MALDITO BENDITO AMOR

By TTFreitas

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*** Plágio é crime! Obra registrada. *** Antes esse livro se chamava O PREDADOR DE CORAÇÕES. ... More

Considerações Iniciais
SINOPSE
PREFÁCIO
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4

Capítulo 5

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By TTFreitas

A luz fraca do sol da manhã conseguiu atravessar as cortinas escuras do chalé de Noah alcançando-o e fazendo-o se mover na cama, tentando fugir da claridade e voltar a dormir, mas quando se virou completamente, deparou-se com um sorriso imenso e olhos brilhantes de alegria.

Se esforçando para despertar, o cowboy passou as duas mãos no rosto, antes de olhar novamente para a mulher deitada ao seu lado. Cloe estava radiante de alegria, mas Noah não estava de bom humor.

- Oi. - a veterinária falou com a voz manhosa, ao mesmo tempo em que percorreu com a ponta dos dedos o tórax nu do cowboy, acariciando a pele bronzeada.

- Bom dia. - respondeu se espreguiçando e sentando-se na cama. - Desculpe, estou atrasado para uma reunião com o Bryan, vou tomar um banho rápido e sair, mas você pode ficar à vontade. - explicou acelerando, enquanto se levantava e saia disparado para o banheiro.

Noah não gostava de mentir para as mulheres, mas ele tinha mentido para Cloe, embora realmente tivesse que resolver alguns assuntos do Haras com seu irmão, ele não estava atrasado, tinha tempo suficiente para um bom sexo matinal, o problema do cowboy era outro, a imagem de uma pequena morena de olhos brilhantes que lhe atormentou a noite toda e ainda atormentava, mas ele jamais assumiria isso para si mesmo.

***

Sara ainda rolava de um lado para o outro na cama, esperando seu celular despertar para levantar. Ela não havia conseguido dormir nada durante a noite, sua mente estava fixa no cowboy e seu corpo pedindo para estar com ele.

Contrariada consigo mesma em todos os sentidos, levantou-se furiosa, e começando a andar pelo quarto, queria conversar com Emily, mas estava sozinha, pois a amiga não tinha voltado.

Na tentativa de ocupar sua mente, colocou no celular a música "Tennessee Whiskey" de Chris Stapleton que tinha ouvido quando estava com o cowboy e saiu para o banheiro, se enfiando debaixo do chuveiro, lutando para se livrar das sensações que ainda a percorriam por completa. Era como se mil borboletas geladas voassem sem rumo dentro de seu estômago, como se seu coração batesse mais acelerado do que o normal, conseguindo mudar de lugar dentro deu corpo.

Sentindo a água morna acariciá-la, Sara permaneceu imóvel, de olhos fechados, respirando fundo, lembrando-se de cada detalhe do rosto de Noah, do seu olhar sedutor e dos seus beijos devoradores. Em meio a água, ela levou a mão a boca, tocando seus próprios lábios com as pontas dos dedos, eles estavam doloridos e ainda possuíam o delicioso sabor do cowboy, seu cheiro embriagante... Sara parecia tremer de desejo, não conseguia entender o que estava acontecendo com ela. Sua pele estava toda arrepiada, quase como se estivesse sentindo as mãos fortes dele tocando-a por completo. Estava desejando secretamente que ele estivesse ali, naquele momento... sua mente imaginava cada detalhe da cena, reação e beijo.

Sem acreditar em sua imaginação, Sara balançou a cabeça em negação, e se abraçou, tentando se proteger de si mesma e de Noah, mas em toda vez que fechava os olhos o cowboy aparecia.

- Não. - sussurrou baixinho, se proibindo de pensar em nele, forçando para pensar no que importava.

Aquele dia era o mais esperado de toda sua vida, conheceria seu pai, mas, em vez de imaginar como o pai era, estava imaginando cada centímetro do corpo do cowboy, e não queria. Sara não queria se magoar, e tinha certeza de que com Noah seria assim. Era evidente que ele só estava interessado em uma noite de sexo e nada mais. Ele era o tipo de homem do qual ela queria distância.

- Bom dia.

A voz alegre assustou a morena, que se virou no mesmo segundo em que ouviu, deparando-se com uma Emily sorridente, parada na porta do banheiro.

