REALIDADE (TRILOGIA "SONHOS"...

By jessyescritora

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O FIM DA TRILOGIA... CLAUS ESTÁ DOENTE E ALLY MAIS UMA VEZ SOZINHA. MAS A VIDA TEM OUTROS PLANOS PARA A NOSSA... More

PERSONAGENS
"DOENTE..."
"MORRA..."
"ABANDONADOS..."
"MORTO..."
"DESPEDAÇADO..."
"OSSOS..."
"FESTA..."
"ESCRAVA..."
"ABUSADA..."
"GRÁVIDA..."
"INTOCÁVEL..."
"LORD..."
"TENTAÇÃO..."
"ILUSÃO..."
"NOITE PASSADA..."
"FUGA..."
"DISTANTE..."
"SOZINHO..."
"PREMATURO..."
"ROUBADO..."
"DEMÔNIO..."
"EPÍLOGO..."

"ORDENS..."

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By jessyescritora

Acabo de receber uma notícia, que para uma mãe, talvez seja a pior notícia para se ouvir. Há poucos minutos, Lord Supremo me disse que Henrik tem menos de dois dias de vida.

O motivo?

É aí que está... Eu não sei.

Quando questionei Lord Supremo... Ele simplesmente se virou e foi embora. No momento em que tentei ir atrás dele, um Lord apareceu na minha frente dizendo que não tenho permissão para deixar o quarto. Ouço conversas do lado de fora, e pouco tempo depois, Lord entra segurando uma bandeja com frutas.

   - Olá, Ally. Tudo bem?

   - Não.

   - O que houve? - Ele coloca a bandeja em cima da cama.

   - Lord Supremo veio até aqui me dizer que meu filho está morrendo.

   - Ele lhe disse isso?

   - Disse...

   - Estranho, porque seu filho está ótimo. Aliás, eu vim buscá-la para que possa vê-lo.

   - Sério? - Meu peito se enche de alegria.

   - Mas antes deve comer. - Ele aponta para a bandeja.

   - Finalmente posso comer alguma coisa sem sangue e...

   - Sim.

   - Sim o quê?

   - Estava pensando se colocávamos sangue nas refeições enquanto estava grávida.

   - E colocavam?

   - Sim. Sangue de Lord é bem melhor do que de Demônio, não acha?

   - Bem melhor. - Sorrio.



   - Não consigo comer mais nada. - Jogo o último morango na bandeja.

   - Precisamos esperar Lord Supremo deixar o Castelo.

   - Está desobedecendo  ordens?

   - É... Acho que estou. - Ele ri... Eu acho.

   - Vocês podem assumir suas formas verdadeiras?

   - A de quando eramos Humanos?

   - Sim.

   - Podemos. Por quê?

   - Porque os médicos não eram iguais a você.

   - Bela observação.

   - Por que não assume sua forma verdadeira?

   - Já assumi uma vez...

   - Eu quero ver.

   - Minha forma Humana? Ah, nem pensar.

   - Por quê?

   - Porquê... - Ele para e me olha por um momento, eu acho. - Você é linda, sabia?

   - Não mude de assunto...

   - É sério, você é linda.

   - Obrigada. Mas ainda quero ver sua forma Humana.

   - Não vai desistir tão fácil, não é?

   - Não. - Sorrio.

   - Está bem. - Lord se levanta e para. Suas mãos, que antes eram apenas ossos, começam a formar carne e pele, o corpo por baixo do grande manto aumenta e o pano vai moldando os músculos. O vazio que existia sobre o seu pescoço vai sendo preenchido por uma pele morena, cabelos negros, olhos verdes e uma boca que está me dando vontade de beijar.

   - Você é lindo... Quer dizer... - Droga.

   - Tudo bem... - Ele sorri. Agora sim, tenho certeza.

   - Posso te chamar de Rodrigo?

   - Claro... Afinal, esse é o meu nome.

