Por Nossos Filhos

By AllanaCPrado

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"-Quer saber... eu esperava que não, mas o tempo te fez um completo idiota. Seus pais finalmente conseguiram... More

SINOPSE E AVISOS
INTRODUÇÃO - PARTE 1
PNF - Capítulo 01
PNF - Capítulo 02
PNF - Capítulo 03
PNF - Capítulo 04
PNF - Capítulo 05
PNF - Capítulo 06
PNF - Capítulo 07
PNF - Capítulo 08
PNF - Capítulo 09
PNF - Capítulo 10
PNF - Capítulo 11
PNF - Capítulo 12
INTRODUÇÃO - PARTE 2
PNF - Capítulo 13
PNF - Capítulo 14
PNF - Capítulo 15
PNF - Capítulo 16
PNF - Capítulo 17
PNF - Capítulo 18
PNF - Capítulo 19
PNF - Capítulo 20
PNF - Capítulo 21
PNF - Capítulo 22
PNF - Capítulo 23
PNF - Capítulo 24
PNF - Capítulo 25
PNF - Capítulo 26
PNF - Capítulo 27
PNF - Capítulo 28
PNF - Capítulo 29 - PARTE II
PNF - Capítulo 30 - PARTE I
PNF - Capítulo 30 - PARTE II
PNF - Capítulo 31
PNF- Capítulo 32
PNF - Capítulo 33
PNF - Capítulo 34 - PARTE I
PNF - Capítulo 34 - PARTE II
PNF - Capítulo 35
PNF - Capítulo 36
PNF - Capítulo 37
PNF - Capítulo 38
PNF - Capítulo 39
PNF - Capítulo 40
PNF - Capítulo 41
PNF - Capítulo 42
PNF - Capítulo 43 - PARTE I
PNF - Capítulo 43 - PARTE II
PNF - Capítulo 44
PNF - Capítulo 45
PNF - Capítulo 46
PNF - Capítulo 47
PNF - Capítulo 48
PNF - Capítulo 49
EPÍLOGO - CAPÍTULO 50
I have a little message for you..

PNF - Capítulo 29 - PARTE I

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By AllanaCPrado

[Rodrigo Aguilar]

Caminhei a passos receosos em direção àquela mesa – eu ainda duvidava que o Miguel estivesse mesmo ali no restaurante e pedindo pra falar comigo – e em nenhum momento desviei meus olhos para qualquer outro lugar que fosse. Talvez com medo de que ele se transformasse em uma nuvem de fumaça e eu percebesse que tudo não passava de sonho, por falar em sonho, vieram alguns vislumbres estranhos em minha mente enquanto eu o encarava e a distancia entre a gente só diminuía. Estávamos na minha casa, sabe-se Deus como e porque, e alguma conversa sobre a Bisteca – minha cachorrinha – acontecia, enquanto estávamos deitados no... chão do banheiro? Isso não poderia ser mais estranho.

Inclusive é estranho até pra mim.

Por fim, acabei por dar fim de vez no espaço entre a gente e cheguei a sua mesa.

—Oi. Chamou? – Chamei a atenção, fazendo com que ele me olhasse e imediatamente largasse o garfo da sobremesa dentro do prato.

Uh! Eu poderia facilmente espetar esse garfo na sua mão, sair correndo e permanecer foragido por uma década. Porque sim, claro, ele iria me denunciar por isso.

Mas, ao invés de fechar a cara, me acusar de ser responsável pelo aumento do aquecimento global e todas as desgraças do mundo – sim, era isso que eu estava esperando – ele sorriu um pouco, minimamente, pra mim e confirmou com um aceno de cabeça.

—Sim, eu...

—Chamou o Chef? Eu sou o Chef. Aconteceu alguma coisa? A comida tá ruim... Achou um dente na comida?

—Um dente? – Ele perguntou confuso. – O que vocês andam fazendo pra perderem um dente na cozinha. Devo me preocupar?

Voltou a perguntar e sorriu. Sorriu. Aquilo era a porra de um sorriso, e era sincero, teve até direito a covinhas e tudo. Acho que o primeiro que ele deu em direção a mim depois da sua volta.

