01
No horizonte ouve-se um som abafado de passos e respirações tensas. Uma fileira de soldados e magos de Avalon se aproxima das muralhas que circundam o portal. O grupo é formado pelos mais corajosos e talentosos enviados pelo Reino, conscientes do risco mortal que enfrentam, mas comprometidos com a missão. À frente deles, a figura imponente do Guardião permanece imóvel, olhos fixos, vigiando o território com uma presença avassaladora.
Um jovem soldado, com a voz trêmula, quebra o silêncio:
— Ele... ele não se move. Está esperando a gente?
— É claro que está. Este monstro sabe que somos enviados para matá-lo. — fala outro soldado tentando manter a calma.
— Parece humano... mas não é, certo? Dizem que ele guarda este lugar há séculos. Ninguém nunca conseguiu passar." — outro soldado comenta, nervoso, tentando esconder o medo.
— Homens, isso é o que treinamos para fazer! Avalon depende de nós. Esse é o momento de provarmos nosso valor. — fala o Comandante com voz firme, tentando motivar o grupo.
— Valor? Isso aqui é um suicídio... mas não temos escolha, certo? — Sussurra outro soldado.
— Apenas sigam o plano. Se o cercarmos, teremos uma chance de derrubá-lo. — fala Magus, um dos magos de suporte, determinada.
O Guardião observa a movimentação dos soldados sem qualquer emoção, como uma estátua Inabalável. Ele não sente pressa; sabe que está prestes a destruir cada um deles. Em um instante, ele move o braço lentamente, quase casualmente, preparando-se para atacar. Sua presença emana um poder sobrenatural, e os soldados sentem o ar ao redor ficar pesado, como se o próprio ambiente respondesse ao comando do Guardião.
— Ataquem! Magos, comecem a lançar as proteções! — ordena o comandante.
Os soldados e magos avançam com gritos de batalha, formando um arco em volta do Guardião. Magias de proteção brilham ao redor dos soldados, enquanto magos lançam feitiços de ataque diretamente contra o Guardião. Raios de luz e bolas de fogo avançam sobre ele, mas ele as desfaz com um gesto leve, como se afastasse uma mosca.
O primeiro Soldado corre para ele, espada erguida. O Guardião apenas estende a mão e, com um toque, o soldado é lançado para trás, batendo no chão, sem vida.
— Que tipo de monstro é esse?!
O Guardião finalmente dá um passo adiante, esmagando o chão com uma força brutal que faz a terra tremer. Ele atravessa o campo com movimentos fluidos, quase serenos, enquanto se aproxima dos soldados. Em um único gesto, ele levanta uma das mãos, e uma onda de energia negra explode, varrendo vários soldados que tentavam cercá-lo.
— Não estamos nem arranhando ele! Nossas armas... elas não o tocam!
Magus tentando uma última magia de contenção.
— Protejam-se, ele está usando o Pilar de Energia Primordial!
A energia do Guardião é de um nível que os soldados nunca haviam enfrentado. Ele é um mestre absoluto em controlar seu poder, e suas habilidades parecem insuperáveis. Quando um grupo de magos tenta criar um escudo defensivo, ele quebra a barreira com um soco devastador, que manda estilhaços de magia e faíscas no ar. Soldados são jogados para trás e alguns caem mortalmente feridos.
— Recuem! Recuem agora! — fala o Comandante com voz embargada.
O Guardião, porém, não permite. Em um piscar de olhos, ele avança sobre os soldados que tentam fugir, cortando o caminho com movimentos rápidos e fatais. Um a um, ele os derruba com facilidade. Sua expressão é serena, sem nenhuma emoção ou hesitação; ele está cumprindo sua função sem misericórdia.
— Avalon... perdoe-nos...
A última visão dos soldados é do Guardião, inabalável e imponente, enquanto seus companheiros caem ao seu redor. A batalha termina tão rapidamente quanto começou. O chão está coberto pelos corpos dos soldados e magos de Avalon. O Guardião permanece entre eles, imóvel, enquanto o silêncio retorna, e a poeira assenta, deixando apenas o som do vento passando pelas muralhas.
