Eu corria pelo corredor à procura do Shawn, mas tudo o que eu via eram pessoas vomitando e passando mal. Ew.
— Você viu o Shawn? – cutuquei alguém que estava de costas e ele logo se virou, dando um sorriso.
— Quando tempo, Hailee. – Nate disse com aquele sorriso lindo que ele tinha sem nem fazer esforço.
— Pois é. Parou de fumar? Finalmente. – disse ao perceber que ele estava cheiroso e sorri revirando os olhos, logo ele assentiu com a cabeça enquanto sorria.
— Tá tudo bem? Você estava chorando? – ele perguntou arqueando as sobrancelhas e eu levei minhas mãos até meu rosto, percebendo que algumas lágrimas secavam ali.
— Não, não. – sorri, enxugando-as. – Quer dizer, sim, mas não de tristeza. – sorri. – Você viu o Shawn? – perguntei ansiosa enquanto ele continuava olhando pra mim.
— Vi sim, ele estava fora da casa tocando violão, ele... – nem esperei ele terminar, agradeci rapidamente e saí correndo, descendo as escadas e passando entre as pessoas, logo saindo da casa. Avistei o Shawn de longe, mas estava sem violão, ele estava com as mãos no bolso e de cabeça baixa.
Me aproximei um pouco e observei um casal se aproximando dele, o que fez meu coração acelerar só de pensar na possibilidade de serem meus pais.
— Filho, por que você não nos ligou antes? Não sabíamos que você queria sair tão rapidamente da universidade. – a mulher disse abraçando o Shawn de lado e eu arregalei os olhos, sentindo meu coração bater cada vez mais forte.
— São que horas? Duas da manhã? Por que nos ligou agora? – o homem perguntou olhando pro Shawn e eu parecia estar paralisada ao olhar pro rosto do meu... Pai.
— Ela não está aqui, é melhor me mudarem logo. – ele disse dando de ombros e eu respirei fundo.
— Se é o que você acha... – o meu... Pai? Ok, isso é difícil de processar. O meu pai disse enquanto começava a andar com ele. – Amanhã mandamos buscar sua mala.
— Ela não está aqui? Tem certeza? – minha mãe perguntou e eu observava os três se distanciando.
Senti meu coração gelar ao vê-los indo embora daquela forma, mas eu não conseguia andar, pensar ou falar, e o que eu fiz foi por puro impulso. Não sei de onde veio.
— Eu estou aqui, mãe. – senti meus olhos marejarem e eles pararam de andar, viraram vagarosamente e olharam pra mim. A minha respiração estava desregulada e eu senti o olhar dos meus pais pela primeira vez. – Você não precisa ter medo de machucar ninguém, Shawn. – disse sorrindo, sentindo minha voz trêmula. Ele sorriu e correu em minha direção, me abraçando com força e me girando no ar.
Eu só sabia sorrir enquanto aquelas malditas lágrimas ousavam escapar.
— Eu fiquei com medo de você ficar surpresa, não acreditar e me odiar, sei lá. – ele disse quando me colocou no chão e segurou meu rosto com suas mãos.
— Eu acreditaria em você. – disse sorrindo e ele me abraçou mais uma vez, logo me soltando, fazendo com que eu visse meus pais se aproximando vagarosamente, em choque, que nem eu.
— Filha? – meu pai disse sorrindo enquanto seus olhos estavam marejados, ele estava de mãos dadas com a minha mãe, que quando chegou na minha frente, caiu de joelhos no chão, enquanto chorava e olhava pra mim.
Eu mal conseguia pensar em algo pra falar, tudo o que veio na minha mente foi o trecho de uma música que resumia aquele momento.
Me ajoelhei de frente pra minha mãe e com uma mão, segurei a mão dos dois, a outra coloquei em cima de seu ombro.
— You were so young, you were just my age when you had me, mom, you were so brave... – disse sorrindo e ela chorou mais ainda enquanto olhava nos meus olhos. – There was nothing gonna stop or get in our way, and I know... – assenti com a cabeça enquanto sentia a mão do Shawn, que estava ajoelhado ao meu lado, no meu ombro. – You will always be there for me. – Sorri enquanto ela começou a sorrir, e foi então que eu não aguentei e comecei a chorar também.
