Isa P.O.V.
"Puta de frio caralho" disse sentando no banco da praia.
"Que puta é de seca" disse Lolly também sentando no banco.
Sorri, o que não é muito normal, mas para não parecer mal. Olhei à minha volta, ouvindo o barulho, acalmante e furioso do mar, onde as ondas batiam contra a areia de uma forma insana. Pena não conseguir ver nada, devido á pálida noite.
"Isa, vamos embora" disse Lolly com um tom de voz diferente.
"Porque?" perguntei insignificantemente.
"Aqueles gajos que vêm aí parecem bêbados" afirmou Lolly com a voz trémula.
Encolhi os ombros e virei a cabeça para ver quem era. Eles aproximam-se e o mais alto, com um sotaque estranho, disse:
"Podemos nos sentar?"
Dei de ombros, fazendo com que Lolly respondesse que sim.
"Como te chamas?" perguntou o alto para Lolly.
"Lolly e esta é a minha amiga, Isabel"
"Isa" interrompia-a de seguida.
"O meu nome é Fábio e o dele é João" disse o mais alto.
Olhei para ele, vi que trazia uma chapéu cinzento, e que tinha uma pele bonita e o cabelo castanho, juntamente com os seus olhos. Lolly olhou para mim e logo percebi aquele olhar.
"És francesa?" perguntou-me Fábio.
"Não, porque?" disse.
"Tinha te visto e o que tens vestido, é parecido com o que as francesas vestem" afirmou.
"hunm, não sou, sou brasileira" disse olhando-lhe nos olhos.
Ficou um silencio ensurdecedor, talvez pela minha forma fria de responder ou talvez porque não nos conhecíamos. Lolly tocou-me na perna o que me trouxe de volta ao mundo real, pois já me tinha perdido em pensamentos.
"Importam-se?" perguntou Fábio tirando um saca de plástico transparente de dentro do bolso, no qual continha pólen.
"Não" disse Lolly.
Ele começou a embrulhar a droga no filtro e a dar-lhe a forma de um cigarro. Olhando sempre à sua volta.
"Querem?" perguntou, levantando a mão, como se nos oferecesse.
Olhei Lolly nos olhos e sorrimos.
"Sim" Dissemos ao mesmo tempo.
Peguei no isqueiro preto que tinha dentro do bolso, meti o cigarro na boca, acendi-o puxando o fumo com a boca. Talvez tenha puxado demasiado fumo, mas naquele momento relaxei. Foi como se no mundo só estivesse eu. Como se todos os meus problemas tivessem desaparecido, como se.. Não há explicação. Uma sensação incrível e inexplicável. O meu corpo começou a tremer de uma forma estranha, não o conseguia controlar.
"Que horas são?" perguntei.
"São 4:30h da manhã" disse Fábio enquanto olhava no seu telemóvel.
"És bom pra caralho" disse-lhe.
Senti o meu telemóvel vibrar no bolso de tras, perguei-o de imediato, onde tinha uma mensagem do meu namorado:
"Amor, tenho saudades, espero que te estejas a divertir, amo-te boa noite"
Não respondi.
Fábio, olhando para mim disse: "Também és"
Pisquei-lhe o olho. Isto vai dar merda.