Sobre Amor e Lobos vol.1 VER...

By AnneCross2016

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GANHADOR DO WATTYS 2018. CATEGORIA: Contador de história. Robin Hood, o herói das antigas lendas, retorna ne... More

Sobre Amor e Lobos - Notas da Autora
Hastings
Discussões familiares
Gillian
Beijos Proibidos
Tentações
Demons
Perdidos
Fogo
Lobos
Ferido
Amor e Lobos
Sonhos Reais
Natalie
Jantares Familiares
Uma Noite Interminável
Belas Mentiras
No Mosteiro
Amigos
O Mal do Amor
Mulheres...
Siga-me
Amor e Ódio
Na Estrada
Série Sobre Amor e Lobos
Wattys 2018

Garotas...

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By AnneCross2016

A vila de Hastings espalhava-se pela colina abaixo do castelo. O conde mandara distribuir cerveja e pão em comemoração ao noivado e a agitação contaminava todos. Menestréis cantavam pelas esquinas e saltimbancos faziam malabarismos com suas roupas e bolas coloridas, alegrando as estreitas ruas de pedra.

Alguns se detinham por um momento, observando com curiosidade o jovem alto e bonito que passava, vestido com uma túnica de seda azul decorada com suntuosos bordados dourados. Entretanto, Robert Locksley caminhava devagar e os cumprimentava com ar distraído, alheio à diversão ao redor. Em outra ocasião, ele talvez estivesse cantando e tocando junto aos menestréis, pois era algo que gostava de fazer, principalmente depois que descobrira que isso atraía a atenção das garotas.

Virou a esquina de uma rua tortuosa e as altas torres do castelo de Hastings surgiram diante dele, dominando o horizonte à sua frente. Deu as costas para elas rapidamente, estremecendo diante da ideia de que deveria estar na festa sorrindo com falsidade para os convidados e fingindo divertir-se com a companhia entediante dos Hastings. Andou mais um pouco sem rumo até que chegou a um pequeno platô na borda da vila de onde podia se ver os campos ao redor e a floresta distante.

O sol do meio da tarde bateu em seu rosto. Ele parou e deixou-se ficar sob os raios de luz, aquecendo-se. Em seguida, sentou-se na amurada de pedra que circundava o local, admirando a paisagem que se estendia abaixo.

Finalmente podia sentir o frio do grande castelo de pedra deixar lentamente seu corpo. Aquele lugar dominado por velhas regras, grandes salas escuras e armaduras empoeiradas nos corredores onde os malditos Hastings empoleiravam-se como corvos agourentos contaminara sua alma com suas sombras depressivas.

Os Hastings! Esnobes, arrogantes e opressivos! E Marion um dia terá que viver com eles, casada com Francis Hastings, o primogênito e herdeiro. Minha Marion! Minha! Trocada por um pedaço de terra, por dinheiro e poder... Estes pensamentos o assombravam nos últimos dias por mais que tentasse reprimi-los e esquecê-los. Sua mente racional o alertava de que sempre soubera que um dia Marion se casaria selando uma aliança vantajosa para a família. Mesmo assim, no fundo de sua mente, ideias confusas rodopiavam continuamente e sussurravam como fantasmas.

Uma águia voou entre as nuvens com um guincho agudo, chamando sua atenção. Ele contemplou a subida da ave numa espiral em direção ao céu e sorriu, sentindo-se um pouco mais animado. No brasão de sua família também havia uma águia de asas abertas para o sol e desde criança ele gostava de imaginar-se como uma delas voando em liberdade. Estendeu a mão para o alto e a cumprimentou em silêncio. Por coincidência ou não, ela respondeu com um assovio estridente e fez uma manobra com as asas, rodopiando velozmente. Ele soltou um berro curto, imitando-a.

— O que está fazendo? — uma voz feminina perguntou atrás dele.

Ele se voltou, surpreso.

Duas garotas o cercavam com ares curiosos. Garotas... Desde os quinze anos que se deixara enfeitiçar por elas. Era filho de Bethany de Poitiers. E Poitiers não era conhecida por ser a "Corte do Amor"?

Avaliou-as com atenção. As duas deviam ser irmãs gêmeas, pois eram muito parecidas uma com a outra, embora uma delas fosse um pouco mais alta. Provavelmente eram filhas de algum próspero artesão local a julgar pelo tipo de roupas que usavam: vestidos simples de lã avermelhada, porém novos e limpos.

Seu humor melhorou subitamente.