— So when you're lost and you're tired... – escutei a voz do Shawn e olhei de lado, ele olhava pra mim enquanto sorria e eu voltei a olhar pra minha mãe, que estava numa mistura de sentimentos. – When you're broken in two, let my love take you higher... – olhei pro meu pai, que sorria enquanto chorava e abraçava a minha mãe de lado. — Cause I, I still turn to you... – Shawn cantarolou baixinho, mas logo se emocionou, me abraçando de lado, e quando percebi, todos estavam se abraçando e chorando.
Parecia um sonho, um sonho que eu não queria acordar.
(...)
— Então o Shawn não vai mais mudar de universidade? – Juliet perguntou sorrindo e eu sorri mais ainda.
— Isso mesmo. – disse abrindo o livro e observando o movimento da biblioteca.
— E como foi o encontro com os seus pais? – ela perguntou animada enquanto se ajeitava na cadeira.
— Pareceu um musical. – disse seriamente e depois sorri. – Eu só soube me expressar pela música, eu estava em choque. – olhei pra Juliet, que assentiu com a cabeça.
— Imagino. – ela sorriu. – E o que eles falaram?
— Eles se explicaram, e foi tudo o que eu pensei: minha mãe adoeceu e teve depressão pós parto, eles estavam longe da família na época e não tinham emprego, e já tinham o Shawn pra cuidar. – respirei fundo. – Eles me deixaram no orfanato e disseram que voltariam em pouco tempo, pois só precisavam de uma estabilidade financeira, pois meu pai conhecia um homem que trabalhava lá...
— E...? – Juliet perguntou ansiosa.
— E aí que eu fui transferida de orfanato muito novinha, Ju, eles perderam o contato até com o tal amigo que trabalhava lá, foi aí que começaram a me procurar, mas os orfanatos naquela época eram difíceis de encontrar, então eles deixaram um colar e um anel em cada um, pois os donos do orfanato não eram autorizados a falar o nome e nem deixar ver as crianças. – dei de ombros.
— Quanta coisa. – ela disse parecendo confusa.
— Pois é. – disse desanimada, mas logo sorri. – Mas o importante é que eles se estabeleceram financeiramente, meu pai conseguiu o emprego de volta e minha mãe também, aí eles deram uma educação ótima pro Shawn, e isso significa muito pra mim. – sorri animada.
— Que pena que você não cresceu com eles. – Ju disse com o olhar baixo e eu estiquei minha mão sobre a mesa, segurando a sua mão.
— Talvez, se eu tivesse ficado com eles, eu nunca teria estudado com você, aí eu não teria te conhecido. – ela sorriu e apertou minha mão.
— Agora vai ficar tudo bem. – ela assentiu com a cabeça, me fazendo sorrir.
— Agora vai ficar tudo bem. – repeti, fazendo-a sorrir mais ainda.
— Com licença. – uma voz doce e baixa me despertou daquele momento, levantei o olhar e reconheci aquela ruiva da batalha musical.
— Sim? – perguntei sorrindo e ela sorriu sem jeito, logo olhando pra Juliet, que a olhava com uma interrogação na testa. – Ok, eu vou ali. – sorri sem jeito me levantando da cadeira, mas a sua voz me parou.
— Não. – ela riu sem jeito. – Eu queria falar com você. – ela deu um sorriso tímido e eu olhei pra Juliet, que olhava pra mim com aquele sorriso malicioso.
— Juliet. – a repreendi negando com a cabeça e ela sorriu, logo se levantando.
— Depois eu volto. – ela deu a volta na mesa e deu um beijo em minha bochecha, logo saindo dali.
A garota, Sophia, se sentou ao meu lado e me olhava de um jeito estranho, como se quisesse falar algo, mas estava com receio.
— Eu sei que a gente não se conhece direito e você não faz ideia de quem eu seja, mas... – ela disse sorrindo enquanto colocava o cabelo atrás da orelha. – Eu conheço o Sammy, Hailee, e o que ele está fazendo com você não está certo. – e foi ali que o meu sorriso se desfez.
