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Theo finalmente encontrou o trecho que fazia referência ao Orbe. Ele só encontrou isso anos e mais anos depois de todos os acontecimentos, depois de não mais sentir um gosto amargo ao ver a capa dura e gasta daquele livro, de seu exemplar da Lenda de Raython.
Ele grifou o trecho, e jamais se esqueceu dele.
“Zephirus então pegou um embrulho em cima da mesa. Era redondo, coberto por veludo vermelho.
— Tome, Phyreon. Quero que fique com isso. – estendeu o embrulho para o jovem mago, que pegou.
Não era muito pesado, mas era denso. Phyreon podia sentir que exalava magia, mas era muito estranho… não podia sentir a intensidade daquele poder. Não podia sentir a presença daquele artefato. Curioso, desembrulhou-o.
— Cuidado para não tocar. Você ainda pode se machucar com a magia deste orbe.
Phyreon fitou a esfera descoberta. Era clara como vidro, mas havia algo, uma fumaça em revolução lá dentro, rodando preguiçosamente pra lá e pra cá.
— Orbe?
— Sim, é o nome que damos. Uma peça mágica, como um cajado. Mas este… este é diferente.
— Como assim? – Os olhos cinzentos de Phyreon encararam o velho elfo. Ficavam mais claros sob a luz do orbe.
— Este orbe tem as energias de meus dois irmãos, em conjunto. Antes de tudo entrar em colapso, eles armazenaram uma pequena quantidade de seu poder divino bem aí. Você não consegue senti-la porque é densa demais para simples Magos Elementais sentirem.
Os olhos de Phyreon saltaram, e ele quis largar a esfera imediatamente, só de saber de quem era a energia lá dentro.
— Ainda não conheço as propriedades dele. Mas quero que fique com você. Só tome cuidado, não é todo mundo que pode tocar este orbe sem morrer imediatamente. – o elfo aconselhou, calmo.
— Por quê? Por que pra mim? Milla faria uso muito melhor disso. E ela é mais responsável também, aliás. – Phyreon franziu o cenho. Não gostava de ter coisas para cuidar.
— Deve ser seu. Você deve mantê-lo consigo, sempre a vista, mas coberto. Em cima de uma estante, por exemplo. Nunca se esqueça dele, nunca o esconda. – Zephirus ergueu um dedo enrugado.
— Por quê? – o garoto queria gritar. Odiava quando aquele velho profetizava coisas. Elas nunca eram boas. A última profecia que ouviu ainda martelava na sua mente, ainda não o deixava dormir.
— Chama-se Orbe de Reidhas, e eu não sei por que eles colocaram este nome… – Zephirus pegou a esfera com a mão nua e a contemplou. – Este objeto é importante, Phyreon. Não só para você. Ele será esquecido por quatro eras… e então…
O elfo voltou a divagar, olhando a fumaça.
— Então o que? Pra que devo guardar?
— Para salvar uma nação de ferro e vapor de suas próprias criações, criança. Para te enviar a terras estranhas, para te curar de seu martírio. Para condenar e salvar um homem… para unir duas almas predestinadas. – Zephirus suspirou dolorosamente e entregou o orbe de volta ao garoto.
Logo depois, dispensou-o.
Phyreon teve vontade de atirar aquilo no rio mais próximo.
Mas mesmo assim não o fez. Era estranho, mas ele nunca conseguiu se livrar daquele objeto.”
Ainda bem, Theo pensou.
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nota da autora:
Exatamente um ano atrás, eu digitava a última linha deste escrito. Espero de coração que tenham gostado.
Nos próximos meses ou até anos, eu não terei mais webnovels para vocês :/
Maaaaas isso é porque eu estou me dedicando integralmente para fazer com que essas linhas no seu monitor virem páginas impressas na sua mão.
Aguardem, e teremos boas notícias =D
Com muito amor,
Kamila