Novamente Stiles acordou primeiro que Lydia. Abriu os olhos vagarosamente deixando que se acostumassem com a claridade do quarto.
Observou o cabelo ruivo espalhado no travesseiro e então ergueu o corpo sustentado pelo braço apoiado na cama, olhou o rosto angelical tranquilo. Ela estava calma, em paz. Um misto de alegria e conforto familiar preencheu o coração de Stiles.
Ela estava linda, como todos os dias. As vezes parecia surreal Stiles ter ganhado um beijo tão prazeroso de uma mulher tão linda como ela, sexy, excitante.
Por incrível que pareça, transar com Lydia era algo que Stiles pensava pouco ultimamente. Os pensamentos automaticamente focavam muito mais para o carinho que ele deseja sentir dela do que o sexo em si.
Porém, o desejo ainda estava ali. Inerte em algum pedaço do corpo pálido, Stiles sabia e sentia. Mas ele conseguia ser menor do que à vontade de cuidar da garota.
Stiles sentia que podia elogiar Lydia o dia inteiro, beijar as mãos delicadas, acariciar o rosto bonito.
Deus! O que ela está fazendo comigo?
Os dois ainda estavam com os dedos entrelaçados, o garoto olhou com atenção as mãos. Os dedos se encaixavam perfeitamente uns nos outros, estavam apertados e quentes.
O toque era reconfortante, causava uma sensação estranhamente gostosa. Stiles tentou mover os dedos, Lydia se remexeu.
O braço do garoto estava em baixo do dela, apoiado na cintura feminina, o que dificultava a ruptura do contato.
Com cautela, Stiles recolheu os dedos. Lydia não se moveu, o garoto se levantou e foi ao banheiro, voltou e ela ainda estava na mesma posição.
Stiles foi para a porta decidido a ir para a casa, mas parou quando Lydia falou com ele.
- Onde você vai? – Ela murmurou baixo ainda sem se mover, o garoto se virou para ela.
- Pra casa, nós temos aula hoje, ruiva.
Lydia o observou por minutos incontáveis, olhou o garoto de cima a baixo atentamente. Stiles daria qualquer coisa para descobrir o que ela pensava.
Os olhos verdes transmitiam curiosidade e talvez até mesmo admiração. Um leve rubor tomou conta das bochechas do garoto, ele passou a mão pelos cabelos em uma tentativa inútil de arrumá-los.
- O que foi? – Ele perguntou de uma vez, inquieto com a atenção que recebia.
Meu Deus, como ele consegue ser tão atraente?
Lydia amou poder analisar tão bem Stiles, observar e decorar cada milímetro dele, de cima a baixo. Ele estava desconcertante como de costume, sexy demais na camisa colada.
Lydia sentia necessidade de explorar a boca do garoto novamente, sentir e conhecer por completo a textura da língua experiente.
Devorar os lábios finos era uma tentação maravilhosa.
A ruiva sentou na cama, prendeu os cabelos ruivos levemente emaranhados em um coque no alto da cabeça, expondo o pescoço branco.
Agora com a luz do dia, Stiles contemplou os seios fartos e as pernas expostas. Lydia estava irresistível mesmo que pela manhã.
Stiles observou admirado cada movimento dela e gelou quando as íris verdes o encararam. Elas eram intimidantes de uma certa forma para ele.
- Desculpa por ter gritado tanto ontem, você me assustou.
Stiles arqueou as sobrancelhas, surpreso pela explicação da ruiva.
- Eu que peço desculpas, não devia ter... você sabe, invadido sua casa. Preciso perder esse costume.
Lydia deu um sorriso fraco enquanto abaixou a cabeça, ele também sorriu. A atmosfera havia mudado, os dois estavam relaxados e inusitadamente confortáveis um com o outro.
Era algo surreal e novo.
- Eu preciso ir se não vou me atrasar, até depois.
- Até.
...
- O que nós temos agora? – Scott perguntou bocejando.
- Acho que é sociologia com o amor da minha vida. – Stiles respondeu cínico.
