Helena
Andamos até nossos carros, mando mensagem para Augusto pedindo que me encontre lá em casa em vinte minutos e Lud faz o mesmo com Jhonatan o passando o endereço, entro no carro e jogo a bolsa do lado, estou elétrica, fico quicando nervosa no banco, ansiosa, preciso pegar essa mulher, provavelmente ela vai querer me demitir por justa causa alegando envolvimento amoroso com professor ou algo bem pior, o rosto dela não era muito amigável. Será que ela sentiu ciúmes do babaca do Hélio? Pensar no envolvimento deles me causa ânsia e raiva ao mesmo tempo.
Dirijo muito rápido e chego em casa em menos de dez minutos, estaciono o carro na garagem e subo as escadas, destranco a porta e não vejo Ellen na sala, ela deve estar na casa da colega ainda, ela não sai de lá agora. Vou até a cozinha e bebo uma água, lavo o copo e o guardo novamente, ando pela cozinha, sento no sofá na sala, volto para a cozinha. Estou inquieta, agoniada. Alguém bate na porta e eu corro para abrir, é Augusto.
- Oi - ele diz enquanto eu abraço ele - você está agitada, tudo bem? - ele aponta para o rosto - se puder cuidar de mim - faz cara de sofrimento e eu acabo rindo.
- Senta no sofá, que vou pegar um kit de primeiros socorros aqui.
Mas quando vou para o quarto ouço baterem na porta novamente, abro mais uma vez e dessa vez é Ludmyla, com Jhonatan logo atrás.
- Oi boa noite gente.
Quando eles entram Augusto vê eles e se espanta.
- Calma, eles sabem.
- Na verdade eu não sabia de nada até agora - Jhonatan fala.
- Você é o segurança da escola, é amigo da Helena? - Augusto pergunta o olhando com uma mistura de ciúme e curiosidade.
- Ele está comigo - Ludmyla diz e Augusto entende tudo e sorri aliviado.
Ludmyla senta com Jhonatan no outro sofá menor de frente ao sofá grande onde me sento para arrumar o curativo no supercílio de Augusto.
- Vocês então estão no mesmo barco que a gente? - Jhonatan pergunta.
- Sim. - Eu e Lud confirmamos.
- Bom vou buscar um kit de primeiros socorros para Augusto e conversamos. Podem se sentar e ficar a vontade.
Vou para o corredor e entro no meu quarto e pego a caixa no armarinho do banheiro da suíte, passo em frente ao quarto de Ellen e não escuto nada, ou ela está dormindo ou não está em casa mesmo. Volto para a sala e começo a abrir a caixa e tirar o algodão.
- Eu falo, ou você fala? - Ludmyla pergunta.
- Pode deixar comigo - respondo - bom, enquanto estava na bilheteria, Hélio tentou dar em cima de mim, quando aleguei que professores não podiam se relacionar ele me contou que era protegido e por isso podia ficar com quem quisesse na escola.
- Protegido? - Jhonatan pergunta.
- Sim. Eu questionei ele e ele me contou que Marlene e ele já foram amantes - os dois nos olham espantados - só que Hélio não ficava só com ela, ele também tinha casos com outras professoras, uma delas espalhou que eram namorados, a outra escutou e brigaram. A diretora demitiu a que espalhou o boato, e acabou o caso com Hélio. Esse disse que se fosse demitido iria espalhar para todos do caso, porque ele tem provas como mensagens, e-mails, ligações.
Augusto se levanta em um pulo e anda pela sala, batendo palmas.
- Haha, puta que pariu, pegamos o cara, pegamos ela, vamos acabar com eles. - sua animação foi instantânea.
- Não podemos.
Ele para e se vira para mim.
- Há, o que? Helena nós temos eles nas nossas mãos!
- Também pensei isso, mas não temos, sem provas não podemos acusá-los, eles só vão negar e acabou o caso. - Ludmyla diz.
- E o que sugerem? - Jhonatan pergunta.
- Por isso convocamos a reunião. - respondo.
