Café, livros e cigarros.

By Stephaniemacharett

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Uma doce garota de dezessete anos comum, com problemas comuns. Criou seu próprio mundo e nele se trancou. S... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 25
Capítulo 26 (FIM)

Capítulo 24

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By Stephaniemacharett


Imagine-se em uma rede de mentiras.

Imagine-se descobrindo quem sua família é através de cartas de uma estranha.

Eu segurava os papeis em minhas mãos e encarava o nada. Minhas pernas estavam cruzadas e minhas costas apoiada na cabeceira da cama. A única coisa que eu tinha em mente era saber o que realmente aconteceu com essa história toda recém-descoberta.

Se tem alguém que estava se sentindo enganada e traída, essa pessoa seria eu. Eu não conheço mais nada ao meu redor. Conseguia me sentir uma leitora de minha própria vida.

Ouvi o barulho da porta do meu quarto abrir e encarei minha mãe, que entrava sorrateiramente e com cautela.

-Ainda está chateada comigo? – perguntou na defensiva.

-Estou decepcionada. Poderia ter me contado tudo isso, não sou criança!-bufei e guardei as cartas dentro da caixinha.

Minha mãe veio em minha direção a sentou-se à minha frente, na beirada da cama. Segurou em suas mãos uma foto antiga e sorriu.

-Sabe... Eu me lembro como era essa época. Seu pai era encantador e conseguia a garota que quisesse. – ela sorriu abertamente e suspirou, olhou-me me meus olhos.- Não sei o que aconteceu com ele. Tudo mudou algumas semanas antes do acidente.

Me remexi inquieta e me inclinei em sua direção.

-Você acha possam ter feito algo? – praticamente sussurrei.

-Não posso afirmar nada... Nem eu sei o que aconteceu realmente.- ela guardou a foto novamente dentro da caixa e levantou da cama. – Não sinta raiva dele... Ele movia o mundo por você, Elize! –sorriu docemente e saiu de meu quarto do mesmo modo que entrou. Silenciosa e cautelosa.

O que eu poderia dizer sobre o que se passava em minha mente? Milhões de suposições. Eu queria saber o que realmente aconteceu. Queria saber o porquê Janie Corben me odiava tanto se nada fiz a ela.

Era ressentimento por eu ser a filha legítima? Por meu pai ter escolhido minha mãe? Ela era capaz de tentar algo contra?

Não duvidava de nada vindo de ninguém.

Mas eu iria confronta-la.

Eu merecia a verdade.

Levantei da cama apressada e vesti uma roupa mais adequada. Ajeitei meus cabelos em um rabo de cavalo e joguei a caixinha com todas as cartas e fotos dentro da bolsa. Eu iria confrontar. Não me importa se eu fosse tratada como maluca ou surtada.

Peguei meu celular e disquei o número de Cadu. Ele falou que estaria nessa por mim, certo?

-Está tudo bem? –sua voz soava preocupada.

-Você poderia me buscar? Estou em casa... Te explico quando chegar.- desliguei o celular e sai do meu quarto apressada.

Desci as escadas do meu apartamento rapidamente e fui para a calçada, sentando no meio fio e a espera de Cadu. Eu mordia a parte interna da minha bochecha, o que era sinal de puro nervosismo.

O que eu falaria?

"Oi, eu estou aqui para saber o porquê de ter escondido que Madson é minha irmã. E, ah.... Por acaso você tem algo a ver com a morte do meu pai?"

Suspirei e passei as mãos em meu rosto.

Ouvi o barulho de carro e olhei para a rua. Carlos Eduardo dirigia rapidamente e logo estava com o carro parado a minha frente. Levantei e entrei pela porta do carona.

Cadu me olhava preocupado e tentando entender o que aconteceu.

-O que houve, Elize? – ele me analisava para ver se algo de ruim tinha acontecido.

-Preciso que me deixe na casa do prefeito. Poderia me ajudar?- perguntei apreensiva. Ele poderia recusar e me chamar de maluca.