- Se você não faltasse tanto nas aulas pra transar talvez ele gostasse mais de você. – Scott sugeriu.
- Ele não gosta de ninguém além da Allison e da Lydia, acho até que prefere a ruiva do que a própria neta. – Os dois chegaram em seus armários que era um do lado do outro, rapidamente começaram a retirar e organizar o material do dia.
Scott riu do melhor amigo.
- Nenhum professor gosta de você, já reparou?
- Isso não é verdade. Kate Argent gosta de mim, e gosta ainda mais dos meus dedos. – Stiles disse de uma maneira sugestiva enquanto levantava a mão e mexia os membros lentamente.
Scott riu e negou com a cabeça.
- Um dia você vai precisar tirar notas boas por esforço.
- Só quando um professor der a matéria, ao contrário disso eu me garanto.
Allison e Lydia chegaram juntas, as garotas foram aos seus armários que eram na ponta dos metais enfileirados.
Conversavam animadas e riam sozinhas enquanto organizavam seus cadernos e livros. Scott e Stiles não conseguiram retirar os olhos das meninas.
Os corações de Scott e Stiles aceleraram sem nenhum motivo aparente além da distante presença das garotas. Observar os sorrisos estampados, os olhos brilharem, a alegria presente em cada gesto, tudo era inexplicavelmente bom.
Mesmo com o corredor cheio de alunos diferentes, nada distraia os garotos. Elas estavam encantadoras, estonteantes.
Stiles sentiu novamente o coração aquecido, aquela emoção diferente e familiar. Era prazeroso observar. Os dois poderiam passar a vida inteira ali.
Lydia estava de costas para os dois e Allison de frente, por esse motivo a morena reparou nos garotos. O sorriso aumentou quando os olhos encontraram Scott.
O rosto do garoto dominado por admiração e carinho, Allison sorriu e Scott também. Sentiram vontade de correr no meio das pessoas, se abraçarem e se beijarem, se declararem quantas vezes fosse possível.
Lydia reparou na amiga, se virou na direção dela e se surpreendeu com Stiles. As íris castanhas brilhavam, transbordavam um carinho exclusivo e diferente.
Foi impossível não sorrir. Os lábios grossos se entortaram ao extremo, as covinhas saltaram do rosto delicado. Stiles devolveu com um sorriso contido.
Os lábios finos esconderam os dentes, os olhos não desgrudaram dela. Era impossível parar de admirar algo tão bonito.
- Sabe de uma coisa, Scott? Acho que tudo está mudando...
...
Gerard estava em pé em frente à sua mesa, existiam anotações no quadro e todos aguardavam em silêncio sentados.
- Pela cara está de bom humor. – Stiles ironizou para Scott ao lado dele, que riu pela expressão rabugenta do professor.
- Bom dia. Página 52, todos os exercícios. Eu vou escolher as duplas.
Diversas pessoas reclamaram, mas o professor ignorou e foi citando os nomes.
- Lahey e Stilinski, McCall e... – Gerard reparou em Allison implorando ao avô com os olhos pedintes, ele suspirou – McCall e Argent.
A morena sorriu e se juntou com o namorado.
- Martin e Hale.
Stiles arregalou os olhos, observou espantado Malia se sentar ao lado de Lydia. Sentiu o coração acelerar com pânico, procurou desesperado o melhor amigo.
Scott estava com a mesma expressão surpresa e nervosa, eles engoliram seco e desviaram os olhos quando o professor começou à passar as instruções.
Stiles queria, precisava ouvir o que as garotas iam falar. Conhecia muito bem a personalidade forte e rude de Malia, se a garota estivesse com ciúmes ou até mesmo ainda irritada pela ocorrido na sala de Coach, o que era bem provável, talvez Lydia tivesse que lidar com situações constrangedoras.
Por sorte, Stiles estava atrás das duas, mas não era o suficiente para ouvir.
- Isaac, empurra a mesa um pouco pra frente.- Ele sussurrou segurando firme a madeira.
