O relógio marcava 20:32 e eu não vi o Lucas o dia todo. Quando o Christian e ele saíram eu estava dormindo e não voltaram pro hotel ainda. Já não aguentava mais olhar pra televisão, meus olhos já ardiam e a noite subia. Olho pro celular pela milésima vez na inútil esperança de ter uma mensagem, mas nada. Até que resolvo ligar pra ele, toca uma, duas, três vezes e ele não atende, até que a maçaneta da porta corre e a porta abre, revelando Lucas e Christian.
- Alô, tem alguém desesperada por mim aqui? - Lucas diz colocando o celular no ouvido.
- Babaca. - Digo e levanto da cama indo em direção a ele.
- Como foi o dia? - Ele pergunta me abraçando.
- Péssimo? Entediante? Um saco? - Digo.
- Credo. - Ele diz. - O nosso foi bem bom né Chris.
Christian que colocava o celular pra carregar da uma risada.
- Sério Lucas, eu fiquei sem nada pra fazer o dia todo. Se eu soubesse que seria assim nem teria vindo. - Me solto dele e sento na cama.
- Maria olha só. - Ele diz. - Desculpa, mas é que eu não podia vir antes. Mas vamos fazer assim, amanhã eu venho mais cedo pra cá e nós vamos na praia, pode ser?
- Pode. - Digo. - Vamos comer agora por que eu tô morrendo de fome.
- você não comeu nada o dia todo? - Lucas pergunta.
- Comi, mas faz tempo. Agora eu tava esperando vocês. - Digo pegando a mão do Lucas e puxando pra levantar do chão.
- Tadinha. - Chris fala e faz uma careta.
- Por quê? - Pergunto.
- Por que nós já comemos. - Christian fala e pela primeira vez eu sinto raiva e me arrependo de ter vindo.
Dia seguinte...
No relógio já marcava 18:00 e o Lucas ainda não tinha dado sinal de vida, não respondia minhas mensagens e não tinha chegado. Olho pela janela e vejo o mar, começo a repensar se realmente vim pra cá pra ficar sentada esperando o Lucas chegar tarde, cansado e se atirar na cama.
Resolvo que não vou esperar, coloco um biquíni, um vestido soltinho e mando uma mensagem pro Lucas que vou na praia, pra que caso ele volte, vá atrás de mim.
O hotel era na frente da praia, então só atravesso a rua e já estou lá. Tiro meus chinelos e caminho na areia quente, paro e me sento no chão. Fico olhando o mar, as ondas quebrando na minha frente e me distraio, até que sinto uma bola me atingir e alguém vindo em minha direção.
- Oi desculpa ta tudo bem com você? - Ouço uma voz masculina com sotaque carioca e vejo uma silhueta contra o sol.
- Ta sim, pegou no meu braço. - Reclamo e esfrego o local onde a bola pegou.
Então o menino que acabara de falar comigo se abaixa do meu lado e coloca as mãos no meu braço, olho com dificuldade por conta do Sol e vejo um rosto muito bonito.
- Olha, quebrar não quebrou. - Ele diz me fazendo rir.
- Eu sei, só foi o impacto. - Digo.
- Você está sozinha aqui? - Ele pergunta.
- Aqui na praia eu estou. - Digo.
Alguém o chama de longe e ele responde que já vai.
- Meus amigos e eu estamos jogando vôlei ali, você não quer jogar conosco? - Ele me questiona.
- Eu não sei jogar... - Eu digo mas ele me interrompe.
- Não precisa saber, você faz dupla comigo e eu faço tudo. - Ele diz.
- Tudo bem então. - Digo.
Ele levanta do chão com a bola embaixo do braço e me entrega sua mão pra me ajudar a levantar também. Seguro com força e ele me puxa, assim vamos até seus amigos.
- Qual seu nome mesmo? - Ele pergunta.
- Maria. E o seu?
- Pedro. - Ele sorri.
O restante da tarde foi bem divertido, jogamos vôlei até o sol se pôr e depois ficamos conversando. Já estava tarde quando decidi voltar pro hotel e então Pedro me acompanhou.
- Meu namorado deve estar me procurando. - Digo olhando pro celular descarregado.
- Se ele não veio aqui te procurar é porque não deve ter chegado ainda. - Pedro diz.
- Ou por que não se importa. - Cochicho pra mim mesma.
- Não acredito nisso. - Pedro fala. - Qual cara em sã consciência não se importaria com você?
Fico tensa com o comentário dele e acho melhor nos despedir, se Lucas me visse com ele com certeza faria aquele drama de sempre.
- Acho melhor eu subir Pedro. Ta ficando frio e eu estou com pouca roupa.
- Tudo bem. - Ele diz. - Se você não fizer nada amanhã e quiser uma companhia é só me avisar. Meus amigos e eu vamos dar uma voltinha de barco e se você quiser ir...
- Eu aviso. - Sorrio e tento ir embora.
- Espera, me da seu número. - Ele grita me fazendo parar. - Se não você não vai ter como me avisar.
- Tudo bem. - Suspiro e dou meu número a ele.
- Vou mandar uma mensagem a você dizendo que sou. - Ele diz digitando no celular.
- Ok, Pedro. Muito obrigada pela tarde mas agora eu preciso subir. Tenha uma boa noite.
- Você também. - Ele grita enquanto eu entro no hotel.
Assim que entro no quarto vejo Lucas sentado na cama mas não vejo Christian, meu coração dispara e então vou até o menino que me olhava sem dizer nada.
- Onde você estava? - Lucas pergunta.
- Na praia. - disse.
- Até essa hora? - Ele ergue uma sobrancelha.
- Eu conheci um pessoal e nós estávamos conversando. - Respondo.
- Tudo bem. - Ele me puxa pro seu colo. - Ta com fome?
- espera ai Lucas. Eu saio sozinha, só volto agora e você fica bem assim? - Digo.
- Ah amor, tô tão cansado que nem tô com cabeça pra nada. - ele deita na cama. - Vamos dormir?
- já vou.
Ok, eu detesto quando o Lucas fica pegajoso controlando tudo o que eu faço, mas essa indiferença dele me chateia também, será que ele não conhece o equilíbrio das coisas. Coloco meu celular pra carregar e o ligo, vejo a mensagem do Pedro e respondo.
"Oi Pedro, tudo certo pra amanhã?" - já que o Lucas não se importa eu vou.