De repente, a porta se abre e um médico aparece.

   - Lord Supremo deixou o Castelo.

   - Obrigado, Samuel. - Diz Rodrigo. Ele estende a mão para mim. - Vamos?



Estamos caminhando por um corredor extenso. Ao passar pelas janelas, percebo que todos os quartos estão ocupados por mulheres... Algumas grávidas, outras com bebês no colo.

   - São todas mulheres de Demônios. - Diz Rodrigo.

   - E por que estão aqui?

   - As resgatamos. - Ele para e frente a uma janela de um dos quartos, cuja a paciente está em trabalho de parto. - Não acha que merecem uma vida melhor?

   - Por isso as resgatam... Acham que merecem liberdade.

   - Vamos.

Voltamos a caminhar.

   - Por que devíamos esperar Lord Supremo sair do Castelo se estamos no hospital? - Pergunto.

   - Todo o sistema de segurança deste hospital está instalado no quarto do Lord Supremo. Ele pode ver e ouvir tudo o que acontece em todos os quartos... Em todo o hospital.

   - Todo o hospital é de vocês?

   - Somente o último andar, o resto do prédio pertence aos Humanos.

   - O que eles pensam que vocês fazem aqui?

   - Bem... Para os Humanos, este andar serve para pesquisa. Por isso os Lords assumem suas formas Humanas. Caso algum Humano entre aqui, não vai ter problema.

   - Entendi. Mas como sabe que Lord Supremo não está vindo para cá? Ele saiu do Castelo e...

   - Neste exato momento, Lord Supremo está na casa da floresta conversando com Caleby.

   - Como pode ter tanta certeza?

Ele para e me olha de lado, um sorriso lindo se formando em seus lábios.

   - Você é teimosa.

   - Eu sei... - Sorrio.

Todo o percurso que fizemos desde o meu quarto até a Ala dos recém-nascidos, Rodrigo segurou a minha mão... E é claro que retribuí o gesto. A Ala dos recém-nascidos é grande, cada bebê fica em um quarto, e cada quarto é equipado conforme o bebê hospedado nele. Em todas as portas há uma pequena placa de metal com o nome do bebê. Nos aproximamos de uma porta azul, no alto está gravado o nome "Henrik". Rodrigo se vira para mim antes de abrir a porta.

   - Está pronta?

   - Estou.

   - Não tenha medo... - Ele abre a porta.

O quarto é amplo e azul... Bem azul. Cortinas azul-claras impedem que a luz do sol atravesse as janelas, um sofá azul-marinho está no canto. Ouço gemidos vindos de um berço azul-claro com desenhos de chupetas decorando as grades. Me aproximo do berço e vejo uma pessoinha enrolada em um manto... Claro que também da cor azul. Henrik me fita com olhos verdes, contrastando com o quarto azul. Ele abre um lindo sorriso.

   - Oi... - Sussurro. Lágrimas caem dos meus olhos. Com cuidado, pego Henrik no colo.

Sua pele é de um rosa forte, quase vermelho. Com sua mão pequena, ele agarra o meu dedo indicador com firmeza. Parece que tudo o que passei antes e durante a gravidez, todos os sentimentos ruins. Tudo se perde nesse momento. Nunca pensei que sentiria algo assim... Eu sou mãe.

   - Ele reconhece você. - Rodrigo que me tira do devaneio.

   - Por que a pele dele é dessa cor?

   - Não se preocupe... A cor vai mudar. Essa é a cor da pele nova.

   - Você é lindo... - Sorrio para a criaturinha em meus braços. - Por que os olhos verdes?

   - É uma característica dos Bruxos...

   - Tinha razão... Ele é a cara do Lúcifer.

   - Temos que dizer alguma coisa par o Caleby... - Ele sorri para Henrik.

   - Por que não contamos logo a verdade? - Olho para ele.

   - Não faça isso...

   - O quê?

   - Me olhar desse jeito... Meigo.

