Não brinque com fogo

By Eita_Jack

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Quando Agnes Miller começou a faculdade de artes visuais e se mudou para uma das cidades mais movimentadas do... More

Nota da autora + Sinopse
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10

Capítulo 11

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By Eita_Jack

Sérios danos emocionais.
Hoje
Salão de festas da empresa Collins.

As flores que Ethan me presenteou estavam jogadas entre o amontoado de papel do outro lado da cidade. E, assim como quase todas as vezes que ele fez isso, a única coisa que senti foi uma grande e desconfortável sensação de culpa. Aquilo não era para mim, não tinha esse tipo de desejo, gostava mais da sua companhia vez ou outra de que o ter como um companheiro. Essas demonstrações de amor romântico me deixava estranhamente desconfortável, não que fosse ruim ser surpreendida com um presente, mas a situação que estávamos não exigia esse tipo de coisa. Sentia tudo isso por saber que aquele rapaz que estava sentado ao meu lado tinha uma visão do futuro diferente da minha, que tinha viajado mais de cinco horas para estar ali, sem ao menos queixar por ter que fazer uma viagem tão longa.

A questão era que gostava dele, de ficar ao seu lado, beber vinho e transar, mas não tinha nenhum plano de colocar um rótulo para aquela amizade. Ainda que soubesse que, levando em conta todo o seu histórico e personalidade, logo ele iria tentar dar mais um passo, o que me deixaria com toda certeza, em más lençóis. Ele era um típico homem certinho, que fazia tudo conforme o costume da sua família, tão quente e focado que beirava a perfeição, quando o encontrei pela primeira vez, em uma dessas reuniões de amigos próximos, não acreditava que aquele cara estava mesmo encantado por mim, a confusão em pessoa. Contudo, apesar dessa diferença, existia um laço de amizade, respeito e companheirismo entre nós dois, ainda que existisse um grande desejo, gostaria de ter aquele rapaz ao meu lado, mesmo que só como um belo amigo.

Da última vez que ele tentou me pedir em namoro fiquei sem falar com o mesmo por semanas, apenas para deixar bem claro o que estava sentindo, sem precisar ter que dizer isso em voz alta. Eu era uma mulher terrivelmente egoísta, sabia bem disso. No entanto, não sabia como lidar com a situação, quando fiquei sabendo por um dos meus conhecidos que Ethan tinha pedido ajuda para comprar um anel de compromisso meu corpo todo tremeu em repulsa. Tinha deixado bem claro o que queria e como deveria ser as coisas, não tinha espaço para um relacionamento na minha agenda. No final tivemos uma longa e estranha conversa sobre, os pontos foram estabelecidos e desde então ele tinha assumido uma postura diferente, a de negação.

A verdade é que desde que me envolvi com Noah não tinha me deixado entrar em mais nenhum relacionamento sério, estava apenas andando entre as camas, sem ficar muito tempo com ninguém. Ainda que já estava com Ethan mais de dois anos, em um rolo estranho e quente a distância. Ele sabia que era tudo o que tinha a oferecer no momento, e quando disse que iria me aceitar ainda que fosse algo aberto, as paredes dentro do meu peito se abriram para esse algo novo. Depois de mais de quatro anos sozinha, me permiti o ter algumas vezes no mês.

Estávamos todos reunidos em volta daquele grande salão, enquanto um coordenador falava o seu discurso para as pessoas a minha volta e para o monte de câmeras na sua frente. Essa não era apenas mais uma das inúmeras festas da minha firma como também seria um momento especial, o grande Noah Collins estava apresentando a sua noiva para a sociedade, enquanto tomávamos mais uma das centenas garrafas de vinho que se encontrava naquele espaço, Suzy, uma das inúmeras secretárias contava mais uma de suas aventuras da sua última viagem, Ethan prestava muita atenção ne tudo que ela dizia.

-Você está bem?-perguntou Ethan, seu tom mais baixo do que o de costume, dei um sorriso fraco e concordei levemente. Ele pegou a minha mão e segura firmemente.-Se quiser ir para outro lugar é só me dizer.

Seus atos eram gentis, e tudo nele demonstrava carinho, com toda certeza era um bom cara. Alguém que se deve confiar, e por que não amar. No entanto, estava tão vazia que tudo não parecia se encaixar. Ethan tinha sentimentos demais, meu vazio engoliu todos eles, naquele momento ele era como eu, tão vazio quanto a mim. Ao mesmo tempo em que parecia ser a única pessoa naquela sala que podia me entender verdadeira, estávamos a quilômetros de distância sentimentalmente. Não me reconhecia mais, estava vivendo apenas para ganhar dinheiro o suficiente para manter os meus luxos, era como se toda aquela essência de menina aventureira, que gostava de fazer merda, tivesse acabado e deixado apenas o resto do que um dia tinha sido uma mulher feliz. Pensei que assim que tivesse prestígio as coisas iam melhorar em meu peito, mas muito pelo contrário, tudo ainda era confuso e cheio de buracos.

Ali dentro morava algo que cabia todos os medos e inseguranças, toda a dor que alguém é capaz de suportar. Cabia minha vida, as diversas noites em que fiquei perdida no silêncio, horas exaustivas de trabalho, dias sem dormir, crises de ansiedade e existenciais, conselhos para amigos próximos, conversas formais com conhecidos. Um ombro amigo. Tudo que alguém precisava quando estava em caos. Tinha um leve poder de cura. Mascarava as feridas e ajudava a cicatriza-las. O lado esquerdo do meu peito servia para ser o amigo de alguém, nada além disso. Talvez esse fosse o grande problema. Era prático e superficial. Alguém que ajudava em troca de um pouco mais que migalhas. Mas no final, quando Ethan chegou, não havia mais nada. Nada que pudesse ser feito para preencher o vazio que havia sobrado. O vazio que Noah havia deixado e que se tornou cada vez maior com o passar do tempo.
No meu coração cabia o universo inteiro, mesmo assim era pequeno demais para ele.

