Quando cheguei na escola Lauren estava sentada embaixo da árvore onde sempre esperamos o sinal bater, me esperando impaciente.
— Aleluia garota! Pensei que não ia chegar nunca, veio em ritmo de uma tartaruga?!
— Olá querida amiga, como você está? — ironizei, ignorando sua alfinetada.
— Eu não estou bem, quase não dormi direito porque a senhorita me deixou super ansiosa ontem a noite, e não respondeu minhas mensagens! — Lauren está de pé com os braços cruzados, eu revirei os olhos.
— Não respondi porque provavelmente só são xingamentos sobre eu não te falar o que aconteceu.
— São mesmo! Você sabe que eu fico super ansiosa quando você me fala que "quer conversar", ou coisa do tipo, então conta logo!
— Ok, melhor sentarmos.
Me sentei escorada na árvore, com a mochila no meu colo.
— Fala logo! Desse jeito eu já vou ter tido um infarto quando você for me contar. - ela esta me olhando atenta.
— Bom, ontem o Bryan chegou em casa na hora do jantar ele e John discutiram...
— Tá, qual a novidade? — me interrompeteu, fazendo gesto para eu falar mais rápido.
— Discutiram sobre a mãe dele estar morta. — ela arregalou os olhos.
— A mãe dele morreu?! — praticamente gritou, nessa mesma hora Bryan olhou para nossa direção fazendo por um minuto eu achar que ele tinha escutado, mas logo desviou o olhar, me fazendo relaxar.
— Isso miss inteligência, deixa todo mundo escutar que a mãe dele morreu!
— Desculpa, mas uou! — Lauren encarou Bryan de longe.
Como sempre, ele está do lado de William e com uma garota escorada em seus braços, hoje de manhã ele saiu tão cedo de casa que nem vi quando ele acordou, com certeza era para evitar qualquer contato visual com a gente
— Nunca imaginaria isso.
— Eu também não, já tinha imaginado diversas desculpas para o porquê dele ser assim, mas que a mãe dele morreu?! Nunca tinha pensado nisso!
— Por que sua mãe não te contou isso?
— Não sei. — suspirei. — Mas não vou perguntar isso agora, por mais que eu esteja muito curiosa para saber o porquê dela não ter me falado, esse não é o momento certo, ela está bem abalada pela discussão de ontem.
— Ela deve ter bons motivos, dificilmente sua mãe esconde as coisas de você. — ela franziu a testa, pensativa. — Será que John pediu pra ela não contar?
— Acho que não foi por isso.
— Mas pensa bem, faz sentido. Talvez ele tenha pedido porquê pelo jeito Bryan não gosta de falar sobre isso, se nós só fomos descobrir isso agora, e olha que sua mãe está com John faz um tempo, e nós estudamos com Bryan a anos e nunca desconfiamos, talvez ele achasse que Bryan ia ficar mais bravo se você soubesse, e que você iria sair espalhando. — comecei a acompanhar seu raciocínio, e até que fazia um pouco de sentido.
— Por que eu sairia espalhando isso?! — resmunguei.
— Cami, vamos pensar como ele. Bryan nem te conhece, eu também acharia que você sairia espalhando, as pessoas não gostam que descubram seus pontos fracos e pelo jeito o dele é esse.
— Que tipo de pessoa sai espalhando por ai que a mãe de alguém morreu, Só para atingir a pessoa?!
— Varias pessoas, eu sei que você não, mas ele nem te conhece e está praticamente escrito na sua testa que você odeia ele, provavelmente ele acha que você sairia espalhando. — disse ainda o observando.
— É, até que faz sentido.
Ficamos as duas em silêncio pensando sobre nossa teoria.
— Talvez seja por isso que ele odeia tanto o fato de sua mãe ter se casado com John.
— Com certeza.
— Você não descobriu mais nada?
— É meio difícil descobrir algo quando sua fonte de informações é uma pessoa totalmente explosiva e que te odeia, e a outra você não quer ficar atormentando fazendo perguntas.
— Ok, mas temos que descobrir mais coisas, talvez conseguimos quebrar os muros do Morgan. — Lauren estava empolgada.
— Ok Sherlok Holmes, tentarei descobrir mais algumas coisas, qualquer detalhe te falo. — entrei na sua brincadeira.
Quando cheguei em casa William e Bryan estavam em casa, o que estranhei.
