A escuridão reinava completamente no quarto com exceção da luz do pequeno candeeiro da mesinha de cabeceira. A minha cabeça que estava deitada sobre o peito do Harry dava-me uma enorme sensação de conforto enquanto o meu indicador passavam por todas as linhas negras das seus tatuagens que cobriam partes da sua pele. Nunca pensei que pudesse vir a gostar tanto delas.
"Harry?" Chamo-o e como ele não me responde e nem sequer se mexe automaticamente sei que adormeceu. Saiu de cima do seu peito, observo por segundos o seu rosto adormecido com os seus lábios entreabertos e com um ar relaxado. É tão bonito.
"Boa noite, Harry" digo perante o seu estado inconsciente, dou um pequeno beijo nos seus lábios e deixo a minha cabeça bater contra a almofada.
A última vez que vi as horas eram quase duas da manha, e, definitivamente, não deveria sentir-me tão desperta. Não devia ter adormecido a meio da tarde.
Respiro fundo e saiu para fora da cama, puxo os cobertores para taparem o peito nu do Harry, apago a luz e saiu do quarto fechado a porta atrás de mim.
Ando pelo corredor às escuras até encontrar um interruptor que me ajuda a iluminar a divisão. Respiro fundo sentindo o ar a entrar pelos meus pulmões e sento-me no sofá, puxo as pernas contra o peito e memórias vagas do dia de hoje invadem a minha cabeça.
Não quero ter e pensar que, mesmo, que o meu pai tenha saído com o meu tio de certeza que ele já chegou a casa a esta hora, de certeza absoluta que está a dividir a cama com a minha mãe neste momento.
Esse pensamento faz um arrepio descer pelo meu corpo.
Olho para o televisor negro e depois para o pequeno móvel ao lado. A fotografia de família do Harry que há já bastante tempo eu mexi, continua lá. Alevanto-me do sofá caminho até ao móvel e volto a pegar na moldura. Observo um pequeno Harry com a sua família, é tão estranho ele só ter está fotografia da sua família, tão antiga mas ao mesmo tempo tão bonita.
Lembro-me dele contar-me que o seu pai morreu dois anos, exatamente, depois de tirarem está foto.
Não me consigo imaginara viver sem o meu pai. Bem, há três meses e meio também não me imaginava a viver sem a Zoe e cá estou eu.
Sei tão pouco sobre a sua família, apenas sei que o seu pai morreu, não faço ideia como, que tem uma irmã que ele aparenta gostar bastante e que a sua mãe faz uma boa lasanha. Gostava que ele partilha-se mais sobre coisas destas sobre a sua família, os seus amigos e este tipo de coisas...
Talvez eu deva simplesmente perguntar, acho que ele responderia às minhas perguntas. Também ainda sinto que tenho tanto para descobrir sobre ele, por vezes sinto que o conheço completamente, mas, por outras, às vezes penso que ainda existem partes do Harry que eu não conheço e essa ideia deixa-me desconfortavelmente curiosa.
Volto a pousar moldura no seu devido lugar e tenho vontade de abrir as gavetas deste móvel para ver se encontro mais fotografias mas tenho medo que o Harry se chateie. Mesmo assim deixo que a minha curiosidade conduza as minhas mãos para puxar a primeira gaveta.
Ao menos quando bisbilhote-o não penso nos meus pais.
Vejo lá dentro um caderno de capa verde juntamente com outros cadernos. Fecho a gaveta e abro a próxima, fico satisfeita quando vejo uma fotografia, agora mais recente do Harry com a sua irmã. O seu cabelo está muito mais curto e puxado para cima, nota-se uns caracóis mais pequenos dos lados da sua cabeça e tem um grande sorriso na sua cara. A sua irmã, que ele me disse que se chamava Gemma, ao seu lado com uma trança espinha num tom de cabelo diferente do loiro que eu vi quando os encontrei os dois juntos no centro comercial, agora está num tom ruivo, ela sorri enquanto segura num copo que parece ter um batido. Está uma fotografia bastante gira.
Eu e o Harry realmente deveríamos tirar algumas fotografias, eu gostava de ter uma foto com ele.
Deixo a fotografia cair dentro da gaveta e fecho-a.