Tinha contado toda aquela história para ele, até os detalhes sombrios demais para ser ditos em voz alta. Aqueles pontos precisavam ser justificados, tinha um grande motivo para ser na defensiva daquela forma, se não dissesse o que tinha acontecido e o que tinha me levado aquilo jamais iria ser compreendida. Foi em uma dessas conversas que Ethan me perguntou se ainda esperava a volta do meu ex namorado, meses depois de ter corrido da sua proposta de namoro, não tinha uma resposta certa para aquela pergunta e me lembrava de chorar por horas seguidas pensando em todo o meu passado. Com toda certeza ainda não tinha o superado, ele era uma ferida que ainda estava aberta.

Contudo, enquanto estava em pé naquele salão enorme, bebendo aquele vinho quente com todos ao meu redor minha mente pensou no que queria para o meu futuro, como iria ser as coisas em alguns anos, ainda que fosse um erro meu ter que despertar toda essa ansiedade de volta. Em um futuro dos próximos cinco anos não pensava em Ethan na minha vida, na verdade, gostaria que tudo entre nós já tivesse terminando, pois esperava que alguém o faria tão feliz que ele vai esquecer de toda a dor que eu lhe causei. E, mesmo sabendo que fui uma estúpida de merda, ficarei feliz, por saber que alguém foi capaz de fazer tudo aquilo que não consegui, que não me permiti sentir. Que o trate como prioridade, o leve ao céu quando as coisas tiverem difíceis por aqui. Ethan precisa do que jamais poderei ser.

Quando vi o meu novo chefe naquele terno caro, segurando a mão de uma linda e loira mulher tudo veio a tona, era como se tivesse aberto a porta para uma série de sentimentos que nem me lembrava mais que estavam em meu peito.nMayla, esbanjava uma elegância invejável m seu vestido vermelho e longo, seus fios loiros desciam em camadas pelos seus ombros, parecia estar prestes a entrar em uma festa do Oscar.

Tudo que borbulhava dentro de mim havia me deixado completamente zonza, sem saber o que iria ser da minha vida se tivesse que lidar com ele naquele momento. Querendo ou não sabia que tinha sido difícil para aquele cara também pois Noah parecia tão quebrado quanto eu. Tinha sérios danos emocionais, todos feitos por mim. Ele sabia exatamente o que é ser insuficiente para si mesmo. Incompleto. Incoerente. Sabia o que é ter parte de si longe, em algum lugar incerto. Aquele homem idiota e autoritário do outro lado do salão, sabia bem que o amei como ninguém jamais poderia fazer. Que entendi todos os seus medos e inseguranças. Que foi ele o responsável pela minha maior dor. Era por isso que estava fazendo tudo aquilo, para testar minha sanidade e meus sentimentos. Não tinha nenhum outro motivo mais coerente em minha mente além disso.

Sim, ele esvaziou minhas reservas de amor por um bom tempo. Me fez pensar que jamais amaria alguém novamente. E, no entanto, a dor não foi como o seu sentimento; passageiro. Meu peito ainda pedia por ele todas as noites, a saudade sempre chegava quando pensava em o esquecer. Errei, confesso, não se pode esperar muito das pessoas. Mas dele eu queria o universo inteiro, queria o amor assim como teve o meu. Andar de mãos dadas pelas ruas, sair apenas para conversar. Queria noites em claro observando as estrelas, senti-lo em mim. Queria tudo que todos dizem que é amor. A nossa história nunca teve um começo. Não somos uma história de amor, e nunca poderíamos ser.

O meu primeiro e único namorado até o momento tinha me feito desistir de voltar a me relacionar assim, de modo monogâmico. Ele me fez prometer que estaria ao seu lado quando as coisas estiverem difíceis em sua casa, pediu um cantinho dentro da minha casa e em meu peito. Para então desfazer os laços como se nossa história não significasse absolutamente nada.

No final me recusei a dizer adeus, nunca gostei de despedidas e a aquela era a pior delas. Ele gostava de ter tudo nas mãos, como um negócio. Mas aquele amor não era uma negociação, não podia rever alguns pontos e fechar contrato. Tudo era demais, intenso e doentio. Erasmo o exemplo de como amor também poderia trazer dor. Ambos nos martirizando, nos distanciando e consequentemente nos destruindo.
Dois corações partidos em busca da cura um no outro. No entanto, como podíamos amar sem se amar primeiro?!
Deveríamos ser completos sem se completar, cada um em seu espaço. Nada de dependência, mas ele era como uma droga e eu não sabia lidar com os efeitos em mim.
Não queria que as coisas terminassem de forma tão cruel. Aliás, nunca quis que terminasse. O amei profundamente, desesperadamente e isso dói, dói por saber que não foi por falta de sentimento, não foi por falta de amor.

—Essa carência está me matando... Mas vejo que não sou a única.– a menina disse e deu uma risadinha nasal, os outros dois olharam instintivamente para mim. —Olha a pobre Agnes, ela esta enrolada a você como uma jiboia.

