A morte sempre aparece para um de maneira diferente. Pode ser um homem, uma mulher, uma Fada e uma sereia, um vampiro, a pessoa que você mais ama, a pessoa que você mais odeia. Pode ser um corvo, pode ser um colar, uma pepita de ouro ou um vestido de casamento.
Dizem que ela vai ser da coisa que você quiser se despedir. E, antes de tudo acabar, você vai fazer qualquer coisa que quiser. Um cego poderá ver, um cadeirante poderá andar e um surdo poderá ouvir. Se você quiser, poderá desaparecer, poderá falar a língua dos anjos e dos demônios. Você poderá voar.
A morte é o começo de um fim, e o fim de um começo. É a dor mais horrendamente reconfortante, e é o reconforto mais dolorosamente horrendo. Você quer acabar, e você quer que tudo comece de novo, e de novo, e de novo e mais uma vez.
As folhas e flores de outono sangravam néctar e cheiravam a vento no dia em que eu provei o tudo e o nada. Talvez tenha sido uma ironia, já que você sempre gostou do outono. Eu estava caído no chão, olhando o teto de espelhos onde mal me podia ver. E eu queria sentir algo que fosse além daquele cheiro amargo e pútrido de sangue fresco. Aliás, queria também que aquele sangue parasse de correr pelos meus pulsos. Queria várias coisas, mas queria, acima de tudo, você.
Queria um abraço, um beijo, um cafuné nos cabelos e um segurar de mãos. Queria você, mesmo que quieto e do meu lado. Queria suas panquecas doces e queria assistir filmes idiotas com você no sofá e queria dançar na sala de pijamas e pantufas, coladinho com você enquanto ouvíamos BeeGees.
Quando eu estava morrendo, Minghao, sabe quem eu vi?
Eu vi você.