Os cumprimentei, mas foi como falar com uma parede, eles continuaram prestando atenção na TV, eu tento ser gentil mas eles não colaboram.
Eu estava esquentando a lasanha de ontem quando Bryan e William se sentaram na mesa, peguei meu prato e comecei a comer na frente deles.
— Você não vai trazer nada para gente? — William perguntou. É o que?! Os encarei incrédula.
— Vocês que peguem a comida, ou façam vocês mesmos. — voltei a comer minha lasanha.
— O que custa fazer comida pra gente?
— Você não vai ao menos oferecer um pedaço? — Bryan perguntou, levantei uma sobrancelha.
— Custa o meu tempo, e vocês têm braços para que?! Eu não sou empregada não!
— Por favor Camilla, a gente não sabe cozinha, você sabe. — William falou com um sorriso galanteador. Fala sério que ele está tentando me seduzir simplesmente para eu cozinha para eles, dei um sorriso, quem não me conhecesse acharia que eu tinha caído na dele.
— Então sendo assim — me levantei, o sorriso dos dois aumentou. — É uma ótima oportunidade para vocês aprenderem!
Fui até a geladeira e peguei um suco, os dois bufaram mas depois levantaram indo para perto do fogão.
— Você pelo menos sabe onde ficam as panelas? — William perguntou para Bryan, os dois estavam parados no meio da cozinha, não aguentei e soltei uma gargalhada.
— Você podia dizer onde estão as panelas. — Bryan resmungou.
— Armário debaixo da pia, você não sabe onde estão panelas da sua própria casa? Isso é decepcionante. — segurei a risada, ele revirou os olhos.
Bryan pegou uma panela e colocou em cima do fogão.
— O que vocês vão fazer?
— Comida. — William me alfinetou.
— Só por causa disso não vou ajudar. — caminhei em direção às escadas.
— Espera! — falaram ao mesmo tempo, eu parei no meio do caminho e me virei para encara-los.
— Não vai. — William implorou, ele deve ter feito um enorme esforço para fazer isso.
— Ok, o que vocês vão fazer? — perguntei novamente, com os braços cruzados e um tom neutro.
— A gente não sabe fazer nada. — Bryan falou baixo, ele esta odiando isso tanto quanto William.
Eu odeio não ajudar os outros.
— Fazer arroz, salada e fritar um bife é fácil, talvez vocês consigam. — sugeri dando de ombros.
— Super fácil, até porque a gente é super acostumado a cozinhar. — ironizou Bryan. — Nem todo mundo é cozinheiro.
— Ajudou muito, Camilla! — William resmungou, o que me fez estreitar os olhos.
— Eu dei a dica, boa sorte. — me virei e voltei a subir as escadas, desistindo de ajudar, deixando os dois brigando entre si.
Eu estava deitada na minha cama, quando meu telefone começou a tocar em cima da escrivaninha, me levantei e me sentei na cadeira, peguei o celular e vi que era Leo me ligando.
Leo é o meu melhor amigo desde que eu me conheço por gente, nossos pais eram amigos e nós acabamos nos tornando amigos também, já que éramos vizinhos e crescemos juntos.
Atendi a vídeo chamada, ele logo apareceu sem camisa como sempre, ele mora em Miami e ainda é vizinho do meu pai, então sempre o vejo.
— Olá , opa! Conheço essa cara — ele estreitou os olhos, logo que eu atendi. — Quem você quer matar?
— O Bryan e o William. — riu.
— Nenhuma novidade! Mas tenta de acalmar, se estressar não vai mudar o jeito desses dois, apenas vai te deixar com cabelos brancos mais rápido.
Ele estava dobrando as cobertas da sua cama, provavelmente tinha deixado o celular apoiado em algum caderno ou coisa do tipo, de forma que dava para ver todo o seu quarto, que estava bagunçado como sempre, tendo camisetas pelo chão, e alguns cadernos perto da cama, pratos de comidas.
— Estou com saudade de você. — choraminguei.
Faz um bom tempo que eu não vejo ele pessoalmente, meus pais normalmente revezam os feriados e férias, mas como ultimamente eu tenho estado muito ocupada com a escola quase não tenho ido para Miami nos feriados, só nas férias, o que demora um século para chegar.
— Eu também. — ele parou de arrumar as coisas e se aproximou do celular, de forma que eu podia ver bem seu rosto.
