Capítulo quatro
Soldado passou um dia inteiro pensando. Ele pensou no homem sexy e intrigante que acabara de conhecer. Consciente de que poderia passar muito tempo pensando em Dillon, foi forçado a voltar a pensar sobre o planejamento de seu futuro.
A ideia de fazer algo pelos habitantes da antiga casa tornou-se a meta do seu dia. Pensar e planejar... Depois que ele percebeu que sua vida mudaria para algo importante, decidiu que estava cansado de estar sozinho.
Tanto a reação de Dillon, e Gom com suas cicatrizes mostraram que no grande esquema das coisas, elas não eram importantes. Ele parou diante do espelho e se olhou por um momento. Por muito tempo ele sentiu isolado e deformado por causa delas e agora após as reações de um homem e uma criança, elas pareciam diferentes do que eram. Sentia-se melhor, é claro.
Por outro lado, havia passado por tantas cenas onde as pessoas reagiram de forma negativa ao vê-las. Mas, ele não se importava com o que os outros pensavam. A aceitação destes entes queridos reforçava a sua crença de que as cicatrizes eram apenas parte dele. Certamente ele não tinha nada para se envergonhar ou a esconder. Se as pessoas não conseguiam lidar com as cicatrizes, era problema delas, não seu. Porque Deus, ele tinha uma vida para viver.
Soldado não ia sentir mais dor. Ele não iria continuar a viver como uma vítima. Ele não podia acreditar que ele deixou de ser um soldado forte, confiante, corajoso e honrado, para se tornar uma pessoa tranquila, reservada, solitária e danificada, quase uma sombra patética de um homem.
Quanto mais pensava sobre isso, mas ele intrigado ele ficava. Como ele permitiu-se viver como se tivesse feito algo errado? Ele havia servido ao seu país, salvou vidas, e havia passado por um inferno para se recuperar.
O resto de sua vida poderia significar alguma coisa. Soldado sentiu energizado apenas em pensar no futuro. Pela primeira vez em muito tempo, estava feliz em pensar no futuro em vez de simplesmente deixar sua vida passar.
No segundo dia, entrou em contato com seu advogado, James Kindall, para passar algumas informações. O homem pareceu surpreso ao saber dele, sem dúvida porque já tinha passado muito tempo desde que Soldado tinha tido uma conversa com ele. Ficou ainda mais surpreso com algumas das perguntas que ele tinha feito.
O advogado não acreditava que Soldado estava falando sério. Mas Soldado havia assegurado a James que ele estava em seu juízo perfeito.
— Quer que eu faça o quê? —A voz de James soava incrédula. Soldado pensou que soava um pouco louco, e inesperado.
— Eu vou buscar todas as maneiras possíveis para ajudar Dillon e essas crianças que vivem na casa. Você acha que estou perdendo a cabeça, mas, francamente James, eu acho que finalmente a encontrei. Eu estive à deriva ao longo da vida. Só de pensar em todas as formas nas quais eles precisam de ajuda, e em tudo que eu posso fazer por eles, isso me faz sentir-me forte, energizado e pronto para viver.
— Você discutiu isso com este Dillon? — Perguntou James, sempre a voz da razão.
— Não sobre isso. Eu disse que estaria de volta. Se ele não quiser minha ajuda, então eu vou encontrar uma maneira de financiá-los. Eu vou encontrar outras maneiras de ajudar. E eu quero sua ajuda sobre isso, sobre todas as formas possíveis em que eu possa ajuda-los, de todas as maneiras que possamos encontrar.
Soldado sentiu uma pontada de medo, ao pensar na possibilidade de que Dillon não estivesse tão animado como ele com relação a todo o resto.
— Eu espero que você saiba que você está fazendo. Soldado sorriu com a atitude pessimista de James.
— Providencie todas as coisas que lhe pedi e esteja pronto para fazer mais coisas quando eu precisar. Eu sei que muita coisa está ainda vaga, mas até que você tenha uma ideia melhor de como as coisas vão funcionar, eu tenho que ser cuidadoso. Eu não quero causa problemas.
Soldado só sabia que queria tornar as coisas melhores. Ele tinha que encontrar uma maneira de fazê-lo sem ter o Serviço Social sobre eles ou assustando qualquer uma das crianças. Agora ele apenas tinha que fazer Dillon concordar com as suas ideias.