Isso me faz olhar para nós, eu e Ethan estávamos bem juntos. A minha cabeça ainda repousava em seu ombro, sua mão estava em minha coluna, enquanto a outra entrelaçada com a minha. Ambos estávamos agarrados. Ele me encarou e fez menção de sorrir, no entanto, se conteve com uma testa levemente franzida. Parecia estar preso em sua própria bolha de pensamentos, julgando pela forma em que estava me olhando sabia que tinha um certo envolvimento com isso.

—Isso não é carência. É carinho.–resmunguei, me afastado um pouco do rapaz, ele ajeitou a postura e manteve seu olhar na menina à nossa frente, bebi mais um gole da minha bebida, sentindo tudo em volta girar um pouco.—Sabe o que é?

—Idem... cara, vocês são melosos e isso não ajuda nada a minha falta de afeto.–ela fez uma careta, e balançou a cabeça como se estivesse tentando afastar algum pensamento. Revirei os olhos, sabendo que aquela não era a verdade absoluta. —Já contei para vocês sobre a última noite que passei no cassino?

—Milhares de vezes.–Ethan disse e deu uma risadinha sem graça, estava visivelmente cansado de ter que escutar mais do mesmo. Entretanto, ele era bom demais para dizer isso em voz alta, então logo a incentivou a continuar.—Mas pode continuar o que iria dizer.

—Não importa... Aliás, estou me lembrando agora do barmen que me ajudou a sair dali sem ter que dar até minhas roupas para...

Mais uma série de histórias que não faziam o menor sentindo foram contadas. O que fazia o meu corpo todo querer sair dali para o lugar mais distante possivel. Ela não era de fato uma amiga próxima, apenas mantínhamos um relacionamento saudável de ajuda e benefício mútuo no ambiente de trabalho, apesar de me sentir desconfortável com tudo não conseguia me livrar dela.

—Quer um pouco disso, amor?–perguntou o rapaz ao meu lado, trazendo o copo para perto de mim, fiz careta assim que senti o cheiro de bebida forte invadir o meu nariz. Ele abriu um pouco mais os olhos e sorriu envergonhado.—É, talvez seja demais para você.

Aquela era a forma que ele encontrava de lidar com seus problemas do dia a dia, acabava se frustrando por não conseguir ter o controle das coisas e se jogava na bebida como um adolescente, que acabou de sair de casa. Esse era um dos pouco defeitos que o senhor perfeitinho tinha, ele era uma pessoa centrada que gostava de sair dos eixos vez ou outra, apenas para se sentir vivo, não como uma maquina. Esse era um dos pontos em que eu e ele nos encontrávamos, aquele rapaz tinha sérios traumas e experiência do passado, com toda certeza foi por isso que nos ligamos, já que éramos de universos opostos.

—Você vai beber vodca de novo?– a incredulidade era perceptível em minha voz. Um sorriso sacana dançou em seus lábios, antes de colocar o frasco na boca.-Não vou levar ninguém para a cama, certo?

O assisti engolir, lentamente, a bebida, sem fazer nenhuma careta. Uau.

—Sim, meu amor, é só você me chamar que vou correndo. Mas preciso de um pouco de paciência para ouvi-la tagarelar novamente.

Dei uma olhada ao meu redor no mesmo instante em que senti os olhos de alguém em mim. Um grande e maldito erro. Noah estava me encarando sentado em uma das mesas na frente do palco, apesar de meia duzia de pessoas estarem ao seu redor ele parecia alheio ao que estava sendo falado. Seus olhos vagaram pelo meu rosto e pararam no meu corpo por mais tempo do que eu achava adequado.

Tudo a minha volta parou por alguns segundos, enquanto o meu rosto queimava e minha respiração ficava ainda mais difícil.

Estava me sentindo muito constrangida por estar vestindo aquele maldito vestido longo e apertado que as minhas amigas haviam me feito experimentar. Apesar de ser comportado o suficiente para uma ocasião como aquela era evidente a fenda nas minhas costas e o discreto decote na frente também deixava os meus seios ainda mais demarcados. Era discreto, mas também muito sedutor, exatamente como queria me sentir naquela noite. Viva, mas não tão evidente.

O seu olhar queria me dizer alguma coisa? Por que estava demorando tanto me encarando? Por que diabos eu estava procurando algum sinal?

Ele parece ter lido a minha mente já que abaixou a cabeça por um segundo, olhando para a garota do seu lado e dando um beijo rápido sua mão antes de falar alguma coisa em seu ouvido. Jogando mais uma vez, Noah voltou a me encarar, com um sorriso tão ácido em seus lábios que mal o reconhecia.

Meu estômago se revirou a medida em que senti meus pés virando gelatina. Tudo bem, eu precisa de ar, de sair dali ao menos por um segundo. Tinha que voltar a pensar com claridade ou ficaria em frangalhos antes da hora.

—Você está bem?–escutei meu companheiro perguntar.

—Estou sentindo um pouco de dor de cabeça.–respirei fundo, tentando parecer menos afetada do que estava.—Vou até a minha sala pegar um remédio, pode me esperar aqui um pouco?

Ele confirmou com a cabeça, parecendo tão preocupado, o que me fez sentir ainda pior. Antes do mesmo me dizer alguma coisa, ou até mesmo me acompanhar andei rápido entre as pessoas, indo na direção oposta a maioria delas, já que toda a atenção estava no palco, escutando o discurso.

Peguei o primeiro elevador liberado e corri para a minha sala como uma garotinha correndo para o quarto dos pais no meio da noite. Eu precisava ficar sozinha ou ia acabar falando e fazendo coisas que iria me arrepender depois. Tudo culpa daquela taça de vinho e desse coração maldito que pulsava pela pessoa errada.