Seu cabelo é preto, e está precisando de um corte, seus olhos são bem verdes e ele está bem bronzeado, quem nos visse de longe acharia que somos irmãos, ou namorados, normalmente acham que a gente é namorado porque sempre estamos juntos quando eu vou para Miami, mas apesar de todas essas especulações nunca tivemos nada, ele é como um irmão para mim.
— Alguma novidade?
— Arrumei um trabalho. — sorriu.
— Sério? Parabéns! — falei animada. Fazia um tempo que ele estava procurando um trabalho, assim como eu ele odeia ficar dependendo dos pais, mas ele não estava achando nenhum trabalho de meio turno e que realmente o interessasse.
— Agora sou o salva-vidas. — ele disse orgulho. — Estou trabalhando nos finais de semana.
— Como nós não pensamos nisso antes? É o trabalho perfeito para você! — Leo sabe nadar muito bem, e ama ir a praia, é com certeza o trabalho perfeito.
— Porque somos burros. — rimos. — E você, alguma novidade? Gostou da casa nova? Como está sua mãe? O John está te tratando bem?! — Leo me encheu de perguntas.
— Bom, a casa é muito bonita, meu quarto é bem parecido com o de Miami. — virei a câmera para que ele pudesse ver meu quarto.
— Uau, é muito bonito. Queria manter meu quarto arrumado desse jeito!
— Acho meio impossível, se você conseguir manter seu quarto arrumado por 1 semana já é um recorde. — zombei.
— Você fala como se fosse super organizada.
— Pelo menos sou mais que você! — mostrei a língua pra ele, que riu.
— Você não respondeu as outras perguntas, o John está te tratando bem? Sua mãe está bem? — ele ficou sério.
— Ele me trata muito bem Leo, relaxa, e a minha mãe está muito feliz. — o tranquilizei.
Lembro como ele e meu pai estavam preocupados com como John iria me tratar, só agora que eles estão ficando mais tranquilos.
— Ok, então o único problema é o seu irmão e o amigo dele? — constou.
— Ele não é meu irmão! — falei rápido.
— Tá, então o único problema é o Bryan e o amigo dele? — reformulou a pergunta e eu concordei. — Você é Camilla Copper, consegue lidar com isso.
— Esses dois me tiram do sério. — revirei os olhos.
— As vezes o Bryan pode só não ter aceitado o casamento, vai que ele é um cara legal.
— Ele é um idiota Leo! — cruzei os braços.
— Você nem conhece o cara direito pelo que eu percebi. — não respondi, então ele continuou a falar. — E provavelmente o William só está do lado do amigo, tipo, normalmente quando você odeia uma pessoa eu também odeio, no caso eles odeiam você.
— Nossa obrigada, falando na minha cara que eles me odeiam. — dei uma risada ironica.
— Você sabe muito bem que eles não gostam de você, mas tenta socializar com eles, pode ser que eles sejam legais.
Leo continuou me dando dicas sobre como ter uma relação boa com os garotos por um tempo, até sua mãe o chamar e ele desligar a chamada.
Por volta das 17 horas tomei um banho, logo que terminei de me vestir ouvi a voz da minha mãe e de John, incrível que pareça Bryan e William estão na sala, William está conversando animadamente com John, diferente de Bryan que estava assistindo TV do lado da minha mãe.
Cumprimentei todos e sentei do lado de William, é o único lugar que sobrou, ele chegou um pouco para o lado me dando mais espaço, fazendo eu soltar um agradecimento rápido.
— Como foi seu dia? — minha mãe perguntou assim como faz toda noite.
— Bom, conversei com o Leo, ele começou a trabalhar. — minha mãe sorriu.
— Sério? Lis e César devem estar orgulhosos dele. — assenti animada. — Com o que ele está trabalhando?
— Salva vidas.
William, Bryan e John só estavam observando a conversa sem falar nada.
— Quem é Leo? — John perguntou por fim.
— É meu melhor amigo.
— Não sabia que você tinha um melhor amigo. — falou surpreso.
— Na verdade são dois. — ri. — Tem o Carter também, só que eu sou mais próxima do Leo, os dois moram em Miami.
— Faz tempo que vocês são amigos?
— Coloca tempo nosso, eu e Lis brincamos que esses dois já nasceram juntos. — minha mãe falou rindo.