- Porque? – Lahey sussurou confuso vendo Stiles começando a fazer força.
- Anda logo! – Ele pediu impaciente.
- Stilinski! – Gerard chamou lá da frente – Mais uma palavra e você e o Lahey vão fazer tudo na orientação.
O garoto bufou e olhou Isaac com raiva, logo depois abriu o livro sem interesse, queria se concentrar nas garotas.
Lydia se sentia estranha, intimidada. Malia copiava os exercícios com uma certa raiva e a expressão estava fechada, parecia fazer algo individual.
Martin se sentiu nervosa, coçou a garganta e se remexeu na cadeira disposta a quebrar o silêncio.
- Se você quiser eu copio e você responde. – Ela disse incerta, a garota parou de escrever e encarou os olhos verdes.
Os olhos de Malia estavam selvagens, irritados ao extremo. Todo o corpo expressava a negação que ela sentia pela proximidade indesejada.
Stiles parou de copiar observando a cena, sentiu um frio gélido subir pela espinha. Teve medo por Lydia, qualquer coisa que Malia fizesse seria ruim de um jeito ou de outro.
Stilinski pensou em chamar as garotas, pedir pra Gerard trocar as duplas, mas não conseguiu. Apenas observou angustiado.
Lydia não se intimidou, encarou fundo os olhos castanhos e se manteve firme perante a ira da garota.
- Cada um faz o seu. – Malia disse voltando para o seus materiais.
- É uma atividade em dupla.
Malia se virou impaciente para Lydia, Stiles se levantou. Afastou com violência demais a cadeira fazendo um barulho estridente atraindo a atenção de todos.
O garoto observou abismado todos voltados para ele.
- Stilinski! – Gerard advertiu pronto para brigar.
- A minha borracha caiu, desculpe. – Stiles mentiu, se abaixou e fingiu pegar o objeto, logo depois de sentou.
- Qual o seu problema? – Isaac sussurrou – Me ajuda aqui, esquece as duas.
- Agora não dá.
Stiles não conseguiu tirar os olhos da cena, novamente Malia devorou Lydia com os olhos.
- Eu sei que é em dupla, Martin. Escutei o professor dizer, mas eu estou dizendo que cada uma vai fazer o seu.
Malia voltou a escrever, mas Lydia não se aquietou. Precisava tirar aquilo à limpo, decidiu conversar sobre o que incomodava a garota.
- Malia.
A morena a ignorou copiando. Lydia se atreveu a pegar a mão do lápis da morena raivosa, porém quando fez isso, automaticamente a garota segurou firme seu punho.
Doeu, mas Lydia escondeu. A pegada foi tão firme e ágil que fez um barulho que atraiu a atenção de algumas mesas em volta.
Todos sentiram o clima pesado, os olhares frios e impetuosos. Stiles sentiu o coração acelerar, aflito ele quis se levantar novamente.
Mas antes que fizesse, Isaac segurou o amigo, que o olhou com dúvida e indignação.
- Fica quieto, Stiles. Você não precisa de mais problemas com o Gerard.
À contra gosto e completamente envolvido, Stiles se sentou novamente sem tirar os olhos das meninas.
Malia ainda segurava o braço de Lydia, a raiva transbordava do corpo forte. A ruiva sustentou o olhar gélido, não se acuou, não se intimidou.
- Não ouse fazer isso de novo, Lydia. – Malia rosnou pausadamente transmitindo a ira.
Gerard estava lendo um livro e não percebeu a movimentação das garotas e nem quantas pessoas observavam a cena. Todas as duplas ao redor das meninas olhavam curiosos.
Lydia se aproximou de Malia com o braço ainda rendido, sussurrou de uma maneira que só ela escutasse.
- Eu não tenho nada com o Stiles, não vou atrapalhar o sexo de vocês. Agora solta o meu braço e copia as perguntas, eu respondo.
Stiles não conseguiu ouvir o que a ruiva disse, mas soube que era ruim pela expressão que Malia fez. A garota encarou Lydia como se ela fosse um pedaço de carne para um leão.