Entrei na minha sala com as mãos trêmulas e o peito martelando. Assim que tive um pouco de ar senti o alívio me invadir de tamanha forma que quase dei um gemido. Essas mudanças repentinas que aconteceram ferraram com a minha mente, me sentia desprendida, magoada e vazia.

—Agnes?– uma voz masculina me chamou, e eu poderia reconhece-la mesmo estando baixa e rouca demais. Meu coração batei furiosamente, não deveria saber de quem se tratava, mas era inevitável. Eu amava aquela voz com toda a minha força.—Miller... Você está ai?

—O que deseja senhor Collins?–minha voz era oscilante, odiava o quão vulnerável eu me sentia. Ao contrário do que esperava ele suspirou aliviado, fazendo tudo dentro de mim estremecer.—Sabe que vamos ter uma reunião amanhã?

—Eu... Minha nossa, Agnes... Eu não sei o que estou fazendo.–resmungou, Noah parecia um pouco alcoolizado, meus olhos se abriram um pouco mais de espanto, não acreditava que aquela situação estava mesmo acontecendo, não depois de todos esses meses longe dele.—Sei bem que vamos nos encontrar amanhã, mas não conseguindo me conter.

—O que está me dizendo?–questionei, não conseguindo entender a sua linha de raciocínio, aquilo tudo era demais para a minha compreensão e tudo se agravava quando levava em conta como tinha sido estranha aquela noite.—Pode me dizer o que estava pensando quando me seguiu até aqui em cima?

—Estou na frente da sua porta, pode abrir?.–disse, logo depois deu uma grande pausa, meu coração pulou desesperadamente assim que escutei as suas palavras. Por alguns segundos pensei que não teria ouvido direito, que aquilo tudo era apenas a minha mente fértil tomando conta da situação, mas não, logo ele voltou a dizer.—O que veio fazer aqui hoje?

—O quê?–a princípio eu ri nervosamente como se não acreditasse que aquilo fosse verdade. Mas, ao ouvir o suspiro de impaciência dele, meu riso desapareceu instantemente. Sabia bem que ele era capaz daquilo, ainda assim, queria acreditar que era uma brincadeira sua.—O que está me dizendo, Noah?

—Estou esperando para que abra a porta.–repetiu, depois ele ficou em silêncio por alguns segundos. Como se estivesse buscando as palavras certas para usar, estava como sempre, tentando encontrar a forma certa de me fazer ceder a suas vontades, isso não era nada novo. —Droga. Você poderia se poupar de vim para esse evento hoje.

Mais alguns segundos de silêncio, isso fez com que meu corpo todo ficasse ainda mais inquieto, era claro que a situação era inusitada, nem em meus piores pesadelos podia pensar que algo assim estaria para acontecer, mas o que mais me deixava espantada era como todo o meu corpo ainda atendia aos seus comandos. Naquele momento, ainda que de longe, o idiota do meu ex namorado estava fazendo tudo dentro de mim ficar em chamas, e não de uma forma boa, era como se estivesse a beira de me jogar de um penhasco, sabendo como iria acabar a queda, mas querendo isso de todas as formas possíveis. Estava curiosa para saber o que ele iria me dizer, queria ver a sua expressão enquanto jogava todo os resquícios do passado na conversa, ainda que soubesse que a probabilidade do homem ser um grande idiota. A verdade era que o ver tão vulnerável despertava coisas em mim que tinha escondido por todos aqueles seis anos em que estava sem o ver, deixava o meu peito em alerta e a paixão que tinha adormecido parecia voltar a tona, era como se Noah despertasse a adolescente que ainda vivia dentro de mim e que tive um grande trabalho para esconder. Não poderia, nem mesmo se quisesse, deixar que todo aquele turbilhão de sentimentos voltassem a tona por saber que logo tudo aquilo iria acabar comigo, como foi da última vez, naquele momento não poderia ser diferente.

—Pensei que era obrigação de todos os funcionários participar das festas.

—Não. Eu provavelmente vou me odiar amanhã de manhã por ter dito que era uma regra... –ele soltou uma risadinha ácida. Eu suspirei, impassível. Queria que aquele momento nunca tivesse acontecido.—Eu posso pedir para alguém abrir a sua porta, mas quero que você mesma faça isso.

—Não. Isso não vai ser possível.–engoli em seco, querendo me livrar de todo o nervosismo. Escutei o homem suspirar e logo depois um barulho de garrafa de cervaja sendo aberta.—Tem alguém com você?

—Não.

—E como pretende voltar para a festa nessas condições?–questionei, sabendo que estava me metendo em algo que não me pertencia. Ele deu uma risadinha, como se tivesse achado graça do que dizia. Eu, no entanto, só tive a certeza que aquele cara iria me causar grandes problemas.—Não posso acreditar que você está mesmo fazendo isso, cara.

—Abre a porta, senhorita Miller.

—Por que eu faria isso?–perguntei, escutando ele xingar baixinho do outro lado, um sorriso estranho se acomodou em meus lábios, era desse tipo de farpas que gostava de trocar com ele.—Não tem nada de atrativo aí do outro lado, cara.

—Bom, sei que deve estar curiosa.–seus lábios se estalaram em negação, minha vontade de ver o seu rosto fazendo isso pulsava tão forte quando o meu coração, engoli em seco.—Temos algo pendente, senhorita Miller, quero tirar isso a limpo essa noite.