O Guardião olha para o horizonte por um momento, como se soubesse que, em breve, outra incursão virá, com mais humanos.
02
Acima no céu azul, aves sobrevoavam o que era conhecido como Reino de Avalon. Enormes muralhas cercam a cidade, projetando uma presença robusta e protetora sobre o que restou da civilização humana. Suas torres se elevam como sentinelas vigilantes, e runas brilhantes em tons de azul e dourado cobrem a superfície das muralhas, emitindo uma suave energia que pulsa e ressoa com o ambiente.
Avalon é o coração pulsante da humanidade, o último bastião onde as pessoas vivem e se protegem das ameaças lá fora. A cidade é próspera e cheia de vida, mas o clima entre os cidadãos é uma mistura de esperança e inquietação. Em meio à segurança aparente, todos sabem que a proteção da muralha é o que separa a vida da morte. A sobrevivência de Avalon é a própria sobrevivência da raça humana.
As muralhas de Avalon são uma obra-prima da engenharia mágica, criadas com o conhecimento dos antigos Forjadores e com o sacrifício de muitos Mestres Reiki do passado. A energia que protege Avalon age como uma barreira física e mágica, capaz de repelir monstros e a névoa, criando uma zona segura onde a vida pode florescer.
Em um ponto da muralha, guardas vigiam o horizonte com expressões sérias, atentos a qualquer sinal de mudança. Um deles se aproxima do outro e quebra o silêncio com um comentário sombrio:
— Você acha que eles têm alguma chance, lá fora? Os soldados que foram enviados... - comenta um dos guardas.
— A chance é mínima, todos sabemos disso. Mas o conselho insiste em tentar, como sempre. — fala outro olhando para o horizonte.
— Se falharem de novo, não sei quanto tempo mais nossa proteção vai durar. Há quem diga que a névoa está ficando mais forte...
— Avalon é tudo o que resta. Essas muralhas... são tudo o que temos.
As runas nas muralhas brilham com uma intensidade suave, mas pulsante, e parecem responder ao sentimento dos guardas. A magia ancestral criada nas paredes age como um campo de força invisível, que repele e afasta qualquer ameaça de fora. Criadas há séculos, essas muralhas representam o último ato desesperado da humanidade para evitar a extinção completa.
A barreira mágica não apenas impede que os monstros e a névoa entrem, mas também desintegra qualquer energia destrutiva que tente ultrapassar seus limites. Esse sistema de proteção é abastecido por magos Forjadores especializados, que periodicamente renovam e fortalecem o encantamento.
— Essas runas... é como se respirassem, como se a muralha estivesse viva.
— Elas são nossa única defesa. Sem elas, Avalon cairia, e todos nós com ela.
Em uma pequena praça no interior da cidade, uma família caminha com seus filhos, e um dos pequenos olha para as muralhas com admiração:
— Pai, por que temos essas muralhas?
— Essas muralhas são nossa proteção. Elas nos mantêm seguros dos monstros lá fora e da névoa que tudo consome. Foram construídas há muito tempo, por pessoas muito corajosas. — fala o pai em um tom paternal e orgulhoso.
— E os monstros? Eles não podem entrar mesmo?
— Enquanto tivermos as muralhas, não, filho. Elas vão nos manter seguros. — diz o pai sorrindo, mas com certa tristeza nos olhos.
03
Renzo caminha pelos corredores da Academia de Magia de Avalon, cabisbaixo e com uma expressão de cansaço. Os corredores são amplos, com paredes adornadas por insígnias mágicas e figuras históricas, refletindo a grandiosidade da Academia. Os estudantes ao redor conversam animadamente, praticando magias com facilidade e exibindo suas habilidades. Renzo, no entanto, evita olhar diretamente para eles, consciente de que se destaca de uma maneira indesejada.
Três alunos logo o interceptam no meio do corredor. Estes são os três que tornaram a vida de Renzo um tormento constante:
Daisuke – O líder do grupo. Alto e robusto, com uma postura imponente e um sorriso arrogante. Ele tem cabelo escuro bem arrumado e olhos que brilham com uma certa malícia. Daisuke é talentoso em magia de fogo, e suas habilidades são vistas como promissoras entre os colegas.