Novamente, quis fazer alguma coisa. Olhou Scott e o amigo já o observava. Como se lesse a mente de Stiles, o moreno negou a cabeça em silêncio fazendo o garoto se remexer na cadeira, inquieto.
- E se eu não quiser, Martin? – Malia apertou o pulso de Lydia, a garota arqueou a coluna e se esforçou ao máximo para esconder, mas o rosto mudou.
A expressão foi tomada por aflição enquanto a de Malia era um misto de satisfação e ódio.
- Isso tudo é pelo Stiles? Eu já disse que não tenho nada com ele. – Lydia insistiu dizendo entre os dentes, se esforçando para ignorar a angústia.
- Mas vai ter, porque ele gosta de você.
Lydia reconheceu algo novo nos olhos de Malia, inveja. Hale queria ele, queria aquela atenção, o carinho dele. No fundo em algum lugar, Lydia conseguiu sentir piedade.
Ela era uma garota ressentida, ignorada por quem amava. Surgiram cochichos de todos os lados das garotas e dessa vez Gerard levantou os olhos para a cena.
Assim que reparou no conflito, se levantou imediatamente abandonando o livro na mesa.
- O que está acontecendo ai? – Ele perguntou atraindo a atenção de todos.
A Hale soltou o braço de Lydia, Stiles quis muito ir falar com ela, saber se precisava de algo ou qual era o motivo da confusão. Mas não foi.
Lydia encarou Malia com uma certa raiva enquanto alisava o pulso levemente vermelho.
- Nada, professor.
Malia sustentou o olhar de Lydia por minutos, e então desviou.
Stiles estava abismado, precisava fazer alguma coisa.
- Lydia... – Ele sussurrou se erguendo de cadeira, curvado sobre a mesa. Confusa, ela se virou para ele – Você está bem?
A ruiva notou o quanto ele estava preocupado e até mesmo irritado, nervoso. Ela não conseguiu falar, ainda alisava o pulso em uma tentativa de relaxar o incômodo persistente.
Ela acenou com a cabeça e se virou.
...
Malia estava sozinha em seu armário, as aulas haviam acabado e o corredor estava deserto.
Stiles apareceu no fundo do corredor sem que ela percebesse, veio pisando alto e duro. A indignação saltava das írias castanhas.
Quando Malia viu Stiles logo seu rosto se fechou mais ainda, mas ela não tentou fugir. Ele apenas parou em frente a ela, observando com repulsa e ódio.
- Que porra você pensou que estava fazendo com a Lydia? – Stiles perguntou alto e claro.
O corpo todo demonstrava aflição e rancor. Sentiu a respiração pesar, as cordas vocais protestaram para se mexerem violentamente ao som grave de sua voz explodindo, mas ele se controlou.
Apertou forte as mãos em punho em uma tentativa de extravasar pelo toque em si mesmo.
A garota o encarou completamente irritada.
- Eu não pensei nada, ela quis mandar em mim e eu não gostei. – Malia disse com a voz dura.
Stiles balbuciou, os nervos convulsionaram dentro de seu corpo, os órgãos balançaram. O corpo pálido estava irritado ao extremo, o auto controle era algo absurdamente necessário mas díficil.
- Era uma atividade em dupla! – Ele exclamou – Você machucou ela!
- Não interessa, ela não tinha o direito.
- Ela não fez nada pra você.
- Não, mas você fez! – Ela gritou – Você fez gemendo o nome dela enquanto era eu que estava com você!
Malia sentiu os olhos arderem, as pernas bambearem. Lágrimas de ódio, ciúmes, desespero e aflição surgiram nos olhos enfurecidos.
Por algum motivo, Stiles sentiu vontade de se explicar.
- Malia, eu não tenho nada com ela.
As lágrimas despencaram e molharam o rosto da Hale, que agora exibia tristeza, arrependimento e raiva, tudo de uma vez em porções variadas.