—Você só está jogando palavras sem sentido.–sabia bem que aquela não era a verdade, mas não estava com coragem de dizer o que realmente pensava, escutei a sua respiração pesada do outro lado, mostrando que não havia ficado tão satisfeito com a minha resposta.—Sei bem que não tem nada de novo a me dizer. O que quer mesmo fazer é tentar justificar seus erros do passado.

—Não posso mudar o passado, menina.–sua voz estava mais baixo do que antes.—Sei que está com medo do que posso dizer, mas só quero mesmo tirar esse peso e essa tensão que existe entre a gente.

—Mas foi você mesmo que instalou isso, quando me chamou para ser sua funcionária.–disse, sabendo que iria me arrepender disso logo depois. Estava mesmo falando para o meu chefe que ele tinha acabado de fechar negócio que era o errado de ter me contratado?—Sabia bem que isso era o mínimo, levando em consideração que sou alguém que você tinha uma relação.

—Tudo bem, eu sabia sim.–resmungou, sem muito ânimo, parecia cansado de ter que me escutar negar o seu pedido.—Agora arraste essa irritação até aqui e me fale as suas verdades cara a cara.

—Você vai embora assim que eu dizer tudo?–questionei, já sabendo que iria me dar por vencida, ele confirmou com um resmungo.—Preciso que me confirme isso falando claramente, cara.

—Sim, Agnes. Assim que você me dizer para ir.–deu mais um gole na sua bebida, fazendo o barulho ficar mais alto do que antes.—Vai demorar muito?

Aquele idiota tinha conseguido o que queria, a minha curiosidade e vontade de jogar toda a minha raiva e frustração para fora tinha falado mais alto do que a minha sanidade e autocontrole. Havia cedido mais do que deveria para aquele homem maluco, que parecia não saber direito o que estava fazendo com a própria vida, ainda que ela já estivesse toda planejada.

Apesar dela ser a única que estava parada naquele espaço, ainda tinha ficado receiosa sobre o que Ethan iria pensar do meu sumiço repentino, o que poderia se agravar ainda levando em conta que o meu chefe também não estava no salão. Isso era um sinal de alerta claro, estava rezando para o que mesmo tivesse bêbado o suficiente para não se dar conta daquele fato.

Estava a beira de sair correndo por aquele prédio, procurando um lugar distante o suficiente para que ninguém pudesse me encontrar, apenas para ter a sensação de segurança novamente, pois naquele momento estava vivendo de forma muito desconfortável, era como se as coisas estivessem se encaminhando para ficarem fora dos eixos. Querendo ou não, sabia que aquele meu trabalho tinha sido um dos motivos disso, era uma completa loucura o que estava fazendo por dinheiro.

Ele tentou abrir a porta com apenas um puxão,
esperei por alguns segundos, tentando entender o que estava acontecendo naquele momento, mas tudo era muito confuso, ao mesmo tempo em que não acreditava que aquele cara estava mesmo parado na minha porta, um outro lado meu desejava muito falar com ele, esclarecer os pontos.

—Você é louco, Noah.–me ouvi dizer, assim que percebeu verdadeiramente a minha presença. Meus lábios se abriam em um sorriso leve quando escutou o xingamento.—Um idiota completo, o que está fazendo na porta?

—Pensei que não iria vim.–disse, olhando para o pequeno vão da porta que mostrava que havia uma pessoa do outro lado com os seus olhos brilhantes e indecifráveis. Dei de ombro, mostrando uma certa indiferença com a sua fala.—Para falar a verdade, nem achei que estaria aí dentro.

—Era o único lugar seguro dentro da porra desse prédio.–peguei um pouco da bebida que havia colocado dentro de uma das gavetas, para momentos como aquele, mesmo sabendo que isso iria me causar problemas e arrependimentos futuros. Ele deu uma risadinha, como se tivesse acabado de pensar em algo sórdido.—O que quer?

Eu não sabia se Noah estava com um semblante bom, mas existia algo em seu tom de voz que demostrava muitos sentimentos conflitosos, como se tivesse travando uma guerra interna. No entanto, naquele segundo a única coisa que queria era me livrar dele. Não queria mais lidar com aquelas conversas, com o fato de meu corpo todo implorar por um toque seu, como se não estivesse com outro homem alguns dias antes. Como poderia ser tão egoísta e quebradiça?

—Não vai abrir a maldita porta?

—Se você quiser mesmo falar comigo.–dou uma pausa, sabendo que poderia parecer estupida, mas aquela era a única forma de me manter fora do caos.—Vai ter que ser desse jeito, senhor Collins.

—Tudo bem, mas aqui estávamos agora.–ele falou baixo, a pouca fresta da porta em que conseguia ver do outro lado não revelava o seu semblante, ainda assim, sabia que estava preso em sua própria bolha de pensamentos.—Sabe quantas vezes pensei nesse momento? Bom, claro que não existia uma porta entre nós.

—Tudo bem, Noah.–disse, não querendo me aprofundar no assunto. Engoli em seco e tentei manter a calma quando respondi.—Eu não ligo se tenha planejado, só quero que você vá embora daqui o quanto antes.

—Era por essa Agnes que não fui atrás de você antes.

Suas palavras ficaram suspensas no ar, como se não tivesse um lugar certo para ir. Esperei um ponto, tentando fingir que elas não tivessem me afetado. Odiava ter que pensar na ideia de ter que lidar com os meus sentimentos antigos naquele momento, mas era claro que Noah iria colocar aquilo em jogo, ele sempre fazia isso quando tentava tomar o controle das coisas, era a sua estratégia que mais funcionava e eu sempre caía como um patinho.

