Parte 1 - O princípio das dor...

By PauloZanini

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A história que nunca foi contada... More

Capitulo I - Visitantes
Capitulo III - Inocência

Capitulo II - Sacrifício

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By PauloZanini

Somente uma mesa sem cadeiras em um salão vazio, sua fraca iluminação vinha de uma lâmpada incandescente pendurada pelos fios de eletricidade no teto, uma escada com poucos degraus de madeira ligava uma porta alta até o piso do mesmo material, era possível ouvir vozes que vinham de trás da porta, pelo menos três delas.
Um estalo na fechadura, a porta rangia enquanto era aberta, a primeira figura se mostra na luz. Uma moça loira que quase gritava euforicamente:
- Você tinha que ver! Uma cotovelada e ele quase fez o grandão vomitar o estomago – ela gargalhou
A segunda figura se revelou, um homem alto que pressionava a região do estomago curvando-se de dor e não muito feliz com os comentários da primeira
- Cale a boca mulher! Não tinha como imaginar que o contadorzinho era tão forte
- Você deveria me agradecer, te salvei de levar uma facada – disse a moça em tom de deboche
O homem de preto já estava pronto para prolongar a discussão quando foi interrompido:
- Acalmem-se crianças, o importante é que a gente já concluiu a parte mais difícil, não?
Enquanto dizia, a terceira figura se revelou na luz incandescente do salão, um homem velho de baixa estatura, seus cabelos grisalhos pouco acima dos ombros denunciavam sua idade avançada, porem em nada parecia com seus companheiros, suas vestes eram brancas, usava sandálias e cinto de couro, na fivela a figura mal feita de um animal, muito diferente de seus colegas era também a sua voz, esbanjava maturidade e serenidade
O velho se virou para seus colegas:
-Não se esqueçam do porque de estarem aqui, seus sonhos, seus interesses... – o velho tinha a atenção de ambos agora - quando vocês se enxergaram no limite do possível, se viram encurralados e como um último ato me procuraram, não pelo o que eu posso fazer, mas me procuraram pois sabem quem é o meu senhor... Te garanto irmãos, o sacrifício perfeito é o mais alto nível de devoção a ele
Virou-se para o homem de preto:
- Você grandão, cansou de fracassar, viu seus sócios te enganarem e em um mês roubaram tudo o que você demorou sua vida inteira para construir e no auge de sua falência você me procurou...
A dor que o homem de preto sentia já era insignificante perto das lembranças que vieram a sua mente
O velho continuou:  – Se tudo o que era seu foi roubado em um mês, em 15 dias você estará de volta, você voltara com muito mais poder do que tinha quando caiu, aqueles que te roubaram sofreram amargamente com o arrependimento de ter te traído
Virou-se para a moça loira dessa vez:
– Você senhorita, sempre tentando a todo custo entrar em um meio social em que nunca esteve, fez loucuras para poder ser aceita por pessoas que somente a usaram, agora que não tem mais nada, você me procurou... Se por toda a sua vida você lutou para estar entre pessoas que emanam o brilho da glória, eu te garanto, sua ascensão brilhara tanto que ofuscara essas pessoas, essas mesmas pessoas que faram de tudo para ficar ao seu lado.
A moça loira sorriu
- Por isso meus irmãos, chegamos em um ponto em que não há mais volta, te dou a opção de continuarem e se tornarem os vencedores dessa vida e para isso preciso ouvir de suas bocas, vocês querem continuar?
O velho mal terminou de falar e a moça já gritou sim, o rapaz de preto pensou por um curto instante e confirmou com a cabeça, o velho sorriu:
- Esta será a noite em que acontecera a devoção máxima, preparem tudo, pois hoje à noite nos realizaremos o ritual!
Apontando para o fundo do salão o velho disse:
- Grandão, eu sei que esta machucado, mas preciso da sua ajuda, tire as tabuas do fundo do salão, cave, eu preciso de uma cova com pelo menos 1m de profundidade, você senhorita, venha comigo, me ajude a trazer o caixão e as amarras, tudo tem que estar perfeito, tudo tem que ter o aroma do mais perfeito sacrifício!
...
