Mini Romances - Light

By JotaKev

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Finalizado! Coleção de Mini Histórias de Romance. Afetividade entre pessoas. LGBT, ou não. Não haverá distin... More

Apresentação
Ceci e Duarte - Parte I
Ceci e Duarte - Parte II
Ceci e Duarte - Parte Final Feliz
Liebe Blumenau - Parte I
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Suzi Ohana - Parte I
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Sexy Clichê - Parte I
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Anjinho arretado e o Urso dobrado - Parte I

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By JotaKev



O anjinho arretado e o urso dobrado...

***

Muriel é do Sul e Matheus é do Nordeste. 

Um é ardente! O outro é refrescante!

Um é picante e o outro é doce. Mistura que pega fogo! 

Quem é quem? Pois Muriel é um nome angelical e Matheus tão forte... 

Nesse conto é justamente o contrário, notaram? O urso Muriel é fogo ardente, é impulsivo.  O doce Matheus é aquele que pondera e também atiça.

 Muriel é direto e Matheus, um menino sensível, mas que parece testar a paciência do outro.

"Matheus é um peste com cara de anjo", é o que pensa Muriel. 

À primeira vista é tadinho do Matheus... leiam então, tadinho é do Muriel quando se encanta por Matheus.

Há bastante tempo, que Muriel abraçara muitas funções no administrativo da empresa onde trabalha há anos e então chega Matheus para lhe auxiliar da melhor maneira possível. Trabalhar juntos não era para dar certo, porque Muriel não gostava de ter colegas novos em seu setor.

Será que Muriel vai engrossar com o colega novo e fazê-lo correr igual aos outros que não suportaram seu temperamento explosivo?

Será que anjinho Matheus consegue acalmar o ursão Muriel e dobrá-lo?

***

Por Muriel...

— Porra André... esse cara trabalhando comigo não vai prestar, eu não tenho saco pra ensinar. Tu já conhece meu jeito e não para ninguém aqui. Não tenho paciência.

— Para de reclamar, guri. Até parece que ninguém te ensinou quando tu viesse pro setor. 

— Eu ando atucanado de tanto serviço... 

— Tu te sobrecarregou porque quis. O menino, o Matheus é querido, cheio de vontade de aprender e ajudar. Olha lá, tu tenha paciência com ele, porque vou ficar bem chateado se eu descobrir que o maltratou. 

— Bah, mas é só o que me falta. O pessoal não dá certo aqui no faturamento, é culpa minha...

—Tua fama de estressado é bem conhecida, te segura.

Ai meu Deus, a semana começou assim e vou surtar bem rápido com esse guri no setor. Paciência foi algo que não colocaram no meu código genético. Nem vou aprender a ter isso da noite pro dia.

Estou há cinco anos no escritório desse comércio varejista e passou muita gente por aqui. Ficam atribuindo a minha pessoa, o fato do pessoal não se firmar no emprego. Mas que vão pra merda.

Sou bem profissional entendeu? Só não gosto de "bocabertisse", seja no trabalho ou na vida pessoal. Não tenho saco nem pra namoro cheio de melação, grude e aquelas coisinhas que inventam pra me amarrar. Sou um gaúcho direto, curto e grosso! Comigo não tem esses mimimi.

Agora, vou ter aquilo que chamam de calma: testada. Depois de uns anos, outra vez ganhei um colega e vou ter que ensinar meus macetes pra ele.

Vou ensinar o básico do básico e ele que se vire depois, porque comigo foi desse jeito. Hoje o mercado precisa de mim pra abrir, porque se eu falto, não tem carga nas balanças, nem nos caixas, nem mercadoria cadastrada, nem notas lançadas, nem preços faturados e as promoções todas programadas. Não que eu me ache, mas me dá um negócio ruim pensar que o cara vai pegar as coisas que só eu faço e fazer de qualquer jeito.

Bahhh, lá vem o gurizinho de Scooter, todo delicado, todo bonitinho com aquele cabelo enroladinho, com uns cachos na testa. Tipo que não tem muito aqui no sul, afinal ele veio do nordeste. 

Não que eu tenha me impressionado, mas o piá é bem o meu tipo.

Primeiro dia dele e vou respirar.

Usei o final de semana para meditar e coloquei na cabeça que "preciso" de alguém para me ajudar com tanta coisa que absorvi. Preciso exercitar o pensamento.

Depois me veio o pensamento... o André vai abrir uma filial no bairro e vai pesar muito mais pro meu lado.

Tomara que o empurrem pra lá. Porque quem fica na matriz, sou eu. Conquistei meu espaço com muito trabalho e agora ele que se vire pra chegar onde quer.

— Bom dia, Muriel. Eu posso deixar a moto ali? Atrapalha?

— Não! — Bosta! O piá é atraente, eu tenho que me policiar pra não me trair. 

Ele puxa uma cadeira e quase cola seu braço no meu, quando vou explicar como que importo as notas para o sistema. É algo muito fácil, que de olhos fechados dá pra fazer se o cara for só meio esperto. Eu tô cuspindo marimbondo de brabo! Nem me deem sermão! 

