FOLCLORE SANGRENTO

By AntonioVoorhees

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Toda boa história tem um lado macabro! Por que nosso Folclore também não pode ter? Leia histórias super conh... More

A Morte vem a cavalo
Venha Sobre Mim
CHUPACABRAS
A noite na Estrada

O Assassino Cor de Rosa

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By AntonioVoorhees


       As fotografias e recortes de jornais rodeando um grande mapa numa parede de uma sala mal iluminada indicara que alguém estava procurando por algo, uma cena habitualmente de federais ou que no mínimo sugeria uma investigação de longa data. E era de fato o que sugeria uma mulher de pé observando atentamente cada detalhe daquela colagem na parede.

      Era uma loira alta, e que aparentava ter seus quarenta e poucos anos, mas não era da justiça ou investigação policial, era da investigação jornalística, e estava lidando com uma pauta estranhamente bizarra. Um assassino em série estava à solta naquelas bandas e não havia pistas nenhuma do paradeiro do assassino, ou pelo menos, algum suspeito. A polícia por outro lado, nem parecia estar fazendo buscas decentes ou investigando conforme deveria, pareciam um tanto amedrontados.

     Mas para Martha, aquela jornalista americana, algo estava prestes a ser descoberto, se dependesse dela, iria vasculhar cada canto daquele lugar, cada vestígio do paradeiro daquele ser repugnante que rondava aquelas bandas, por aquele paraíso brasileiro, e transformando tudo em morte, uma por uma. Martha tinha experiência de sobra para lidar com um simples caso de um psicopata que matava suas vítimas do mesmo modo e que deixava sua assinatura como presente. Ela já havia enfrentado muitos sociopatas, psicopatas nos Estados Unidos.

       O perfil do assassino havia sido criado por Martha, não completamente, pois faltavam muitas informações e ninguém havia visto de verdade o tal assassino, porém ele sempre agia durante a noite, e todos os recortes de jornais, das matérias de mortes acontecidas em sequencia, haviam sido causadas da mesma forma, afinal, assassinos em série geralmente deixam sua marca na cena do crime, e felizmente com aquele não era diferente, ele deixou, suas vítimas eram mulheres entre vinte e trinta anos, mulheres que tinham o habito de beber e se divertir pelas casas noturnas no interior do Amazonas, e todas elas foram encontradas nas proximidades de onde o rio alcançava. As águas escuras e frias do amazonas foram as únicas testemunhas dos crimes causados por aquele psicopata, por outro lado, infelizmente aquele assassino intrigava pelo fato de não ter aparecido uma única testemunha.

      Em uma noite onde as estrelas brilhavam como diamantes ao longe e a atmosfera do local estava ótimo para um banho noturno, estava com um clima abafado, por isso Martha começou a dirigir seu carro em busca de um vendedor de água de coco, mas nada encontrou, estacionou por um momento para observar o rio que começava a provocar algumas ondas, lembrando um verdadeiro mar, a lua estava cheia e bela sobre a escuridão do rio, e ao longe havia um casal namorando na areia, eram as únicas coisas que pareciam estar vivos naquele lugar, sem perceber Martha se pegou observando o casal por tempo demais, e sem rodeios sua mente policial captou movimentos estranhos, eles não estavam namorando, mas sim brigando, parecia uma batalha pela vida, quando a mulher conseguiu sair das garras do homem e andar alguns metros até que ele a pegasse novamente foi o que fez Martha ter certeza do que desconfiava. Imediatamente ligou o motor do carro e dirigiu em direção ao casal, jogou o carro por entre os coqueiros e atropelou algumas lixeiras até chegar perto do casal, sacou seu revolver e pulou do carro gritando:

       -Deixe a moça em paz ou cravo uma bala na sua cabeça!

      O homem olhou diretamente nos olhos dela deixando um brilho sinistro faiscar em suas pupilas, em seguida sorriu debilmente e saiu de cima da mulher que caiu ao lado, o homem levantou-se num pulo e começou a correr em direção à água fria:

      -Covarde, volte aqui!- Bradou Martha.

       Correu em direção à mulher deitada na areia, mas o que achou que tivesse evitado a tempo não aconteceu, as marcas roxas em seu pescoço e os olhos arregalados e longes anunciavam uma morte por asfixia. Olhou então para trás para ver onde o homem havia ido, mal mirou e começou a atirar contra o homem que começava a adentrar ao rio, Martha iniciou uma corrida e conseguiu chegar a tempo de ver o assassino mergulhar nas profundezas do rio escuro e sumiu. A detetive chamou ambulâncias e o IML para a mulher morta, a nova vítima daquele assassino desgraçado, e ficou por horas namorando o rio em busca daquele homem voltar, mas ele era no mínimo um bom nadador e claro, muito esperto para não voltar por aquele lado do rio.