A última vez que dei ouvidos a suas palavras estúpidas foi a meses atrás, naquele meu primeiro encontro com Ethan, em que o meu chefe apareceu só para reafirmar o quanto idiota ele poderia ser. Naquela noite tive certeza que não poderia continuar me encontrando com ele. Por essas razões fiz de tudo para ser mandada para outro setor, que não lidava diretamente com o homem, logo isso me distanciou tanto do mesmo que fiquei por muitas semanas sem ao menos escutar o seu nome.

Ele sabia bem como me fazer lembrar de tudo que fez, de como me levou ao inferno e céu em questão de dias. Como desmanchou minhas amizades, me fez questionar se as pessoas ao meu redor eram mesmo confiáveis. Por que diabos aquele maldito tinha voltado para a minha vida logo naquele momento, em que estava finalmente terminando de catar os cacos e fazendo tudo dar certo? Era como se só estivesse esperando essa fase chegar, a que eu estava esquecendo da sua existência e seguindo um rumo mais tranquilo em minha vida. Collins jogou todas as minhas cartas organizadas na mesa pelo chão, fazendo toda a minha vontade de algo avassalador e quente voltar com tanta força que me sentia enjoada.

—Bom, já que estou aqui pode me dizer o que está fazendo?–questionei, sabendo que iria ser mais direta do que gostaria. O rapaz apenas deu um suspiro, tão alto e dramático, sem dizer uma palavra a princípio.—Estou tentando estabelecer um diálogo claro com você, é fundamental responder o que te pergunto.

—Estou aqui por querer te ver.–ele respondeu, eu me sentei no chão, do outro lado da porta, existia barreiras entre nós maiores do que aquele pedaço de madeira. Bebi mais um gole da bebida, fazendo uma careta no final.—Estava pensando como iria fazer isso durante todos esses dias, mas só agora tive coragem de vim mesmo aqui.

—Essa emoção toda é por você estar bêbado.-fui curta e grossa, já começando a ficar impaciente com a situação, não queria ter que lidar com o que borbulhava dentro de mim, muito menos com os seus sentimentos.—Assim que acordar amanhã, nem vai lembrar dessa conversa toda.

—Provavelmente.–estalou os lábios, senti a porta fazer um pequeno barulho quando o que parece ser sua cabeça encostar na mesma do outro lado.—Mas o que quero te dizer não pode esperar até lá, é por isso que estou aqui.

—Certo.

Ele esperou por um tempo, o que me fez pensar muito nas possibilidades do que aquele cara estava fazendo na minha casa. No entanto, nenhuma delas era boa o suficiente, estava entre o escutar dizer que todo aquele casamento era uma grande piada ou que tinha me contratado apenas para me ver assistir a sua virada. Sabia que ele era sádico o suficiente para fazer algo assim, mas precisava mesmo ouvir isso de seus lábios.

Odiava como parecia calcular as palavras antes de me dizer, como se tivesse falando para alguém que não iria entender claramente. No entanto, ainda estava com medo do que poderia com dele, as possibilidades eram ilimitadas pois aquele cara era estranhamente imprevisível.

—Você vai mesmo embora?

Senti meu rosto inteiro esquentar com a sua pergunta. Tudo bem, aquilo tinha me pegado desprevenida. Não me lembro bem em que momento tinha chegado essa informação até ele mas tudo era tão vazio quanto a minha carteira. Eu pensei durante todos esses meses possibilidades de sair daquela cidade, ir para Portugal parecia ser a ideia mais aceitável, no entanto, jamais poderia lidar com todas as espectativas da minha mãe, como poderia suportar estar ao seu lado o tempo todo?

—Eu não sei.

—Por que está fazendo isso?–algo em sua voz denunciava como ele estava devastado.—Eu não entendo como pode pensar em sair dessa cidade, Agnes. Eu só queria que fosse tudo diferente.

—Essa bagunça toda é demais para mim, Collins.–minha voz estava tão baixa que provavelmente ele mal a escutou.—Eu não quero fazer parte disso.

—Eu ainda gosto de você, Agnes.– Engoli sem seco assim que escutei aquelas palavras.—Não sei se é certo te dizer isso, mas eu ainda estou completamente apaixonado por você.

Esperei a tempestade e ela veio, forte, devastadora, inundando tudo ao meu redor. Meu coração e minha respiração falharam por um momento, como se tivesse acabado de receber uma das notícias mais tristes da minha vida. A sensação de imensidão fez meu vazio sair pela boca, como se tivesse tirado todo o espaço que havia dentro de mim para aquilo. Meus olhos encaram a porta por alguns segundos, tentando entender mais do que as suas palavras falaram, apesar dele ter sido mais direto do que normalmente era, não queria acreditar que aquilo mesmo tinha saído de sua boca, era muito para a minha compreensão, mais do que conseguia lidar. Era tudo e mais um pouco.

—O que está me dizendo?-perguntei, sabendo que ele estava um pouco bêbado, com toda certeza sua boca tinha falado mais do que deveria. Dei uma risada nervosa, mais alto do que costumava ser.—O que está me dizendo é um absurdo, Noah.

Houve algum tempo de silêncio, estava esperando por suas palavras, mas elas não vinheram. Era como se tivesse medindo tudo que iria dizer, cada detalhe, e isso me deixava ainda mais inquieta. Estava cansada de todo o seu discurso, de me deixar a beira de um colapso nervoso, de acabar com todas as minhas relações e fazer desacreditar de mim mesma. Precisa que acabar com tudo, me livrar daquelas amarras, de uma vez por todas.