— Você é o patrão. Eu vou começar a trabalhar nas coisas que você já tem finalizado, e vou esperar para ouvir o restante.
— Você tem razão. Obrigado por me ajudar, James. É por uma boa causa. Eu prometo. — Disse Soldado, deixando James livre para tratar do que tinha lhe pedido, e tomando a direção para outro escritório na cidade.
Soldado sabia que teria alguma explicação a dar lá também. Para alguém que geralmente usava pouquíssimo o dinheiro que tinha, ele estava prestes a retirar uma quantia extremamente grande. O dinheiro era dele, apesar de tudo. Ele tinha dinheiro suficiente para comprar o queria. Ele simplesmente nunca comprou muito.
Soldado era um homem rico antes de ir para a guerra, o último de uma grande família de banqueiros. Ele não tinha gastado o salário que recebeu durante o tempo que ele tinha servido. O Exército pagou por sua hospitalização após a bomba que tinha destruído quase o seu rosto inteiro, pescoço e ombro esquerdo.
Havia suportado por meses, dor, isolamento, cirurgia e reabilitação. Devido tudo isso, ele não havia falado mais do que algumas poucas palavras necessárias. Ele recebeu uma dispensa médica honrosa, já que ele tinha conseguido salvar três de seus companheiros antes de cair. Lembrou que eles tinham ido vê-lo no hospital algumas vezes, mas que finalmente pararam de fazer isso quando ele não respondeu aos seus agradecimentos.
Ele se sentiu envergonhado por isso. Ele tinha ficado tão preso na sua própria dor, que não havia permitido que eles expressassem seus agradecimentos. Agora, ele se sentia envergonhado. Soldado tinha sido incapaz de se conectar com qualquer pessoa desde o seu retorno. Ele sabia que tinha adquirido uma reputação de frio e solitário, e ele não pode evitar. Era como se ele tivesse estado congelado. Ele não odiava as pessoas, e não era um perigo para qualquer um. Ele só não gostava de estar perto das pessoas, especialmente porque estava coberto de cicatrizes e muitas pessoas não suportavam olhá-las. Ele estava cansado de ser observado, dos sussurros, e das pessoas evitando-o.
Inesperadamente o pequeno Gom tinha posto fim a tudo isso, em um só encontro. De repente, Soldado queria conhecer pessoas, conversar, compartilhar, tocar e amar. Era como acordar de um longo pesadelo.
Enquanto dirigia para o escritório de seu contador, vestido com um terno azul marinho, muito diferente de suas roupas camufladas, pensou em tudo o que tinha acontecido, e que havia lhe levado até aqui.
Como é que eles viviam na casa? Como é que ninguém nunca notou, e o que eles estavam fazendo? Ele queria saber. Por quê? Erao proprietário da casa. Inferno, ele possuía todo o maldito quarteirão. Soldado sentiu um pequeno arrepio o pensar novamente em Dillon. Senhor, ele não podia pensar sobre essas coisas agora.
Embora Dillon fosse uma coisa deliciosa. Soldado estava ansioso para vê-lo e ver se esses sentimentos eram reais.
—Você quer esta quantia para fazer o quê? Homem! Uh... Soldado... Você está bem? Tem certeza que está em seu juízo perfeito? — Perguntou Jason Compton, acenando com a mão em frente ao rosto de Soldado.
Soldado permitiu que o homem expressasse seu humor e descrença. Afinal, tinha esperado por isso. Esta era uma grande mudança em relação às quantias ínfimas que ele havia solicitado no passado, apenas para continuar seguindo em frente com a sua vida.
Jason era um amigo, embora muitas vezes não se falassem. Soldado havia notado a dúvida de Jason em chamá-lo de Soldado, mas ele já estava acostumado a isso, era o nome com o qual Soldado se sentia confortável agora. Jason tinha estado lá para ele desde o início, através de tudo o que ele tinha passado, e por isso Soldado foi mais agradável com ele.
—Quero ver minhas opções aqui, e ter uma ideia sobre o que eu tenho que fazer para colocar esses planos em ação. Eu vou apresentar tudo como um fato e esperemos que Dillon aceite o que tenho feito, e esteja de acordo com isso. Eu estou confiando em você, ao lhe dar estas informações. Mas precisarei de sua ajuda com um monte de coisas no futuro, e quero que estejamos em sintonia.