- Mas você quer ter! Você quer ter... – Ela sussurrou entre as lágrimas – Eu vejo como você olha pra ela, como a provoca e como cuida dela, era assim comigo! – A garota gritou enfurecida, agoniada pela sensação de ser substituída – Eu fui apaixonada por você todo esse tempo e depois que ela apareceu tudo que nós tínhamos acabou! Eu virei só uma transa, Stiles! Uma qualquer! – Malia berrou enquanto chorava, as lágrimas se misturaram no meio de soluços agoniados. A voz triste ecoava pelo corredor deserto aumentando ainda mais a pressão em Stiles.
Ele sentiu pena, ela parecia tão carente e sozinha. Stiles jamais pensou que ela se sentisse daquela forma.
- Isso não é verdade. – Stiles disse baixo, se sentindo intimidado pelo sofrimento que era visível nela.
- Não é verdade? Tudo que eu fiz foi te dar espaço, deixar você transar com diversas garotas enquanto eu só transava com você! – Stiles arregalou os olhos, surpreso com a revelação – Ah é, Stilinski! Você não sabia! Você tirou a minha virgindade, você sempre foi o único cara com quem eu transei! Nunca tive namorados, nem ficantes, nem nada! – Malia ainda gritava, Stiles não teve coragem de pedir que ela parasse. As lágrimas se tornavam cada vez mais pesadas e penosas, o soluço entre cortado era ignorado enquanto Malia cuspia as palavras. – Você é um idiota, Stiles. Um perfeito idiota. – Malia segurou o choro, as lágrimas desceram lentamente.
Stiles estava sem reação encarando o chão frio do corredor, sentiu vontade de chorar, se sentiu um lixo. Todo aquele tempo ele acreditou em mentiras, e ver Malia naquele estado por causa dele mesmo sem intenção, doeu. Toda a ira foi substituída por tristeza.
Doeu pois ele se importava com ela e queria que ela ficasse bem. As lágrimas dela eram como balas perfurando seu corpo, todas direto no órgão mais importante, o coração.
Eles ficaram em silêncio despencando a dor por incontáveis minutos, tudo pairando sobre eles. A pressão, ódio, rancor, inveja, o turbilhão de emoções era persistente.
Aos poucos o choro diminuiu, mas as lágrimas ainda escorriam nas bochechas. Malia se sentiu aliviada por falar toda a verdade na cara de Stiles, se sentiu vingada.
Ainda doía, a mágoa era constante, mas era melhor agora.
- Eu... – Stiles começou a falar, mas a voz morreu. Ele quis gritar por toda a agonia que sentiu. – Eu não quero que isso soe autoritário e muito menos ciumento, mas você não pode transar com o Jackson. – Stiles sussurrou, ele não queria dizer aquilo agora mas não sabia se haveria outro momento.
A ira e o desespero se misturaram com a confusão, antes que ela perguntasse ele se explicou.
- Ele é um nojento, Malia. Só liga pra ele, só liga pro que ele quer e pra transar com a maioria das garotas que consegue.
Malia encarou Stiles séria, piscava lentamente parecendo exausta da confusão, os ombros caídos e a voz séria.
- Olha quem fala.
O estômago de Stiles foi atingido por pontadas doídas de agulhas finas e violentas, sentiu a cabeça doer. Era demais para um dia.
Ser comparado com Jackson era a pior coisa que ele poderia pedir para Malia fazer para magoá-lo. Uma lágrima escorreu do rosto pálido, Stiles sentiu o corpo clamar por descanso de tudo.
Escola, amigos, sexo, tudo. Quis sair dali, ir embora e não voltar mais.
Malia se virou, guardou alguns cadernos e livros na mochila e olhou Stiles novamente. Enquanto as lágrimas no rosto de Malia secavam e endureciam a pele, as bochechas de Stiles ficavam mais molhadas a cada segundo.
Ela não conseguiu se sentir arrependida por ter dito, se sentiu orgulhosa por deixá-lo daquela maneira, exatamente como ele a deixou.
- Obrigada por me ensinar a foder, Stilinski. – Ela saiu em passos duros, o deixando limpando algumas lágrimas com as costas da mão.