—É... é... hum, não. – Tá legal, talvez eu tenha me desestabilizado um pouco com isso. – Hum... Algum problema por aqui?

Perguntei me referindo ao seu chamado pra mudar de assunto e não deixar transparecer o quanto eu estava encabulado com aquilo.

—É... não. Eu estava trabalhando aqui perto e resolvi parar pra jantar... bom, na verdade... é... queria saber como você estava depois da noite... no casamento e tal.

Agora quem parecia encabulado era ele. Ué. Por que fazia tanta diferença pra ele saber como é que eu estava depois de uma noite de bebedeiras naquele casamento? Afinal, eu não fazia diferença pra ele, fazia? E por que ele se deu ao trabalho e vir me perguntar aquilo? Já que me viu a noite inteira e mal moveu uma palha pra ajudar.

Definitivamente o Miguel me deixava cada vez mais confuso.

—É... é... – Não gagueja, inferno. – Tô bem, eu acho. Foi imprudência demais eu beber e voltar dirigindo, mas ainda bem que não aconteceu nada.

Falei e vi seu rosto se contorcer em uma expressão que beirava a confusão, franzindo as sobrancelhas e semicerrando os olhos com aquilo que eu tinha acabado de falar, ele permaneceu assim por alguns segundos a fio para só então depois começar a falar:

—Voltar dirigindo?

—É. Eu não me orgulho disso, tá legal... se bem que eu nem me lembro direito o que aconteceu depois de um certo horário, mas aprendi a lição e nunca mais vou fazer isso.

—Você não se lembra...

Sussurrou e naquele momento e presumi que aquilo era mais pra si do que pra participar da conversa. Depois eu que sou o doido!

—Amnésia alcoólica, talvez. – Me senti no dever de responder, embora eu já não soubesse mais se ainda participava daquela conversa. – Não me julga, quem nunca?

Tentei descontrair o clima, mas ele somente deu uma risada fraca, sem mostrar os dentes e tornou a fitar o arranjo da mesa na sua frente. Eu tive a impressão de que ele esperava algo de mim – sei lá, parecia decepcionado, melhor se acostumar, pois todo mundo que me conhece mais a fundo fica decepcionado – e eu não soube dizer exatamente o que era. Aquele novo Miguel, ou a versão mais velha dele, ainda era bem indecifrável pra mim. Sendo assim, era melhor deixa-lo com seus pensamentos, visto que a conversa não iria pra frente e estava esquisita demais pro meu gosto, e voltar aos meus afazeres:

—Eu... eu vou voltar, tá... já que esta tudo bem por aqui.

Disse gesticulando desengonçadamente o ar e olhando pra ele que ainda parecia perdido em pensamentos e ainda não me olhava, mas quando eu comecei a me virar pra ir embora, já desistindo de ter uma resposta sua, ele voltou a falar:

—Rodrigo, espera.

Me virei automaticamente ao seu chamado e encontrei as orbes castanhas claras me observando com um pouco de cautela, desviando por varias e varias vezes o olhar pra baixo. Ele estava mesmo sem jeito?

—Sim? – O incentivei a falar.

—Tá livre amanhã? Quer dizer... e-eu preciso terminar aquele trabalho das fotos que comecei, não gosto de deixar as coisas pela metade, então...

—Você quer terminar?

Valha-me Deus!

—Si-sim. Se estiver tudo bem pra você, eu posso ir à sua casa amanhã.

—Você quer terminar na minha casa?

Valeime minha Nossa Senhora!

Ele esta mesmo meio que se oferecendo pra ir na minha casa terminar as fotos que não terminou, cujo a ultima vez deu merda por que eu o agarrei? Eu realmente esperava que depois daquilo ele nunca mais quisesse colocar os pés na minha casa, o que está acontecendo? A única explicação mais sensata e plausível que eu consegui pensar foi que o verdadeiro Miguel morreu e foi substituído por um mais legal.

Igual a Avril Lavigne.

