Victor entra na sala da tia. – Oi tia, cheguei esta pronta? – Quando percebe que ela esta agitada, nervosa e pergunta. – O que foi tia, porque esta esta tão nervosa?
Luiza estava espantada com a reação de Clara, realmente era orgulhosa como pensava, mas ai se demitir, mas talvez fosse o melhor, assim evitaria ver Otávio e ela, o fruto da traição dele. – Nada Victor, apenas discuti com a veterinária e ela foi embora, meu único problema é explicar isso ao seu pai. – Disse Luiza pegando a bolsa e indo em direção a porta, deu um beijo em seu sobrinho e sairiam.
Victor no almoço não parava de pensar na moça que esbarrou nele, e perguntou a tia. – Tia a veterinária que foi embora é a moça que saiu as pressas de sua sala?
Luiza olhou para ele, conhecia seu sobrinho e sabia que era mais que apenas curiosidade. – Sim Victor era ela, porque a curiosidade?. Levantou a sobrancelha esperando a resposta.
— Nada, só curiosidade e achei ela bonita. – Ele viu que a tia não gostou da resposta e perguntou. – Porque essa cara tia?. Apenas achei ela bonita.
Luiza deu graças a Deus que Clara havia se demitido, não queria um envolvimento dela, filha de Otávio Belmonte Lacurain com seu sobrinho, e sabia que era uma boa probabilidade disso acontecer se ela continuasse no Haras. – Espero isso Victor, mas ela já foi embora, me conta como esta a semana de folga.
Passaram o almoço conversando, rindo e o assunto Clara desapareceu, na mente de Luiza porque na de Victor a imagem dela estava bem viva.
Depois que saiu do Haras, Clara pensou em ir na empresa conversar com seu pai, mas como ele estava tão atarefado resolveu ir para casa, se acalmar, mandar alguns currículos por email para arrumar trabalho o quanto antes. Não entendia o que Luiza tinha contra ela, parece que a odiava, e ela pelo contrario, admirava aquela mulher e não sabia o porque, não conseguia despreza-la. Chegou em casa subiu para o quarto.
Depois do almoço Luiza se trancou no escritório, tinha trabalho mais também era uma forma de fugir de seu cunhado, sabia que quando ele descobrisse o que aconteceu iria dar um sermão.
Já era 18 horas quando Luiza saiu do escritório, e a primeira pessoa ou melhor pessoas que viu foi o cunhado e a irmã vindo em sua direção, ela deu um sorriso e pensou que poderia adiar essa conversa com ele para amanha já que ele e a Helena estavam de saída. – Boa noite, vão sair? – perguntou Luiza.
— Sim minha irmã, vamos jantar fora. – Helena respondeu com um sorriso.
— Luiza antes de ir, quero te fala que dei uma bronca no Fernando hoje, caso ele for te contar. –
— Uma bronca, porque? – Luiza quando ouviu a resposta de Carlos queria cavar um buraco e se esconder.
— Ele deixou o portão do estábulo de seu cavalo aberto, como sei que não pode e sei que se você visse a bronca iria ser bem pesada acabei conversando eu com ele.- Carlos viu que Luiza ficou estranha e quis saber o porque. – Luiza porque ficou assim?
— Porque cometi um injustiça e das grandes. – Ela olhou para a irmã que já sabia o que ela tinha feito.
— Você acusou a Clara não foi, e pelo que te conheço não deu nem a possibilidade da menina se defender. – Bingo minha irmã, pensou Luiza.
Carlos balançou a cabeça. – Luiza a Clara volta amanha não volta, foi só uma bronca que você deu e amanha pede desculpas certo? – Carlos sabia que não era isso mais tentou ser otimista.
Luiza balançou a cabeça se reprovando – Não, na verdade eu a chamei de irresponsável e disse que não confiava nela e ela pediu as contas. – Ela viu a reação do cunhado e de sua irmã e se preparou para a bronca que ela sabia que merecia.
— Luiza. – Começou Carlos. – Eu espero que saiba o que fazer agora, não sei porque você implicou com ela, mais ela é uma boa moça e boa profissional apesar da idade, da um voto para ela, liga, ou melhor pessoalmente e peça desculpas, precisamos dela.- Terminou Carlos, por incrível que pareça calmo.
Luiza olhou para a irmã que viu arrependimento em seus olhos e falou – Ela vai Carlos e hoje mesmo, porque como a conheço se ela não for agora ela não vai conseguir dormir. – Eles se despediram dela e a deixaram com seu remorso.
Ela sabia que tinha que ir procurar Clara e que não podia ser por telefone, iria a casa de Otávio, esse era seu castigo por colocar uma pessoa inocente nas suas frustrações do passado, como tinha vindo com o cunhado estava sem carro e pegou um taxi.