Ele respirou profundamente e olhou para a sua frente.

-Você tem certeza? – sentia a insegurança e receio em seu tom de voz.

-Tenho. Preciso de respostas!- segurei a bolsa em meus braços, como se toda minha vida dependesse do conteúdo dela.

Cadu ligou o carro e seguiu em direção a casa do prefeito. Eu apenas olhava para a estrada e tentava criar perguntas e possíveis respostas em minha mente. Eu só queria entender tudo isso. Queria ter nunca descoberto.

O carro parou na esquina da mansão e Cadu virou o rosto para mim.

-Eu quero ter a certeza que você está bem quanto ao que fará agora! Estarei do seu lado, e não me importo se me verem. Ok? – ele inclinou a mão em direção ao meu rosto e acariciou ali. Fechei os olhos e segurei por cima de sua mão, me aconchegando em seu carinho.

-Eu preciso finalizar isso. Preciso de respostas... – me inclinei em sua direção e aproximei nossas faces, seus olhos castanhos me analisavam intimamente, seus lábios estavam entre abertos. Umedeci meus próprios lábios e selei nos dele.

Deus sabe o quão seguro é estar assim com Cadu. Eu não me lembrava de meus problemas, ficávamos em nossa bolha particular. Não existia confusões, apenas eu e ele. Nossos beijos, nossas carícias e olhares. E eu queria permanecer assim por toda minha vida.

-Vai dar tudo certo! – ele deu um beijo em minha testa e voltou a andar com o carro na direção do grande portão que ligava até a mansão. Os seguranças fizeram sinal para que o carro parasse e um deles veio até o lado do motorista para identificar quem éramos.

A antiga carranca na face do segurança se desfez quando me viu. Ele me conhecia desde pequena, quando meus pais e os pais de Madson conseguiam manter a mentira em pé ao ponto de convivermos como grandes amigas. Isso foi há muito tempo...

-Pequena Elize, quanto tempo....- o segurança me deu um sorriso caloroso. – Veio visitar Madson?

Sorri amigavelmente para ele.

-Sim, pretendo fazer uma surpresa! – menti descaradamente e me remexi no banco do carro.

Não deixava de ser uma surpresa, certo?

Ei, Madson... Sou eu, Elize... Sua irmã, aliás!

Tossi tentando disfarçar a risada que segurei.

-Você é sempre bem-vinda! E você, rapaz, qual seu nome? – o segurança voltou sua atenção para Cadu e o analisou.

-Carlos Eduardo... – antes que ele abrisse a boca para falar mais algo, me adiantei.

-Meu amigo! Está me fazendo o favor de me trazer aqui... Sabe como é difícil chegar a pé! – dei de ombro e sorri divertida.

-Certo... – o segurança se afastou e indicou para o outros que estava liberada a passagem. Logo o grande portão abriu e Cadu entrou com o carro.

-Amigo, é? – ele perguntou divertido.

Ri envergonhada e comecei a batucar as pontas de meus dedos em minha própria coxa. O carro parou em frente a grande mansão. As escadas que davam para a porta da entrada pareciam maiores do que eu conseguia me lembrar. Respirei fundo e saltei do carro. Olhei para trás buscando a confiança no olhar de Cadu, e a encontrei.

-Estarei aqui... – ele sorriu me encorajando.

Respirei fundo e segui em direção as escadas.

Ficaria tudo bem...

Subi calmamente e contando os degraus. Quinze longos e infinitos degraus até chegar a grande porta de metal e vidro. Caminhei com minhas pernas tortas e bambas até perto e com minhas mãos tremulas toquei a campainha. Meros segundos se passaram, mas foram longos ao meu ver. Logo, uma das empregas abriu a porta e me analisou de cima a baixo.

-Chamarei minha senhora... – ela abriu a porta e me indicou para segui-la.

Eu conhecia cada canto dessa casa, mas mesmo assim, segui prontamente a nova empregada e cheguei ao salão de visitas. Me sentei no enorme sofá branco de couro e me agarrei em minha bolsa surrada. Mordia os cantinhos de minha bochecha e mal notava o incomodo de meu ato.