Tinha simplesmente desmanchado um futuro noivado por sua causa. Claro que toda a culpa não era exatamente sua, mas um boa parcela. Se não tivesse me chamado para aquele circo, se não me fizesse pensar naquele maldito contrato, tudo seria diferente.

—E então?– o chamei, ele se remexeu um pouco no lugar, parecia desconfortável tanto quanto eu.-Me diz que é mentira.

—Você não vai mesmo ceder, não é?–sua pergunta era carrega de uma frustração quase palpável, tanto a sua voz quanto os seus olhos demostravam exatamente isso. Eu dei um suspiro contido, incapaz de tentar psnsar a respeito apenas neguei com a cabeça.—Merda, Agnes. Por que tem que ser tão difícil?

—É a primeira vez que alguém nega algo para você, Collins?–eu não queria ter que fazer isso, mas uma parte minha queria o magoar assim como ele estava fazendo.—Não é bem o que planejava, mas não quero, isso não é para mim. Preciso de uma estabilidade que nunca poderia me dar.

—Eu largo tudo.-se defendeu, seu tom era afobado, mais alto do que o de costume. Minhas mãos se uniram em torno da cabeça, que, naquele momento, já estava quase em minhas pernas. Estava a beira de uma crise, dava para perceber.—É só você me dizer que sim.

—Está apenas agindo por impulso, cara.–minha mão tocou a porta mais uma vez, com um gesto mais de compaixão do que de aceitação. Ele parecia um louco desvairado, prestes a explodir, eu não estava diferente.-Se coloque um pouco no meu lugar.

—Eu teria aceitado.-murmurou, ainda na mesma posição.—Na primeira oportunidade correria para os seus braços. Mas talvez, o nosso sentimento não seja o mesmo.

—É, isso parece um pouco de posse, entende?-uma fungada é dada por ele, cortando ainda mais meu coração. Era terrível o ver assim, tão frágil, nunca tinha o visto assim, chorando.—Tudo que está borbulhando em ti, é mais do que consigo carregar, rapaz.


—Mas não é só posse, Agnes. Eu tenho certeza disso, não consigo te ver com outra pessoa, simplesmente não consigo.

—Eu já não tenho certeza.-confessei, sua voz era como facas contra o meu peito, senti a grande vontade de desabar também, mas nem uma lágrima furtiva é derramada, não daquela vez.—Preciso que vá embora. É tarde demais para voltar atrás, já estamos com outras pessoas.

—Me desfaço de tudo isso aqui, Miller.-Sua respiração quente e descompassada se fez presente, me jogou no abismo.—Em apenas uma ligação estamos fora de toda essa merda. Posso te levar para qualquer lugar do mundo, basta me dizer o que realmente sente.

—Sabe que a sua carreira estaria em pedaços? Nunca me perdoaria por isso.

—Eu tenho dinheiro.–Senti uma lágrima furtiva descer dos meus olhos a medida em que minha visão estava ficando turva.—Não consigo de ver com mais ninguém além de mim.

Houve um segundo de silêncio, ele fungou novamente do outro lado. Não parecia ser real o que estava acontecendo, em alguns dias ele era uma lembrança triste e em um instante aquele mesmo homem que destruiu meu coração estava do outro lado da porta, implorando para o escutar.

—Não se perca em pensamentos, Agnes. Paciência não é uma das minhas virtudes, pode por favor abrir a porra da porta?–se ele não tivesse dito tudo aquilo antes com toda certeza estaria rindo naquele momento, como aquele cara conseguia mudar de ordens para implorar em menos de segundos? Ele era louco ou apenas bêbado? —Só me ajude a ter o seu amor novamente.

Sem resposta o escutei levantar com dificuldade do chão, só poderia perceber isso por conta do gemido de dor assim que se estabeleceu em pé novamente. Eu fiz o mesmo que ele, um pouco mais oscilante e nervosa. Com o coração em combustão acabei girando a maçaneta, notando que a porta não estava trancada.

Ali estava Noah, virado de costas para mim conseguia ver como a sua postura estava mais retraída do que jamais tinha visto. Seu rosto se virou no mesmo instante em que escutou a porta se abrindo por completo.

Antes mesmo de conseguir entender as consequências dos meus atos ele entrou, me fazendo dar passos para dentro daquele pequeno espaço, a sensação de estar tão perto dele era boa e ruim ao mesmo tempo. Era evidente que queria estar em seus braços naquele momento, mas ao mesmo tempo também poderia facilmente estar do outro lado do mundo. O rapaz ficou parado atrás da porta que naquele instante estava fechada, seus olhos passaram pelo meu rosto, analisando cada detalhe dele, como se fosse a primeira vez que tivesse me visto.

Eu não conseguia imaginar minha vida com ele. Era um sonho bom e profundo, quase impossível. A questão é que não conseguia pensado em uma vida a dois, não no momento, principalmente pela magoa que ele tinha me causado, e a possibilidade de confusão que poderia ser o relacionamento. Ser a esposa de um empresário ganancioso e mulherengo era como colocar a cabeça em um vespero, e rezar para nenhuma lhe machucar.

Seus lábios tocam os meus em questão de segundos. O beijo não era nada suave ou delicado, era cheio de necessidade, desejo, de palavras não ditas, de amor. Um turbilhão de sentimentos borbulhou em minha pele, estava agindo por impulso, dando voz ao meu coração.

Sua mão vagou pelo meu tronco me puxando mais para si, a medida em que me abria para receber a sua língua e aprofundar o beijo. Um gemido rouco saiu de seus lábios, mostrando que desejava aquilo tanto quanto eu. Senti minha meus braços circulando o seu pescoço e se acomodando ali, mas logo uma das minhas mãos foram parar nos seus fios, os puxando conforme o beijo ia se intensificando.