—Você tem certeza disso? Isso vai custar muito dinheiro, e não há um término previsto, se tudo que você me disse for correto. Tem certeza que é isso o que você quer fazer com sua vida? Você nunca agiu assim... — Jason se calou quando Soldado se inclinou sobre a mesa. Soldado não estava tentando intimidar Jason, ele já era grande o suficiente para fazer naturalmente.
— Eu tenho certeza. Ordenei a James que trabalhasse na parte legal das transferências e propostas conjuntas. Você tem que abrir as contas e organizar as coisas da forma como eu descrevi aqui. — Soldado passou para Jason uma pasta que tinha várias páginas contendo as anotações que tinha escrito no dia anterior.
— Acredito que você realmente queira fazer isso. Eu tenho que lhe dizer, que estou totalmente surpreso. Mas também posso dizer que eu nunca o vi tão bem, feliz ou animado. Vou rever isso e fazer o que você quiser. Vamos conversar com eles e negociar os detalhes. Todos isto é muito estranho. Fale-me de novo sobre casa e as crianças que vivem lá.
Soldado disse a Jason tudo que ele sentia que poderia dizer, sem causar algum problema para Dillon e as crianças. Ele contaria mais a James e Jason quando ele pudesse, e os planos estivessem se desenvolvido. Ele deixou o escritório de Jason com formulários, cheques e mais detalhes em que pensar. Soldado caminhou com renovado vigor.
O jantar naquela noite teve um gosto muito melhor do que qualquer outro já teve, há algum tempo. Sua suíte em um dos grandes hotéis, era grande e confortável, mas ele não se fixou em nada disso voltou. Ele sentou-se em uma cadeira de frente para a janela e ficou olhando para o céu enquanto pensava nos planos para o dia seguinte. O desejo de ver novamente Dillon era forte, mas Soldado tinha coisas a fazer em primeiro lugar.
Ele passou o dia seguinte fazendo compras. Sua maratona de compras tinha feito feliz a um bocado de gente. O dinheiro gasto não lhe importava, quando Soldado comprava roupas, dois telefones celulares, abriu uma conta em uma cadeia de supermercados, tanto no seu nome como no nome de Dillon, e outra conta na Costco2 que ficava mais próxima do seu lado da cidade. Ele terminou o dia comprando um reluzente Hummer3 prateado. Porque a escolha de um veículo grande, bem visível, para alguém que estava acostumado a ser tão discreto? Soldado pensou que precisava de algo grande para tudo o que estava planejando, ele estava saindo da concha e lançando-se à vida com os dois pés, em um grande, brilhante, vistoso e funcional pedaço de transporte.
Tudo isso era um pouco drástico. Era uma mudança completa em sua vida. As pessoas poderiam pensar que ele estava ficando louco. Mas pela primeira vez em muitos anos, estava feliz. Deus, honestamente feliz. Soldado sentia que estava fazendo algo de bom. Ele estava animado com os seus planos e esperava que não estivesse sendo muito presunçoso. Depois de ter feito tudo isso por sua própria conta, se Dillon não aprovasse suas ideias, e não aceitasse levá-las a diante, ele arranjaria um meio de usar os seus planos.
2 A Costco é uma cadeia de hipermercados dos Estados Unidos, que oferece uma grande quantidade de produtos a preços competitivos.
3 O Hummer é um dos SUV's (Veículos esporte utilitário) mais populares entre os estadunidenses. Surgiu como uma evolução de um veículo projetado para o exército americano, e é considerado uma fortaleza sobre rodas.
Soldado estava ansioso para contar a Dillon sobre as coisas que ele e sua equipe estavam organizando para o futuro e segurança da casa. Certificar-se de que as crianças poderiam ficar lá, e ficar livre de qualquer tipo de perigo, era importante para ele. Soldado poderia dizer que Dillon estava preocupado com isso e esperava que Dillon fosse aceitar a sua ajuda e permitir que ele fizesse parte disso.
Soldado tinha grandes esperanças, ele balançou a cabeça quando um pensamento lhe ocorreu. Ele estava cheio de esperança. Algo que ele não tinha por um longo tempo. Ele não teve nenhuma dúvida em sua mente que ele estaria vivendo a vida e se lançando sobre ela com ganas de vivê-la. Bem, ele faria isso, além de segurar um sexy Dillon em seu outro braço durante toda a noite.
