz dele contra a minha pele, o que me fez arrepiar.
– Você que é afobado – brinquei, rindo baixinho, enquanto acariciava seus cabelos com ternura.
Ele deu uma risada abafada, quase sem humor, antes de levantar a cabeça para me olhar nos olhos, os traços ainda sérios, mas com um toque de suavidade. – Eu sou determinado – corrigiu ele com firmeza. – Eu sei o que quero, e o que eu quero é você. Eu quero nós três, juntos. Sempre.
Houve uma pausa no ar. Ele estava sendo tão transparente, tão vulnerável. A força de suas palavras mexeu comigo, e meu coração ficou apertado com o peso do momento. Eu sabia o quanto ele estava disposto a lutar por nós.
Ele se afastou por um momento, indo até a cozinha com uma determinação quase frenética. Ao voltar, carregava uma sobremesa em mãos, e eu não pude deixar de sorrir com o gesto inesperado.
– Come! – disse ele, quase autoritário, mas com aquele toque de humor que eu amava. – Meu filho está com fome.
Eu ri, incapaz de resistir àquele lado cuidadoso e um pouco obsessivo de Namjoon. Peguei a colher que ele me ofereceu, mas antes de levar à boca, provoquei:
– Nosso filho, você quer dizer.
Ele sorriu de canto, satisfeito. – Isso mesmo, nosso filho.
– Estive pensando... e se for uma menina, Namjoon? – perguntei, dando uma colherada na sobremesa enquanto o olhava nos olhos.
Ele ficou em silêncio por um momento, como se ponderasse a ideia. A expressão em seu rosto mudou, passando de um leve sorriso para um olhar sonhador.
– Uma menina? – repetiu, com uma certa emoção na voz. – Eu acho que seria incrível! Ela poderia ter o seu jeito, a sua força... e eu... eu posso ensinar a ela a tocar violão, a compor músicas...
Senti meu coração aquecer ao imaginar nossa filha. O jeito carinhoso que Namjoon falava sobre a possibilidade me fez perceber o quanto ele estava sonhando junto comigo.
– E ela teria que ser tão carismática e forte quanto você – continuei, sorrindo ao ver a animação dele crescer. – Mas também poderia ser um pouco tímida, talvez?
Namjoon riu, a ideia o divertindo. – Uma menina tímida e forte ao mesmo tempo... ela definitivamente puxaria a você.
– E se for um menino? O que você acha? – perguntei, curiosa sobre a ideia.
Namjoon sorriu, os olhos brilhando com a possibilidade. – Um menino seria incrível. Eu imagino ele correndo pela casa, cheio de energia, e nós dois juntos ensinando tudo a ele.
– Sim! Ele vai ter que aprender a respeitar as mulheres e ser gentil, igual a você – disse, apertando sua mão.
Namjoon sorriu, seus olhos radiantes. – E se ele tiver a sua determinação? Vai ser um verdadeiro campeão.
– E a sua criatividade! Ele vai ser musical e inteligente, com certeza! – eu respondi, sentindo-me envolvida na conversa.
Namjoon se aproximou, com um sorriso carinhoso. – Seja menino ou menina, só quero que eles saibam que serão amados incondicionalmente. Que teremos sempre um lar cheio de amor e risadas.
Senti uma onda de felicidade ao ouvir suas palavras. Era reconfortante saber que, independentemente do que o futuro nos reservasse, estaríamos juntos nessa jornada
No final da noite, Namjoon me mostrou o restante do apartamento, incluindo o quarto do bebê. Ele estava orgulhoso de cada detalhe, e quando vi as fotos nossas espalhadas pelo quarto, não pude deixar de sorrir. Era o nosso começo, uma nova fase cheia de desafios, mas também de esperança e amor.
Namjoon me guiou pelos outros quartos. Um deles ele havia transformado em estúdio. Os outros dois eram de hóspedes, impecavelmente decorados. O apartamento todo transpirava luxo, mas também refletia o estilo simples e organizado dele.
– Foi a Omma que ajudou com tudo isso. Eu só escolhi as coisas do nosso quarto e do bebê – disse, enquanto abria a porta do quarto do nosso filho.
Ao entrar, vi que o espaço estava repleto de carinho e cuidado. As paredes de um azul suave, decoradas com quadros de animais fofos, davam um ar acolhedor. O berço de madeira branca estava no centro, com um móbile delicado pendurado acima, girando lentamente. Toquei os pequenos bichinhos pendurados e sorri.
– Está lindo – falei, emocionada.
– Eu queria que ficasse perfeito para ele... e para você – Namjoon respondeu, me observando com aquele olhar profundo que só ele tem.
Eu me aproximei dele e o abracei, sentindo seu corpo quente e protetor. Ele beijou minha testa com ternura.
– Você tem sido tão cuidadoso... tão atencioso – murmurei.