Clara estava no escritório de seu pai, vendo alguns emails, quando Rosa bate e entra avisando que a senhora Luiza estava a sua espera na sala, na verdade Rosa teve que repetir o nome dela umas três vezes para acreditar que ela estava la na sua casa, pediu a Rosa que avisasse que já estava indo.
Chegando na casa de Otávio enquanto esperava a empregada ir avisa Clara, ficou olhando em volta, tinha o jeito dele, mesmo tendo dinheiro agora não perdia a humildade e viu isso na decoração da casa, muitas fotos de Clara, dava para vê o quanto amava, e ali ela percebeu que não odiava aquela menina, pelo contrario, e sabia que ela não tinha culpa de tudo o que houve entre seu pai e ela, e prometeu a si mesma que se Clara a perdoasse e voltasse ao Haras ela a trataria bem, até pelos tempos de felicidade que Otávio deu a ela. Olhando uma foto dele e de Clara quando ela era pequena foi tirada de seus pensamentos pela voz da mesma.
— Boa noite senhora, em que posso ajuda-la, ou veio aqui para me acusar de mais alguma coisa? . – Quando olhou para Clara viu a frieza dos olhos dela a olhando e não sabe porque mais se sentiu triste por isso, queria aquele olhar de admiração que ela tinha antes da discussão e começou a falar. – Clara na verdade eu vim aqui para me desculpar...na verdade pedir que você me perdoe, por tudo que fiz e falei não só hoje mais desde que nos conhecemos.
Clara ficou surpresa e suavizou um pouco o olhar. – Porque agora senhora, afinal eu não sou de confiança deixei o portão aberto não foi. – O olhar estava mais calmo mais as palavras não.
Luiza não sabia que o jeito de Clara falar iria causar uma grande dor e continuou. – Eu sei que não foi você, e...na verdade descontei em você o que eu estava sentindo mas você não tem culpa de nada...- Luiza chegou mais perto de Clara a olhou nos olhos e sentiu uma paz tão grande e continuou. – Por favor me perdoe e volte ao Haras, e te prometo que jamais voltarei a te tratar com indiferença ou do modo que fiz hoje, eu não sou assim.
Olhando para aquela mulher pedindo perdão, sabia que não era fácil, um pouco que ela conhecia Luiza sabia que era uma mulher orgulhosa, e não podia dizer não, na verdade ela queria era abraça-la forte e não sabia da onde vinha essa vontade, ela apenas respondeu. – Vejo que não é fácil para a senhora estar aqui fazendo isso, é orgulhosa eu sei e por isso que te desculpo e aceito voltar ao Haras. – Clara sorri e pega as mãos de Luiza e agradece. – Obrigada por isso, sabia que era uma grande mulher. – E não aguentando acabou abraçando ela forte e sentiu uma paz, se sentiu protegida e amada com esse abraço.
Luiza ficou surpresa com as palavras e principalmente com o abraço de Clara, e depois a correspondeu, que fez tão bem a ela, a abraçou forte como se estivesse abraçando sua filha...lagrimas veio aos seus olhos e ela tentou se controlar, e sabia que desde aquele momento sua relação com ela iria mudar...para melhor.
Elas foram interrompidas por Rosa que veio avisar a Clara que o jantar estava pronto e que seu pai avisou que ia demorar e não viria para jantar, ela agradeceu e Rosa se retirou. Ela teve uma ideia.
— Senhora, será que aceitaria jantar comigo? - . Convida Clara com um sorriso no rosto.
Luiza ficou surpresa com o convite e se preparou para recusar mas Clara não lhe deu chance. – Nãoo aceito não senhora, afinal me deve um pedido. – Finalizou.
Não teve como fugir, e Luiza acabou aceitando.
As duas sentaram a mesa uma de frente para outra, e Luiza teve uma curiosidade de saber mais sobre a vida de Clara. – Então Clara me diga de você, eu conheço a dr não a pessoa.
Clara deu um sorriso e começou a falar. – Bom moro com meu pai como a senhora já sabe. – Interrompeu Luiza.
— Senhora não, Luiza afinal começamos um outro tipo de relacionamento certo e ninguém me chama de senhora só você.-
— Certo, Luiza... Moro com meu pai, minha mãe mora em Aruba, desde que cheguei aqui não há vi ainda, mais não é de se espantar ela e eu nunca tivemos um bom relacionamento.- Luiza percebeu que isso machucava Clara e quando ia fala que não era necessário ela cotinuou, parecia que precisava desabafar a muito tempo e ela iria permitir isso. – Na verdade minha mãe não tem bom relacionamento com ninguém, minha avó mora nos E.U.A, ela ficou e eu voltei, ela nunca suportou minha mãe, não tiro a razão dela.- Clara tomou um gole de vinho e continuou. – O casamento dos meus pais nunca foi um mar de rosas eu sei que eles eram apenas casados por minha culpa, e quando fiz 18 anos e fui morar com a minha vó fora do país meu pai pediu o divorcio, sempre soube também que ele nunca amou minha mãe, apenas se casou com ela por que ela engravidou de mim.
