A poesia da alma

By escritorpaulo007

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Um poeta famoso e recluso de quarenta e poucos anos estava na quase solidão de sua casa, quando é convidado a... More

Capítulo 1: 1987
Capitulo 2: Bem vindo a Veneza!
Capítulo 3: Uma musa
Capítulo 4: Inspiração
Capítulo 5: Encontros e despedidas
Capítulo 6: Sexo Verbal
Capítulo 8: Notas do tempo
Capítulo 9: De corpo e Alma
Capítulo 10: A poesia da alma

Capítulo 7: O céu de Monet

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By escritorpaulo007

 Na manhã seguinte, Oliver acordara incrivelmente disposto, faltava mais alguns dias antes de findar seus compromissos em Veneza, e a certeza e ansiedade de voltar para casa já não era mais tão certa. Ele levantou-se se enrolando no roupão e saindo do quarto, foi em direção á cozinha, onde Esmeralda fazia o café, e ao notar sua presença, o brinda com um lindo sorriso dizendo:

 - Bom dia flor do dia!

 - Tá de sacanagem? Disse ele rindo.

 - Levantou cedo, tá passando mal?

 - Na verdade, tô o oposto disso! Disse ele sentando-se frente ao balcão.

 - Que ótimo!

 Logo após ele pegar a caneca de café, Esmeralda passou para frente do balcão e lhe beijou dizendo:

 - Fica bem!

 E saiu da cozinha, ele, por sua vez, voltou ao quarto e foi até sua janela, debruçou-se no parapeito e ficou olhando os carros, as pessoas, mergulhou em um profundo devaneio, começou a pensar nos seus quinze anos novamente, quando conhecera cada uma daquelas maravilhosas mulheres, Portman, Baker, Gordon, Swan, Cusler e Bennett, e toda vez que pensava nelas, ficava triste, mas agora não, algo mudou de tal maneira que sua paixão e fixação por elas sumira, foi ai que lembrou-se do carinho no olhar de Rachel, no amor no olhar de Glória e na paixão no olhar de Eduarda, e com um certo e derradeiro pesar que lembrou da arrogância de Bennett, da agressividade de Swan e a defensiva de Cusler, percebeu ali que, por mais que fossem grandes, ele ainda era grande demais para seus mundos, não superior, apenas mais do que elas precisavam. 

 Depois daquela noite de amor com Glória, tudo mudara para Oliver, tudo adquirira uma cor diferente, era como se seu mundo fosse feito de tinta, como se vivesse voando em um céu de baunilha, como se fizesse parte de uma pintura universal e atemporal chamada vida!

 Era um romântico, e sempre seria, sempre as amaria, uma a uma, e não deixaria de amar, mas era hora de jogar algumas coisas fora,e foi assim que ele decidiu que não iria procura-las mais.

...

 Vestiu-se apropriadamente para aquele dia frio e saiu para um de seus passeios, dessa vez de carro, ele desceu pelo elevador, que tocava vários instrumentais do Kenny G., o que era extremamente suave para a alma, e quando finalmente pode sair do elevador, Glória já o esperava na recepção, agora o sorriso desembestado de Esmeralda fazia sentido, e tudo que Oliver pode fazer naquele exato momento foi sorrir e tentar diminuir as batidas de seu coração.

 Ele foi até ela que se levantou com tamanha elegância que, por alguns segundos,  seu coração parou, suas pernas bambearam de um desconhecido nervosismo, parecia que todas as células de seu corpo faziam um verdadeiro carnaval dentro de si, mas o contato m a pele dela, a maciez e o cheiro de flores o acalmaram, ele literalmente se derreteu no toque dela, que por sua vez, com apenas um beijo, deu-lhe todo o carinho de um mundo! Quando finalmente pararam para se olharem, ele pergunta sem soltar as mãos dela:

 - O que a trouxe até aqui moça?

 - Eu estava indo para a padaria, e vi Esmeralda entrando  no prédio, corri para alcança-la, então ela me disse que você estava aqui, então tratei de espera-lo!

 - E como sabia que eu iria sair?

  - Você está em Veneza meu bem, duvido que você não passearia aqui todos os dias!

 Ele sorriu meio sem jeito, e por fim disse:

 - Você me conhece bem mesmo!

 Logo, os dois se deram as mãos e saíram para a caminhada que ele sempre fazia. Durante esse caminho, os dois pararam na primeira cafeteria que viram e compraram dois cafés para viagem, e de quebra, Oliver ainda distribuiu alguns autógrafos e conversou com algumas jovens, de lá, seguiram até uma pequena galeria de artes, bem na porta estava escrito " Apenas hoje! Exibição de releituras do quadro " Céu de Baunilha " de Monet ", Glória fitou Oliver que já havia entrado meio corpo na galeria,

 O ambiente tinha uma palheta de cores pastéis, predominantemente o laranja e o amarelo, e o bege, as molduras de todos os quadros eram douradas, com detalhes verdes, aquele contraste era lindo, e cada releitura do quadro era um deleite aos olhos, logo, eles sentaram-se frente a uma delas, e por fim, Glória perguntou:

 - O que você faria se seu mundo fosse feito de tinta?