Soldado conduziu o seu Hummer até um supermercado, e encheu dois carrinhos de compras. Passando pelos corredores como um louco, comprou frango frito, panquecas (leu a parte de trás para se certificar de tudo o que precisaria e colocou no carrinho), leite, sucos e café. Ele comprou várias caixas de cereais, certificando-se de pegar a marca Cheerios com mel para Gom.
No corredor de primeiros socorros, comprou ataduras, pomada antibiótica, protetor solar e álcool. Em seguida, foi para o corredor de papel. Soldado pegou pratos de papel, toalhas, copos plásticos, papel higiênico, e depois passou para o corredor ao lado, onde comprou creme dental, escovas individuais, xampus e sabonetes.
Ele recebeu alguns olhares estranhos quando ele tentou arrumar os carros de compras perto do caixa. Ele tinha se acostumado com os olhares, eles o olhavam fixo e, em seguida, afastavam os olhares de suas cicatrizes. Isso já não importava. Ele sorriu enquanto colocava todas as compras no Hummer.
Depois de dirigir até a casa, Soldado passou pela estrada de grama. Sabendo que estava sendo vigiado enquanto saia do carro, nem tentou ir para a porta da frente. Fechou o Hummer e foi para a porta dos fundos. Soldado sabia que ele estava muito diferente, vestindo calça cáqui e camisa azul e se Dillon não estivesse ali, duvidou que o deixassem entrar.
Ele bateu, e depois aguardou alguns minutos, ele disse baixinho:
— Gom? Você está aí? Dillon? Sou eu, Soldado. Posso entrar? Eu sei que pareço diferente, mas eu prometo que você não vai ter problemas... — Antes que ele pudesse dizer mais, a porta se abriu e ele foi agarrado. Felizmente, não tinha trazido nada com ele. Segurou Gom, quando o menino se jogou em seus braços, colocando um sorriso em seus lábios.
— Soldado, eu não posso acreditar que você está aqui! Dillon disse tínhamos que deixar você ir, e se você quisesse voltaria, mas eu esperei por isso todos os dias. — Gom segurava o rosto de Soldado entre as mãos para garantir que ele estava prestando atenção em suas palavras. — Você vai entrar? Por favor, não nos deixe desta vez, certo?
Soldado viu Dillon de pé atrás da porta, olhando para ele. O rosto de Dillon estava quieto, um pouco cauteloso. Ele permaneceu em silêncio, os olhos semicerrados, como se não estivesse disposto a mostrar claramente seus sentimentos. Soldado sabia que ele era responsável pela testa franzida e o olhar triste.
— Ei, Dillon.
— Soldado, uhumm... Você está diferente. Eu não tenho certeza do que pensar.
Soldado viu o coração de Dillon bater rápido por baixo da camisa azul clara que ele usava. Ele se perguntou se era de raiva, medo ou excitação. Ele imaginou seus lábios tocando no mesmo lugar, e o mero pensamento fez Soldado estremecer. Se ele apenas tivesse a chance.
— Vou explicar tudo em poucos minutos. Você me deixa trazer o meu carro até aqui e descarregar o material? Eu ... é ... fui fazer umas compras hoje e trouxe algumas coisas para os meninos. — Soldado estava muito animado para dar a esses meninos esses itens tão necessários. Esperava que Dillon permitisse que ele seguisse adiante com seus planos. — Gom, você pode ajudar os outros a pegar todas as sacolas, enquanto Dillon e eu vamos conversar na parte de trás novamente? Nós precisamos esclarecer algumas coisas. Mas você tem que ser o responsável. Há muitas coisas e tudo é para todos, mas você não pode abrir nada até estarmos de volta. Temos um trato? — Perguntou Soldado continuando com o plano de Dillon de fazer Gom se sentir forte e capaz.
— Claro, Soldado. Eu vou ajudar. Está tudo bem, Dill? — Gom olhou para Dillon pedindo permissão para fazer o que Soldado tinha pedido. — Não vou deixar que eles mexam em nada até você mandar. Certo, Soldado? — Gom olhou para o rosto de Soldado e, em seguida, inclinou-se e sussurrou em seu ouvido. — Estou tão feliz por você está de volta. Eu senti sua falta. Acho que Dill também sentiu. Ele tem estado realmente quieto.