Escutando isso Luiza ficou perplexa, primeiro como uma mãe na se dava bem com a própria filha e seg Otávio nunca amou Raquel.- Como sabe disso Clara, se ficaram casados por 18 anos devia ter amor entre eles. – Ela disse aquelas palavras com dor no coração.
Clara lhe sorriu – Não Luiza, minha mãe pode ter amado ele mais meu pai não. Lembro de um dia ter entrado no escritório dele e ele estava com uma foto nas mãos e eu pedi para vê, quando ele me mostrou era uma moça muito linda, em um jardim cheio de rosas, e eu perguntei quem era ele disse apenas que era uma pessoa muito importante que passou na vida dele, mas eu soube ali naquele instante que aquela mulher foi e ainda é o amor da vida do meu pai.
Quando Clara finalizou aquelas ultimas palavras, Luiza sabia que era ela naquela foto, e tentou não transparecer a emoção que estava sentindo. Não, Clara estava errada, Otávio não a amava. Ou será que sim. Luiza foi tirada dos pensamentos pela voz de Clara.
— E é isso, meu pai e o meu herói, minha vó Carmem minha mãe e minha própria mãe uma desconhecida para mim, e claro amo bicho e sou solteira – Clara deu uma risada gostosa.
Terminaram de jantar e foram para a sala, Luiza não queria brincar com a sorte de encontrar Otávio, já tinha se colocado em risco o bastante. – Bom Clara eu já vou, obrigada pelo jantar, será que posso ligar para pedir um taxi, justo hoje não fui de carro para o Haras.
— Claro que sim, na verdade se o carro que estava hoje meu pai não tivesse pedido para o motorista ficar com ele levaria você embora.- Disse entregando o telefone a ela, mas antes de chegar a pegar ele, a porta da casa se abriu, e o que Luiza mais temia aconteceu, era Otávio.
Otávio entrou na sala de sua casa e não acreditou no que estava vendo, Luiza na sua sala, em sua casa. Quando sentiu o beijo de sua filha no rosto e ouvi a voz dela, só assim consegue tirar os olhos de Luiza e olhar para a filha.
— Boa noite papai, que bom que chegou, a Luiza jantou comigo e estava indo pedir um taxi, mais como você chegou vou leva-la em casa com seu carro tudo bem?
Ele estava processando toda a informação da filha, enquanto olhava para Luiza, esperando uma ação dela, quando viu que ela estava tão longe quanto ele reagiu. – Boa noite senhora Carbajal.
Carbajal, ele fazia questão de fala esse sobrenome com desprezo, Luiza respondeu. – Boa noite senhor Otávio. Como Clara. – Voltou sua atenção a ela. – Não é necessário, eu pego um taxi. – Disse já com a bolsa nas mãos.
Otávio não sabia da onde ele tirou essa ideia, mais quando viu já tinha falado. – Não se preocupe filha, eu levo a senhora Luiza em casa.
Parece que Luiza não ouviu direito, mais o que ele estava fazendo, quando conseguiu fala. – Não...não precisa, vou de taxi. – Era fora de cogitação entrar em um carro com Otávio, não mesmo.
— Por favor Luiza, aceite, ficaria despreocupada se meu pai a levasse. – Clara veio para o lado de Luiza.
Ai meu Deus, porque agora. Olhei para Otávio e sabia que não escaparia dessa.
— Tudo bem, vamos senhor Otavio. – Luiza olhou para a Clara e viu o sorriso, sorriu de volta e deu um abraço nela, e disse. – Te espero amanha Clara e mais uma vez muito obrigada...por tudo.
Luiza saiu na frente de Otávio, que abriu a porta do carro para ela, sinceramente ele não sabia porque ofereceu essa carona. Mais olhando mais fundo, sabia sim e tinha a certeza que não deixaria ela em casa até fala o que estava guardado a mais de 25 anos, senão ele iria explodir.
Parando em uma praça, Luiza percebe o que ele quer. – Sem chance Otávio, não vamos conversar... não tenho nada para falar com você. Agora liga esse carro e me leva pra minha casa.
