Histórias do Chalé - Relatos...

By nascidigo

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Como um sádico Serial Killer se forma? Como Florêncio Bahn Linderberg se tornou o homem capaz de caçar, tortu... More

Uma palavra
#01-Olho Cinzentos
Persona 01 - Florêncio
#02- Estrela
#3- Ludovic Bahn
#4-Maurice Vallar
#5-Frida Vallar
#6 -Sol Escarlate
#7-Viva La Vitta
#8-Amizade indesejada
#10- Perto como a pele.
#11- O Senhor de Tudo
Aviso!
#12- Liberdade, doce liberdade.
#13- Ligações de Sangue
#14-Empatia
#15- Ladeira abaixo
# 16- Retaliação
#17 - Nova Fase
#18 - Estréia
#19- Adrian
#20- Controle
#21- Maria Neuma
#22- Novo Milénio
#23 - Carta Linderberg
Agradecimentos

#09 - Novas práticas

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By nascidigo


Em algum momento no primeiro ano na faculdade, alguém me disse que se deixar dominar pelo medo, é deixar de viver o completo potencial da vida. Não chegou a ser uma frase de enorme efeito em mim, levando em conta que nunca fui dado a medos, mas de alguma forma isso ficou gravado em minha mente, e por muitas vezes durante minha vida recordei tal frase, em momentos que algo chegava perto de me fazer temer. Naquelas férias de verão, enquanto as pessoas tentavam entender o que teria acontecido com Melissa e Guto, eu estava focado em não deixar transparecer qualquer evidência que eu conhecia o casal.

Foi mesmo um golpe de pouca sorte ter encontrado justamente os amigos de Frida, e eu não conseguia entender porque eles não mencionaram que estavam indo para a cidade, ou que conheciam minha noiva. É bem verdade que eu não cheguei a mencionar que era noivo da Frida, mas se tivesse tido qualquer sinal de que eles tinham a ínfima ligação com ela, eu teria mudado de ideia, antes de começar a fazer tudo aquilo. Não era um sentimento de arrependimento, até porque eles me proporcionaram momentos realmente bons, era mais um lamento por fazer Frida novamente estar preocupada com alguém próximo a ela. Eu já tinha jurado não fazer ela sofrer dessa forma, e tentava me convencer que ela não teria como saber o que eu tinha feito.

Eu tenho plena consciência que em muitos momentos de minha vida me coloquei em risco, e realmente cheguei perto do limite, mas na maioria das vezes eu sabia exatamente o que estava fazendo, mesmo nos momentos em que ia um pouco longe demais. Pensando nisso agora, nada que fiz nesses muitos anos, foi tão perigoso, e potencialmente destrutivo, quanto esse diário. A leitura dessas páginas, por quem quer que for pode levar a minha ruína, sei que de uma forma literal, minha mãe ficaria ao meu lado, ou pelo menos não me abandonaria, apesar de não concordar com meus atos. Mas quanto ao meu pai, não tenho nenhuma opinião completamente formada, e nem mesmo tenho certeza se ele seria capaz de passar por cima de suas convicções para me proteger, ou encobrir meus atos impugnáveis diante da conduta moral, e ética que têm.

Meus antepassados tinham esse costume de escrever sobre suas aventuras em busca da verdadeira essência de ser um Linderberg, mas era diferente para eles, que desde sempre se tornaram mestres de suas próprias vidas, e senhores de seus destinos. Não é assim comigo, embora sendo herdeiro de tudo que nossa família conseguiu construir, e possivelmente em breve casado com uma jovem com fortuna equiparada a nossa, eu ainda dependo do meu pai. E diante do mundo sou apenas mais um garoto rico, que consegue tudo que quer. No entanto até que tudo isso esteja sobre meu poder, eu terei que mesmo que aparentemente obedecer às regras absurdas de meu pai.

Por muitas vezes pensei em não continuar a escrever aqui, mas sempre cai sobre mim a consciência de que isso é parte de meu legado, e que esses cadernos logo estarão junto da outra centena de diários deixados por aqueles que vieram antes de mim. E quem sabe no futuro, outro garotinho perdido, sem saber o que realmente é nessa vida, desça ao mesmo porão, como fiz há anos atrás, e encontre esse tesouro, e nas páginas desses cadernos descubra seu verdadeiro eu, e se disponha a dar prosseguimento ao seu legado de família. Tenho sinceras esperanças de que sejam o filho que Frida me dará em breve, pois mais fortemente meu sangue correrá em suas veias, e deve então ter meus melhores traços.

Frida insistiu muito que hospedassemos as famílias de Melissa e Guto, não era de meu agrado, mas meus pais aceitaram a ideia sem pensar muito. Ela e sua mãe, agora moravam conosco, pois a Tia não achava confortável viver sozinha em sua casa, enquanto a filha estava na universidade. A casa sempre foi enorme, e acomodaria um exército se fosse preciso. Então diante do pedido de minha noiva, não houve qualquer relutância dos verdadeiros donos da casa. No entanto as semanas foram passando, e apesar das pequenas pistas que a polícia encontrou na estrada, alguns testemunhos de pessoas que alegavam ter visto o carro deles na estrada há alguns quilômetros da entrada principal para a cidade. A verdade é que nada indicava que eles tinham sequer passado por perto de São João do Maraca, e diante do esfriamento das investigações, as famílias acabaram decidindo voltar ao Espírito Santo.