- Bom estive pensando no caminho, Hélio disse que tem provas com mensagens e e-mails, coisas assim. Sabemos que ele tem fraco por mulheres, poderíamos usar Helena, ela daria em cima dele e deixaria ele leva- lá até em casa, lá ela...
- Não! De jeito nenhum que Helena vai na casa daquele safado. Você deveria ir em todo caso, pois Helena já até bateu na cara dele, ele vai saber que estamos planejando algo.
- Ludmyla não vai na casa dele, não permito, ele é cheio de mãos, detesto aquele homem. Prefiro que a Helena vá, ele já tem tesão nela mesmo - Jhonatan diz.
- Helena não vai na casa dele! Independente se ele tem "tesão" nela ou não. - ele faz aspas com as mãos enquanto fala tesão.
- Ludmyla também não vai se meter com esse vagabundo! Não permito.
- Ela não precisa nem deixar ele tocar nela, só precisa desacordar ele com um remédio para dormir e pegar o celular dele.
- Minha mulher não vai se meter nisso.
- Nem a minha!
O clima na sala fica tenso e um encara o outro, com raiva.
- Desse jeito a gente não resolve isso gente, eu vou! - eu digo.
- Não vai não! - Augusto ordena nervoso, eu fico calada, claramente ele está alterado.
- E se fossemos nos duas? Sugerimos que iremos fazer um ménage com ele e que ele só pode tocar a gente quando chegar na casa dele, certeza que ele aceita. - Ludmyla propõe.
- Ele não vai acreditar, eu bati na cara dele e agora chego eu e uma amiga para brincar? É muito bom para ser verdade. - digo.
- Você tem razão Helena, até porque não quero minha pequena na casa dele. - Jhonatan puxa Lud e da um selinho.
- Desse jeito voltamos a estaca zero. Não temos plano - digo.
- Eu faço.
Olhamos para a entrada do corredor, Ellen está de pé nos olhando encostada na parede de braços cruzados. Pelo jeito escutou toda a conversa.
- Ele não me conhece, não vai desconfiar de nada, posso seduzir ele, o levar até em casa e vocês me seguem, eu dou o remédio, ele dorme, pego o celular dele e sumo. Ele nem sabe quem sou eu, não haverá desconfiança.
- Isso é perfeito! - Jhonatan diz.
- Sim perfeito. - Augusto concorda.
- Não tem nada de perfeito! Ela só tem dezesseis anos, e vocês não pensaram que se pegamos o celular dele e ele for rastreado estamos lascados?
- O celular dele abre com digital, eu já vi ele destravando ele, usa o dedo indicador da mão direita, nada complicado, a Ellen tem que desacordar ele, com bebida mesmo e ai usar o dedo dele enquanto ele dorme e abrir o celular, procurar as conversas com a diretora e mandar os prints para nós, apagar todos os prints e a conversa com a gente. Depois bloqueia o celular novamente e deixa com ele e vai embora. Ele não vai nem saber que ela mexeu no celular, não roubamos nada, ele não desconfia de nada, pronto.
Olhamos todos para Jhonatan.
- O que? Vejo muitos filmes de ação. - ele justifica.
- Tá parecendo mais novela mexicana. - Augusto brinca e ele fecha a cara.
- Gente a Ellen não vai - começo dizendo - ela tem só dezesseis anos ele vai desconfiar.
- Helena me desculpe mas olha o corpão da sua irmã? Ela passa por dezoito anos muito fácil, se colocarmos uma roupa provocante então. - diz Ludmyla.
- Apesar que nem precisaria, aquele safado pegaria uma menina mesmo sendo menor de idade, sem nem sentir culpa, certeza. - replica Jhonatan.
- Eu não sei, acho que não. - respondo.
Todos me olham, por vários segundos, em uma súplica silenciosa. Reviro os olhos e cruzo os braços, eles continuam a me olhar.
Não tem jeito, perdi a jogada.
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Vamos ao plano? Será que vai funcionar?
Continua ainda hoje.