Otávio parecia que não tinha escutado, saiu do carro foi em direção a porta do passageiro e abriu, se debruçou sobre ela, sentindo o cheiro maravilhoso do perfume e sabia que era o mesmo de antes. Desprendeu ela e a puxou pelo braço, levando ela para o meio da praça, só estava eles ali.
Quando Luiza viu que Otávio tinha saído do carro, sabia que não ia conseguir escapar essa noite da conversa que espera mais de 25 anos... Ahhh quando sentiu ele perto dela para tirar o cinto, sentiu seu corpo reagir, sentiu sendo puxada por ele até o meio da praça, sem mais ninguém, apenas eles.
— Chegou a hora Luiza, depois de 26 anos eu quero uma explicação. – Otávio exigiu com um olhar arrebatador.
Como assim ele esta exigindo uma explicação, foi ela que foi traída, ela que perdeu a filha e ele que quer explicações...muito bem, essa conversa ia começar agora e aqui e o passado iria se encerrar.
— Como assim exige, você não tem nenhum direito de me exigir absolutamente nada Otávio. – Luiza gritou com todas as forças e raiva que estava sentindo naquele momento.
— Luiza não brinque comigo, não sou mais aquele adolescente apaixonado que acreditou que a menina mais rica da faculdade o amava...- Ele se aproximou mais dela com olhar decepcionado. – Mais você só queria brincar comigo, era uma menina que não aceitava não, mimada que so queria aventura e achou que eu era a pessoa certa pra você se divertir não é?. – Otávio gritava sem se importar com nada.
Luiza não estava entendendo aonde Otávio estava querendo chega, ela brincou com ele?, ele estava querendo reverter a situação mais isso ela jamais permitiria, e tacou na cara dele o sofrimento dela.
— Brincar com você...quem brincou comigo foi você, me traiu com a Raquel, eu vi Otávio, meu pai me mostrou as fotos de vocês juntos na cama. Você foi o que mentiu pra mim ao dizer que me amava, que enfrentaria meu pai pra ficar comigo, mas era mentira. Você me machucou da maneira mais covarde e não imagina as consequências dessa traição.- Luiza já estava chorando naquele momento, por mais que não quisesse que Otávio a visse derramando uma lagrima não podia mais.
Otávio estava atônito, como ela sabia, ele não a atraiu ele ficou com a Raquel depois da carta que recebeu dela mesma.
— Ta vendo, não tem como negar não é Otávio.
— Eu não te trair, eu dormir sim com a Raquel, mas depois da sua carta que dizia que não me queria, que seu pai estava certo e que não teríamos futuro juntos por sermos de classes sociais diferente. Depois da sua carta sai sem rumo, bebi e acabei na cama com a Raquel. – Ele percebeu que ela ficou surpresa.
— Carta? Que carta, nunca escrevi carta nenhuma para você, muito menos falando essas coisas, você sabia muito bem que te amava e não me importava com a nossa diferença, adorava seus pais, principalmente sua mãe que era tão forte e enfrentava a vida de frente e orgulhosa de você por ser quem era.- Luiza não podia acreditar que foram separados por mentiras, mais não podia acreditar nele também, precisava ver a carta.- a carta cadê ela, quero ve-la.
A carta ele sabia que não tinha mais, a rasgo com ódio depois que leu, mais ele já tinha entendido tudo, o pai dela fez isso, para separa-los, depois colocou Raquel para seduzi-lo e levar para cama e tirar as fotos e entregar para Luiza. Deus eles perderam tanto tempo se odiando por uma mentira. Mais como ia provar para ela se não tinha mas a carta, conhecia Luiza ela não iria acreditar.
— Eu rasguei a carta, depois que li com ódio de você.- Ele viu a expressão dela, ela não acreditava.
Ela deu um sorriso sarcástico. – Você acha que sou idiota, que vou cair nessa de carta. Você só fala isso para se livrar da traição e assim eu te perdoe, mais esquece isso, jamais vou te perdoar, não sabe o que eu sofri, não sabe o quanto isso me fez mal. – Ela se aproximou dele com dor nos olhos, ficou pesando se contava a ele sobre a filha que perdeu, achou que ele não tinha o direito de saber, mas queria que ele sofresse como ela e sabia que ele sabendo da morte de uma filha sofreria, ainda mais sabendo que ele foi o culpado. Ela olhou bem no fundo dos olhos dele e deu o golpe final. – Por sua culpa eu sinto uma dor terrível que depois de 26 anos ainda é viva dentro de mim. Por sua culpa eu perdi minha filha, isso mesmo minha, porque eu sofri enquanto você estava tendo a sua filha bem e viva junto com a Raquel.
Otávio não podia acreditar no que estava ouvindo, Luiza perdeu uma filha, deles.
Continua...