Shiori – Uma garota elegante, com longos cabelos prateados e um olhar afiado. Ela é mestre em magia de ilusão e é conhecida por sua capacidade de manipular as percepções dos outros. Shiori raramente ataca diretamente; em vez disso, ela gosta de mexer com a mente das pessoas, especialmente de Renzo, usando suas ilusões para deixá-lo ainda mais confuso e inseguro.
Takumi – O mais jovem e menos confiante do grupo, mas segue Daisuke e Shiori em busca de popularidade. Ele é magro, com cabelo castanho bagunçado e uma expressão de insegurança disfarçada de arrogância. Suas habilidades de magia de vento são fracas, mas ele gosta de usar pequenas rajadas de vento para perturbar Renzo.
Daisuke se coloca na frente de Renzo, bloqueando seu caminho. Ele olha Renzo de cima a baixo, com um sorriso de desprezo.
— Olha só quem está aqui... o 'mago sem magia'. Algum truque novo hoje, Renzo? Ou ainda não conseguiu fazer nada além de pequenas faíscas? — fala Daisuke.
— Daisuke... me deixa em paz. — diz Renzo olhando para o chão.
— Ele pedir paz! Que fofo, Daisuke! Ele nem ao menos tem o direito de exigir isso. — diz Shiori, rindo.
Shiori, com um movimento sutil da mão, conjura uma ilusão na frente de Renzo, fazendo parecer que ele está cercado por labaredas de fogo. Por um instante, Renzo salta para trás, assustado, mas logo percebe que é apenas uma brincadeira cruel.
— Ah, desculpe, Renzo. Achei que você gostaria de ver uma magia de verdade, já que nunca consegue fazer nada impressionante. — fala Shiori com voz doce e irônica.
Takumi se aproxima, e com um movimento discreto, cria uma leve rajada de vento que desarruma o cabelo de Renzo e derruba os livros que ele estava carregando.
— Ops! Olha só, você não consegue nem segurar seus próprios livros. Patético.
Renzo tenta se abaixar para pegar os livros, mas Daisuke pisa neles antes que ele consiga.
— Você sabe, Renzo, não adianta tentar. Você não é um mago. Acho que nem devia estar aqui na Academia.
Renzo sente o rosto queimar de vergonha e frustração. Ele evita os olhares, e mesmo quando tenta reunir forças para responder, sua voz falha. Em comparação com o controle absoluto de Daisuke sobre a magia de fogo, a graça com que Shiori manipula ilusões e a facilidade de Takumi com o vento, Renzo é constantemente lembrado de sua fraqueza.
Ele tenta lançar uma pequena faísca para afastar o grupo, mas, como de costume, o feitiço mal consegue produzir um brilho. O grupo ri com desprezo.
— Isso foi... lamentável. Francamente, Renzo, por que você insiste? — zomba Daisuke.
Renzo abaixa a cabeça, sua voz mal audível.
— Um dia... um dia eu vou melhorar...
— Claro que vai. Talvez, quando os dragões dançarem e o céu cair. — fala Shiori.
Enquanto os três riem e se afastam, Renzo fica parado, sozinho no corredor, sentindo o peso da humilhação. Ele tenta se convencer de que tem potencial, mas a falta de progresso e os constantes fracassos o fazem duvidar cada vez mais de si mesmo. Ele respira fundo, tentando conter as lágrimas, e recolhe seus livros do chão, lutando para não deixar que o riso deles ecoe em sua mente.
Mesmo assim, ele guarda uma determinação secreta. É por isso que, mais tarde, ele decide se juntar à próxima incursão contra o Guardião – na tentativa de provar a si mesmo e aos outros que é mais do que apenas um "mago sem magia."
Renzo caminha pelo corredor vazio, enquanto o eco das risadas ainda parece persegui-lo, reforçando a sensação de sua própria fraqueza em um mundo que valoriza o poder.