- Sabe, estou começando a gostar daqui. - continuou, se aproximando do imenso espelho na parede lateral do banheiro, arrumando o cabelo.

- Que bom, fico feliz. - Sara balbuciou, tentando disfarçar seu constrangimento por Emily ter chegando bem quando estava cheia de desejos pelo cowboy, quando sua mente viajava imaginando cenas obscenas para os dois.

- Como foi ontem, você e o cowboy? - indagou curiosa, ainda se analisando no espelho, sem se virar parar olhar para a amiga.

- Normal, apenas conversamos. - mentiu, enquanto saia do chuveiro e se cobria com o roupão, mantendo os dois braços em volta do corpo, como se fosse para esconder de Emily, que estava ardendo de desejo.

- Sério? - duvidou, se virando para encarar Sara, que parecia mais um animal assustado, do que a morena encrenqueira que na verdade era, toda molhada, enrolada no roupão e abraçando o próprio corpo. - Que estranho. Aquele cowboy exala sexo. Ele não tentou nadinha?

- Não. - foi breve.

- Nossa, será que me enganei com ele... - pensou em voz alta. - Ele parece ser daqueles caras que sempre pegam e não se apegam, que procuram só sexo. - comentou, pensativa. - Como a maioria dos homens são na verdade. - disse revirando os olhos e se voltando para o espelho.

- Pois é... - Sara sussurrou, concordando mentalmente, pois também pensava o mesmo sobre Noah. Ele, visivelmente, era um homem apenas em busca da próxima noite de sexo, sem se preocupar com o depois, e ela não era o tipo de mulher que fazia isso, mesmo existindo muitas que são a favor.

- Tudo bem? - Emily questionou, intrigada com a amiga.

- Claro, apenas estou ansiosa para conhecer meu pai. - respondeu forçando um sorriso.

- Que horas você vai?

- Daqui a pouco. Vou encontrá-lo no restaurante do Hotel. - contou, saindo correndo do banheiro para ir se arrumar, fugindo da amiga, como medo das perguntas.

- Tudo bem se eu ficar aqui? - Emily gritou, tirando suas roupas para tomar banho.

- Sim, tudo bem. É melhor eu ir sozinha.

- Que bom, porque não dormi essa noite, vou tomar um banho e pular na cama. - contou, voltando a sorrir, enquanto entrava no box.

Emily cantava baixinho embaixo do chuveiro, rememorando a noite passada, o momento em que o educado e lindo quase cowboy Bryan Brooks a abordou no bar, sendo tão simpático e gentil que a fez beijá-lo antes mesmo dele tentar algo. Um beijo o que durou a noite toda, porque não se soltaram mais.

Estava mais animada do que devia, aponto de não ter ido com ele para cama de imediato, aponto de terem conversado por horas, tentando conhecer um ao outro, aponto de deixá-la com frio na barriga.

***

Sara se arrumou quase correndo e saiu desesperada para ir, enfim, de encontro com seu pai. Durante toda sua vida acreditou que nunca conheceria seu pai e mesmo sem querer nutria raiva por ele, mas agora não sabia o que sentir. As poucas informações que sua mãe lhe disse foram o suficiente para plantar a duvida nela. Ter um pai agora parecia algo bom, pelo menos poderia ser.

A morena caminhava curiosa rumo ao restaurante, olhando para todos os lados, fazendo seu longo cabelo, ainda molhado, balançar pesadamente no ritmo do seu corpo. Estava imaginando como seu pai era, se ela tinha algum traço dele. Sempre que passava por um homem na faixa etária dele, ela o olhava analisando-o, pensando que poderia ser seu pai.

Enquanto Sara estava perdida em meio as pessoas, Noah entrava no hotel, movimento que o cowboy paralisou no mesmo instante em que a viu desfilando, em outro vestido florido, que a deixava parecendo uma boneca andando pelo hall.

Noah encostou o corpo na soleira da gigantesca porta de madeira escura, cruzando os braços na frente do peito, quieto, apenas observando Sara. O Cowboy, mesmo não querendo, estava lembrando-se dos beijos doces e viciantes da morena, do cheiro suave de sua pele. Por um instante, ele pensou em ir atrás dela, tomá-la em seus braços e sair correndo para o quarto mais perto, mas em vez disto, virou nos calcanhares, dando meia volta, saindo do hotel, determinado em tirar a pequena de seus pensamentos.