Pior que explico duas vezes e ele fica com aquela cara de quem não entendeu ainda, mesmo assim tenta e importa sozinho alguns documentos. Trabalha quietinho e por isso não fico irritado, mas noto que tá triste.

— Ei, Matheus, se precisar de ajuda, me chama.

Ele me olha e sorri, mas percebi que ele ficou emotivo e pediu desculpa por estar me perturbando. Bah, eu me senti mal pra caramba com isso. Lembro por uns segundos, de quando me ensinaram, fizeram o mesmo comigo e foi foda. Logo penso que esse cara não vai durar no setor. Em duas horas ele já tá chorando e eu tive que parar com minhas coisas que já obedeciam uma rotina, só pra socorrer.

Passaram uns dias e...

— Olhe Muriel, eu fico sem jeito de lhe interromper, porque você trabalha tão concentrado. Não escuta nem uma musiquinha, nada, nadinha.

Um mês na mesma sala e o gurizinho crespo ainda faz essa manha pra me pedir alguma coisa. Até parece que mordo.

— Eu não disse que era pra perguntar quando tinha dúvida?

— Nossa!

— Não estou brigando contigo, Matheus. Mas pergunta, não espera... aqui a gente corre com o serviço. Ai... por favor não chora não, eu fico mal. — Merda, ele chorou. 

Foda-se, ele não é o primeiro que chora na minha frente e depois sai falando que sou ruim. Caralho, porque minha consciência tá me cutucando? Porra, porque só penso em palavrão nessa hora? Não vou pedir desculpa, ele que vá embora. Nunca que vou me rebaixar... 

Mas olha pra esse piá, olha essa cara, esses cachinhos, ele parece um anjo, tadinho. 

— Matheus, desculpa se fui muito grosseiro. Eu fui?

— Foi né. — Ele responde e não para de chorar. Lágrimas descem dos olhos dele para as bochechas e... ai não... ele tá arrumando a mesa e acho que vai embora. — Olha Muriel, desculpa por alguma coisa.

— Vai aonde? Ei cara, olha eu te pedi desculpa, não precisa ir embora, eu preciso de você. Eu mal comecei a passar mais coisas pra ti, ei dá uma chance.

— Você é quem não dá chance de alguém aprender, bota pressão só pra ver o cara pedir pra ir embora.

Sou explosivo e olha pra mim... tô quase de joelho pedindo pra ele ficar. Não por mim que dou conta de tudo sozinho, nem pelo medo do esporro do chefão, mas porque mesmo?

— Tá eu me comporto. Mas não chora cada vez que eu falar alguma coisa pra ti, ou não vai dar certo nunca. E que fique bem claro, não vou me humilhar, ouviu? Essa foi a primeira e última vez que pedi desculpas.

— Tá bem. — Ele seca o rosto e meio minuto depois fica parecendo que nem chorou. 

Eu hein, será que ele tava fingindo? Peguei um olhar travesso e acho que ele tá "maroteando" comigo.

***

Por Matheus...

Ai minha nossa, como eu queria morar no Sul, conhecer o frio e as pessoas daqui. 

Tô amando é tudo! 

Até meu emprego novo é bacana. Faturamento em mercado vai bem com o curso que faço na faculdade, Gestão de Empresas.

Tudo bem que tem dias que sinto falta dos sorrisos das pessoas, calor, sotaque, comida do meu Nordeste, mas é a vida.

Esses dias lá no escritório eu tive uma situação bem chata com meu colega, Muriel. Ele solta as patas até no dono e eu tinha muito medo dele, me assustei quando me puseram pra ajudar no seu setor. Ele alterou a voz comigo e na hora fiquei sem reação. Chorei é claro, afinal, tomar uma patada dói. 

Pois aí notei que foi só eu chorar, que ele é quem ficou todo sem jeito. 

Eu não queria tomar proveito disso não, sou muito anjinho pra fazer esse tipo de coisa. Mas ele bem que tá merecendo.

Não que eu vá virar uma "choradeira" de velório, mas vou pôr esse urso na linha. Oxi, se vou!

***

Por Muriel...

Tudo normalizado, faz uma semana que estou de boas. 

Estamos com pouco serviço e meu coleguinha tá ali arrumando umas pastinhas com documentos. Aquele é meu espaço, MEU arquivo (que é da empresa, na verdade), minhas pastinhas, meus documentos. Não vou surtar. Não vou surtar.

Porque ele demora tanto pra arrumar meia dúzia de boletos no lugar?

Porque ele me trouxe um copinho de café? Muito amável, muito doce... muito suspeito!

O que ele tá pretendendo?

Eu não vou me distrair, esse cara é meu "inimigo" e pode me dar uma rasteira, basta eu me virar...

— Muriel, eu posso te ajudar a montar o encarte da promoção? Queria aprender pra te ajudar e fazer quando você tirar suas férias.

Eu sabia! 

Bah, mas é claro que não vou ensinar as artes das trevas para o "inimigo". O piazinho fica me olhando e não tenho como fugir da sua hipnose!

— Ah... tá... Pode.

— Eba!!!

Muito empolgado. Perigo!

Continua...

***

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