Um sentimento de solidão preenche logo todo o meu corpo, penso que este seja o pior sentimento de todos, a sensação de se estar completamente sozinho. Só de pensar que existem pessoas que provavelmente irão viver uma eternidade sozinhas fico com um sentimento estranho e inexplicável a reinar no meu interior.
***
O meu corpo roda e sinto-me a bater contra o do Harry, assim que os meus olhos caem nos seus verdes fico logo satisfeita por ele já estar acordado.
"Bom dia" a sua voz demasiado rouca por ter acabado de acordar pronuncia.
"Olá" digo e vejo como ele empurra os cobertores para trás deixando o seu corpo destapado até à sua cintura, e, por consequente destapando-me também.
"Hey!" reclamo e um pequeno sorriso aparece nos seus lábios. Sento-me sobre cama já a sentir o meu corpo saturado de estar deitado.
"Estás cheia de energia" sinto o braço do Harry a passar por de trás das suas costas e a puxar-me contra o seu peito.
A minha cabeça descansa sobre o seu ombro.
"Temos muito que fazer, Harry. Os segredos que o caderno da Sheila têm não se desvendam sozinhos" inclino a minha cabeça um pouco para trás o conseguir ver melhor.
"Pois, quanto a isso, o caderno da Sheila não esconde nada"
"O quê?" Sento-me de novo sobre a cama.
Como assim o caderno da Sheila não têm nada de revelador? Porquê que o Harry não me deixou ver isso com ele?!
"Não tem nada Rose. Os números de telefone que viste eram apenas de alguns parentes afastados" assim que o meu cérebro processa a informação sinto-me a bater no fundo do poço.
Eu pensava mesmo que aquele caderno nos ia levar a algum lado.
"Porquê que não me deixas-te vê-lo contigo?" Pergunto e ele senta-se ao meu lado e coloca a sua grande mão sobre a minha.
"Eu trabalho melhor sozinho" olho-o de sobreolho franzido.
"Antes trabalhavas com o Ryan" atiro e vejo-o a morder o interior da bochecha.
"Não é isso Rose, tu ontem estavas tão mal que eu não quis dizer nada-" interrompo-o.
"Ias dizer-me se eu não falasse nisso?"
"Por acaso ia" afasto a sua mão.
"Não, tu não ias. Ias simplesmente esperar que eu já não me lembra-se de nada e nunca mais falar no assunto" alevanto da cama. "Quando é que vais parar de esconder coisas de mim?" As bochechas do Harry enchem-se por segundos de ar como se estivesse aborrecido.
"Não comeces a tentar arranjar uma discussão" ele diz passado a sua mão pelo cabelo puxando-o para trás e sinto-me como se levasse um murro no estômago.
Então ele esconde coisas de mim e depois eu é que arranjo discussões?
"Não, eu não estou Harry. Tu é que escondes coisas de mim!" Tento manter o meu tom e voz o mais baixo e calmo possível.
"Não, sabes o que estas a tentar fazer? Estás a arranjar um problema onde nem sequer existe apenas para ocupares a tua mente e não pensares na tua mãe" Harry alevanta-se da cama fincado de pé à minha frente. Preferia quando estava sentado, ele é tão alto e ainda por cima quando fica irritado quase que deixo-me sentir intimidada por ele.
Será que é isso que eu estou a fazer? A tentar arranjar problemas para ocupar a minha mente?
Não isso é de loucos!
"Estou apenas a dizer a verdade Harry. Tu ias esconder-me isto" cruzo os braços sobre o peito e enquanto olho para o seu rosto consigo perceber que está aficar cada vez mais furioso.
"Tal como tu me escondeste que ias a casa a Sheila?"
Não digo nada, não tenho nenhum argumento neste momento.
"Bem me parecia" desvio o meu olhar do seu.
"Não podes falar muito, foste tu que me mentiste durante dois meses sobre saberes quem matou a Zoe" volto a olhar para ele já a sentir que estou a ganhar pontos.
"Não vás por ai" ele diz como se me estivesse a avisar que haveria perigo se eu continua-se.
"Porquê? Porque sabes que eu tenho razão?" Mudo o peso de uma perna para outra.
"Não, simplesmente porque estas a fazer uma tempestade num copo de água. Estás a criar problemas onde nem sequer existem, estas a discutir comigo para teres mais em que pensar sem ser no facto da tua mãe andar a trair o teu pai" a sua voz vai ficando mais alta até acabar a gritar.