Sara parou de caminhar, franziu a testa e balançou a cabeça tendo a sensação de ser observada. Curiosa se virando para trás e no mesmo momento seu coração acelerou. Seus olhos foram para Noah, que estava de costas se afastando. Ela entreabriu os lábios para chamá-lo, mas não tinha coragem, era melhor assim, apenas ficou olhando-o, desaparecer na imensidão verde do lado de fora do hotel.

- Sara?

Ela se virou no mesmo segundo em que ouviu seu nome e ficou perdida, sem reação olhando para o homem grande, forte e muito elegante, que lhe chamou.

- Sou eu. - ela quase não conseguiu pronunciar as simples palavras, seu coração estava acelerado, parecendo que saltaria pela boca, aflito de medo.

Antes que qualquer outra palavra fosse dita, John não conteve o impulso e abraçou a filha por alguns longos minutos. Em silêncio, tentava compensar os dezoito anos que ficou longe dela. Naquele forte abraço havia muita dor, magoa, arrependimento, medos e esperanças.

- Desculpe pelos anos. - ele pediu, em meio as lágrimas salgadas que começavam a saltar de seus olhos, molhando o cabelo de Sara, que ainda estava abraçada a ele. - Queria ter estado contigo... - confessou sendo honesto, apertando a filha com mais força, tentando demonstrar a ela os sentimentos em seu peito.

Sara retribuiu, também apertando o pai, realizando um sonho de infância, abraçar fortemente seu pai. Ela mantinha seus olhos fechados e lágrimas de felicidade escorriam deles, descendo devagar, percorrendo todo seu rosto delicado, desenhando-o até cair no paletó do pai, que também mantinha os olhos fechados e cheios de lágrimas de arrependimento.

- Você é linda. - comentou sorrindo, analisando a filha, assim que se soltaram. Admirando o quando Sara era parecida com Verônica quando eles se apaixonaram.

- Obrigada. - enquanto ela agradecia o elogio, procurava no rosto enrugado do senhor de cinquenta e oito anos à sua frente, traços dela mesma. Sara queria ser parecida com o pai. Mas, na verdade, pouco tinha dele, John era um homem grande, de cabelos grisalhos e alguns fios louro claro, rosto forte e nariz fino bem desenhado. Mesmo pela idade, era um homem muito bonito e em forma. Sara tinha do pai apenas os belos e grandes olhos verdes brilhantes, mas para ela, já era o suficiente. Era parecida com ele.

- A não ser pelos olhos, você é igualzinha à sua mãe. - olhar para a filha, fez com que a mente de John fosse invadida por lembranças, fazendo-o voltar dezenove anos no tempo, na primeira vez em que olhou nos olhos negros de Verônica. - Como ela está? - perguntou sem conter sua curiosidade.

- Agora ela está bem. - foi breve, evitando pensar no quanto a vida de sua mãe foi difícil.

- Sua mãe é a mulher mais forte que eu conheço. - confessou, sentindo seu coração cansado palpitar de saudades de Verônica, o verdadeiro amor de sua vida, de quem ainda a saudade doía.

- Também acho. - Sara concordou com o pai, satisfeita em saber que John admirava sua mãe.

- Vamos nos sentar. - John chamou, passando o braço no ombro da filha caçula abraçando-a e a conduzindo rumo ao restaurante do hotel.

Pela primeira vez nos últimos anos o Deputado se sentia feliz, mas também pesava sobre seus ombros tudo que sua amada Verônica e Sara passaram por causa dele. John estava determinado a concertar tudo antes que seu tempo se esgotasse.

- Então, me fale sobre você, como é a sua vida? - perguntou querendo saber tudo sobre a filha recém-descoberta, enquanto se sentavam um de frente para o outro.

- Normal. - Sara respondeu, se ajeitando na cadeira confortável, correndo os olhos pelo restaurante, reparando nas pessoas que olhavam curiosos para eles. - Levo uma vida tranquila e simples, nada demais, ajudo no restaurante, estudo... minha mãe fez o melhor que pode para que eu fosse feliz. - contou, desinquieta, tentando se controlar para não despejar inúmeras perguntas em cima do pai. Estava louca para calar suas perguntas.