— Não tem o que falar do Sammy. – dei de ombros. – A gente não tem mais nada. – disse tentando parecer indiferente, mas não pareceu funcionar, pois a garota insistia.
— Ele não é pra você. – ela olhou pra mim e ficou daquele jeito por alguns segundos, até eu ficar corada e virar o rosto.
— Por que você tá falando isso? – perguntei fechando o livro e olhando melhor pra ela.
— Ele não te valorizou, eu só não quero que você se machuque. – ela disse parecendo estressada e logo se calou, como se tivesse falado demais.
— Quem é você? – perguntei calmamente e um silêncio pairou entre nós. – Nós já nos conhecíamos? – reforcei e ela continuou calada. – Por que eu sinto que te conheço, mas não lembro? – ri enquanto ela revirava os olhos e se levantava, pronta pra ir embora. – Espera! – segurei em seu braço e ela logo se virou.
— Shhhh! – a moça da biblioteca me olhou com cara de raiva e eu assenti com a cabeça.
— Por que eu não me lembro de você? – perguntei baixinho e ela deu um sorriso, balançando a cabeça negativamente.
— Você estava bêbada demais pra isso, Hailee Junk. – ela se soltou do meu braço e eu franzi o cenho, ficando sem entender o que ela tinha falado.
(...)
Eu passei a tarde pensando no que a Sophie tinha me falado, e por mais que eu quisesse negar, eu ainda sentia falta do Sam, toda vez que eu via que eram três da manhã, eu pensava em liga-lo, coisa estúpida minha, até parece que aquele nosso pacto de fazer um pedido às três da manhã seria levado a sério, mas eu só queria fazer um pedido: que eu não tivesse ido pro orfanato, que eu encontrasse a Juliet no colégio e ele na faculdade, desse jeito tudo daria certo. Ou não.
Desci as escadas desanimada, era a semana musical de alguma artista especial, só podíamos cantar as músicas que fossem do tal artista, mas ainda não tinham revelado.
— Que cara de enterro. – a Juliet disse quando me sentei ao seu lado. – Digo, você está linda, mas a sua expressão facial está péssima. – fez uma careta e eu forcei um sorriso, fazendo-a rir.
— E o artista dessa semana é... – Johnson atraiu a nossa atenção pra cima do palco e eu olhei, ansiosa. – Meghan Trainor! – ele gritou e eu arregalei os olhos, dando um pulo do sofá e gritando, atraindo a atenção de todos.
Olhei pros lados meio sem jeito e voltei a me sentar, mas eu sabia no que aquele ato impensado acarretaria.
— Não, não, não. – Johnson disse apontando pra mim e uma luz me focou. – Você sabe como as coisas funcionam, Hailee, você praticamente implorou pra cantar. – o Gilinsky desceu do palco e veio em minha direção, estendendo sua mão, me fazendo sorrir sem jeito. – E como vocês sabem... – Johnson continuou enquanto eu andava até o meio do círculo. – As músicas da Meghan parecem acapella, então não terá ritmo, será só você e o violão. – ele sorriu, me fazendo ficar com mais receio ainda. Me aproximei do banquinho e me sentei, observando que tinha outro ao meu lado. – Alguém quer ajudá-la nos sons acapella e depois cantar outra música? Vai ser uma batalha amigável. – ele disse animado e eu observei aquele par de olhos claros se aproximando. – Sophie, ótimo! – todos bateram palmas, e eu logo olhei pra Juliet, que estava beijando a Nina. Obrigada pelo apoio, amiga.
— 3AM? – olhei pra Sophie sem jeito e ela assentiu com a cabeça, logo começando a fazer o ritmo. Olhei ao redor e pude observar o Samuel com aquela Stassie, fazendo com que meu coração apertasse mais ainda.