Odeio que ele grite comigo.
"Podes parar de referir isso? Achas mesmo que é uma discussão contigo que me vai fazer esquecer que..." não consigo acabar a frase. Já é demasiado doloroso pensar no que a minha mãe fez quanto mais dizê-lo em voz alta.
Ando até à janela do quarto para me afastar dele e fico a observar os carros a passar pela estrada e as pessoas a andarem apresadas de um lado para o outro.
"Vais ignorar-me agora?" Não olho para trás sequer.
"Não" respondo passado um bocado e sinto-me como se fosse uma criança a amuar.
Sinto o meu corpo a descontrair à medida que vou observando as pessoas de um lado para o outro sem fazerem a mínima ideia de que estão a ser observadas, que andam sem sequer pensar que à alguém que está a ver todos os seus passos cá de cima.
O meu estômago está vazio mas ao mesmo tempo não sinto qualquer vontade de comer. Talvez também porque não quero dizer agora a Harry que tenho fome.
Um aperto no meu coração cresce quando os meus pensamentos fogem para os meus pais, o quê que eu posso fazer que possa consertar o erro da minha mãe? Não quero que os meus pais se divorciem, mas quero a minha mãe sofra as consequências dos seus atos. Sinto-me tão confusa e perdida.
Perdida por não saber o que fazer em relação aos meus pais, perdida por pensar que talvez o Harry continue a esconde-me coisas, perdida por sentir saudades da Zoe. Sinto que o mundo decidi-o cair todo em cima de mim desde que a minha melhor amiga morreu.
Não devia ter começado a discutir com o Harry, não preciso de mais problemas neste momento.
Viro-me para trás e vejo-o encostado contra a porta com o seu olhar verde esmeralda preso em mim.
"Que é?" Questiono.
"Nada, só estou a esperar que te acalmes"
"Não devia ter começado a discutir contigo" disse baixo.
Harry desencosta-se da porta e caminha apenas com os seus bóxeres pretos presos na cintura, forço-me a olhar para a sua cara até ele parar à minha frente.
"Não devias o quê?" Ele pergunta e sei que é só pra me irritar e uma maneira estúpida de elevar o seu ego.
"Já disse" engulo em seco quando ele dá outro passo e fica a uns dez centímetros de distância.
"Não comeces discussões sem motivo, deixas-me irritado e quando fico irritado faço coisas que não quero" o seu tom é tão serio que até parece que acabei de infringir uma lei, até parece que não é o Harry que eu conheço que acabou de falar.
A minha mente logo viaja para a noite, em que estávamos em Londres, e eu ouvi uma conversa do Harry com o Louis sobre na altura a Sheila ter ido falar com o Liam, e quando eu o pressionei para me dizer ele ter-me assustado e de ter-me apertado o pulso de uma maneira dolorosa.
"Não queria discutir" digo com sinceridade.
Não queria discutir mas se ele contasse-me tudo não haveria motivos para o fazer. Porquê que eu continuo com a sensação que ainda há mais coisas que me estão a ser ocultadas?
"Sim, tu querias" e lá está ele a ir contra aquilo que eu digo.
"Não, Harry, eu-" e interrompe-me assim que o seu corpo avança contra o meu e as minhas costas batem contra a janela.
Os seus lábios colidem contra os meus de uma forma meio bruta e desesperadamente selvagem, as suas mãos apertam a minha anca e descem até ao meu rabo deixando lá um apertão e os meus dedos puxam os seus cabelos descendo depois pelas suas costas nuas.
"Tu consegues ser tão dramática às vezes, teimosa e depois dizes o que é preciso para me irritar" os seus lábios batem contra os meus enquanto ele fala por estar tão perto de mim e começo a sentir a minha respiração a falhar.
Não digo nada, limito-me a deixar de lado o que aconteceu e a beija-lo de novo enquanto deixo que ele seja o rei dos meus pensamentos.
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Olá!!!
Aqui está mais um capitulo, vocês não imaginam como estou ansiosa para escrever os próximos vai acontecer tanta coisa...
Então gostaram do capitulo? Tivemos aqui uma pequena discussão mas faz parte né.
Pergunta do capitulo:
-Têm irmãos ou irmãs?
Eu não sou filha única.
Bem não sei mais o que dizer por isso até ao próximo capitulo.
Love You!!