- Imagino, sua mãe fez o impensável para ter você. - ele afirmou, soltando o ar pesaroso. O rosto envelhecido e marcado pelo tempo de John Reynonds ficou ainda mais enrugado, enquanto relembrava tudo que ele e Verônica viveram juntos.

- Eu tenho muito orgulho da minha mãe, idolatro ela. Ela realmente passou maus bocados para cuidar de mim e eu não consigo entender como você foi capaz de deixá-la sozinha com uma filha para criar, desempregada e sem um lugar para viver. - disparou ofegante, não aguentando mais segurar.

Sara desabafou a magoa de anos, falou tão rápido quanto conseguiu e suas palavras entraram afiadas dentro do peito de John. Todo sofrimento delas foi culpa dele e ele jamais se perdoaria por ter sido fraco e permitido isso.

- Você me odeia, sua mãe também deve me odiar, e não as culpo. - ele comentou respirando fundo, abaixando a cabeça, fugindo dos olhos fulminantes da filha.

- Eu não entendo. - Sara ofegou, sentindo as lágrimas voltando.

- Sua mãe não te contou o que aconteceu? - indagou intrigado, voltando a olhá-la e vendo as expressões de dúvida no rosto delicado da filha.

- Não... ela apenas me pediu para te ouvir. - confessou triste, se lembrando da conversa com a mãe e dos olhos chorosos de Verônica.

- Sua mãe continua a ser a pessoa mais altruísta do mundo. - comentou aliviado por sentir que Verônica não o odiava ou culpava completamente, mesmo tudo tendo sido culpa dele. - Então, se ela me deu a chance de te explicar, eu vou te contar tudo, a minha história com sua mãe. - respirou fundo, deixando as lembranças o dominarem por completo.

Enquanto tentava começar a falar, John Reynonds sentia a garganta secar, engasgado, tenso. Havia amado muito Verônica, e guardou somente para ele toda dor e arrependimento por longos dezenove anos.

- Sara, só vou te pedir paciência em ouvir, pois vou contar devagar, na medida que minha dor também permitir e no final juro que irá me entender e talvez até me perdoar.

As palavras dele fizeram o coração de Sara acelerar de medo e preocupação, era como se pressentisse que algo ruim fosse acontecer. Seu estômago estava gelado de medo.

Percebendo a aflição na filha, John colocou sua mão sobre a dela que estava na mesa, acariciando e dando forças a Sara para ouvir uma dolorosa história de amor, que não tinha um final feliz.

- Conheci sua mãe no inverno de 1997, em uma tarde seca de vento frio. Eu havia sido convidado para a Festa de Rodeio de Barretos e assim que cheguei no hotel que reservaram para mim, me deparei com a mulher mais linda que já tinha visto. Sua mãe tinha um sorriso cativante e um olhar que intrigava, junte isso a força, a gentileza e alegria dela, pronto eu fiquei apaixonado no mesmo segundo em que a vi, mas demorei uma eternidade de tempo perdido para descobri que o que sentia por ela era amor.

John começou a contar sua história de amor, olhando dentro dos olhos da filha, permitindo que ela visse a verdade em seu rosto e em cada palavra que ele dizia. Um pequeno sorriso brotou em seu rosto, as lembranças o dominavam, tomando conta dele, levando-o de volta no tempo, em uma época que ele foi muito feliz.

No mesmo instante em que o norte-americano John Reynonds colocou os olhos em Verônica, a desejou e não parou mais de olhar, fazendo tudo que estava ao seu alcance para conquistá-la e mesmo diante das negativas dela, o Deputado não desistia. Prolongou sua viagem bem mais do que o necessário, apenas para ficar próximo a Verônica, cercando-a e insistindo todos os dias até finalmente convencer a jovem brasileira e camareira do hotel a sair com ele. Foi um jantar mágico, mas que não encerrou do jeito que ele queria, a jovem de vinte anos não sedia ao charme do Deputado de quarenta anos, e ele estava louco por ela. A ponto de prolongar ainda mais sua viagem, ficando no Brasil mais de um mês, até conseguir levar Verônica para a cama. Mas, depois que ele voltou para sua cidade, não conseguia parar de pensar na jovem morena, voltando para o Brasil no mês seguinte apenas para vê-la.