— Estava conversando com a águia! — respondeu em tom de brincadeira.

— E o que ela te disse? — uma delas o questionou.

Lançando-lhes um daqueles olhares de garoto bonito que dardejam flechas quentes como centelhas de fogo, ele falou:

Não fique mais preso na sombra
Arde como o sol...
Um desejo te chama
Para um mais alto amor
Tu voas em sua direção e estás perdido...

Declamou a poesia com um sorriso insolente e descontraído enquanto elas o observavam fascinadas. O rosto dele tinha traços atraentes, os olhos dourados como os da águia brilhavam com uma luz ardente e orgulhosa e seus cabelos loiros escuros brincavam com a luz do sol em ondas rebeldes.

— Nossa! Isso foi maravilhoso! — exclamaram e bateram palmas de admiração. — Mas, você não deveria estar na festa do castelo vestido deste jeito? — a garota mais alta perguntou, referindo-se à túnica luxuosa que ele usava.

— Imaginei que as diversões da cidade seriam melhores e pelo visto não me enganei. Jamais poderia encontrar damas tão bonitas como vocês lá dentro — ele falou com mais um sorriso cativante. — Além disso, minha amada resolveu apaixonar-se por outro e me deixou só... — continuou em tom pesaroso, esquecendo o sorriso e fazendo a cara de um cachorro abandonado.

Essa cantada nunca falha! Sorriu por dentro, lembrando-se do dia em que Lawrence, o capitão de armas, havia lhe ensinado este truque.

— Deus! Isto é muito triste! — uma delas comentou com pena.

Ele deu de ombros. — A vida é assim mesmo. Acho que jamais conseguirei amar uma garota de novo... — Baixou os olhos com um ar melancólico e desta vez teve que se esforçar muito para não rir.

— Então nos faça companhia, Sir. Vamos dançar e nos divertir e irá esquecê-la! — a outra sugeriu, estendendo o braço para ele.

Os olhos dele brilharam de animação como os olhos da águia ao capturar uma presa apetitosa para sua refeição. "Infalível! Tenho que me lembrar de agradecer ao capitão mais uma vez!", pensou. Entretanto, hesitou por um instante, tomado por um breve receio. A festa. Todos ficariam furiosos se não aparecesse. Tinha que voltar.

— Será um prazer acompanhar vocês! —ouviu-se falando, antes que sua consciência pudesse protestar. Afinal, teria sido extremamente mal educado se recusasse um convite de uma mulher. De duas, então... Não convinha brincar com a deusa Fortuna quando ela lhe sorria.

⚜️⚜️⚜️

Lawrence, o capitão de armas de seu castelo, o encontrou no fim do dia, quase dormindo recostado entre as garotas, em um canto escondido ao fundo de uma taverna. Ele o observou com inveja e seus lábios curvaram-se em um sorriso. O garoto aprendia rápido! Há um ano começara a ensinar-lhe como conquistar as mulheres e aparentemente ele entendera bem as lições.

— Meu senhor! — o chamou, batendo de leve com a bainha da espada no calcanhar de Robert.

Ele sentou-se assustado, endireitando-se com um pulo. Olhou para os lados procurando lembrar-se de onde estava, passou as mãos na cabeça na tentativa inútil de arrumar o cabelo despenteado e ajeitou a túnica. Por fim, desviou sua atenção para a figura um pouco rechonchuda e de cabelos ruivos cortados bem curtos, parada de pé à sua frente e que o encarava com ansiedade.

— O que foi Lawrence? — conseguiu perguntar, piscando os olhos enevoados e sentindo-se um pouco tonto devido ao vinho forte que lhe fora servido pelo taberneiro.

— Seu pai ordena que volte ao castelo. Estou lhe procurando há algumas horas... Ele está furioso! — o capitão explicou aflito.

Robert suspirou com desânimo e levantou-se sem pressa, sentindo sua cabeça começar a doer ao antever o que lhe aconteceria quando encontrasse com seu pai.

As garotas também se ergueram com protestos insistentes, — Fique mais um pouco, nos divertimos tanto! — Uma delas segurou-o pelo braço, tentando retê-lo, porém ele desvencilhou-se da mão dela com um ar de pena.

— Quem sabe nos veremos outro dia. Agora devo ir... — disse, acenando em despedida.

Lawrence já o esperava na porta e acertava a conta com o taberneiro que sorria feliz ao ver as moedas saindo da bolsa do soldado e caindo em suas mãos. — Maldito ladrão! Aposto que me cobrou três vezes mais do que você devia! — Lawrence resmungou enquanto deixavam a taverna.

