----------
O Wattpad por vezes tem comportamentos estranhos. Assim, antes de continuar, certifique-se sempre de que leu o capítulo anterior.
< Capítulo anterior: 40§ Esperanças renovadas
Quer o pai, quer o barman demonstraram não ter dado por perdida a missão de encontrar a menina. A mãe confrontou o marido com uma observação inesperada...
----------
# AVISO IMPORTANTE #
Muitos dos leitores reportaram problemas com a visualização do capítulo que se segue, nomeadamente frases que aparecem incompletas.
Este problema prende-se com o próprio Wattpad. Para o resolver deverá bastar desconectarem-se da vossa conta e voltarem de seguida a conectar-se.
Caso a situação não fique corrigida, ou caso isto aconteça em outros capítulos, agradeço que continuem a informar-me.
Como sempre, todas as críticas, sugestões e correções ortográficas são muito bem-vindas por mim.
Um grande abraço e vamos ao capítulo de hoje!
----------
- MÃE -
Mais uma vez o marido foi salvo de explicações pela interrupção de terceiros. A irmã e o advogado aproximaram-se na hora agá e ele aproveitou para se escudar imediatamente neles.
– Tenho de voltar para a capital, deixas-me na estação? – questionou a irmã. – Não me posso atrasar mesmo.
Ela ainda olhou para o marido, o qual rapidamente sugeriu que ela fosse com a irmã e não se preocupasse com ele.
– Certamente que o Senhor Advogado não se importa de me dar uma boleia para casa, não é? – pediu, em tom de sugestão, ao homem que acabara de conhecer.
O marido preferira refugiar-se atrás de um estranho do que acompanhá-la a ela e à cunhada. Porquê? Tudo por causa do seu medo mórbido de ser confrontado com as suas falsidades.
Ela questionava-se até quando o sentimento que os unira seria capaz de resistir à corrosão que este ambiente de suspeição potenciava.
– Acreditas que o amor pode resistir a tudo? – perguntou à irmã, enquanto conduzia rumo à estação. – Achas que pode sobreviver a mentiras, segredos e traições?
A irmã olhou-a com estranheza, por breves instantes, como que não entendendo a origem daquelas questões existenciais.
– O que se passa contigo?
Ela deixara escapar, ainda que duma forma retórica, aqueles desabafos em forma de interrogações.
Na realidade não esperava uma resposta da irmã, pois sabia que, por mais boas intenções que ela tivesse, não a podia ajudar muito nessa área.
Afinal, o que a irmã percebia de amor? Ela limitara-se a amar pelos olhos dos pais.
– Às vezes sinto-me tão só nesta batalha... parece que sou eu a única a defender o nosso casamento, a nossa família e a nossa relação. – desabafou à irmã. – Será que vale a pena continuar agarrada à imagem dum homem que já não existe mais? Quanto mais tempo vou perder, na ilusão de resgatar uma cumplicidade há muito perdida e que se calhar nunca existiu?
– Segue o teu coração e não adies mais essa conversa com o teu marido. – disse-lhe a irmã, saindo do carro. – Sempre te admirei pelo espírito livre que tiveste, sem medo do que os outros pensavam; por ires atrás da tua felicidade sem olhar atrás. O que for que decidas vou estar sempre do teu lado.
A irmã tinha razão, aquela conversa tinha sido protelada tempo demais.
Era urgente exorcizarem todos aqueles demônios que tinham ido guardando no armário ao longo dos últimos meses.
Monstros que tinham se agigantado às custas das meias-verdades, das palavras por dizer e do medo de não saberem como seria viverem um sem o outro.
Ao entrar em casa, sentiu um silêncio asfixiante. A sala continuava arrumada, tal como a irmã a deixara.
O que ela pagava para ter tropeçado em brinquedos desarrumados, ver as bonecas espalhadas pela carpete e, acima de tudo, encontrar a sua menina a ver televisão, ainda com a boca suja de algum bolo ou iogurte, que lhe tivesse deixado.