   - Está bem. - Sorrio e volto meu olhar para Henrik. - Eu te amo...

   - Ele vai receber alta amanhã... Vamos poder voltar para o Castelo.

   - Como assim "vamos"?

   - Bem...

   - Ficou aqui esse tempo todo?

   - Fiquei...

   - Por quê?

   - Não queria abandonar você.

   - Não queria me abandonar? - Fico tensa.

   - Não, eu...

Somos interrompidos pela entrada de Lord Supremo.

Droga.



   - Estou vendo que não conseguiu manter sua promessa, Rodrigo. - Lord Supremo fecha a porta ao entrar.

   - Senhor, eu...

   - Cale-se! Você me desobedeceu.

   - Senhor...

   - Cale-se! Vai ser punido por isso.

   - Não foi culpa dele. - Coloco Henrik no berço.

   - Com todo respeito, Ally... Você não está a par da situação.

   - Ele só me trouxe aqui para ver o meu filho, já que você não foi capaz de fazer isso. - Pronto, falei.

   - Como ousa se dirigir a mim com este tom? - Lord Supremo dá um passo a frente.

   - Usei o mesmo tom que você usou comigo quando me proibiu de ver o meu filho.

   - Eu estava zelando pela sua segurança.

   - Eu estou bem...

   - Não sabe o perigo que está correndo ao lado desse Monstro. - Ele aponta para o bebê adormecido no berço.

   - Monstro? Não, eu corro perigo ao seu lado. - Tento não aumentar o tom de voz para não acordar Henrik.

   - Como pode ser tão ingrata? Tirei você das garras do Lúcifer, te dei uma vida.

   - Não... Rodrigo me tirou das garras do Lúcifer, ele me deu uma vida.

   - Já chega. Vamos voltar, Ally. - Rodrigo segura a minha mão.

   - Por que não conta a verdade, Rodrigo? - Lord Supremo barra a nossa saída.

   - Por favor, Senhor... Não. - Rodrigo está tenso.

Lord Supremo se aproxima e fica cara a cara com Rodrigo, ele segura firme a minha mão.

   - Vai chegar o momento em que vai precisar contar a ela. E quando este momento chegar, não conte comigo. - Lord Supremo sai do quarto sem olhar para trás.



Rodrigo não se mexe, não fala... penas fica olhando pela janela. Ele está assim desde que voltamos para o meu quarto, depois de eu ser praticamente arrastada pelos corredores depois da saída conturbada de Lord Supremo.

Já tentei conversar, mas Rodrigo não demostrou reação alguma. A porta está trancada com magia, então não posso sair. Não que eu tenha medo dele, mas... Não sei como completar está frase.

   - Eu não queria envolvê-la nisso... Mas não pude controlar, é mais forte do que eu pensei. - Rodrigo finalmente mostra sinais de vida.

   - Do que está falando? - Estou muito confusa.

Rodrigo tiras os olhos da janela e me encara, sua expressão é de dor.

   - Me desculpe.

   - Está me assustando.

   - Deixei isto ir longe demais... - Ele passa as mãos pelos cabelos.

   - Será que dá pra dizer o que está acontecendo?

   - Estou apaixonado por você.

   - Apaixonado? - Droga.

   - "Muito' apaixonado. - Posso sentir o ênfase no "muito". Ele se aproxima. Não posso dizer se foi algum reflexo, mas dou um passo para trás no instante em que ele se aproxima. - Me perdoe, Ally. Eu te assustei?

   - Não... É quê... Está tudo confuso.

   - Eu deveria ter te contado antes... - Ele novamente passa as mãos pelos cabelos.

   - Por que se culpa tanto?

   - Se apaixonar, para um Lord, é diferente.

   - Como assim é diferente?

   - É mais intenso... Mais apaixonante. Quando nos apaixonamos, nos entregamos de verdade... Todo o nosso mundo gira em torno da pessoa. Tudo o que fizermos é por ela.