—Se não houver problemas pra você...

—N-não. Tudo bem. – Confirmei a ele, embora eu estivesse mais confuso do que o meme da Nazaré. – O horário que estiver bom pra você.

Aceitei, já que ele parecia bem convicto daquilo que iria fazer, e então sorri sem dentes pra ele que retribuiu também de forma contida e logo depois eu fui obrigado a voltar a trabalhar. Mas, claro, com o pensamento naquilo que acabara de acontecer.

...

Nunca uma noite demorou tanto a passar como aquela, pior, eu nunca estive tão distraído... quem eu quero enganar? Eu sou um poço de distração... Mas eu nunca estive assim antes.

Será que o fato dele querer terminar aquelas fotos em casa como da ultima vez, sem aparentemente se importar com que aconteceu entre nós e visivelmente estar mais agradável comigo, significava alguma coisa? Não que eu esteja me iludindo... claro eu não. Obviamente obvio.

Naquela noite, e boa parte da manhã quando acordei no outro dia, foram destinadas a manter meu pensamento no que aconteceria logo depois, não que fosse acontecer alguma coisa, mas só o fato dele estar vindo pra minha casa em algumas horas, me deixava meio sei lá.

—Ô pai... – Meus olhos se focaram novamente porque Yuri sacudia a mão em frente aos meus olhos e chamava minha atenção.

—Quero sim.

—Quer o que? Eu não estou te oferecendo nada... enfim... vai precisar do carro?

—Não. – Respondi rapidamente. – Pode pegar. Aproveita e passa no posto, coloca gasolina, verifica o óleo e da uma lavadinha, tá. Eu não tenho tempo pra fazer isso.

Pra que serviria os filhos se não fossem para serem aproveitados?

—Não quer que eu compre outro carro também?

Ele murmurou enquanto pegava as chaves e saía, mas eu consegui ouvir mesmo assim e revirei os olhos com a falta de colaboração. Adolescentes são todos ingratos.

Eu queria muito poder falar que não fiquei olhando para o relógio a cada minuto que se passava quando percebi que a qualquer momento ele poderia chegar, eu queria, mas é que a verdade não foi bem essa. Preparei os pratos, um pouco diferentes que da ultima vez, e sabe-se lá porque, também tomei um banho mesmo não sendo a hora. Sentei no sofá despreocupadamente, ou melhor, fingindo estar despreocupadamente e liguei a televisão enquanto acariciava os pelos da Bisteca.

—O Miguel vai vir aqui... é, o Miguel, aquele que eu te contei. Papai também não sabe o que deu nele, ele parecia tão convicto a manter distancia de mim... Seja como for, você promete pra mim que não vai abanar o rabo pra ele? Hein filha? – Fiz carinho na sua cabeça – Nem deixar ele te fazer carinho na orelha assim... só o papai pode fazer isso, e outra, ele não é do bem.

Terminei meu monólogo com minha cadelinha que parecia estar zero por cento interessada em mim no momento em que a campainha tocou, me fazendo dar um pulo de susto e levantar rapidamente. Ainda bem que ninguém viu essa cena patética.

Respirei pra me recompor e fui abrir a porta a passos muito bem calculados e estrategicamente programados pra não acabar tropeçando nos meus próprios pés e cair. Não que isso já tenha acontecido alguma vez, né...

Claro que era ele, ao abrir a porta dei de cara com sua figura parada ali e gritei por dentro, ele era tão... aaaaa. Vestia bermuda e uma camiseta despojada – visto que não deve ter sentido a necessidade de se vestir formalmente já que viria até a minha casa – e carregava sua maleta consigo.

—O-oi. Entra. – Onde você quiser, acrescentei mentalmente.

—Oi. – Correspondeu, lançando um sorriso de simpatia e passado por mim que ainda estava parado na porta, pude sentir o cheiro gostoso do seu perfume e imediatamente me veio na cabeça a ideia de comprar o mesmo perfume pra passar no travesseiro e dormir agarradinho. Quem nunca? – Ah... oi pra você também.