Algumas horas haviam passado, no fundo do salão com as madeiras do piso retirada havia sido cavado uma cova exatamente como havia pedido, o monte de terra da escavação estava ao lado, no meio do salão uma caixa de madeira preta grande demais para ser chamada de caixão, estava aberta e vazia, havia também duas correntes passadas por uma viga no teto, a mesa estava encostada na escada com alguns objetos sobre ela, o velho de branco também estava lá, como se estivesse inspecionando tudo, ao seus pés um homem no chão com um saco de pano preto cobrindo sua cabeça, suas mãos estavam para trás amarradas em seus pés, da amarra saia um gancho de metal
A porta foi empurrada, a primeira a entrar foi a moça loira trazendo mais cordas e mais um gancho, em seguida entrou o rapaz de preto trazendo em seu ombro uma mulher com o mesmo saco preto e amarras do homem ao chão
O velho começou a ditar instruções, prenderam o gancho na mulher da mesma maneira que foi preso ao homem, prenderam seus corpos nas correntes do teto, puxaram até ficarem suspensos e de cabeça para baixo, amarraram as correntes em uma coluna, posicionaram a caixa preta abaixo dos corpos, tudo como havia sido pedido
Em seguida o velho chamou a moça e o homem e pediu para que tirassem seus agasalhos, apanhou mantos negros que estavam em cima da mesa e entregou um para cada, em seguida pegou um objeto que estava envolto em um pano velho, desenrolando se revelou uma adaga de lamina muito reluzente.
O velho disse algumas palavras de conjuração ritualística e começou o ritual. Entregou a adaga na mão da moça
- Como seus antepassados você deve ser a primeira, corte fundo a garganta do primeiro sacrifício, aquele que mais se assemelha a você
  A moça pegou a adaga com certo ar de insegurança, se aproximou posicionou a lamina no pescoço da mulher que estava de cabeça para baixo, suas mãos tremiam, fechou os olhos e passou a faca no pescoço da mulher, soltou um resmungo quando sentiu o sangue quente tocar seus dedos. Se afastou rápido e viu o sangue escorrer
O sangue que escorria pela garganta aberta logo encharcou o pano que cobria a cabeça da mulher, tudo o que ela foi um dia, mãe e esposa, todas suas conquistas, felicidades e tristezas, todo e qualquer vestígio de quem um dia foi aquela mulher, escorria pelo pano e pingava dentro da caixa
O velho se aproximou e molhou os dedos no sangue da mulher, enquanto fazia suas conjurações, abriu o manto da moça loira e desenhou símbolos em seu corpo e sua testa, pediu para a moça entregar a adaga para seu companheiro e disse a ele:
- Como seus antepassados você foi influenciado pela mulher, corte fundo a garganta do segundo sacrifício pois ele se assemelha a você
O homem alto pegou a adaga, posicionou no pescoço do rapaz, olhou para o velho de branco e passou, abriu a garganta do sacrifício com mais firmeza do que sua companheira.
O velho sorriu
O sangue escorreu e manchou o pano da cabeça do homem até encharcar e pingar, tudo o que ele lutou para proteger, tudo o que ele foi escorria para dentro da escuridão da caixa.
A história daquele casal chegou ao fim, deixaram tudo para trás, não por opção, com sua vida roubada não havia mais nada que pudessem fazer, nem se quer a esperança pelo seu filho eles podiam deixar, pois a última vez que o viram foi em seu lar, e essa foi a última lembrança que tiveram dele
O velho molhou os dedos no sangue do rapaz, abriu o manto do homem alto, desenhou símbolos em seu corpo e sua testa enquanto fazia conjurações.
Por último o velho se curvou, molhou o dedo no sangue do fundo da caixa, fez um desenho em sua própria testa, pegou um livro na mesa e continuou o ritual.
O velho parou o ritual quando o sangue havia parado de escorrer dos corpos suspensos, símbolos haviam sido desenhados no chão a frente da caixa, o velho fechara o livro em suas mãos.
- Irmãos, desamarrem os sacrifícios e ponha-os lado a lado no caixão.
O sangue das vitimas cobria o fundo da caixa. Antes de deitar o corpo do homem, o velho tirou o saco que cobria seu rosto e torceu dentro do caixão, as semelhanças de quem o rapaz foi um dia sumiu em um rosto ensanguentado
O mesmo processo o velho fez com o corpo da mulher, ambos os corpos haviam sido deitados na caixa.
De costas, enquanto ainda ajeitava os corpos dentro do caixão o velho disse:
- Grandão, traga o terceiro sacrifício...

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