Ouvi passos vindo em minha direção e deparei com Madson me olhando confusa e depois transmitia raiva.

-O que você faz aqui? – ela perguntou rudemente.

-Preciso falar com sua mãe! – apenas disse, ignorando seu tom de voz.

-Ela está descendo! Responda minha pergunta, garota! – ela aumentou o tom de voz.

Suspirei e me contive para manter a boa e velha calma. Eu não vim arrumar confusões. Eu queria respostas.

Me levantei do sofá assim que vi Janie Corben vindo em nossa direção. Agarrei minha bolsa como se alguém fosse roubá-la de mim e tirar toda provas que eu tinha.

-Em que eu poderia ajudar? – ela perguntou me olhando indiferente.

Minhas mãos tremiam, mas consegui abrir minha bolsa e retirar dali algumas cartas de sua autoria. Segurei-as e mantendo a pose de durona, fui até ela e entreguei-a as cartas. Janie franziu o cenho e segurou as cartas e logo a compreensão passou por seu rosto. Por frações de segundos senti seus olhos se perderem a marejarem.

-Suba para o seu quarto, Madson! – ela ordenou com a voz afetada.

-O que é isso? – Madson pegou uma carta da mão de sua mãe e começou a ler. Seus olhos arregalavam a cada palavra que ali estavam. Vi sua face perdendo a cor e ela olhou confusa para sua mãe. –Como assim você e... o pai dessa ai? – ela olhou com nojo em minha direção.

Respirei fundo e fui em sua direção, apontei o dedo em sua face e rosnei de raiva.

-Essa daqui.... É sua irmã. Legítima! E meu pai, que você pronuncia com indiferença e superioridade, é o seu pai legítimo! – praticamente berrei em sua direção. Seus olhos quase saltaram de suas órbitas e logo ela teve um acesso de risadas.

-Me poupe de asneiras! Que mentira é essa, Elize! – ela ria e abanou a si mesma. – Certo, mamãe? – ela olhou para sua mãe em busca de conforto.

Mal notou que sua mãe estava estática e encarando algumas das cartas em suas mãos. Seu semblante era como se tivesse visto um fantasma. Suas mãos ficaram tremulas e ela olhou tristemente para Madson.

-Sinto muito... – Janie praticamente sussurrou.

-COMO ASSIM? ISSO QUER DIZER QUE... EU SOU IRMÃ DISSO AI? –ela berrava as quatro ventos. Estava perdendo o controle, e sua mãe as forças.

-Que gritaria é essa?! – uma voz masculina fez com que Madson calasse a boca e Janie olhasse assustada para o homem que estava parado no segundo andar.

Ali estava o prefeito Logan Corben. Ele olhava furioso para a confusão a sua frente. Eu não me amedrontava com seus olhares. Ele desceu as escadas calmamente e olhou para sua esposa em busca de respostas. Janie não conseguia pronunciar qualquer palavra coerente, ela estava com medo e confusa. Madson estava a ponto de ter um ataque histérico. E eu? Tentando ser a única com sanidade nesse lugar.

-Eu apenas quero respostas! Eu mereço a verdade! – eu praticamente cuspi em direção ao prefeito.

-Do que essa garota está falando? – ele foi até Madson e arrancou a carta que estava em sua mão.

-POR FAVOR, NÃO! – Janie gritou em sua direção e tentou retirar a carta dele, que desviou e leu o papel.

Não tinha surpresa em seu olhar, não esboçava choque e nem raiva. Estava imparcial, como se aquilo ali não fosse qualquer novidade para ele. Como se não fosse nada.

-Você... – eu sussurrei em compreensão. Logan me encarou friamente.- Você sabia? – praticamente berrei.