Soldado o abraçou com força e sussurrou:
— Estou de volta, amigo. Vamos ver se ele me deixa ficar.
Gom riu e Dillon ficou chocado com o som que veio da criança. Ele teve que sorrir para isso. Gom soltou-se de Soldado em um salto, tomou a mão de Dillon e lhe empurrou através da porta em direção a Soldado.
— Vamos lá, Dill, diga que esta tudo bem que ele fique. Ele voltou, Dill. Ele disse que faria, e fez isso. — Obviamente, Gom não estava acostumando com as pessoas mantendo suas promessas.
— Tudo bem, amigo. Fique aqui. Eu vou com Soldado e moveremos essa coisa grande e veremos o que ele nos trouxe. Nos veremos em um minuto.
Dillon desceu a pequena escada e Gom fechou a porta atrás dele. Agora ele estava de pé ao lado do Soldado e não sabia o que dizer. Não conhecia este homem bem vestido. Dillon não sabia o que fazer com ele.
Durante o período que Soldado esteve longe, Dillon havia feito o que costumava fazer todos os dias, saiu a procura de alimentos e outros artigos necessários para o grupo da grande e velha casa, conversou com Daniel, e sentiu-se um tolo por desejar alguém que mal conhecia.
— Ei. — Soldado tocou sua mão, brevemente, com incerteza.
— Ei, você. Você é o mesmo Soldado que saiu daqui alguns dias?
Soldado olhou diretamente para Dillon, quando ele disse:
— O mesmo de alguma forma, mas muito diferente do outra.
Mas eu ainda estou muito interessado em você e em suas crianças e sua vida aqui. Você me perguntou se eu queria juntar as minhas coisas com as suas. Você pediu sem saber nada sobre mim. Isso foi muito... doce... amável... e corajoso da sua parte. Então agora eu quero pedir para você ser corajoso novamente.
— Uh, assim eu espero. Aonde você foi e o que você fez? Soldado estendeu a mão e tocou novamente a mão de Dillon.
— Vem, vamos buscar o... o que eu comprei. Um Hummer. Eu me senti um pouco extravagante comprando ele. Mas servirá para o que eu quero.
Eles caminharam até a porta do veículo, Soldado abriu-a e os dois entraram. Antes que Dillon pudesse olhar para trás e ver tudo o que Soldado tinha comprado, Soldado girou-se em seu assento atrás do volante, e ficou de frente para Dillon.
— Você está chateado que eu esteja de volta?
— Chateado, não. Mas você... parece tão diferente agora. Não te conheço desta maneira. Eu não sei o que pensar — admitiu Dillon.
— Você vai me deixar falar com você... na parte de trás da casa, como eu disse? Vamos levar as compras para as crianças, para que possam descarregá-las e então você será capaz de decidir onde nós vamos conversar. Vou deixar tudo em suas mãos. Você resolve, no final das contas. Mas eu prometo que não vai acontecer nada para você ou suas crianças por minha causa... ou pelo o que eu espero fazer. Você confia em mim?
— Eu confiei em você o suficiente para dormir em seus braços depois de apenas conversarmos algumas horas. Deveria confiar em você o suficiente para lhe ouvir. — Dillon virou-se e prendeu a respiração quando ele viu que a parte de trás do enorme Hummer estava cheia de sacolas. — O que diabos você fez?
— Dillon, eu me diverti. Pela primeira vez em anos, eu realmente me diverti. Eu comprei e pensei em uma pessoa ou várias pessoas, além de mim. Foi ótimo, muito terapêutico. Vou contar tudo a você eu prometo. Vamos fazer isso, tudo bem?
Eles conduziram para a parte traseira da casa e Soldado parou perto da porta dos fundos. Ele abriu uma porta e Dillon fez um sinal para Gom. Ele saiu, os olhos quase saindo das órbitas quando viu o grande Hummer.
— Uau. O que é isso? É tão grande.
— É um Hummer. Posso lhe dar uma carona nele algumas vezes. Gostaria disso? — Dillon observou quando Soldado esperava a resposta de Gom.
— Você quer dizer fora daqui? — Gom claramente não conseguia imaginar ser corajoso o suficiente.
