Eu o amo.
Não o quero por perto, tampouco quero vivo. Quero sua dor; seu sangue, ódio! Raiva. Desprezo. Tortura.
Lentamente o rasgo por dentro, hemorragia sentimental. Não ame mais, não odeie mais. Você não precisa de ninguém além de mim. Eu sou seu deus, sou sua essência, sou seu nome e sobrenome. Viva somente a mim.
Se eu volto, ela volta comigo. Sou sua inspiração. Seu bem e seu mal, distribuídos, em uma voz que ecoa em sua mente. Sua voz. Conquisto. Dispenso. Uso. Mordo. Beijo. Cuspo. Choro. Dou gargalhadas. Livre!
- Desapareça! Suma logo e me deixa em paz!
Não vivera sem mim, e assim vai ser. Tolo, estúpido! Vá para fundo da casa, se enforque, me mate logo.
Covarde.
Eu o amo tanto. Tanto que planejo seus passos. Escolho suas roupas, escrevo suas músicas, acolho quem precisa. Entenda-me, me ouça com mais atenção. Não sou tão ruim. Sou confuso, eu não sou real. Ele me conhece. Os próximos sabem o que sou, mas não me conhecem, não sabem de fato o que acontece na cabeça desse doente.
Mistério que deixo onde passo. Por que és tão calado quando estou por perto? Tens medo de mim? Tem medo de tentar te aliviar de todo esse sofrimento novamente? Deixe-me expressar, agiremos juntos como um só, que é o que somos. Você é real, sou uma voz que ecoa, uma imagem borrada que o assombra. Sou a nuvem cinza que ameaça chover no dia ensolarado. O medo bobo.
Se tivesse forças te esmurraria. Idiota.
Como pode ser tão estúpido? Como não acorda? Por que está sempre de olhos abertos? Durma! Deixe-me guiar-te. Três horas a menos não fará diferença na sua vida, você não vive.
Eu o amo tanto que o deixo em paz. Tem dias que não o perturbo, ele está se saindo bem sozinho. Ele cresceu com base no que semeei. Sinto-me bem, até dou mais chances. Mas eu volto. Suas correntes estão presas em mim. Não as quebre, não fuja. Intimide-me. Questione, busque, me maltrate! Aumente o que sou. Viva como eu.
No final de tudo verás que sempre estava certo. Não ouvir a voz que clama em sua cabeça não vai mudar seu destino final. Atire, enforque, afogue, pule, corte. MORRA!