Nos meses seguintes, o Deputado praticamente se mudou para o Brasil. Alugou uma casa em Barretos e convenceu Verônica a sair da casa dos tios e ir viver com ele.

Apaixonada, a jovem órfã, se despediu dos tios que a criaram desde bebê em uma pequena fazenda da região, e foi feliz viver com o Deputado norte-americano. Verônica pensava estar vivendo um conto de fadas. John passava muito mais tempo no Brasil do que nos Estados Unidos da América, mas, de repente, desabou.

Quando o Deputado voltou para a América para pedir o divórcio, ele se deparou com sua esposa Amélia grávida e muito doente, colocando-o em uma situação difícil. Mas ele não mudou de ideia, foi firme, e contou a toda sua família a verdade, que estava amando uma brasileira e que iria se casar com ela.

A família do Deputado não reagiu bem a situação, mas sua mãe Mary ficou ao seu lado e se dispôs a ir até o Brasil e buscar Verônica, prometendo trazer a brasileira para o filho.

Mas dias depois que Mary viajou para o Brasil, a matriarca da família Reynonds voltou sozinha para o Texas, e contou ao filho que encontrou Verônica já com outro homem, que a brasileira não tinha esperado por ele.

John quase enlouqueceu e foi no mesmo instante a procura do amor de sua vida. Ele precisava ver com os próprios olhos que Verônica tinha o abandonado, mas quando ele chegou em Barretos não a encontrou em lugar nenhum, ela tinha desaparecido.

Desesperado, o Deputado procurou por sua amada por quase todo Brasil, mas não conseguiu encontrá-la, e, por fim, depois de 2 meses resistindo, ele aceitou o conselho de seus pais e reatou seu casamento com Amélia, que tinha perdido o bebê e precisa do marido. Só o que John não sabia, era que tudo tinha sido uma farsa, desde a gravidez e a doença de sua impecável esposa, até a boa vontade de sua mãe.

Mary foi até o Brasil e enganou Verônica, fazendo a jovem apaixonada sair do emprego e ir para os Estados Unidos, achando que era para ficar com John, uma mentira que a brasileira só descobriu quando ficou sozinha, desempregada e desolada em outro país. O que piorou muito quando ela contou a Mary que estava grávida, e a velha senhora perfeitamente vestida e alinhada, a tratou como um lixo, humilhando-a.

Utilizando-se do pouco dinheiro que tinha, Verônica ainda tentou encontrar com John, mas quando conseguiu se aproximar dele, o Deputado estava cercado por sua verdadeira família, destruindo a brasileira, que assistiu de longe o amor de sua vida, beijar uma linda loira, muito elegante.

Humilhada e cheia de dor, Verônica juntou tudo que tinha e comprou uma passagem, voltando para o Brasil sozinha, apenas com uma filha dentro de sua barriga, mudando de Barretos em São Paulo para a pequena cidade de Sacramento em Minas Gerais, fazendo de tudo para recomeçar sua vida e esquecer o americano que a tinha destruído.

Verônica sofreu para criar sozinha a filha, para trabalhar, para sustentá-la, e com muito esforço conseguiu. E enquanto ela sofria no Brasil, em outro continente John também sofria, começou a beber, desesperado para deixar tudo, a política, suas fazendas, sua família e sair correndo atrás da mulher de sua vida, mas não fazia ideia de onde ela estava. O Deputado tinha apenas uma pequena foto da amada, a qual ele ainda guardava na carteira. E quando ficou sabendo a verdade sobre Verônica e sobre a existência de Sara, deixou os sentimentos sufocados por anos dominarem.

Enquanto John contava, pesaroso, a triste história de sua vida, Sara chorava desolada, ela não fazia a menor ideia, Verônica nunca falava sobre seu pai, era assunto proibido entre elas, e agora ela entendia a mãe. Sentia vontade de sair correndo e ir abraçá-la, pedir perdão pelas insistências.