— Antes a gente não gostava um do outro, mas logo fomos nos aproximando, e aqui estamos, com anos de amizade.
— Nossa, eu lembro o quanto vocês ficavam brigando!
— E como ficaram amigos? — John perguntou animado, sorrindo também, os únicos sérios são William e Bryan.
— Meu pai é amigo do pai dele, e ele é nosso vizinho, então não tinha como evitar ver ele, acabamos virando amigos. — dei de ombros.
— Que bom que vocês continuam amigos, mesmo a distância.
— É, nossa amizade é muito forte.
— Acho que ele vai se dar bem no trabalho. — minha mãe afirmou.
— Eu tenho certeza, lembra quando ele me ensinou a nadar? — dei uma gargalhada.
— Tem como esquecer? — minha mãe estava morrendo de rir.
— Foi assim — me virei para John. — Nós tínhamos por volta dos 13 a 14 anos, e eu não sabia nadar ainda, o Leo e o Carter sabiam nadar muito bem, então eles nem precisavam mais de boia, ao contrário de mim. Então teve um dia que eu estava conversando com o Leo perto da piscina, ele me empurrou para dentro da piscina, lembro como quis matar ele depois, nunca engoli tanta água na minha vida! — John também estava rindo. — Ele começou a me orientar ainda com eu quase me afogando, e toda vez que eu tentava falar com ele, ele falava "Camilla, regra número um, cala a boca". — tentei imitar a voz dele. — E foi desse jeito que eu aprendi a nadar.
— O mais engraçado foi que o Leo esperou a gente sair para fazer isso, só descobrimos porque quando voltamos para casa a Camilla estava toda molhada e batendo no Leo, enquanto o Carter morria de dar risada, eles ficaram de castigo por 1 semana, o Leo porquê empurrou a Camilla na piscina sem ela saber nadar, e a Cami porquê estava batendo no Leo, tanto que ele tava com o braço todo cheio da marca dos dedos dela. — minha mãe riu.
— Fiquei com muita raiva dele nesse dia! — tentei recuperar o fôlego, estava morrendo de rir.
Pelo canto dos olhos vi Bryan e William com um sorrisinho no rosto. Só assim para eles rirem, tem que ser da minha falta de sorte.
— Como ele está?
— Bem, com o sempre com o cabelo todo bagunçado, e com cara de quem tinha acabado de acordar. — ri lembrando do meu melhor amigo.
Peguei meu celular e abri a galeria e entrei na pasta de "Miami".
Abri uma das nossas fotos mais recentes e entreguei o celular para John para ele ver.
Eu e Leo estamos abraçados olhando para cima, com seu pai levantando o celular bem no alto, aparecendo metade de seu rosto.
Leo tem cabelos bem pretos e assim como eu, olhos bem verdes, é alto e magrelo.
— Esse é o Leo, do nosso lado é o pai dele. — expliquei, entregando o celular ao meu padrasto.
John mostrou a foto a William e a Bryan, que se inclinaram para ver a foto melhor, com curiosidade.
— Tem mais? — John perguntou.
— Sim, é só passar para o lado.
— Vocês querem ver as fotos? — John perguntou para William e Bryan, eles assentiram devagar, para minha surpresa, e se aproximando mais de John. — Ele parece ser bem engraçado. — John comentou, passando para a próxima foto, onde Leonard estava com as mãos na cintura com uma bermuda do Mickey vermelha, sem camisa e com boias de desenho nos braços, e um óculos da Barbie.
— É, se você passar 5 minutos com ele, 4 é rindo.
— Parece um antes e depois de vocês. — John comentou me mostrando a foto que eles estavam vendo.
— A primeira foto é quando eu tive que ser daminha de casamento. — falei rindo, enquanto olhava a foto que eu tinha uns 4 anos.
Nessa foto, eu e Leo estamos abraçados, ele está de costa para a câmera, então apenas é possível ver meu sorriso e olhos fechados enquanto o abraço, envolvendo meus braçinhos por seus ombros.
Na segunda foto, é praticamente igual, mas nessa estamos com uns 15 anos, na mesma posição.
— Você ficou fazendo um drama enorme, ficou me irritando tanto falando que aquele sapato estava te incomodando que eu tive que ir embora da festa sem nem comer bolo! — minha mãe reclamou.
— Não posso fazer nada se aquela roupa e sapato eram horrívelmente desconfortáveis!