-Eu sempre soube... – ele sorriu seco e olhou para sua esposa que o encarava amedrontada.- Você acha mesmo que sou tão burro assim? Eu sabia desde o momento que você apareceu dizendo que estava grávida de mim...Os meses não batiam. Mas, eu era cego de amor por você e aceitei prontamente suas farsas e mentiras. – ele andou calmamente até sua esposa e arrancou as outras cartas de suas mãos, amassou tudo e jogou para longe dele. – Não me arrependo e digo que Madson é sim minha filha, pode não ser de sangue... Mas ela é minha! – ele praticamente cuspiu em cima de sua esposa.

Janie apenas ficava parada igual uma estátua e lágrimas desciam por seu rosto. Madson chorava em silêncio. Permaneci calma e respirei fundo.

-O que aconteceu com meu pai? Quem fez aquilo com ele? – tentei manter a calma. Só queria minhas respostas.

-Ele mesmo, Elize... – o prefeito me olhou com ternura, o que era um ato raro.- Sua mãe não te falou? Ele já havia tido problemas com álcool...

Me recusava a escutar isso. Passei a mão em meus cabelos e apoiei-as atrás de minha cabeça, sentia minha respiração descompassar.

-Não... Isso é mentira! – eu sussurrei.

-Sinto muito ser eu a te dizer isso... – ele veio em minha direção e me segurou pelos ombros.- Eu fui a segunda pessoa a chegar a cena do acidente, além da polícia. Ele já estava sem vida, te pouparei de detalhes maiores... – a cada palavra que saia de sua boca eu sentia minha visão ficar mais turva. -... Dentro do carro encontrei uma garrafa de bebida. Escondi isso de todos, pois, apesar de toda essa confusão eu respeitava sua memória. Seu pai não teve culpa de cair nas manipulações e mentiras de minha doce e querida esposa. – ele voltou seu olhar para sua mulher que resolveu virar muda.

Onde estava aquele cara que fazia questão de dizer que eu era discórdia de meu pai? Aquele que menosprezava minha família e dizia que era tudo minha culpa e de minha mãe.

-Tom me procurou semanas antes pedindo ajuda. Confessou toda a mentira que você o implorou para contar sobre sua gravidez. E por raiva e orgulho, eu recusei a ajudar quem um dia fora meu melhor amigo. Por você, por eu ter sido tão cego... Deixei meu melhor amigo cair em ruinas. E eu culpei as pessoas erradas por tudo que aconteceu, quando na verdade, você quem causou tantos problemas. – ele cuspia as palavras em direção a Janie.

-Parem.... Por favor! – Madson sentou no sofá e desatou a chorar.

Esfreguei minhas mãos em meu rosto para dissipar as malditas lágrimas. Agora eu estava entendendo tudo... Agora eu conseguir ver com clareza o porquê de tanta raiva em direção a minha família.

-Merda... Eu... Eu não consigo pensar! – eu sussurrava sem coerência.

-Eu sinto muito... Eu sinto muito... – Janie soluçava e repetia as mesmas palavras sem parar.

-Por conveniência ainda permaneci aqui. – Logan foi até Madson e a puxou para seu abraço. – E por minha filha... Sim, ela é minha filha. – ele deu um beijo no topo da cabeça dela e a aninhou ali.

Eu apenas me abraçava em busca de conforto. Eu precisava sair dali, estava sufocando. Estava me perdendo.

-Preciso... – não consegui terminar a frase, peguei minha bolsa e sai correndo dali às pressas, esbarrando na empregada que olhava assustada toda a cena. Bati a enorme porta atrás de mim e corri até o carro de Cadu.

Ele ainda estava ali, sentado no mesmo lugar e olhava apreensivo para o nada. Acabei dando um susto nele ao entrar no carro correndo e aos prantos. Ele me olhou desesperado e preocupado.

-O que aconteceu? – ele segurou meu rosto em suas mãos carinhosas. –Pelo amor de Deus... O que houve? – ele implorava explicação.

-Me tira daqui, por favor! –eu implorei tremula. Sentia meu corpo por inteiro tremer nervosamente.

Cadu assentiu e arrancou com o carro às pressas. Eu apenas me encolhi no banco e chorava tudo que eu precisava no momento.

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