Subiu as escadas, mas não teve coragem de ir ao quarto da filha e se deparar com mais uma bofetada da realidade.
Em vez disso, dirigiu-se para o seu quarto e suspirou aliviada, ao ouvir o som do chuveiro vindo da casa de banho. Pelo menos não estava completamente só.
Apercebeu-se do momento em que a água parou de correr, seguida da abertura da porta da box do chuveiro, de um impulso só, como o seu marido fazia habitualmente.
Jurou a si mesma que iria por todos os pontos nos i's, assim que ele aparecesse diante de si.
Contudo, essa determinação desvaneceu-se quando o homem surgiu, apenas enrolado numa toalha, e a inebriou com o perfume do corpo dele e a enredou nos seus braços fortes e protetores.
As palavras voltaram a ficar para depois e amaram-se com a volúpia dos primeiros tempos, em que eram eles contra o mundo.
De alguma forma perversa, a história encarregara-se de se repetir, de os colocar novamente a circular no sentido oposto da sociedade, que lhes apontava o dedo incriminatório.
Ela deixou-se arrastar por essa doce ilusão, um sonho em que eles tinham voltado a ser um só, encontrando uma realidade melhor depois de se terem amado.
Contudo, quando acordou, ele tinha ido embora. E nos dias que se seguiram ele voltou a fazer aquilo em que se tornara exímio: esquivar-se dela, fugir de conversas e, se preciso, evitá-la.
Chegava tarde a casa e dormia no sofá, com a desculpa de que não a tinha querido acordar. Saia de manhã cedo, à pressa, alegando que o padrinho tinha alguma novidade e precisava dele.
Já para não referir o súbito desejo dele em estar no terreno, com os policiais, a colaborar na investigação.
Enquanto isso, ela tivera que ir trabalhar, uma vez que ter uma filha desaparecida não dava direito a baixa ou férias.
Julgada pelo olhar de uns, consolada pelas mãos de outros, ela ia esforçando-se por encarar os colegas, dia após dia, e fazer as suas tarefas.
Os conhecidos chamados a depor na polícia desdobravam-se. As buscas nas florestas, lagos e serras circundantes à linha de comboio multiplicavam-se.
A polícia já não procurava a sua inocente menina, mas sim um corpo sem vida, que era farejado pelos cães, altamente treinados, para o efeito.
Certa manhã, antes de começar a sua jornada, foi à delegacia. Naquele dia não se conformaria apenas com o ponto da situação nas investigações.
Iria exigir que o inspetor lhe justificasse a razão de estar a dar a sua filha por morta.
– Entre e sente-se! – ordenou o inspetor, quando finalmente teve disponibilidade para a receber.
Antes que ele principiasse com o discurso do costume, do tipo: "O que a traz por cá?... As frentes em que temos estado a avançar são..."; ela interpolou-o com o seu desagrado em relação ao rumo das diligências da polícia.
– A minha filha foi roubada! Ela não está morta! – afirmou-lhe enfaticamente. – Quantas vezes tenho de lhe pedir para achar a mulher que a levou? Eu tenho a certeza de que vi a minha filha naquele comboio!
O inspetor deixou-a expulsar toda a fúria e frustração acumulada e, após se certificar de que ela tinha terminado, confrontou-a com um tema desagradável.
– Parece-me ter demasiadas certezas para uma pessoa que estava sob o efeito de álcool. – retorquiu ele. –Vários dos seus colegas afirmam que, naquela noite, você saiu do jantar da empresa bastante embriagada. Quer falar sobre o assunto?
==========
Estimados,
Escrever em português de Portugal, pode ser um desafio adicional no Wattpad, dado a comunidade mais reduzida que somos. Por isso, o vosso apoio e divulgação junto de amigos é sempre apreciada.
Continuem a impulsionar este livro por:
! Votar !
&
! Partilhar !