        Ainda incrédula no outro dia Martha dava socos contra a parede de pura raiva, o assassino estava em sua frente, provavelmente ele poderia ser o serial Killer, ficou ainda mais furiosa que a única vítima que poderia vir a ser uma testemunha havia morrido praticamente em seus braços, se pelo menos tivesse conseguido chegar a tempo, se tivesse percebido antes que era uma briga e que a vítima estava próxima de sua morte, ela haveria de ter salvado uma vida e já com a metade do crime desvendado.

         Passou dias observando de longe aquela parte do rio, estava seriamente imaginando que uma hora ou outra aquele assassino iria retornar para matar mais um vítima, afinal, todas elas havia sido encontradas próximas de onde o rio tocava. Mas nada conseguia além de baderneiros e adolescentes que saíam das boates ao redor. As vítimas cessaram repentinamente, nenhuma mulher tinha sido morta nos últimos trinta dias, e agora, no trigésimo primeiro ela estava com os pés cravados na areia próxima ao rio, foi quando o relógio já anunciara o friozinho da madrugada que Martha notou o quanto de tempo havia desperdiçado naquele local, três horas e trinta e cinco minutos, ela já ia dar se por vencida, foi neste momento que algo fez barulho no lago, ás aguas tocavam seus pés e estavam nos calcanhares, ficou alarmada, pois não sabia o que poderia ser, até porque oura dizer sobre enormes sucuris no amazonas. Mas quando viu o doce e sensível nadar de um singelo boto cor de rosa que continuou com os pés dentro da água.

       Ele não era apenas um boto, nadava rente à areia, como quem convida para um mergulho, Martha achou incrível, pois antes de tudo era amante da natureza viva, da natureza de verdade, por isso havia abandonado a agitada nova Iorque para viver no Amazonas. Orinoco era quase que um namorado, o rio mais lindo que já vira, então sem pensar começou a caminhar para dentro da água. Ficou abismada ao notar que o boto não fora embora quando começou a causar barulhos e movimentos na água, pelo contrário continuou vindo ainda mais próximo e voltando para a parte mais profunda. Pé por pé, até que conseguiu alcançar um nível que desse mergulho, foi o que fez, quando notou já estava com as mãos acariciando o boto que continuava a fazer festa e ir para um pouco mais fundo, então a luz da lua bateu em cheio nos olhos do animal, eram brilhantes como... Como os olhos do assassino que vira naquela noite. Então sem pensar mais, mesmo que a possibilidade daquela história que se formava em sua cabeça fosse remota, ela se sentiu ameaçada, não sabia por que, mas começou a nadar de volta para a areia, notou o quão para o fundo ela havia nadado, então o boto que antes estava dócil e lindo nadou para sua frente, ela parou abruptamente e começou a observar a coisa mais bizarra de sua vida, o boto mergulhou para a escuridão e em menos de meio minuto voltava para a superfície, mas agora era um homem, era incrivelmente difícil de compreender, e estranhíssimo como poderia ter sentido tal coisa.

      Então a luz da lua iluminou seus cabelos ondulados e loiros, o peitoral cheio e até as veias que começavam em seus ombros definidos e terminavam na virilha, sua pele branca, porém bronzeada contrastava com o brilho tétrico em seus olhos, incrível como era perfeito em cada detalhe, estranhamente lindo e assustador ao mesmo tempo. Martha não tinha visto nunca em sua vida alguém tão perfeito, então aquele rapaz foi se aproximando devagar até conseguir estar a um palmo de distancia, Martha não conseguia se mover, a sensação era de estar embriagado, não levemente como beber uma taça de vinho no jantar, mas embriaguez após três ou quatro shots de tequila.

       Apenas acordou quando as mãos enormes do rapaz estavam cravadas em seu pescoço, até então sabia que o boto se transformava em um galante homem que se aproveitava de mulheres, segundo a lenda local, não que eram assassinos. Mas aquele era; o rapaz embora aparentasse ser jovem, era incrivelmente forte, fez com que Martha descesse alguns centímetros para a água, despreparada a mulher engoliu muita água, também entrou em suas narinas provocando aquele ardor desagradável, lutando por sua vida ela retornou a superfície golpeando o rapaz, mas ele estava impossível, determinado e não a largava por nada, então enquanto ainda lhe restava fôlego lembrou-se do seu revolver e o sacou, sem mirar muito bem disparou contra o rapaz que imediatamente a largou. Ele bradou de dor enquanto segurava sua perna e o sangue começava a subir para a superfície da água, sem avisos mergulhou tão rápido que os olhos de Martha não conseguiam acompanhar., a mulher tentou disparar mais alguns tiros, pois na perna não iria ser letal. Mas quando notou, a barbatana do boto pôde ser vista ao longe.

Martha nunca mais soube do paradeiro daquele assassino, procurou por pacientes com tiro na perna pelos hospitais da região, mas pelo que sabia, os botos eram incrivelmente inteligentes, e um boto que se transformava em um homem assassino em série, era ainda mais astuto, ele deveria estar longe e quem sabe dizer, não estaria tramando sua próxima vítima?

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