 - Eu pintaria um país, onde eu seria um rei!

 - Ambicioso.. O que mais?

 - E pintaria o amor por todo ele, e você seria a mulher mais linda dele.

 - Lisonjeiro! Disse ela deixando as maçãs do rosto enrubescerem.

 - E você?

 - Eu? Repetiu Glória - Te chamaria para pinta-lo!

 Os dois riram, e ao deixarem seus olhos se encontrarem, aliado ao ambiente, uma clima explosivo de amor os inflamou, ele levou as duas mãos ao rosto dela e a beijou, com certa suavidade, mas havia um misto de inquietação, ela não sabia ao certo como queria se sentir, mas a vontade sempre fora maior, a saudade sempre se fez presente, e agora ele estava ali, dançando em seus lábios uma canção de amor e felicidade que há tempos ela havia esquecido como era, como era ser amada por alguém que jurou ama-la para sempre e, apesar de tudo que a vida os fez de ruim, vem cumprindo bem sua promessa, o que tornava aquelas momentos desgarrados de uma linha lógica de qualquer história entre duas pessoas os mais belos, sutis e intensos do mundo! Quando ele se afastou, ela o puxara para si e o encarou fulminantemente,e por fim, deixou as palavras saírem:

 - Eu amo você!

*

Rachel levara Amarilis até o avião, em fim, ela estava voltando para sua vida, consultara o celular para ver as horas, a imagem da amiga a fez lembrar do por que que ela não estava ali, o que era bem válido, ela e Oliver nunca se bicaram. Por fim, ela entrara no carro e seguira para a casa de Glória.

*

 Oliver estava na cadeira em frente a Glória, seus olhos brilhavam ao olhar para Glória, tudo nela estava tão lindo, ainda mais toda desarrumada assim, ela por sua vez, o fitara com aquele carinho suave que apenas ela possuía, e isso a tornava extremamente especial a seus olhos. Ela sentou-se na cama e cobriu o corpo com o lençol, ele apenas a olhava, ela sorriu espreguiçando-se e por fim disse:

 - Já tinha feito isso antes? Apenas dividir a cama com alguém?

 - Não te falei? Disse ele apoiando o cotovelo no encosto da mesa pausando seu rosto contra sua mão - Eu nunca me casei!

 - Não tô falando necessariamente de um casamento, mas dividir a cama com uma mulher por simplesmente gostar dela!

 - Ah! Me envergonha sabe, eu levei uma vida vazia e destrutiva, as garotas só estavam comigo em virtude do dinheiro, daí que tudo descarrilhou.

 -  Mas e o hoje? O seu agora, como se sente?

 Oliver suspirou com um sorriso largo e feliz antes de dizer:

 - Estou bem feliz agora, é muito bom saber que não perdi quem era necessário para minha vida!

 - Fico feliz por você Oliver! Muito, agora vem, fica um pouco aqui comigo, daqui a pouco a Rachel vai chegar!

 Logo, Oliver se deita no colo de Glória, e retoma seu caderninho de couro, onde voltara a escrever pequenos versos, enquanto ela lia um livro aleatório, vez ou outra desviam o olhar do que estavam fazendo para admirar uns aos outros e apenas sorrirem, e isso seguiu-se calmamente até ouvirem o barulho de passos na escada, e em poucos segundos, Rachel chega ao quarto dizendo:

 - Tô atrapalhando algo?

 - Não, claro que não, você nunca atrapalha moça! Disse Oliver, então Rachel senta-se perto deles, e desvia o olhar para Glória, enquanto as duas mantem um sorriso desumano para Oliver, que já não sabia quem amava mais! 

 - Contou para ele? Perguntou Rachel:

 - Estava apenas te esperando! respondeu Glória acariciando os cabelos de Oliver, que, sem entender absolutamente nada perguntou:

 - O que tá acontecendo?

 - Você notou que, desde que chegou aqui, você tem encontrado pessoas de seu passado, pessoas que você já havia conversado com a gente sobre, que você amou mas não fora correspondido?

 - Sim.. Disse ele, cuja cabeça já começava a alinhar as peças em seus lugares certos, então, Rachel Prosseguiu:

 - Eu e dona Glória as convidamos para vir ao país, sabíamos que vocês iam se trombar uma hora ou outra!

 - Por que? Perguntou ele, um pouco confuso, mas ainda sim maravilhado:

 - Queríamos dar a você uma espécie de chance sabe - Disse Glória - Uma chance de ver que, por mais que você ame muito algo, uma hora ou outra você terá que dizer adeus!

 Ele levantou-se devagar, e o sorriso foi sumindo aos poucos, cedendo lugar a uma preocupação genuína:

 - Mas eu não quero dizer adeus para vocês!

 Tanto Glória quanto Raquel seguraram nas mãos dele e disseram:

 - isso não vai ser necessário querido. Disse Rachel

 - Não iremos a lugar algum. Sentenciou Glória.

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