— I can't believe I'm still doing this, I told myself a month ago that I'd be through with this, I'm looking at my phone and wondering if you're home, I'm kinda tipsy, I ain't tryna sleep alone... – respirei e continuei olhando pra ele. Eu não tinha que negar nada, ele estava olhando pra mim e provavelmente entendendo tudo. Aquilo me deixava com mais vontade de cantar. – Somebody told me that some other girl was hugging you, baby you know I'm the one that should be loving you, you know we had a thing, baby it's such a shame, I still get crazy every time I hear your name... – abaixei a cabeça e voltei a aproximar o microfone da boca enquanto voltava a olhar pra ele, levantando a cabeça. – I know it's complicated, but you know I'm impatient... 3am, yup I'm texting you once again... – essa parte parecia um rap e eu aproveitava pra olhar bem pra ele, era o que ele mais cantava no orfanato. – Even though I'm hanging with my friends, I can't help it, I can't help myself... – neguei com a cabeça fechando os olhos, mas logo voltei a olhar pra ele, que parecia nem piscar. – 3am, I might be looking for a late night friend, and baby I can't get you out my head, I can't help it, I can't help myself... – respirei fundo pra cantar a próxima parte, mas notei a Sophie mudar de ritmo e presumi ser outra música, olhei pra ela, que assentiu com a cabeça e eu continuei com o ritmo.
— That boy's no good for you, you're way too good for him, that boy's no good for you, for you... – ela cantou num tom baixo, mas a sua voz parecia a de um anjo, e eu amava aquela música.
— Wo-oh, wo-oh, wo-oh... – complementei, fazendo com que ela assentisse com a cabeça e continuasse.
— No, he no good, he no good for you...
— Wo-oh, wo-oh, wo-oh, no he no good, he no good for you... – ela arqueou as sobrancelhas e eu pude escutar os aplausos.
— Vocês foram demais. – o Johnson disse se aproximando e eu me levantei do banquinho sorrindo. – Tão sincronizadas, pareciam uma só. – ele passou por nós e chamou outras duas garotas pro banquinho.
Eu me afastei do centro com a Sophie, que permanecia em silêncio.
— O que foi aquilo? – perguntei olhando de lado e ela olhou pra mim com um sorriso no rosto.
— A verdade, Hailee, basta você enxergar. – ela se virou e passou entre as pessoas, logo eu voltei a olhar pro Sammy pra tentar entender alguma coisa, mas ele estava beijando a Stassie. De novo.
É sério que eu vou sofrer de coitadinha enquanto ele está melhor do que nunca?
— Amei sua apresentação. – olhei de lado e o Nate estava sorrindo, se aproximando de mim.
— Eu quero te beijar. – disse rapidamente e ele pareceu ter um susto.
— O que? Nós não somos amigos, Hailee? – ele pareceu envergonhado enquanto sorria. Parecia outro Nate.
— Amigos? – arqueei uma sobrancelha e notei a outra dupla terminar de se apresentar, me aproximei rapidamente do Johnson e cochichei em seu ouvido "Conhece Title?", ele assentiu com a cabeça e eu sorri, ele me deu o microfone e eu sentei no banquinho, fitando o Nate.
— If you want my love, he gotta do what he does, if you want these sweet light sugar gucci lips, he gotta give it up... – arqueei apenas uma sobrancelha, fazendo-o sorrir. – I know you think I'm cool, but I ain't one of the boys, no, don't be scared that I'm gonna tie you down... – passei o olhar rapidamente pelo Sammy, que parecia olhar na minha direção.
Me levantei do banquinho e percebi o Johnson fazendo o ritmo perfeito, o que facilitava tudo.
— I need a little more... – pisquei o olho pro Nate e me aproximei mais dele, dançando no ritmo da música e segurando em sua blusa.
— Baby, don't call me your friend, If I hear that word again, you might never get a chance to take me naked in your bed... – arqueei as sobrancelhas e ele sorriu mais ainda, parecia estar se divertindo. – And I know girls ain't hard to find, but if you think you wanna try, then consider this an invitation to kiss my ass goodbye... – me aproximei mais ainda dele e notei o Johnson cantando o refrão em forma de rap.
— Give me that title, title, come on give me that title, title, better give me that title, title, come on give me that title, title... – então eu decidi pular pra parte de rap da música, fitando o Nate cada vez mais perto enquanto nossos rostos estavam praticamente colados.