04
Renzo deixa os corredores da Academia após o encontro com Daisuke, Shiori e Takumi. A humilhação ainda ressoa em sua mente, e ele sente o peso da vergonha ao longo do caminho. Ele caminha até uma área isolada do campus, um canto tranquilo onde o murmúrio das árvores e o som de uma fonte ao fundo ajudam a acalmar seus pensamentos.
Ele se senta no chão, olhando para suas mãos, que tremeram de raiva e impotência diante de seus agressores.
"Por que eu ainda insisto? Todos me dizem que sou um fracasso, e... às vezes, eu sinto que eles estão certos."
Renzo fecha os punhos com força, tentando segurar as lágrimas que ameaçam escapar. Ele lembra das tentativas frustradas em seus treinos, de como cada esforço parecia insuficiente. Mas, ao mesmo tempo, sente uma chama dentro de si – algo que nunca o deixou desistir completamente.
"Eu posso não ter talento... mas não vou viver a vida inteira como um covarde, sendo pisoteado. Eu preciso encontrar um jeito, qualquer jeito... de provar que não sou apenas um 'mago sem magia'."
Naquele momento, ele se lembra da conversa que ouviu dos outros alunos, sobre a nova incursão planejada pelo Reino de Avalon para enfrentar o Guardião. Ele ouviu histórias sobre a criatura invencível, sobre a linha de soldados que nunca retornou – mas também ouviu falar das recompensas prometidas aos que ousassem partir em sua direção.
Renzo pensa nas palavras dos guardas que viu, enquanto se dirigiam à Academia dias antes:
— Essa é a chance! Quem se juntar à incursão e sobreviver volta como herói! — falava animado.
— Se sobreviver, claro... mas eu, no lugar de você, pensaria bem antes de me oferecer.
Renzo se lembra do brilho nos olhos dos jovens alunos que ouviam a conversa e do desejo profundo que ele sentiu de também se tornar alguém respeitado e poderoso, alguém com um propósito e coragem.
"Se me juntar a eles... se eu enfrentar o Guardião... posso provar que sou mais do que pensam. Talvez, finalmente, me olhem com respeito. Talvez eu mesmo consiga me olhar no espelho com algum orgulho."
Decidido, ele levanta-se e caminha até o escritório onde a lista dos voluntários está sendo organizada. Ao chegar, um soldado está anotando os nomes em uma folha desgastada e, ao ver Renzo, solta uma risada irônica.
— Ora, ora, não é o 'mago sem magia'? O que pensa que vai fazer em uma incursão dessas? — diz o soldado.
Renzo engole a insegurança e responde com determinação.
— Quero meu nome na lista. Vou participar.
O soldado levanta uma sobrancelha, ainda cético, mas, vendo o olhar firme de Renzo, acaba suspirando e anotando o nome dele.
— Boa sorte, garoto. Só não vá se perder antes de chegar lá.
Renzo apenas balança a cabeça em resposta, tentando ignorar o comentário. Ele dá as costas e sai do escritório com uma nova sensação. Um misto de medo e esperança o preenche. Ele sente o peso de sua decisão, mas, ao mesmo tempo, uma faísca de empolgação.
"Finalmente... uma chance de mudar tudo."
Enquanto caminha para longe, Renzo sente que, pela primeira vez em muito tempo, está tomando o controle de sua própria vida. Ainda que a ideia de enfrentar o Guardião seja assustadora, a perspectiva de se destacar e provar seu valor é mais forte. Ele se prepara mentalmente para os dias que virão, pronto para os treinamentos e para a jornada que o espera.
"Desta vez, eu vou mostrar do que sou capaz... ou morrer tentando."
Renzo, sozinho, encara o horizonte em direção às muralhas distantes de Avalon, com uma expressão determinada no rosto.
05
O céu está nublado quando a comitiva de soldados e magos de Avalon se aproxima da muralha que circunda o portal. A jornada até ali foi brutal; mais da metade dos soldados sucumbiu no caminho, quando uma névoa espessa e mortal apareceu repentinamente, trazendo consigo monstros que atacaram sem piedade. Os que restaram têm expressões de cansaço e terror.
