Mas em outubro de 2006 foi uma crise pessoal minha que quase pôs fim ao nosso conto de fadas. Aos poucos comecei a me afastar dele sem explicação alguma. Apenas queria ficar longe. Comecei a me sentir sufocada. Não entendia o que estava havendo. De repente senti vontade de olhar para fora daquele ninho em que vivia havia nove anos. Meu conflito interior ficou tão evidente que ele começou a indagar o que estava havendo. E quanto mais ele tentava se aproximar, mais eu queria fugir. A crise culminou com uma anorexia nervosa. Após cinco dias sem comer nem dormir, recebi o diagnóstico que poderia me levar ao internamento. Eu, que já era magra, perdi dez quilos em poucas semanas. A aparência esquálida só agravava a situação, porque levava todos a me fazerem perguntas que nem eu sabia como responder. Minha doença o levou a sofrer de angústia e tristeza. Eu não podia ajudá-lo, porque não sabia nem mesmo como me ajudar.
Depois de mergulhar em meus próprios sentimentos para tentar entender o que me afligia, descobri a razão do meu drama: a paixão que fazia minha barriga formigar por todos aqueles anos havia desaparecido. Eu vivi tanto tempo apaixonada que não sabia o que fazer sem esse sentimento. Ainda o amava muito, mas o fogo da paixão era o que sempre nos manteve tão unidos, tão vibrantes, tão especiais. Não estava preparada para o que estava prestes a acontecer. E decidi lidar com a situação da pior maneira possível.
Em dezembro, estávamos completamente amargurados em nossa própria dor, sem entendermos direito o porquê. Uma força estranha ia sobrepujando aquilo que sempre nos uniu e nenhum dos dois sabia o que fazer para que pudéssemos nos reaproximar.
Resolvi então pôr fim àquele sofrimento e me separaria tão logo as festas de fim de ano tivessem acabado. Mas novamente foi o destino quem decidiu como as coisas seriam. E eram muito diferentes daquilo que planejei.