– Quero cuidar de vocês dois para sempre – ele respondeu, com um tom que misturava amor e uma necessidade quase desesperada de garantir isso.
Nos beijamos, e o desejo foi crescendo entre nós. Não era apenas físico; era uma conexão profunda, algo que transcendia o momento. Eu o desejava, e ele também me queria, isso era evidente. Mas ele parou de repente, lutando contra seus próprios instintos.
– Não podemos fazer isso ainda, amor – disse entre os beijos, sua voz rouca, tentando se controlar. – Só quando o médico liberar. Não quero machucar você ou o nosso bebê.
Senti o calor subir pelas minhas bochechas e sorri timidamente. – Eu sei, mas é tão difícil resistir... – confessei, ainda sentindo a necessidade do seu toque.
Ele riu baixinho, acariciando meu rosto com cuidado. – Eu também estou com saudade... mas logo vamos poder, e aí, prometo que vou fazer valer cada minuto de espera.
Namjoon me puxou gentilmente para o quarto principal, deitando-me na cama com delicadeza. Continuamos a nos beijar, e ele subiu lentamente o meu vestido, os dedos passeando pela minha pele, provocando arrepios. Ele queria me dar prazer, mesmo sabendo que não podíamos ir além.
– Eu só quero te sentir, amor – implorei, enquanto ele beijava meu pescoço.
Ele sorriu contra minha pele, então se afastou apenas o suficiente para me despir com cuidado. Me admirou por um momento, seus olhos escurecendo de desejo.
– Não é porque eu não posso estar dentro de você que não vou te dar o prazer que você merece – disse com uma voz rouca, antes de começar a me beijar de novo, dessa vez, com mais intensidade.
Suas mãos e seus lábios deslizavam pelo meu corpo, me explorando com cuidado e desejo. O toque dele era uma mistura de saudade e carinho, e a cada movimento, eu me sentia mais conectada a ele. Sua boca desceu por minhas coxas, e ele fez questão de me dar prazer, mesmo que não fosse da maneira que ambos ansiávamos.
Eu estava tão entregue, tão conectada àquele momento, que não demorou muito para alcançar o ápice. Meus músculos se contraíram, e eu soltei um gemido abafado, sentindo a onda de prazer me dominar completamente. O corpo relaxou e um cansaço gostoso tomou conta de mim. Namjoon subiu novamente para me abraçar, aninhando-se ao meu lado, seu corpo quente pressionado contra o meu.
Senti sua rigidez contra minha perna e passei a mão levemente sobre ele, sabendo que ele também estava lutando contra seu próprio desejo.
– Desculpa não poder te ajudar com isso agora – murmurei, acariciando-o.
Ele suspirou, se contorcendo um pouco sob o meu toque. – Logo, logo você vai poder... e vou matar toda essa saudade – sussurrou, beijando minha testa.
Nos aconchegamos juntos na cama, o calor dos nossos corpos entrelaçados. Eu sabia que aquilo era apenas o começo de muitas outras noites, muitas outras conversas e momentos de carinho e desejo. Mas, acima de tudo, eu sabia que Namjoon estava ali, ao meu lado, pronto para enfrentar tudo comigo.
– Namjoon? – perguntei, quebrando o silêncio confortável entre nós.
– Sim, amor? – ele respondeu, olhando nos meus olhos.
– Você já pensou em nomes para o bebê? – questionei, tentando mudar o foco da conversa.
– Na verdade, sim. Eu estava pensando em algo como 'Soo' para uma menina ou 'Joon' para um menino. O que você acha? – disse ele, sorrindo.
– Adorei! 'Soo' é tão doce. E 'Joon' combina com você. – Ri. – Você já está planejando nosso futuro, não é?
– É claro! Quero que o nosso filho tenha um nome que carregue um pouco de nós dois – explicou, acariciando meu rosto. – Mas e você? Alguma ideia?
– Na verdade, eu estava pensando em 'Yuna' se for uma menina. Tem um som bonito, não acha? – respondi, sentindo a empolgação crescer.
– 'Yuna' é perfeito! Uma menina forte, assim como você – disse ele, com um brilho no olhar.
Senti uma onda de amor e orgulho ao ouvir suas palavras. – E se for um menino? O que acha de 'Joon-Soo'? – sugiri, piscando para ele.
Ele riu, fazendo uma careta. – Que tal deixarmos as escolhas para depois? Por enquanto, vamos apenas aproveitar esse momento, certo?
– Certo, mas não posso prometer que não vou pensar em mais ideias – brinquei.
Ele se inclinou para me beijar suavemente. – Eu espero que você sempre pense em mais ideias, amor. Cada uma delas me faz querer mais.
Aquele momento parecia perfeito. Eu me sentia segura, amada, e mesmo com todas as incertezas do futuro, aquele instante era tudo o que eu poderia desejar.