Eu e Richard formávamos um lindo casal, mas era tudo uma fachada.
O amor que sentíamos se tornou doentio, movido (no meu caso) pelo medo.
No início, como qualquer outro relacionamento, se resumia a uma paixão incontrolável de um com o outro.
Depois do primeiro tapa, da primeira vez que ele me agrediu, eu me senti corroída por dentro. É claro que eu tentei esquecer, fingir que não tinha acontecido. Depois disso tudo só piorou, Richard estava abusando cada vez mais da bebida, chegando bastante debilitado e como consequência, incompreensível. O homem que eu tanto amava não estava mais ali.
Eu o perdoava doentiamente e escutava cada desculpa que tentava justificar as agressões.
A verdade é que nem sempre Richard era assim, tínhamos nossos altos e baixos, mas ainda assim eu não suportaria ficar longe de quem eu tanto amava.
Um dia eu cheguei à conclusão de que eu não podia mais viver daquela forma, que eu precisava me libertar daquele sentimento que me despedaçava e em seguida tentava colar meus pedaços.
Esse dia eu o deixei. E foi contraditoriamente o dia mais triste de minha vida. Foi o dia que ele tirou a vida de outro ser humano.
Eu morri por dentro, ele não era a pessoa por quem eu me apaixonei, ele me agrediu, me machucou por inteiro e tudo que aconteceu eu sentia que em parte era culpa minha eu poderia ter feito algo antes, poderia ter tirado ele daquela vida.
Ele passou cinco anos no corredor da morte, eu nunca respondi nenhuma de suas cartas, nem fiz uma visita.
Hoje é o dia da sua execução, como escolhido por ele, uma injeção letal. Se eu pudesse voltar no tempo, eu mudaria tudo, eu deveria ter o ajudado a sair da escuridão que ele tinha se alojado.
O tempo todo ele pediu o meu perdão, mas será que alguém pode ser verdadeiramente perdoado?
Hoje eu percebi que o amor da minha vida vai morrer, e talvez eu nunca mais saiba o que é amor, talvez o meu único erro tenha sido não ficar ao seu lado.
-baseado na música next to me, imagine dragons.