Renzo sente um calafrio ao olhar para os sobreviventes ao seu redor, que agora parecem mais espectros do que soldados, desgastados pela névoa e pelo combate anterior.
"Se a névoa sozinha já levou tantos de nós... o que pode nos esperar contra o Guardião?" ele pensa, tentando suprimir o medo crescente.
Ao comando do líder da incursão, o grupo se posiciona diante da muralha que protege o portal, formando uma linha de defesa com os magos prontos atrás dos guerreiros. O comandante olha para as muralhas imponentes e dá um grito, chamando o Guardião.
— Guardião! Apareça e enfrente a justiça de Avalon! — gritava o Comandante.
Por um momento, nada acontece. O silêncio domina o ambiente, exceto pelo som do vento passando pelos guerreiros, como um presságio sombrio. Então, passos pesados ecoam. O Guardião surge, uma figura colossal, envolta por uma aura sombria que parece distorcer a luz ao seu redor.
— Ele é... enorme. Como vamos derrotá-lo? — sussurra um dos soldados.
Renzo engole seco, mas tenta manter a coragem.
"Eu vim aqui para isso. Não vou desistir agora. Eu tenho que provar que sou capaz, que não sou um covarde..."
O Guardião ergue sua espada, e o ar parece tremer ao seu redor. A batalha começa com um rugido de guerra dos soldados de Avalon.
Os magos lançam feitiços poderosos – chamas, raios e ondas de gelo voam em direção ao Guardião, enquanto os soldados avançam com armas em punho. Mas o Guardião é implacável. Com um único golpe de sua espada, ele dissipa as magias, e os ataques físicos se mostram igualmente ineficazes contra sua armadura.
— Não parem! Usem tudo que tiverem! — diz o Comandante.
Renzo observa enquanto os companheiros são lançados para trás com um simples movimento do Guardião. Cada golpe do monstro parece carregar o peso de uma montanha, e o exército de Avalon começa a recuar, aterrorizado.
Renzo olha em volta, vendo os soldados caírem um por um. Ele sente o desespero crescer em seu peito, mas também uma urgência de não falhar.
"Se eu não fizer algo agora, se eu apenas ficar olhando... vou continuar sendo o mesmo fracassado."
Ele corre para frente, agarrando sua espada com ambas as mãos, enquanto grita com todas as suas forças. Ele sente o peso da arma em suas mãos, mas ignora isso. Ele precisa dar tudo de si.
— Eu não sou fraco! Eu sou um mago de Avalon! — diz Renzo para si mesmo.
Ele pula para frente, tentando acertar o Guardião. Mas o monstro mal se move. Com um simples golpe de seu braço, o Guardião bloqueia o ataque de Renzo, lançando-o de volta ao chão.
Renzo sente o impacto atravessar seu corpo. Sua visão escurece por um momento, mas ele força-se a levantar.
"Eu... ainda não terminei..."
Com todo o esforço que lhe resta, Renzo tenta mais uma vez. Ele lança uma pequena faísca de magia – uma tentativa desesperada de ferir o Guardião. Mas a faísca se dissipa no ar antes de chegar perto.
O Guardião olha para Renzo, como se considerasse o jovem uma mera inconveniência. Com um movimento calculado, ele ergue sua espada gigantesca e a abaixa com uma força avassaladora. Renzo mal consegue reagir.
Ele sente a lâmina atravessar seu corpo, a dor intensa invadindo cada parte de si. O mundo parece desacelerar, e ele sente o frio se espalhar enquanto cai de joelhos.
"Eu... falhei. Mais uma vez."
Em seus últimos momentos, ele vê o rosto de seus colegas que o humilharam, as palavras de desprezo que o assombraram. Ele tenta encontrar um último traço de dignidade em si mesmo.
"Talvez... talvez eles estivessem certos... talvez eu nunca fosse nada mais do que um ninguém..."
Renzo cai no chão, a visão escurecendo, e a última coisa que ele vê é o Guardião, ainda de pé, imenso e inabalável. O Guardião observa por um instante, como se estivesse confirmando a insignificância de sua vítima, e então volta a sua posição de guarda, ignorando o corpo do garoto ao chão.