— Sim, talvez. — Soldado sorriu e disse: — Nos ajude, esta bem? Você segura à porta e vamos colocar tudo isso no interior. Você pode colocar as coisas que precisam ficar frias na geladeira e logo entraremos em alguns minutos. Eu tenho que falar um pouco com Dillon e depois vamos deixar todos vocês você comerem o que quiserem, certo? — Soldado sorriu para o menino para conseguir sua ajuda e apoio.
Eles fizeram o trabalho e a porta se fechou. Os dois homens se afastaram do Hummer e foram em direção à parte de trás do pátio. O Hummer os escondia e Dillon duvidou que pudessem ser vistos de dentro da casa.
Sentaram-se no tronco, e Dillon esperou. Soldado parecia relutante em começar, agora que o momento havia chegado.
O que aconteceria se Dillon não quisesse que Soldado se envolvesse? Ele havia sido chefe da casa há muito tempo e talvez não gostasse de interferência. Agora que o momento havia chegado, Soldado se sentia um pouco inseguro.
— Soldado?
— Eu tenho tantas coisas para dizer. Eu acho que me sentiria melhor em saber que você está feliz em me ver. Foi um sonho tudo o que aconteceu na outra noite?
— Não. Não foi um sonho. Dormimos aqui. — Dillon sorriu agora, hesitante. — Nós nos beijamos. Foi maravilhoso. Gom se apaixonou. Senti saudades de você como um louco. E você?
— Senti sua falta terrivelmente. — Ele suspirou profundamente
ao seu lado e por sua vez, Dillon se virou para olhar nos olhos de Soldado.
— Pensei que você não ia voltar. — Dillon, estva obviamente tentando fazer com que não soasse como uma acusação. — Eu pensei que alguma coisa tinha acontecido. Eu não sabia como me controlar. Não foram bons dias para mim. Então, eu sentia raiva por sentir sua falta, quando mal nos conhecíamos. — Dillon ainda parecia um pouco irritado, em admitir que ele havia sentido saudades de Soldado.
— Graças a Deus! Excelente. Pelo menos ainda estamos na mesma sintonia. Você quer um beijo tanto quanto eu quero te dar? Prometo que depois eu vou dar-lhe uma versão rápida, mas completa do que está acontecendo. — Soldado tentou não parecer tão ansioso como ele sabia que estava.
Eles estavam um nos braços do outro em segundos, e ambos gemeram quando suas bocas se encontraram. Soldado puxou Dillon em seu colo e seus pênis se roçaram de uma forma mais satisfatória. Soldado atacou e saqueou a boca de Dillon como se fosse todo um exército faminto. Lambeu, chupou e mordeu. Ele não tinha o suficiente. Ele beijou mais profundamente, mais duro e com medo de deixar hematomas nos lábios de Dillon, mas não conseguia parar. Ele se afastou um pouco e disse:
—Desculpe. Sinto muito. Eu não queria te machucar...
— Cale-se. Quero mais.
Dillon atacou de volta. Bem, bem, o pequeno homem era determinado. Ele devolveu o beijo com a mesma dureza com que Soldado lhe beijou. Ele movia seus quadris contra Soldado e movia a língua da mesma forma. Ele olhava com tanta fome. Ele lambia, chupava, mordia e, em seguida, começava tudo novamente.
— Eu estava com tanto medo de que você desaparecesse da minha vida. Eu estava tão interessado e tão entusiasmado. Então eu
me preocupei que você tivesse sido ferido ou algo assim. Em seguida, resignei-me de que você tinham ido embora da minha vida. Não foi um bom momento para mim. — Dillon estava, obviamente, tentando fazê-lo compensar isso agora. Chupou a língua de Soldado e gemeu quando os braços de Soldado se apertaram em volta dele.
— Oooooh, bebê. Temos de parar ou eu vou despir você, jogá- lo atrás do tronco, e possuir você de todas as formas que eu estive pensando nesses dias.
— Você fez isso? Quero dizer, você estava pensando em mim?
— Dillon parecia encantado.
— Você duvida? Estou dentro disso. Claro, que eu pensei em você, muito, especialmente durante as noites. Eu quero ver o quão longe chegaremos. Eu sei onde eu quero ir, mas temos que resolver tudo. Supõe-se que nós estaríamos aqui para conversar. Então, vou ter que largar você, por agora. — Ele roubou um beijo rápido, agarrou Dillon e colocou de pé.