— E a segunda foto? — William perguntou me deixando surpresa.
— Foi a primeira férias que eu passei em Miami depois que viemos para Nova York. — sorri. — A foto foi tirada no aeroporto logo que eu desembarquei. — Ah, essa tínhamos 14 anos. — sorri, nostálgica, olhando para uma foto onde Leo esta me segurando em suas costas, enquanto rimos na praia.
— Desde cedo escravizado o coitado.
— Eu saía na maior desvantagem, porque tinha que aturar ele e o Carter junto. — rebati minha mãe, rindo.
— E quem é o Carter? — Bryan perguntou confuso.
Peguei o celular da mão de John e procurei fotos com o Carter, depois de encontrar uma foto devolvi o celular de volta para John.
— Esses são o Leo e o Carter.
Carter é um garoto moreno de olhos cor de mel, somos amigos a tanto tempo quanto eu e Leo.
Mostrei duas fotos a eles, uma só com Carter, e a outra onde Leo e ele estão encostados num carro enquanto conversam distraídos.
William e Bryan estavam encarando curiosos meus amigos.
— Essa é Megan, minha amiga e namorada do Carter.
— Uau. — William e Bryan soltaram juntos quando mostrei a foto, realmente Megan é muito bonita.
Ela tem cabelos e olhos pretos, que fazem sua pele bronzeada ficar bonita junto com suas feições delicadas.
John tentou passar para a próxima foto, mas essa era a última, tinham mais mas eram mais antigas.
— Essas são as mais recentes. — expliquei.
— Ata. — falou triste. — Legal conhecer mais um pouco sobre seus amigos.
— Outro dia eu mostro mais fotos.
Meu padrasto me entregou o celular.
— Filha você me ajuda com o jantar? — minha mãe levantou.
— Por que não mudamos uma coisa hoje? — todos se viraram para me olhar, curiosos.— Hoje o William e o Bryan fazem a janta, seria uma ótima oportunidade deles aprenderem o básico na cozinha. — os encarei, John sorria ao contrário deles que me fuzilavam com o olhar.
— Gostei da ideia Cami, hoje eles fazem o jantar. — John sorriu.
— Fala sério, pai! — Bryan reclamou.— A gente não sabe cozinhar!
— Ótima oportunidade para vocês aprenderem. — John repetiu a mesma coisa que eu, segurei a risada.
— Vocês vão fazer? — minha mãe perguntou.
— Sim. — William falou ao mesmo tempo que Bryan falava que não, eles trocaram um olhar rápido, e pela intensidade vi que eles se entenderam.
— Nós vamos fazer hoje. — Bryan falou por fim, levantando do sofá.
Achei que fosse demorar mais para convencê-los.
Minha mãe e eu ficamos sentadas na bancada enquanto eles e John faziam - tentavam - fazer comida.
Claro que eu soltei várias gargalhadas, minha mãe tentou segurar o riso, mas quando William foi virar a comida e ela caiu no chão minha mãe não conseguiu segurar e começou a dar muitas gargalhadas, mas logo pediu desculpa e conseguiu segurar um pouco a risada, mas todos sabemos que quando ela deu a desculpa de ir no banheiro era só para dar risada.
Eu aproveitei e gravei vários vídeos das tentativas frustradas deles tentarem cozinhas. Mas tive que ir pegar meu carregador no meu quarto, então tive que perder alguns minutos hilários deles e ir até o meu quarto.
William e Bryan estão tentando cozinhar. - mandei uma mensagem para Lauren
Serio? O que eu não daria para ver eles agora!
Eles são uns desastres! Estou rindo muito, amanhã te mostro os videos que eu gravei.
Ok, estou rindo só de imaginar eles dois cozinhando.
É muito engraçado, claro que a ideia foi minha.
Ótima ideia !
Vou voltar lá pra baixo, não quero perder a oportunidade de ver o William derrubando mais um pedaço de bife no chão quando for virar
Ok , amanhã me conta tudo!
Coloquei meu celular para carregar, depois desci as escadas de volta, eles já estavam colocando as panelas na mesa, a diversão acabou.
Sentei de frente para William, minha mãe estava tirando a tampa das panelas, olhei por cima e parecia que eles tinham feito um bife acebolado, que estava bem corado e com bastante tempero pelo jeito, já que tinha algumas coisas por cima verdes e vermelhas, creio eu que seja um sal temperado, arroz - que parecia estar queimado - e uma salada de alface e tomate, não está tão ruim quanto eu pensava que ficaria.
