" Nenhum amor é de toda explicável"
Massis
Helena
Quando acordo sinto o cheiro que esteve presente em minha vida nos últimos tempos eu senti aquele cheiro, de limpo, e o gosto de remédio vem com tudo me acordando e trazendo a cruel realidade de estar aqui de novo. Estar sobre uma cama, com injeções, incertezas, medos e aquele sentimento de impotência. Sei que não é minha vontade de levantar muito menos o dinheiro que irá me fazer erguer e me senti normal. Por tantos tempo quis me destacar, ser diferente, não ser mais uma na multidão. Mas, tudo mudou quando percebi que não somos responsáveis por tudo que nos acontece. Não digo consequências de atos errados. Mas sim, de uma doença que vai minando suas forças, você sorri e tenta ser forte, e produzir sorrisos, fáceis e sem realmente chegar ao seu coração. O que fazer? Fico pensando em meus amigos, minha mãe que tem vivido cada dor, choro e medo ao meu lado sendo forte, uma força que já não tenho quando fecho a porta do quarto.
Resolvo abrir os olhos e me deparo com ele, Marcos esteve aqui. Fico meio que em choque, ele dorme ao meu lado. Me deparo com um homem que não só me trouxe aqui mais ele também ficou comigo esse tempo. Afinal que dia é hoje?
Ele de repente abre os olhos e vem até mim, todo preocupado e diz:
-Minha tempestade acordou. Como se sente?
-Acho que bem, onde estou?
- No primeiro hospital que sabia que te atenderia rápido.
-Já posso ir embora?
-Sim estávamos esperando você acordar e o médico logo virá.
-A quanto tempo estou aqui?
-Esse é seu segundo dia, e pelos exames você só teve uma crise de enxaqueca. Em decorrência da fibromialgia.
-E minha mãe? Pergunto já querendo levantar ele me toca e sei entender o porquê mais me sinto segura. E tento me agarrar a esse sentimento.
-Já esteve aqui e ficou tão triste que tive que leva – lá embora.
-Tudo bem.
Sem mais me calo, me fecho e me pergunto o que fiz? Contudo lembro que em algum lugar em mim, lá no fundo percebo uma luz se acender é a esperança. De que amanhã será um dia melhor.
Cansada de lutar eu simplesmente aceito e fechos os olhos e oro para Deus.Me dê só fé. E com esse pensamento durmo.
Marcos
No momento que coloquei meus olhos nela, sabia que tinha algo a mais nela, sua sinceridade, espontaneidade e o desapego por meus bens, me vez não esquecer. Depois vi outro lado uma menina que sofreu, que sobreviveu e que tenta ser forte. Mas percebo pelos seus olhos que já está cansada.
Após chegar ao hospital, foi feita tomografia e vários exames de sangue de radiografia e fizeram o que podiam, mais sinto que há algo errado e assim que tivermos alta procuraremos especialistas. Assim que a internaram, fui buscar sua mãe. Ver a devastação dela, quando contei, e ao ver sua filha em uma cama. Doeu-me até lugares do meu coração até o momento esquecido. Tive que leva-la embora e ligar sempre que possível, pedi a Linda que a fizesse companhia.
Ela acorda perdida e vejo medo, um medo que doeu em mim. Podem achar o que quiser, mais sei que o sentimento que sinto é amor, aquele amor que você não acredita, o mesmo amor que só vi nos olhos dos meus pais, e pensava que não o encontraria ainda mais em um acidente. Mais foi assim ele me acertou como o pequeno encontro entre a lua e sol, quando um chega e um se vai, contudo esse pequeno encontro alimenta um amor pela eternidade. E vê-la assim me destrói aos poucos.
Já entre em contato com amigos neurologistas que já iram atendê-la assim que ela se sentir um pouco melhor, e pensar que a única coisa que passa sua dor é morfina. Isso não pode ser normal. Fico a cada minuto pensado.
E enfim ela recebe alta e podemos ir embora. Linda permaneceu em sua casa desde então sua mãe parece em choque. Á levo para casa e já com minha pequena mala, ela precisa tomar remédios em horários certos, sim vou ficar com ela. Ela nem sabe. Sua mãe sabe seu estado na hora que falei com ela, ela chorava copiosa pelo telefone e teve que ser amparada por Linda.