A prudência me aconselhou a não fazer nada mais durantes os dois meses que restavam das férias, e assim esperei pacientemente a poeira abaixar. Fiz planos de que quando retornasse à capital alugaria um pequeno galpão, ou casa, para ali executar minha missão, mas acabei demovendo de minha mente essa ideia, pois isso era além de arriscado, era imprudente demais. Decidi então que cada vez que quisesse fazer algo, seria no chalé, não era grande coisa rodar quase duas horas para chegar lá, e eu poderia retornar antes de Frida se dar conta que não passei a noite na cidade. Frequentemente eu ficava até de madrugada estudando com amigos, ou apenas jogando conversa fora, então não levantaria suspeitas. As vítimas agora teria que ser mais acessíveis, porque teriam que passar muito tempo na viagem comigo, melhor seria se estivessem de acordo com a viagem. Alguns dos rapazes da faculdade haviam me dito que numa rua do centro havia grupos de moças, e até rapazes que se prostituíam, e essa informação ajudaria muito. Ainda nas férias decidi que iriam pegar um desses ditos "prostitutos", porque se tal função é feia para mulheres, é ainda pior para homens que podem conseguir os prazeres da carne sem precisar ser pago para isso. Durante alguns momentos que estava sozinho no chalé, e até mesmo em meu quarto na casa de meus pais, eu treinava um pouco uns trejeitos dos rapazes alegres, que já tinha observado nas ruas, pois achei que seria mais convincente se tais profissionais do sexo achassem que eu era um extraviado a procura de diversão.

Para minha alegria as férias acabaram, e pude retornar para o lugar que mais gostava depois do chalé, minha casa na cidade grande. Eu estava eufórico com a possibilidade de colocar todos meus planos em prática, ainda mais com essas pessoas que nunca poderiam ser ligadas a mim. E em meu chalé, onde ninguém ia na minha ausência, já que não tinham cópias das chaves. Tive sorte pois já no primeiro fim de semana na capital, Frida decidiu sair com as amigas para matar a saudades acumuladas nas férias, e eu a incentivei a ficar o quanto quisesse, pois eu mesmo iria dar umas voltas pela cidade, e não sabia quando retornaria. Assim que ela saiu, parti para o centro, e não foi difícil encontrar os tais rapazes, tal qual haviam me dito lá estavam dois deles, encostados num edifício abandonado, e fumando. Considerei arriscado me aproximar quando tinha dois deles, não queria testemunhas, então esperei. Meia hora depois, um deles recebeu um sinal de um carro que passou, e correu para embarcar no carro mais a frente, deixando o loiro, e pouco atlético ainda encostado no edifício. Percebi que era assim que eles pegavam seus clientes, e dei partida no carro, quando passei pelo jovem, ergui a mão, e a balancei, deixei o carro parar alguns metros a frente. Ao contrário do outro, ele deu mais uma tragada, jogou o cigarro no chão, e andou calmamente até meu carro, entrando pela porta do passageiro. Sem esperar, ele disse:

-Cobro quinhentos por duas horas, se for para fora da cidade, um adicional de cento e cinquenta por cada hora. Pode pagar?

- Que tal setecentos adiantado pelas primeiras duas horas, e pelo restante da noite o seu preço habitual? - Falei jogando um pouco a cabeça, numa tentativa absurda de ser mais feminino.

- Onde está o dinheiro? - Ele disse sem esperar eu continuar

- No porta luvas, pode separar, por favor. - Ele abriu o porta luvas e pegou um maço de dinheiro, enquanto eu dava partida, e dizia - Vamos para fora da cidade, no interior, essa noite você me dará todo prazer que puder.

- A noite é sua meu senhor - Ele disse segurando o maço de dinheiro.

- E ela é uma criança... - Eu completei.

Ele não era pessoa mais falante do mundo, eu estava revisando o plano em minha mente, então praticamente fomos em silêncio pelo percurso, quando ele notou que eu estava indo pela rodovia, fez um comentário que os homens sempre escolhiam lugares muito mais afastados para fazerem suas contraversões, enquanto as mulheres preferiam ficar próximas de casa, talvez para conseguirem ouvir caso o marido chegasse, ou o filho chorasse mais alto. Eu me limitei a fingir um sorriso aberto, e me concentrei na estrada. A noite já era alta quando chegamos, e eu lhe dei meu tão conhecido uísque batizado com sonífero. Minutos depois ele estava caído no sofá, e eu o carreguei até o porão, fazendo uma marcação mental de comprar um carrinho para carregar os corpos dentro de casa. Fiz um serviço rápido e limpo com ele, enquanto ouvia ele me chamar de sádico, e alguns palavrões, mas não levei por mal, deve ser mesmo terrível ter o ligamento cruzado posterior dilacerado, abrindo o joelho. Ou ainda sentir uma mão invadir seu tórax, como se fosse um pescado que precisa ser limpo de suas vísceras, para ser servido. As pessoas têm a triste mania de querer se libertar rapidamente, muitas vezes enquanto eu ainda estava disposto a me divertir com elas. Mas foi uma meia hora louvável enquanto ele tentava resistir a dor, e argumentar. Acabou entregando os pontos após eu jurar que ele seria melhor bem pago no céu, agora que estava purificado de sua luxúria.

O enterrei no cemitério de minha família, e mesmo cansado, refiz o caminho para a capital. Era quase duas da manhã quando entrei em casa, e Frida dormia pesadamente na sala. A carreguei no colo até o quarto, e fiquei a observando até cair no sono também, tendo como último pensamento, o quanto eu amava aquela garota ingênua.

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Como vocês estão do lado daí?

Um pouco mais de histórias do Linderberg... O que estão achando do livro, e quais as expectativas para os próximos capítulos.

Eu estou adorando escrever cada parte dessa narrativa...

Não esqueçam de votar, e comentar, por favor.

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