Hunters

By omftay

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Com a perda da figura que considerava como um pai, Anne abandona sua cidade e decide tomar caminhos sem rumo... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10

Capítulo 6

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By omftay

A Sioux Falls dos anos 80 era idêntica à atual, com exceção das roupas, os automóveis e as tecnologias. Felizmente lembramos de não usar nada que não fosse parecido com a época, então nos misturamos bem.

_Por onde vamos?_ Castiel para à minha frente e olha em volta.

_Não sei._ confesso._ Que tal dar um olhada no Bobby e segui-lo por ai? Ele não fala muito sobre onde exatamente me encontrou.

_Anne..._ ele começa.

_Juro que eu não estou fazendo isso só para ter a chance de vê-lo._ minto, pois uma parte de mim quer correr para os braços dele.

_Lembre-se que ele não te conhece.

Engulo em seco enquanto seguimos para a casa de Bobby. Só de pensar que tenho uma oportunidade de vê-lo outra vez me estremeço dos pés à cabeça, mas não deixo Castiel notar essa inquietação em mim.

Estamos passando por uma lanchonete que não lembro de ter atualmente na cidade e olho pelo vidro. Vejo uma garçonete com o cabelo castanho claro preso no topo da cabeça atender os clientes que comentam algo sobre sua barriga enquanto ela passa a mão de forma carinhosa. Não entendo muito de gravidez, mas acredito que ela vá ganhar o bebê em breve.

Castiel só notou que eu havia ficado para trás depois de atravessa a rua. Seus olhos seguem para o mesmo lugar dos meus e então ouço eu maxilar estralar.

_O que foi?_ pergunto.

_Você não consegue sentir?_ ele me olha._ Notei que você sentiu que eu não era humano na delegacia.

_Sim._ franzo a testa e olho para a mulher._ Mas eu não sinto nada vindo dela.

_É o bebê._ ele explica.

Quando me concentro melhor na barriga na mulher compreendo o que ele está dizendo. O bebê emana algo muito forte mesmo de dentro da barriga da mãe e eu me pergunto como ela está aguentando aquilo. Deve estar sugando toda a energia dela.

_Eu nunca vi esse tipo de coisa antes._ ele comenta._ Só uma vez que eu fui à cada de Bobby e você estava lá.

_O que...?_ tomo fôlego._ O que está querendo dizer?

_Qual a possibilidade de ser você ali dentro?

Antes que eu possa responder a porta da lanchonete se abre e a garçonete caminha em nossa direção. Então ela pega minha mão e eu me assusto.

_Você!_ ele está eufórica._ Você é idêntica à ele!

_Senhora, eu não...

_Ele tinha os olhos negros._ ela não me deixa falar._ Negros como a noite. Eu disse para papai que eu não me lembrava do que aconteceu, mas ele dizia que eu era louca.

A porta se abre e um senhor aparece, pegando a mulher pelos ombros.

_Me desculpem por isso._ ele fala para a gente._ Vá para dentro agora, Anne.

Estremeço com a menção do nome e olho para Castiel que parece mais confuso que eu.

_Minha filha não tem estado muito bem._ o senhor se aproxima de nós._ Desde que engravidou ela tem andado com a cabeça fraca. Acho que o cara a ter deixado fez com que ela ficasse falando coisas estranhas.

_O que ela tem falado?_ pergunto automaticamente.

_Disse que foi possuída por um anjo e que um demônio a violou._ ele riu de nervoso._ Não me entendam mal, mas eu só não acredito nesse tipo de coisa.

Balanço a cabeça em afirmativa, perdida com aquilo que ele havia falado.

_Você não parecem ser da cidade._ ele observa._ Deixem-me pagar o almoço de você para compensar o incomodo.

Antes que eu possa recusar Castiel está me puxando para dentro da lanchonete atrás do senhor. Nos sentamos em uma mesa aos fundos que fica longe dos outros clientes. Castiel pede dois ovos mexidos com bacon acompanhados de café, mas ambos sabemos que não iremos comer aquilo.