— Porra, você é forte.
— Sim, e você é lindo, sexy e quente como o inferno. Agora me deixe dizer o que eu venho fazendo. Eu realmente espero que você goste e deixe-me fazer parte de sua vida e da dos meninos. — Soldado notou que Dillon estremeceu ao ouvir suas palavras, esperava que não fosse por medo ou rejeição. — Eu sou um homem muito rico. Eu sei que não era evidente quando nos conhecemos. Eu estava passando por um momento muito difícil na minha vida, como você sabe. Eu estava tão perdido quanto as crianças que você ajuda aqui. Conhecer você e Gom, e passar a noite com vocês, mudou a minha vida. Me deu vontade de voltar a viver. Não me interprete mal, eu não ia acabar minha vida ou algo do tipo. Eu só não estava realmente vivo, você sabe.
— Gom realmente o afetou. Ele realmente te ama. Ele não está
dormindo, sem você — disse Dillon.
Soldado olhou Dillon atentamente e disse o quanto as coisas haviam mudado.
— Senti-me bem, muito bem, em saber que ajudei uma doce criança a dormir quando ela necessitava. E, Deus sabe, o quanto eu gostei de te abraçar. Mas isso é outra história — Dillon corou com suas palavras e Soldado queria puxá-lo de volta em seus braços. Ele lutou contra isso e continuou. — Eu sou o último da minha família. Meu avô e meu pai eram banqueiros, e investiram bem. Eu nunca poderia gastar tudo o que tenho, eu até mesmo não cheguei a tocar no dinheiro que ganhei durante o serviço militar, ele também foi bem investido e multiplicado — ele acenou com a mão como se dissesse que tudo não significava nada para ele.
— Então, você é rico?
— Sim, e aqui eu encontrei um renovado interesse na vida. Querendo ajudar em uma situação em que necessitam do que eu posso oferecer. Eu me senti bem sobre a possibilidade de ser capaz de ajudar a todos vocês. Uh, e a razão de por que eu estava aqui para começar, é... eh... que eu possuo um grande número de propriedades aqui, incluindo a casa, esta casa.
— Oh, homem. Sinto muito, eu...
— Shhh. Eu estava passeando para ver as coisas aqui e ali, verificando as propriedades que tenho ao redor do Estado e fiquei interessado no que estava acontecendo aqui em Parkington. Estou muito contente de que a casa está sendo utilizada para algo bom.
— Eu não sabia. Eu...
Era importante que Dillon compreendesse a parte seguinte.
— Espere, por favor. Você está se repetindo. Eu estive com o meu advogado e meu contador por estes dias. Descobri que alguém tinha ido a Câmara Municipal e descobriu que a casa não estava
sendo utilizada, perguntou por aí, e encontrou o zelador, e com as informações que consegiu foi ao escritório de advocacia e obteve permissão para usá-la. Estou surpreso que o Serviço Social permita que vocês fiquem aqui no estado em que a casa está, ela precisa de muitos reparos. É um milagre que ela não esteja fechada.
— Eu já disse. Estamos de certa forma escondidos. Não somos uma casa estabelecida e genuína do Serviço Social. Estamos trabalhando em coisas diferentes para recuperar o atraso, mas agora eu estou trabalhando principalmente com Daniel. Ele mantêm o serviço social longe das nossas costas e fora de nosso negócio. Ele nos cobre, por assim dizer. Não é perfeito, mas funciona para nós e estamos conseguido. Até agora tem sido o melhor para essas crianças.
— Eu organizei o uso futuro desta casa. É sua. Abri contas em supermercados e em outros lugares, em nosso nome. Espero que você não se importe. Eu também abri uma conta bancária, em nosso nome. — Soldado viu os olhos de Dillon se arregalarem, embora o jovem ficasse em silêncio e escutando. Soldado esperava que não estivesse soando como um louco. Decidido a contar tudo, continuou.
— Agora isso não tem nada a ver com você e comigo. Isto são estritamente negócios. Eu quero ser parte do seu... trabalho aqui. Eu gosto do que você está fazendo. — Soldado esperou que Dillon reconhecesse a sinceridade em sua voz. Esse era outro ponto que Soldado queria que Dillon entendesse e aprovasse. — Eu quero que isso continue. Eu quero que você seja capaz de fazê-lo legalmente e com o suporte que você precisa para dar a esses meninos o que eles precisam.