Fui tirado dos meus planos para o futuro quando o vi se abaixar e coçar a cabeça da Bisteca, enquanto ela, isso mesmo, abanava o rabo pra ele e se roçava nas suas pernas.

Traidora!

—Bisteca, vai deitar.

—O nome do seu cachorro é Bisteca? – Ele indagou curioso.

—Cadela. – Corrigi. – Sim, Bisteca Aguilar, né filha?

—Você é um cozinheiro e, consequentemente, cozinha bistecas... como se sente?

Era evidente o quanto ele segurava o riso, mordendo os lábios e cerrando os dentes, mesmo assim a covinha não deixou de aparecer tímida ali na sua bochecha.

—Eu sei separar as coisas, tá. Eu queria algo que remetesse aquilo que eu faço, aquilo que eu sou. – Me defendi e vi ele assentir e deixar de vez o sorriso escapar.

—Se algum dia eu tiver algum cachorro, ele vai se chamar Nikon então.

—Ou Mega... de megapixels, sabe.

Argumentei já totalmente solto e decidido a fazer brincadeiras e tratá-lo normalmente, eu perdoo rápido, ele também parecia ter a mesma ideia e em nenhum momento eu senti aquela tensão que existiu entre a gente da ultima vez.

—É uma boa ideia, eu acho... então, podemos começar?

Perguntou parado no mesmo lugar e me olhando com a postura séria que eu já tinha visto quando estava trabalhando. O levei então para a cozinha e, sem precisar explicar muito, ele começou a fazer oque sabia de melhor.

—Essas câmeras me dão a impressão de poderem capturar até a minha alma.

E lá vou eu fazer de tudo pra puxar assunto com ele, estava com saudades disso. Eu tinha uma de suas tantas lentes na mão, enquanto ele ajustava vez ou outra algo que estava além da minha capacidade e clicava meus pratos.

—É... elas são de ultima geração, trabalho com isso e tenho que estar atualizado, mas sabe... eu sou bem mais fã das antigas, elas têm uma coisa... Eu não sei explicar, mas eu adoro trabalhar com câmeras de cinco, dez anos atrás.

Ele dizia sonhador, nem se dando conta do quanto sorria ao falar sobre aquilo. Talvez as câmeras sejam o verdadeiro e único amor da sua vida, e eu poderia lidar com isso.

Espera... o que?

—Sabe o que isso me lembrou? – Pigarreei e balancei a cabeça pra afastar aquele pensamento. – De uma câmera instantânea que eu tinha, mas que alguém pegou emprestado e não devolveu mais.

Minha especialidade é jogar na cara, era obvio que ele ia se tocar de que eu estava falando dele, tanto que no mesmo momento parou a câmera que levava ao rosto na metade do caminho e fitou o vazio.

—Você se lembra muito do passado, Rodrigo. – Embora seu tom tenha se tornado mais sério, eu não senti nenhuma repreensão naquela sua frase. – Esse é seu problema.

—Você não?

—Eu não o que? – Ele se tornou confuso, olhando pra mim e franzido as sobrancelhas.

—Não se lembra nem um pouco do passado? Quer dizer... – Tentei disfarçar aquilo que dizia, mas inevitavelmente minhas mãos levadas ao peito, apertando a correntinha presa ao meu pescoço, denunciavam o quanto falar aquilo, e ainda com ele, me deixavam abalado. Porque, quem eu queria enganar? A Raquel sempre esteve certa, eu mesmo nunca consegui de fato superá-lo. Os relacionamentos curtos, e fracassados, que tive eram justamente a prova disso. Eu sempre consumi mais do meu tempo tentando pensar naquilo que foi tirado da gente, e em como na época não podemos fazer nada a respeito, do que me forçando a tentar superar. Agora eu queria sabe o que ele pensava e sentia a respeito disso. – Quer dizer... estar vivendo tudo isso aqui, estar de volta ao Brasil, ter sua filha namorando com meu filho, não te faz pensar nem um pouquinho no passado? No nosso passado?

***
Como a maioria vence kk, a segunda parte do capítulo eu posto amanhã

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