Estrou prestes a falar para Castiel que devemos continuar com o plano de ir a casa de Bobby quando sininho da porta toca. Agarro a borda da mesa com força quando noto quem está entrando.

_Isso é interessante._ Castiel murmura.

_Olá, Anne!

Quando Bobby fala, por um momento esqueço que não é comigo, e uma lágrima escorre vagarosamente pelo meu rosto.

_Oi, Bobby!_ a mulher sorri._ Papai logo fará o seu pedido. O mesmo de sempre?

_O mesmo de sempre._ ele sorri, concordando.

Anne pega os dois pratos de ovos mexidos e segue até nossa mesa. Ela caminha graciosamente pela lanchonete apesar da barriga grande.

_Queria pedir desculpas por mais cedo._ ela aperta minha mão._ Não é como papai diz para as pessoas, mas a gravidez está me afetando de alguma forma.

_E qual a sua versão sobre o que aconteceu?_ Castiel pergunta de cara.

_Se não for intromissão nossa querer saber._ acrescento.

Ela se senta ao lado de Castiel ficando de frente para mim e por cima da sua cabeça ainda vejo Bobby. Tento manter minha atenção nos dois.

_Papai não gosta que eu diga essas coisas por ai, pois pode ser ruim para o bebê e para mim, mas..._ ela olha para nós dois._ Eu sei o que eu vi. Eu estava lá, mas não podia controlar o meu corpo. Eu me vi caminhando em direção a esse cara e ele tinha os olhos escuros, e...

_Anne, eu já te disse para não fazer isso._ o pai dela aparece na bancada.

_Desculpe, senhor._ Castiel fala._ Fomos nós que pedimos para ela contar.

_É que..._ ele vem até nós e fala baixinho._ Tenho medo do que podem fazer com ela e o bebê. Nós não queremos perder a guarda.

_Nós não iremos contar nada para ninguém, senhor._ confirmo.

Anne se levanta e vai atender os clientes e o pai volta para a cozinha. Cutuco os ovos mexidos, agora mais sem fome do que antes.

_Você não vão comer isso?

Olho para cima e vejo Bobby. De perto noto que ele está bem mais novo do que eu me lembrava, mas sobre a cabeça está um boné azul surrado. Os cantos das unhas das mãos estão pretos de graxa, mas o cheiro que emana dele é o mesmo de sempre.

_Não._ sussurro, quase sem voz.

_Se importam?_ ele pergunta para Castiel agora._ É que eu estou com pressa e não vou poder esperar até que meu prato fique pronto.

Ele pega os dois pratos e os devora rapidamente com uma xícara de café. Encaro os dedos da minha mão sobre o meu colo, pois olhar para ele é doloroso.

_Obrigado por isso._ ele fala quando termina.

Se despede de Anne e de seu pai, então sai da lanchonete.

_É por esse motivo que eu disse que não deveríamos procurar ele._ Castiel comenta.

_Nós deveríamos ir também._ ignoro seu comentário.

_Precisamos ficar de olho nela._ ele olha para Anne.

_Podemos dar uma volta pelo quarteirão e esperar até a noite.

A verdade é que rodamos a cidade toda até a noite por fim chegar. Noto que há muitos lugares que não existem mais atualmente e é bom conhece-los. A lanchonete fecha as 22 horas em ponto, mas ninguém sai de lá depois disso. Do outro lado da rua ficamos vendo Anne limpar o balcão, mas então algo fica estranho. Ela olha em direção aos fundos e então corre.

Antes que Castiel ou eu possa falar algo, já estamos correndo e entrando na lanchonete. Paramos na cozinha e vejo o pai de Anne caído no chão sobre uma poça de sangue. Parece que estou revivendo a cena da casa de Jordan. Saímos pela porta do fundo e há alguém sob o corpo de Anne com as mãos em volta de seu pescoço, que se debate em busca de ar.

_Ei!_ grito.

O homem levanta a cabeça e olha para nós, mas de alguma forma sei que está focado apenas em Castiel.

_Anjo?!_ parece um pouco confuso.

Ele se levanta rapidamente e sai correndo pelo beco escuro.

_Vá atrás dele._ digo para Castiel.