— Say I'm a special kind of woman, I'm loving what you got, but I'm hating what you doing, gotta understand that I'm looking for a man who can get up on a bike, look mom, no hand. – dei uma risada fraca, fazendo-o rir. – You gotta show me off, off, but you on purpose if that's the case I'm all gone, you gotta treat me like a trophy, put me on the shelf, I promise something else... – afastei o microfone da boca e pude escutar o Johnson cantando novamente em forma de rap.
— Baby, don't call me your friend, If I hear that word again, you might never get a chance to take me naked in your bed...
— Acho que deu pra entender o recado. – ele disse me olhando e levando sua mão até o meu rosto, aproximando sua boca da minha e encostando vagarosamente os seus lábios dos meus, mas por poucos segundos, pois quando abri os olhos, o Nate estava jogado no chão com o Samuel em cima dele. – Parem! – eu gritei tentando tirar o Samuel de cima do Nate, que levava vários socos no rosto, mas senti dois braços me afastando, era a Juliet.
— Hailee, não! – ela disse me abraçando por trás enquanto eu tentava me soltar.
Ao ver a cena do Nate com o rosto sangrando por causa do Sam, me deu uma raiva enorme, eu só queria pular ali e bater nele.
— Você disse que ia ficar longe dela, seu desgraçado! – Sam gritava pro irmão, que parecia estar desacordado.
— Para, seu monstro! – gritei pro Sam, que se virou e me olhou nos olhos. Seu olhar estava pesado, e a parte do seu olho que era pra estar branca, estava vermelha, me dando um aperto no peito. Os papéis se inverteram?
Gilinsky finalmente chegou e tirou o Sam de cima do Nate, logo passando por mim, mas tudo pareceu em câmera lenta.
— Você que me transformou nisso. – ele disse com o olhar pesado e sumiu do meu campo de visão.
Juliet finalmente me soltou e eu me sentia fraca, tonta e com uma dor no peito ao ver o Nate daquele jeito no chão, mas os meninos já estavam ajudando-o.
— Hailee, Hailee. – a Juliet me chamava, mas eu não conseguia me mover, mal conseguia falar.
— Hailee! – escutei a voz do Shawn e fechei os olhos com força, e quando pude perceber, eu estava em seus braços, tonta, fraca e com um peso no peito.
Abri os olhos várias vezes e via várias cenas diferentes, mas quando me dei conta, o Shawn estava me deitando na minha cama e a Juliet se sentou ao meu lado.
— Eu vou trocá-la agora, muito obrigada, Shawn. – escutei a voz da Juliet de longe e pisquei os olhos várias vezes.
— Tem certeza que ela vai ficar bem? – percebi a voz do Shawn preocupada, mas eu mal conseguia me mover.
— Eu cuidei dela nas crises do colégio, ela está em estado de choque, vai ficar tudo bem. – a porta se fechou e eu tentei me sentar na cama, sentindo um peso no peito e uma falta de ar. – Hailee, calma! – Juliet se aproximou de mim e segurou meu rosto.
E então eu chorei. Tudo o que eu tinha pra chorar.
Agarrei o braço da Juliet com força enquanto soluçava e tentava falar frases inaudíveis.
— Ele parecia um monstro, Ju, ele machucou o próprio irmão. – disse gaguejando cada palavra enquanto sentia a mão da Juliet na minha cabeça tentando me acalmar.
— Não era ele, Juliet, você sabe o que a droga faz com a pessoa, ele deve estar se afundando nisso há dias e fingindo que está tudo bem. – ela disse num tom calmo e eu fechei meus olhos com força, sentindo uma grande dor de cabeça.
— Ele parecia normal quando eu olhei pra ele quando cantava... – levantei meu olhar e ela já estava colocando um comprimido na minha boca, logo me dando um copo de água.
— Pra dor de cabeça, tome. – ela disse calmamente alisando meu rosto.
— Como você sabe? – perguntei engolindo o comprimido e ela colocou o copo em cima da cômoda.
— Eu simplesmente sei, Haiz, agora tenta se acalmar. – ela me abraçou novamente enquanto eu tentava controlar minha respiração.
— Ele vai se destruir... – falei num tom baixo e fechei os olhos a fim de dormir, mas as lágrimas pareciam não ter hora de parar.