Estou dentro do Levity, procuro um lugar disponível próximo ao balcão, sento e peço uma caipirinha de Vodca de frutas vermelhas.
Os minutos foram passando, o volume da música só aumentava. Já estava indo para o meu terceiro copo de bebida. Me levantei e dei uma rápida olhada ao meu redor. Havia um rapaz que estava virado de costas, porém era alto e aparentava ter um porte físico chamativo. Seu cabelo era loiro e ele vestia uma camisa polo vinho agarrada em seu corpo que mostrava a curva dos seus músculos. Meus pensamentos são interrompidos pela extrema necessidade de usar o banheiro. Precisava urgentemente urinar!
Alguns minutos depois retornei ao meu lugar. Fiquei ali por mais uns minutos e percebi que o rapaz da camisa polo vinho não estava mais lá. Coloquei meu celular, a chave do carro e minha carteira sobre o balcão. Apoiei minha cabeça sobre os braços e ali fiquei durante alguns segundos.
4...5...6 Copos de várias bebidas. (Não misturem bebidas, jovens. Isso vai te deixar muito mal) Talvez esse seria o modo para esquecer por um momento a correria e os problemas da vida.
Já passava de 01h30 quando decidi ir embora.
Eu estava tonto, cambaleando. Minha visão estava toda embaraçada.
Não conseguia andar em linha reta e muito menos pensar na merda que eu estava fazendo ao tentar ir embora dirigindo nessa situação.
-Rapaz! Você está esquecendo seus pertences.
Ouvi uma voz grossa e familiar chamar minha atenção.
Eu não consegui me virar. Me apoiei na parede e olhei para o rapaz.
Por alguns instantes fiquei paralisado. Não sabia se era efeito da bebida ou se realmente estava vendo aquele homem.
Era ele. O da Camisa vinho. Esse era o rapaz que eu havia atendido no serviço no período da tarde. O Arrogante. Ogro. Grosso. Loiro e... Alto... Lindo. Tão Lindo...
O lindo homem caminhou até minha direção. Seu olhar era sério.
Ele já havia me reconhecido. Sua expressão era negativa e seus olhos transmitiam raiva e nojo.
-Olha quem está aqui! O Incompetente. Tão incompetente que nem os documentos consegue carregar. Aliás, está fedendo a cachaça.
-Vá se foder! Exclamei sem pensar nas possíveis consequências.
Seu rosto ficou vermelho e com um sorriso irônico o rapaz empurrou os documentos, o celular e a chave do carro contra mim.
-Aqui estão os seus pertences, Moleque.
Fui em direção a porta cambaleando. Cheguei até o estacionamento e procurei meu humilde carro.
Desativei o alarme, abri a porta, entrei.
Fiquei ali por alguns minutos tentando me recuperar da visão linda que acabara de ter e dos copos de bebida que havia tomado.
10, 15, 20, 30 minutos se passaram e eu ainda estava lá. Chorando sem motivo algum. Pelo canto dos meus olhos vi um vulto se aproximando. Era um vulto alto e grande.
Ao passar de alguns segundos ouvi algumas batidas na janela do carro. Olhei para a janela com os olhos cheios de lagrimas e vermelhos.
-Rapaz, está tudo bem? Olha o seu estado!
O Ogro loiro estava sendo "gentil" pela primeira vez.
Antes que eu pudesse responder já sou interrompido por mais uma pergunta.
-Você pretende ir embora nesse estado? Me dá essa chave, vou deixa-la com o Leandro, depois você volta aqui e pega.
-Quem é Leandro?
-É o dono do bar. Irei avisar ele que você voltará para buscar.
-E como vou embora? Questionei meio perdido.
-Chame um táxi. Faça o que você preferir. Disse ele em tom arrogante virando de costas.
Saí do carro e entreguei as chaves em suas mãos.
-Passar bem, garoto. Disse ele saindo e entrando novamente no bar.
Não demorou muito para perceber que eu não tinha um único centavo em minha carteira e que o Ogro loiro estava certo. Se eu fosse embora dirigindo poderia acontecer algum acidente e isso não seria nada legal.
Sem muitas opções, saí andando em direção a minha casa. Na esperança de alguma boa alma me dar carona.
Não demorou muito para que uma SUV branca, linda, parasse ao meu lado.
-Mas que porra você está fazendo aqui? Uma voz familiar e alta ecoou em meus ouvidos.
-Eu estou indo pra casa. Respondi timidamente.
-Você não tem a capacidade para pegar um taxi?
-Eu não tenho dinheiro, acha que eu sou o que?
-Entra nessa porra! Eu vou te levar.
-Não. Eu me recuso a aturar a sua arrogância. Pode deixar que eu me viro e vou para minha casa. Quem você acha que é? Ter dinheiro não te dá o direito de se achar e humilhar os outros. Você não passa de um metido, que é tão pobre que a única coisa que tem é dinheiro.
Virei de costas e atravessei a rua, tentando fugir daquele rapaz e do nervosismo que ele me causara. Para minha surpresa ele não se deu o trabalho de vir atrás e se desculpar.
Após alguns minutos, consegui chegar até a minha casa são e salvo.
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Continua.