Castiel corre em direção ao homem enquanto eu me ajoelho ao lado de Anne, que está completamente sem ar.

_Você precisar tira-la de dentro de mim._ ela agarra meu braço com força._ Eu sinto que ela está morrendo.

_Vamos te levar até o hospital.

Começo levanta-la, mas ela me impede.

_Eu já estou feliz em saber que você cresceu bem, minha menina._ ela toca meu rosto._ Mas se você demorar muito isso não vai acontecer.

_Como...?

_Uma mãe sempre reconhece seu bebê._ ela toca o colar em meu pescoço e então mostra que ela tem um igual._ Sinto muito por não ter ficado com você.

Ela retira o colar do pescoço e coloca dentro de um envelope que tira do bolso da frente do avental.

_Entregue isso junto com o bebê para aquele homem que comeu seus ovos mexidos mais cedo._ ela então puxa uma adaga do avental._ Agora você precisa fazer.

Eu seguro a adaga completamente sem sentir meus dedos. Sinto as lágrimas saírem incontrolavelmente dos meus olhos.

_Por favor._ ela implora.

Respiro fundo enquanto ela puxa o vestido e me mostra a barriga. Conto até três e então corto sua pele lisa que brilha sobre a lua cheia. O liquido escuro e quente começa a escorrer por todos os lados e ela morde um pedaço de sua roupa para não gritar.

_Eu sinto muito._ murmuro._ Eu sinto muito.

Ela balança a cabeça em afirmativa, dizendo que está tudo bem. Tiro o bebê de dentro de sua barriga e ela sorri por alguns segundos quando ele começa a chorar, e então seus olhos ficam vazios. Seguro o bebê firme em um dos meus braços enquanto tento tirar o suéter para envolve-lo.

_Eu não consegui pegar o cara._ Castiel comenta e então escuta o choro._ O que aconteceu?

_Precisamos leva-la até Bobby._ entrego o bebê embrulhado na minha blusa para ele._ Você precisa levar.

_E o que você vai fazer?_ ele parece não saber o que fazer com o bebê.

_Vou dar um final para minha família._ fecho os olhos de Anne._ Nos vemos em meia hora.

Puxo o corpo de Anne para dentro da lanchonete, sem esperar pela resposta de Castiel. Levo-a até onde está o corpo de seu pai na cozinha, colocando-os lado a lado. Acendo uma fogueira na lata de lixo e então ligo o gás do fogão. Saio correndo da lanchonete e espero do outro lado da rua até que tudo exploda.

Os minutos passam e eu continuo ali até que os bombeiros cheguem, mas sei que é tarde demais para recuperar qualquer evidência. Começo a caminhar em direção à casa de Bobby até que encontro Castiel.

_Você viu ele pegar o bebê?_ pergunto.

_Sim._ afirma.

_Podemos ir agora?

Sinto que comecei a chorar de novo enquanto Castiel se aproxima de mim e segundos depois estamos de volta à casa de Bobby. Sinto-me sufocada quando noto os moveis cobertos por aqueles lençóis brancos.

_O que aconteceu?_ Sam pergunta sobre minhas mãos ensanguentadas.

Não consigo responder pois apenas quero sair dali. Nesse momento eu não quero falar com ninguém. Saio da casa e percebo, novamente, que eu não tenho um lugar para mim. Caio de joelho no chão e enfio meus dedos no chão de cascalho, tentando deixar aquele sangue longe dos meus olhos.

Braços me envolvem de repente e eu me assusto. Max está com um dos olhos inchados, completamente fechado, e a boca com um pouco de sangue seco escuro. Uma das mãos que me segura está com todos os dedos enfaixadas. Noto que ele tem dificuldade para ficar ali agachado no chão comigo, mas ele saber o quanto preciso.

_Eu te disse que tinha um cara bonito te olhando no bar._ ele brinca.

Olho por cima do seu ombro e vejo que Dean está ali, apenas olhando, e quando encontra meu olhar ele desvia, e segue para dentro da casa. Eu continuo chorando até não perceber que adormeci. Não sei quem me colocou na cama, mas apenas me sinto agradecida no momento.

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