Robert deu de ombros. Por sorte nunca precisara preocupar-se com algo tão entediante como o dinheiro.

Depois de uns instantes, o soldado parou de reclamar e deu um soco fraco no braço dele, comentando com um misto de inveja, admiração e orgulho, — Você deveria estar no castelo! Contudo, vejo que foi por um bom motivo... Belas garotas!

Um sorriso rápido brincou no rosto de Robert, porém ele permaneceu calado. Não queria decepcionar o capitão, mas não havia feito nada de mais, apenas alguns abraços rápidos e um discreto beijo roubado de uma delas.

— Vamos! Conte-me tudo! — o capitão insistia.

— Ok! Ok! Mas não comente com ninguém... — ele pediu com um olhar cúmplice, mesmo sabendo que amanhã todos os soldados de Locksley falariam sobre o caso.

Como tinha mesmo que manter sua fama entre eles, rapidamente inventou algumas façanhas românticas para agradá-los, ,...as duas eram quentes como o inferno... e quando a tarde terminou fomos até a taberna. Eu precisava me recuperar... , ele terminou seu relato fantasioso.

O soldado o ouvia compenetrado, dando tapinhas de satisfação em seu ombro.

— Por São Jorge! Seu pai vai matá-lo! Entretanto, valeu a pena, não é mesmo? — exclamou, piscando um olho com um ar divertido.

Ele tentou sorrir, porém só conseguiu emitir um grunhido rouco em resposta.

⚜️⚜️⚜️

A festa já estava em seu final e os convidados retiravam-se do salão. Marion Fitzbur  e seu noivo, Francis Hastings, despediam-se deles.

Ela viu quando Robert entrou e avançou, furiosa.

— Onde esteve? Como pode perder a festa de meu noivado? - perguntou inconformada, com os olhos verdes faiscando de ódio.

Robert olhou-a de relance, notando a maquiagem no rosto e os cabelos presos em um penteado rebuscado que faziam com que ela parecesse mais velha. Seus lábios contorceram-se involuntariamente em uma expressão de desgosto. Fingiu ignorá-la e cumprimentou Francis com um leve abaixar de cabeça, analisando-o minuciosamente: o cabelo escuro e liso estava penteado e sem um fio fora do lugar, a túnica bege e dourada combinava perfeitamente com a roupa que Marion vestia. "Deus! Será que eles tinham combinado o que iriam vestir? Isso teria sido uma idiotice! ", pensou com sarcasmo. Esforçou-se para manter a expressão impassível, dividido entre um amargor inexplicável e a vontade de rir de tudo aquilo.

— Desculpe-me, Francis, não quis ser indelicado. Compromissos urgentes me impediram de vir. Estou desolado por ter perdido esta ocasião inesquecível! — disse finalmente, mas de um jeito insolente e irônico que demonstrava não estar se importando realmente.

— Compromissos? Que compromissos, Robert Locksley? — ela interpôs-se entre eles.

Ele voltou-se para ela, sorrindo por dentro, pois sabia que ela estava com raiva. Sempre falava seu nome inteiro quando ficava muito irritada.

— As gêmeas Mosley, se deseja saber o nome... - respondeu casualmente. "Ela sempre tem ciúmes de minhas aventuras... ", vibrou em sua mente.

Francis deixou escapar um assobio admirado.

— As gêmeas Mosley!

Os olhos de Marion tornaram-se frios como o gelo e adquiriram um tom mais escuro.

— Pois deixe seus pais saberem disto! Que faltou a minha festa para estar com vadias! — ela exclamou com ar ferino.

— Modere sua linguagem, Marion! Lembre-se, você será uma condessa...  — Robert retrucou. Depois, sussurrou para Francis, — Boa sorte! O gênio dela é terrível!

Deu meia volta e afastou-se rapidamente. Estava rindo sozinho quando viu seu pai andando em sua direção. Ele estava furioso! Suspirou desanimado e olhou para os lados pensando em fingir que não o havia visto. Tinha que escapar dali o mais rápido possível!

Ele pareceu adivinhar suas intenções e apressou o passo, chamando-o:

— Robert!

A voz dele parecia um rugido de uma fera pronta para o ataque.

Nota da autora: Caros leitores, já levaram uma bronca daquelas de seus pais? Se sim, deixem nos comments o motivo e divirtam-se com meu próximo capítulo.

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