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Meu vestido de noiva. Meu grande dia. Meu futuro marido. Faltava apenas uma hora para que Jace se tornasse oficialmente meu esposo e eu a Sra.Connor.
Eu não havia comido nada, e a cada segundo que passava o meu coração batia ainda mais rápido. Minha cabeça girava o que me deixou levemente tonta. Calcei os sapatos, um belíssimo scarpin branco. O véu cobria os meus ombros nus e se mantinha preso em um coque bagunçado com alguns fios desgrenhados descendo pelo meu rosto. O sol iluminava a janela. O vestido de seda havia se encaixado perfeitamente no meu corpo, desenhando as minhas curvas. Ele era simples, sem calda e sem paetês. Eu sempre sonhei em me casar com algo mais praiano e moderno. Nunca me imaginei em um vestido de conto de fadas.
Hamptons. Esse foi o lugar escolhido para a cerimônia. O pai de Jace morreu aqui, e por isso ele carregava consigo o pensamento de que o espírito dele vagava pelas praias desse lugar, observando as águas tranquilas do mar.
Analisei mais uma vez o meu rosto no espelho. Tudo estava perfeito. O contorno da minha face, o côncavo marcado com sombra marrom opaca, o blush na medida certa e o batom rosa que finalizava a maquiagem e me deixava com um ar de menina.
— Alguém quer falar com você, Alison.
Jess falou assim que abriu a porta. Ela estava linda no vestido azul destinado as madrinhas.
— Quem? — perguntei arrumando o véu.
Jess piscou pra mim e abriu um sorriso.
— Espero que não seja o Jace ...
— Não é o Jace — a voz da minha mãe surgiu pela porta entreaberta. — Sou eu.
— Mãe?
— Oi — ela falou sem graça esfregando as duas mãos no vestido marrom.
— Oi — minha voz saiu um pouco confusa. Desde que eu enviara aquela carta que eu não a via e nem falava com ela.
— Eu posso conversar com você em particular? — ela perguntou olhando para Jess que logo sorriu e fechou a porta nos deixando a sós.
— Está tudo bem? — indaguei sentindo um nó na garganta.
— Sim... quer dizer não. — Os olhos dela não conseguiam encarar os meus. Pela primeira vez vi que a minha mãe estava com vergonha.
— Olha...
— Não, Alison. Eu preciso dizer. Eu lhe devo desculpas por tudo o que eu te fiz — ela falou encarando o chão. — Eu fui uma péssima mãe e você deixou isso bem claro naquela carta. Quando eu li aquilo pela primeira vez achei uma afronta, mas com o tempo, com o seu distanciamento, eu percebi que talvez você estivesse certa. Então, eu passei os últimos meses pensando sobre tudo e especialmente em você. Pensei no jeito que eu te criei, nas palavras cruéis que saíram da minha boca e na vida solitária que eu estava levando. Eu fiquei sozinha durante todo esse tempo e eu senti sua falta, Alison. Sinto sua falta, filha. Eu te peço perdão pelo o que eu te fiz, me perdoa? Eu sei que não posso mudar o passado, mas prometo me esforçar para ser uma pessoa melhor no futuro. Você me aceita na sua vida, filha?
Quando ela terminou seus olhos estavam encharcados e ela chorava. Eu nunca tinha visto a minha mãe chorar. As suas palavras pareceram tão sinceras. Aquilo cortou o meu coração, e eu não resisti e corri para os seus braços de mãe. Ela chorou e molhou o véu do meu vestido. Respirei fundo para não chorar também e assim não borrar a minha maquiagem. Assim que o nosso abraço terminou acenei para ela e segurei sua mão.
Minha mãe me conduziu para fora do quarto e me levou até o meu pai. E depois disso eu não lembro de mais nada. Só me lembro de caminhar até o altar improvisado de frente para o mar e ver ele.
Lindo.
Encantador.
Um sorriso brilhante me esperando.
Meu coração acelerou.
Jace.
Eu só conseguia enxergar o rosto dele. Meus olhos estavam fixos nele. Nos seus olhos castanhos. Nas suas covinhas no canto dos lábios. No seu corpo definido em um terno branco. E os seus cabelos negros balançando com o vento. Ele me olhava apaixonado e eu percebi uma lágrima descendo pelo canto do seu olho.
— Para sempre — ele sussurrou para mim.
— Para sempre.
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