John também chorava, desesperado para pedir perdão a Verônica, para vê-la. Mas, saber que ela já estava casada e bem, fazia ele perder a coragem, não queria fazê-la sofrer mais do que já tinha sofrido.

- Me perdoe, minha filha, eu não fui forte o suficiente para lutar por vocês. - John pediu, apertando as mãos de Sara, praticamente suplicando para que ela não o odiasse e lhe desse uma chance. - Eu não soube lutar pelo amor, fui fraco. - admitiu a si mesmo a culpa de toda desventura de sua vida.

Mas Sara não respondeu, apenas continuou a chorar, olhando catatônica para ele, ainda se entender como um ser humano poderia ser tão desprovido de empatia a ponto de fazer outra pessoa sofrer sem sentido algum.

- Por favor, me perdoe... me perdoe querida.

John estava desesperado, sentindo-se tonto ao ver a reação da filha e ele ainda não tinha contato tudo.

- Não te culpo pai, culpo quem fez isso a vocês, quem fez minha mãe sofrer e passar por tudo que ela passou. O senhor não faz a mínima ideia de como foi a vida dela. - Sara desabafou, entre seus soluços, com o rosto contraído de raiva, desesperada, sentindo o coração bater descompassado.

Ela sentia uma estranha sensação percorrer seu corpo, enfurecendo-a mais e mais a cada segundo. Tinha vontade de gritar, de socar alguém e esse alguém tinha nome e sobrenome, era Amélia Reynonds.

- Quero fazer tudo que estiver em meu alcance para remediar isso. - John estava sendo sincero.

- Não existe remédio, agora minha mãe está bem, construiu uma nova família. O pior já passou, mas as marcas ainda estão nela, eu sei, posso ver em seus olhos tristes. - contou, fazendo John sentir ainda mais dor.

- Sara, juro que se pudesse voltar no tempo e concertar tudo isso eu voltaria...

- Mas não pode, ninguém pode. - interrompeu o pai, soltando o ar devagar. - Eu ainda não entendo isso tudo. Como elas puderam fazer isso?! Sei que minha mãe era a outra, a amante, mas existiam outras formas de resolver... outra forma que não envolvesse deixar uma mulher grávida sem ao menos um lugar para viver, sem alguém que pudesse lhe ajudar.

- Elas se arrependeram...

- Arrependimentos não mudam nada. - Sara voltou a interromper o pai, amargurada.

- Eu não vou pedi-la para entender e muito menos para perdoá-las, mas ao menos não guarde rancor, isso não lhe fará bem. - orientou apreensivo, vendo a raiva fluir de Sara. - Quando eu descobri, pensei que enlouqueceria, que jamais perdoaria minha mãe ou Amélia, mas eu as perdoei... eu precisei perdoar.

- Eu não sou um ser humano tão compreensivo como o senhor. - ironizou, soltando a mão dele, bufando contrariada.

- Eu te entendo filha, mas...

- Não, você não entende. - Sara quase gritou, interrompendo-o novamente. - Não cresceu ouvindo sua mãe chorar toda noite, quietinha. Não estava lá assistindo toda a amargura dela e seu ódio pelo amor, não estava lá quando ela se casou por conveniência com um homem que não amava, apenas para não deixar sua filha passar fome, não estava lá quando eu pedida para saber sobre meu pai e ela se negava a falar e depois chorava escondida... você não pode entender o que não viveu. - desabafou chorando desesperada, engasgando.

John não conseguiu responder, apenas abaixou a cabeça e deixou as lágrimas voltarem a sair. Sara estava certa, ele não sabia, mas ela também não sabia que ele passou quase pelo mesmo.

- Eu preciso de um tempo para digerir tudo isso. - Sara avisou se levantando, para sair, furiosa.

- Não vá, vamos conversar mais... de uma chance a nós, não me odeia filha. - John suplicou, segurando ela pelo braço.

- Não te odeio. Eu só não sei o que pensar, isso tudo é muito perturbador. - disse puxando fundo o ar, olhando-o perdida. - Eu preciso pensar, conversar com a minha mãe, por favor, entenda... só me dê um tempo, podemos nos ver amanhã. - pediu, se soltando do toque do pai e saindo, deixando John sozinho.

***

E aí gente, gostando? Comentem.

E as músicas o que estão achando?

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