Lorena (mãe Helena)
Vinte e nove anos atrás...
Ajeito-me no banco dura da praça onde tenho dormindo com meu fruto de um amor não respondido, na verdade só descanso os ossos. Não posso me dar ao luxo de dormir e se eu acordar sem ela. Ela agora é meu tudo e motivo de viver. Mais tentarei o possível para sair da rua.
Já se passaram quatro dias assim, estou exausta, e de repente encontro na rua um rosto conhecido, era Irani minha amada, vizinha, falo amada, pois sempre me acolheu e amou mesmo quando fui dada para trabalhar aos doze anos. Ela me vê abatida e como minha pequena em meus braços, e vem ao meu encontro me abraçando, e esse abraço foi o suficiente para derramar, dias de medo dor e fome. E ela me leva para sua casa, me alimenta me coloca para dormir e cuida da minha única razão para viver. E juro que a partir de hoje ela terá tudo que não tive e que irei ser forte por nós.
Helena tem um problema sério com leite, ela não aceita e quando a fome apertava, até mamava mais logo, golfava tudo. Tentamos papinha de arroz batida sem tempero sem nada, ela mama tudo. Em dias vejo meu bebe comendo e sem dar-me conta percebo lágrimas, se tornam cachoeiras, que inundam minha face e lava minha alma enchendo ela de esperança. Irani depois de cuidar de Helena me ajuda a acalmar e contar como fui parar na rua. E explico que o pai da criança não quis assumir e minha patroa me expulsou de sua casa onde morava já fazia seis anos. Ela me acolhe e diz que posso ficar aqui quanto tempo precisar e que me ajudará com a Helena para que eu possa trabalhar. Nesse momento Helena dorme em uma cama rodeada de travesseiros. E sou amparada e abraçada por Irani.
A partir dali fomos vencendo a cada dia, minha filha me viu ser quase estuprada por um patrão, já morou em bocas de fumos, já conheceu seu pai, que prometeu a ela que voltaria para vê-la e ela dormiu na janela a sua espera. E ele não veio. Ela não sabe mais deixei um presente na porta para ela fingindo ser ele, não suportei ver sua dor e tristeza. Ela sorriu. Cada sorriso era uma flor que crescia na terra seca que era meu coração. Assim ela cresceu estudiosa e cada vez me empenhei e trabalhei mais.
Conseguimos nossa casa quase dez anos depois, desculpem a cabeça dessa velha, e para manter a casa comecei a trabalhar mais, e acabei deixando ela sozinha. Ela era responsável, e suas notas sempre boas.
Teve um momento onde eu a perdi, ela não sorria nem falava muito, mas eu sempre querendo o melhor trabalhava mais. E assim se passou os anos durante um período ela se tornou ainda mais triste e calada, foi então que com muito esforço paguei aulas de músicas para ela, que era seu sonho. Foi ai que ela voltou a sorri e ser minha menina. Isso ela já era bem mais velha.
E quando entrei naquele quarto e a vi desacordada foi, foi meu limite. Minha filha é minha razão de viver, se pudesse trocaria de lugar com ela, mas, não posso. Dai o choro. Marcos pede para que Linda sua ex babá ficasse comigo foi bom, ela era agradável, e me vez companhia e me mantinha com noticias, e depois de um dia de angústia vejo minha menina sendo trazida para casa, sendo apoiada por Marcos. Ele sorri, e pergunta; Posso dormir aqui?
Helena
No domingo quando saímos do hospital já era noite e eu ainda estava muito fraca,Ele me ajuda em tudo.E já no carro no caminho para minha casa, em um silêncio agradável, dirigi pelo transito vazio passa na farmácia e compra uma sacola de medicamentos. E de volta me traz um MM, meu chocolate favorito, olho bem em seus olhos e me pergunto como ele lembrou, cometei em um momento tão rápido. Ele beija a ponta do meus nariz. E volta sua atenção para o trânsito.
Ao chegar em casa me ajuda a descer do carro, me surpreendendo, ao cumprimentar e pedir minha mãe para dormir aqui. Eu estava tão fraca para lhe dizer que minha cama era horrível, minha mãe olha em seus olhos apenas.
Boa tarde meus amores, preparem seus corações para as emoções que seguiram. E indiquem e cometem o que estão achando. E se quiserem ⭐️⭐️⭐️⭐️