Minha mãe começou a se servir, com todos a olhando, em seguida eu me servi, quando ia pegar o bife Bryan me interrompeu.
— Pega esse Cami, parece estar melhor. — ele apontou com um sorriso fraco para um que estava um pouco mais separado dos outros.
Até desconfiei, mas o que ele poderia fazer? John tinha os ajudado a fazer tudo, não tinha como eles fazerem algo sem que John visse.
Peguei o bife que ele falou e me sentei, depois enchi um copo com suco, 3 olhares curiosos estavam observando tudo, peguei meu garfo e cortei um pedaço do bife, depois comi uma salada, o gosto não estava tão ruim no começo, mas quando fui comer o segundo pedaço minha boca começou a queimar, o que eles colocaram aqui?!
Corri para o banheiro, que era do lado da cozinha e vomitei, quando estava indo lavar minha boca me deu outra ânsia de vômito, então voltei de novo para o vaso sanitário, colocando tudo para fora.
— Filha você está bem? — minha mãe perguntou preocupada, estava na porta.
Demorei um pouco para responder, estava parada com a cabeça perto do vaso sanitário, caso me desse vontade de colocar tudo para fora de novo, mas quando percebi que tinha passado levantei minha cabeça e fui em direção a pia.
— Foi alguma coisa que tinha na comida. — falei enquanto enchaguava minha boca.
— O que será que foi? — perguntou confusa.
— Não sei. — claro que eu sei, para arder desse jeito eles devem ter colocado Pimenta, aí eu me pergunto: Como eles colocaram sem ninguém perceber?
Franzi a testa me lembrando de quando eles podem ter colocado, devem ter aproveitado quando eu fui colocar meu celular para carregar e colocaram, idiotas!
Voltei para a mesa, John estava com um olhar preocupado, ao contrário de Bryan e William, que estavam com um sorriso cínico no rosto.
— Você está melhor Cami? — John perguntou gentil.
— Sim. — respondi seca, ainda encarando Bryan e William, que agora estavam com uma falsa cara de preocupação.
— Sinto muito, não queríamos deixar você doente. — John falou triste, ele deve ter pensado que eu fiquei brava com ele. Estou com raiva do filho dele e do seu amigo, só!
— Tudo bem John, acontece. — dei um meio sorriso, tentando relaxar meu padrasto, que ao contrário do seu filho, não teve nada a ver com isso. — Eu vou me deitar. — anunciei, enquanto pegava meu prato e meu copo de suco, mas tive uma ideia.
Passei por onde Bryan estava, e sem querer esbarrei na cadeira e derrubei toda minha comida e suco de uva nele.
— Meu Deus Bryan, foi sem querer, você está bem? — fingi estar preocupada, aumentando minha voz com uma falsa surpresa.
Se eles acham que eu vou deixar eles colocaram Pimenta na minha comida, e deixar eles se livrarem dessa, eles estão muito enganados! Eu também sei jogar!
Bryan levantou a cabeça me olhando super bravo, levantou ficando de frente pra mim, com certeza o suco vai deixar a camiseta dele manchada.
— Tudo bem. — ele falou entre os dentes, sabendo que agora só iria piorar as coisas e fazer nossos pais criarem suspeitas se ele começasse a dar um chilique.
— Sinto muito de verdade, irmãozinho. — suspirei falsamente, ele percebeu meu tom de irônia, mas não falou nada.
Eu ia me abaixar para começar a catar os cacos de vidros do chão, já que eu esbarrei e a comida caiu na cabeça de Bryan, e com o susto eu derrubei sem querer o prato no chão se partindo no meio, mas John me interrompeu.
— Cami, pode deixar que o Bryan e o William limpam, e o mínimo que nós podemos fazer, né meninos? — John falou, eles continuaram em silêncio, mas pude perceber pelos punhos cerrados de Bryan que ele estava irritado com a idéia.
— Obrigada, John. — sorri. — Boa noite.
Minha mãe e John disseram boa noite, eu subi as escadas, sabia que não iria receber boa noite do resto dos integrantes da mesa, fui para meu quarto e cai na gargalhada, tanto que comecei a chorar de tanto rir, queria só ver a cara de Bryan limpando toda aquela sujeita.