...
Stiles foi em direção ao jipe, queria ir para casa tomar um banho e esquecer aquele dia horrível. Mas Lydia estava lá, escorada no veículo esperando por ele.
Stiles hesitou, quis voltar, mas ela já o tinha visto. Agilmente ele limpou lágrimas recentes do rosto segurando as outras que lutavam para escaparem.
Andou até ela e parou em frente, não conseguiu encarar os olhos verdes. Observou o chão sentindo as lágrimas vencerem e saltarem para fora.
O coração de Lydia se apertou tanto que ela achou que fosse morrer, se sentiu sufocada, angustiada por ele. Vê-lo daquela maneira era a pior coisa do mundo.
Ela quis chorar, mas precisava ser forte para ajudá-lo. Levou a mão direita ao rosto virado para o chão, Stiles suspirou com o toque macio e delicado.
Lydia ergueu o rosto dele, as íris castanhas brilhantes estavam escondidas nos olhos fechados. Foi impossível controlar, doeu muito olhar para ele daquele jeito penoso.
Os olhos da ruiva ficaram marejados, mas ela segurou. Stiles controlou a respiração sentindo vontade de arfar alto por alívio simplesmente por ter Lydia por perto em um momento como aquele.
- Stiles, abre os olhos. – Ela pediu em um sussurro.
Ele não obedeceu, se sentiu envergonhado, confuso, enfurecido. Para ele, Lydia não precisava e nem merecia vê-lo naquele estado.
- Stiles, olha pra mim. – Lydia insistiu.
Vencido pela tentação de olhar algo tão arrebatador, Stiles abriu os olhos brilhantes de lágrimas. Os olhos de Lydia passavam tranquilidade e amor, um carinho sem tamanho e original, apenas dela.
O dedo da garota acariciou a bochecha dele, o fazendo fechar os olhos por instantes.
- V-você machucou? – Ele perguntou olhando o braço vermelho – quer ir no hospital? Ou em uma farm...
Lydia não aguentou, era irresistível. Beijou Stiles.
Martin não soube como suportou tanto tempo sem encostar naqueles lábios novamente, mas naquele momento já era tempo demais.
O coração se afrouxou no peito, a maciez da boca fina era como um perfeito remédio, o melhor do mundo.
Stiles fechou os olhos imediatamente, se entregou sem hesitar. Lydia tomou o controle sem usar a língua, controlou os lábios no ritmo dele sentindo o gosto salgado das lágrimas.
Toda a ternura transbordava naquele momento, toda a dor se esvaia junto com a agonia. Stiles se sentiu tão grato, tão feliz por Lydia ter feito aquilo de novo.
Ele queria decorar o gosto daqueles lábios para sempre, explorar cada canto da boca de Lydia e jamais esquecer a sensação.
As mãos trêmulas de Stiles pararam na cintura fina e as de Lydia envolveram o pescoço do garoto. Os lábios iniciaram a dança perfeita, eles começaram no mesmo ritmo e intensidade.
Era exclusivamente deles. Os lábios pareciam feitos especialmente um para o outro.
A massagem experiente dos lábios era apaixonante, remetiam toda a satisfação e o desejo que sentiam. Era tão bom, eles poderiam derreter um na boca do outro.
Stiles não suportou a tentação dos lábios grossos, mordeu o lábio inferior de Lydia e puxou si. Ela gemeu baixo demonstrando o quanto gostou.
Os cheiros misturados, o toque, tudo era especial. Sentir aquilo de novo foi como ir ao céu, os dois sentiam aquilo.
Lydia não queria parar mesmo que o rosto doesse, mas quem cessou os movimentos foi Stiles. Aos poucos ele diminuiu o ritmo e então afastou os lábios, mesmo que a contragosto.
Stiles não conseguiu dizer mais nada, apenas abraçou a garota. Saboreou o perfume, sentiu o corpo quente e bonito próximo.
Os dois estavam colados, eram um só.
- Obrigado, ruiva. – Ele sussurrou.