Dez meses que não me sentia daquele jeito, em chamas, prestes a virar cinzas. Nunca, em toda a minha vida, me sentia tão desejada como naquele momento. Ele tinha sede, me beijava como se sua vida dependesse disso. Era dessa forma que queria ser tratada pelo resto da minha vida. Não como alguém que poderia quebrar a qualquer momento.

Em um movimento calculado Noah puxou minhas duas pernas de encontro com o seu tronco, me fazendo ter que o agarrar ainda mais para me manter firme no mesmo lugar. Pressionando a sua ereção em mim o rapaz vagou pelo meu corpo, milhares de vezes, apertando e tocando em lugares sensíveis que pensei que estavam adormencidos a muito tempo.

Seus olhos vagaram pelos meus no mesmo instante em que escutei o barulho do zíper na lateral do vestido ser aberto, o que me deixou mais exposta para o seu toque. Logo uma das suas mãos habilidosas estavam tocando meus seios por debaixo do vestido, fazendo um arrepio por toda a minha pele.

Um gemido é soltado da minha parte, ou talvez tenha sido da dele, no momento em que seus lábios percorrem o meu pescoço indo em direção aos meus seios, no mesmo lugar em que seus dedos estavam fazendo mágica. Por um segundo, Noah respirou fundo, inalando um pouco do meu cheiro.

—Meu deus, como eu pude ficar sem isso?–seu tom era uma suplica, rouco, baixo e cheio de desejo.—É tão gostosa, não consigo tirar minhas mãos de você.

Senti o meu vestido sendo puxado para baixo assim que seus lábios estavam em voltas de uma das minhas auréolas, lambendo e fazendo sucção o suficiente para me fazer sentir uma quentura gostosa subir por entre minhas pernas. Eu precisa dele dentro de mim.

Na posição que estávamos não tinha a possibilidade dele descer um pouco mais, logo o homem me colocou no chão, evidenciando como minhas pernas estavam bambas precisei me segurar no mesmo para continuar de pé. Ele me encostou na parede, do lado da porta. Antes de conseguir sentir qualquer coisa seus lábios ja estavam nos meus mais uma vez, em um beijo ainda mais intenso.

Agarrei o seu cabelo de forma ansiosa, enquanto ele fazia a trilha novamente, labendo e mordiscando meus seios, barriga e chegando tão perto do meu ponto sensível. Noah desceu o seu corpo, ficando na altura que precisava para estar perto da minha virilha.

—Não acredito que você está sem calcinha usando vestido.–resmungou, mais para si do que para mim. Um rosnado saiu de seus lábios assim que sentiu meu cheiro.—Sair desse jeito deveria ser um crime.

Tinha resolvido não usar por conta de como a peça poderia ficar marcada naquele vestido fino. Era evidente que isso me deixava impossibilitada de fazer alguns movimentos, mas tudo em nome de parecer mais atraente o possível.

Antes de conseguir me justificar seus lábios tocaram a minha vulva de leve, quase como se estivesse degustando. Esperou alguns segundos e fez novamente, indo um pouco mais a fundo, de forma tão lenta que chegava a ser torturante a espectativa que se acumulava em mim. No entanto, logo seus lábios estavam em torno do meu clitóris sugando e lambendo como ele sabia bem fazer. Um gemido alto escapou dos meus lábios no mesmo momento.

Seu toque se tornou um pouco mais rápido a medida em que meus gemidos também ficaram mais altos. Estava tão perto de me desmanchar na sua frente que minhas pernas ameaçaram cair assim que ele me soltasse.  

Noah sempre me tocou como queria, de forma confiante, sabia exatamente o que fazer para me deixar em suas mãos.

—Noah, por favor...

Um dos seus dedos foi colocado dentro de mim, assim que me escutou dizer aquelas palavras. Meu corpo todo ficou sem reação por um segundo a medida em que me acostumava de o ter, ao menos um pedacinho, dentro de mim novamente.

—O que?

—Eu preciso que você me coma.

—Eu não posso te ter aqui, Agnes.–ele deu um suspiro.—Eu pensei muito nesse dia, preciso te comer na minha cama.

Um um movimento rápido, se desprendeu de suas mãos e me abraçou, como um garotinho indefeso. Minha respiração se perdeu com isso, e meu corpo todo respondeu, o abraçando de volta. Logo o seu cheiro marcante criou raízes em mim, trazendo o conforto tão familiar. Meu Deus, como sentia falta do seu calor.

Mas, antes de conseguir aprofundar, o seu celular tocou. Me fazendo se afastar quase que no mesmo segundo, seus olhos tristes me avaliaram por alguns segundos, antes de se dar conta do barulho. No visor estava o nome de Mayla, o ligando. Isso fez o meu rosto esquentar.

—Eu preciso ir, Agnes.-não tinha palavras para descrever tamanha vergonha que estava sentindo. Entretanto, o mesmo não parecia notar.—Vou lidar com tudo isso.

O meu beijo tinha sido a confirmação de que estava de acordo com o seu plano de fuga doido? Parecia que sim já que seu rosto se abriu em um sorriso aberto e iluminado, fazendo o meu corpo ficar ainda mais sensível.

Tudo depois disso aconteceu rápido demais, Noah se levantou, beijou os meus lábios rapidamente e ajeitou a roupa. Me olhou por alguns segundos, balançou a cabeça em negação com os olhos brilhando e saiu pela porta.

Me deixando em êxtase, perguntando que merda eu tinha feito.

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