— Eu não tenho palavras. Realmente não sei o que dizer.
— Eu estava um pouco preocupado com que você pensasse que eu estou querendo tirar sua autoridade. Eu não quero tomar o seu
lugar. Gostaria de trabalhar com você... debaixo de você — Um honesto lapso de linguagem, mas um imagem nítida, no entanto.— Bem, não entenda de forma errada. Quero dizer, eu sei que você é o chefe, eu não sei nada sobre tudo o que você faz. Estou impressionado com isso e quero ajudar. — Agora era a parte de Soldado pedir. Ele orou para que a resposta fosse o que ele esperava.— Você vai me deixar ficar? Podemos, pelo menos, tentar e ver se podemos trabalhar juntos para ajudar essas crianças?— Desde que eles tinham começado a conversar parecia que Dillon estava em choque, então Soldado esperou.
Dillon sentou-se, obviamente surpreso, por cerca de alguns minutos. Soldado sabia que Dillon tinha um monte de coisas para assimilar. Aqui, estava ele, um homem que Dillon pensou que era uma pessoa sem casa, quando ele na verdade não somente possuía a casa onde eles viviam, mas talvez metade da cidade.
Soldado imaginou que Dillon estivesse pensando que ele era rico, super-rico e ansioso para ajudar. Pensou que, provavelmente, também havia fundido a mente de Dillon em falar que abriu as contas em nome deles. Provavelmente foi esmagador. Sentou-se em silêncio e deixou Dillon processar toda a informação.
— Eu... eu... Soldado, eu não posso acreditar em tudo nisso. Minha mente está dando voltas — Dillon tinha uma ruga na testa obviamente tentando processar tudo o que tinha acabado de ouvir.
— Nós podemos tentar? Apenas alguns dias? Deixar passar um tempo? Permita-me conhecer as crianças e aprender tudo sobre elas. Vamos ver se há uma maneira para fazer tudo legal para não terem mais de se esconder, e ter medo o tempo todo. Não entendo como funciona a relação do Serviço Social com o seu grupo aqui.
— Oh, funcionamos de forma legal, mas não totalmente. Esta é uma extensão do abrigo de Daniel. As minhas crianças têm
necessidades especiais que não podem ser satisfeitas através dos canais habituais. Estamos um pouco fora do radar, e não temos patrocinadores, não temos publicidade, não temos muita ajuda nesse sentido. Mas nós saímos na frente. Neste momento é o melhor para as crianças — concluiu Dillon.
Soldado estava falando rápido, com a esperança de que ele pudesse abordar todos os pontos necessários, e que Dillon concordasse com eles.
— Diabos, eu vou adotar todos eles se eu tiver que fazer. Não quero que nada de ruim aconteça a qualquer uma de suas crianças e eu tenho medo de que você apenas tenha tido sorte em não ser descoberto. Seria horrível se as autoridades chegassem e separassem vocês todos — levantou a mão e alisou a testa de Dillon, apagando o vinco de preocupação, tentando aliviar o olhar assustado nos olhos de Dillon.
Parecia que Dillon tinha finalmente organizados os seus pensamentos e decidiu conversar.
— Estou em choque. É esta é sua casa? Estou um pouco perdido aqui. Tem certeza de que quer fazer parte disso? Eu falei sério na outra noite, mas pensei que era uma situação em que eu estaria ajudando você, agora parece que é você quem esta ajudando.
— Eu estava com medo de que você se sentisse incomodado. — Soldado suspirou.
— Não. Não, Soldado. Eu não me importo que você ajude essas crianças. Não estou em busca de glória. Não tenho de ficar sozinho. Seria bom ter uma pequena ajuda. Imagino que os outros vão te amar tanto quanto Gom. — Somente dizer seu nome serviu para lembrar a Dillon quanto tempo tinham estado lá fora, deixando Gom tomando conta de tudo. — Oh, merda. Devemos entrar.
— Você tem certeza? Não quero que você depois tenha
dúvidas.
Dillon olhou para Soldado e disse:
— Eu te ouvi e pensei. Eu acho que é uma coisa boa, um bom plano. Por favor, fique. Venha e conheça as outras crianças. Vamos nos dar uma chance, fazer um teste, e ver como poderemos trabalhar com isso.
{"Rlr,