   - Isso é lindo...

   - É uma maldição, Ally.

   - Maldição?

   - Quando nos tornamos Lords, somos privados de amor... Não podemos amar.

   - Por quê?

   - O amor nos distrai, nos deixa cegos... E um Lord precisa rer foco.

   - Entendi. E o que você prometeu ao Lord Supremo?

   - Como assim?

   - Quando estávamos no quarto do Henrik, Lord Supremo entrou dizendo que você não conseguiu manter sua promessa.

Rodrigo se vira para a janela de novo. Quando ele fala, sua voz é carregada de dor.

   - Prometi a ele que iria esquecer você. Mas isso é dolorido... Não dá... Simplesmente não consigo. - Ele se cala, suas mãos seguram firme o parapeito da janela. - Eu já me apaixonei uma vez, mas foi há muito tempo... Eu saía correndo daquele Castelo, todos os dias, louco para vê-la, beijá-la, sentir o doce aroma que vinha de sua pele. Passávamos tardes maravilhosas juntos, tudo era perfeito ao lado dela... - Ele deixa a janela e se senta na cama, com cautela me sento ao seu lado.

   - Não precisa contar se é difícil pra você. - Pego sua mão, ele está tremendo.

   - Eu preciso contar... Você precisa saber onde está se metendo. - Ele retribui o aperto carinhoso em minha mão. - Um dia, que parecia como todos os outros, eu fui encontrá-la na floresta... Ela estava linda naquele vestido rosa. Lord Supremo nos surpreendeu na divisa do Castelo, eu sei que fui idiota ao levá-la para lá, mas eu estava cego de amor. Não tive tempo de fazer nada... Lord Supremo a tirou de mim e apagou todas as lembranças que se referiam a mim das memórias dela.

   - E o que aconteceu com você?

   - Lord Supremo deixou uma marca em mim... - Rodrigo solta a minha mão e ergue seu manto, revelando seu peito. Uma cicatriz fraca em formato de coração está marcada em seu peito, onde deveria haver um coração de verdade.

   - Sinto muito...

   - Não sinta. Eu mereci o que aconteceu. Você não faz ideia do quanto isso dói, é queimando de dentro para fora... Tenho que conviver com isso todos os dias, por toda a eternidade... É uma dor que não passa.

   - Como era o nome dela?

Rodrigo se cala, sua expressão é tensa.

   - Mellyssa. Acho que sabe muito bem quem é...

   - Minha mãe... Namorou com a minha mãe?

   - E foi uma época maravilhosa, pode acreditar.

Sinto uma coisa latejando no meu subconsciente... Ciúmes... Não pode ser ciúme.

   - É, deve ter sido maravilhoso. - Abaixo a cabeça.

   - Não acredito... Ally Thompysom está com ciúmes? - Ele ri, quebrando o clima tenso.

   - Eu... Não...

   - Não minta para um Lord, Ally.

   - Eu...

   - Fica ainda mais linda com ciúmes.

Acho que estou vermelha como um tomate. É melhor eu mudar de assunto.

   - Por que o quarto de Henrik é todo azul?

   - Sei o que está tentando fazer... - Ele estreita os olhos. - Mas, respondendo a sua pergunta... Todo Bruxo tem uma cor característica... A dor Henrik é azul.

   - Mas precisa ser tudo azul?

   - Sim, Ally... Precisa. - Ele sorri. Ele me olha com desejo.

   - O que foi?

  - Queria tanto beijá-la agora. - Logo depois, ele se recompõe. - Me desculpe, Ally. Eu...

   - Eu também quero...

Ele fica pasmo... Parece que o ar deixa seus pulmões em questão de segundos. Passo a mão pelo seu rosto, está frio.

   - Ally, eu acho melhor...

   - Shh... Não pense em mais nada. Agora somos somente eu e você... - Me aproximo, e logo meus lábios estão tocando os seus.

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