A primeira coisa que Lena viu ao despertar foi à imagem de Kara ao seu lado dormindo tranquilamente e um calor aqueceu seu coração de imediato. Tocou o cabelo loiro com cuidado apreciando a maciez dos fios, não lembrava a última vez que sentiu algo assim por alguém, nem sequer tinha certeza de um dia ter se sentido deste jeito, nem com Jack, não, o que ela sentia por Kara era muito maior, muito mais forte.
— Ei — A chamou em um sussurro suave com seus dedos ainda acariciando os cabelos dela. — Os olhos azuis começaram a se abrir preguiçosamente para seu completo encanto. Admirar os olhos de Kara tão de perto era como ter uma visão privilegiada do céu. — Eu preciso ir a L.Corp. — Avisou calmamente. — Vou ficar por lá a manhã toda, tudo bem?
Kara se remexeu como um gatinho arrastando um pouco o lençol com ela.
— Eu a levo. — A repórter murmurou sonolenta.
— Não precisa, durma mais um pouco. — Insistiu.
— Mas... — Tocou os lábios dela com o dedo a calando.
— Dois agentes da DEO vão me acompanhar e ficar comigo, você não precisa se preocupar. — Sabia que pedir isso não adiantava, mas não queria Kara se preocupando com ela todo o dia. — Se algo estranho acontecer, juro que te ligo. — Fez a promessa sabendo que isso há deixaria um pouco tranquila. — Continue dormindo, vejo você mais tarde.
Fez carinho no cabelo loiro mais uma vez e se inclinou para beijar os lábios doces que a puxavam como um imã e quando estava prestes a se afastar, Kara segurou sua mão.
— Eu vou sentir sua falta. – Kara murmurou com uma expressão adorável no belo rosto que a fez sorrir e não resistiu, voltou a se inclinar na direção da repórter segurou o queixo dela e a beijou.
Dessa vez um beijo mais longo apreciando o encontro de seus lábios.
— Eu também vou sentir a sua — Beijou a ponta do nariz dela e levantou. — Agora volte a dormir.
Obedecendo, os olhos azuis se fecharam e a loira voltou a se acomodar no travesseiro.
Lena a observou por um tempo e com um sorriso insistente nos lábios, logo seguiu o curso de seu dia.
(...)
Não podia acreditar que estava a alguns passos de ter o colar que finalmente lhe daria a liberdade e confiança para estar com Lena de forma completa. A forma como as coisas entre elas estavam indo, se o colar não estivesse pronto, não sabia se conseguiria continuar resistindo.
— Bom dia, Supergirl. – Winn a cumprimentou animado assim que entrou na sala dele.
— Será um ótimo dia se você tiver terminado meu colar. – Disse sentando-se na mesa como sempre fazia.
Alex odiava essa mania.
Winn a olhou com interesse.
— Já terminei. Alex disse que quem desenvolveu o projeto original foi a Lena da terra 30.
Assentiu sentindo uma saudade imediata crescer em seu peito, como o pessoal da terra 30 estaria? Esperava que todos bem.
— Muito inteligente e perigoso. – Winn continuou falando.
Concordou mais uma vez.
— Posso pegar?
Winn parou obviamente guiado pela curiosidade.
— Tenho duas perguntas antes.
Respirou fundo impaciente, mas concordou. Não levaria a nada impedir Winn de perguntar qualquer coisa, isso só geraria mais perguntas.
Winn cruzou os braços e parou bem na sua frente.
— 1° Por que você quer algo que pode tirar a sua força? 2° Por que Lena, nossa Lena, tem o controle do colar também? — Kara já esperava as perguntas, esperou Winn terminar para responder. — Primeiro pensei que era porque a outra Lena que desenvolveu o projeto, então precisasse de nossa Lena, mas não é preciso.
Cruzou os braços.
Winn tinha sido a primeira pessoa, a saber, que era Supergirl e confiava sua vida a ele, não tinha porque esconder sua relação com Lena.
— Eu e Lena estamos juntas – Vendo a confusão nos olhos de Winn, explicou. – Estamos juntas romanticamente.
Winn abriu a boca varias vezes antes de falar e sua expressão foi lentamente se transformando de pura surpresa para um sorriso malicioso.
Revirou os olhos, lá vinha.
— Isso, vocês duas, era tão obvio.
A frase favorita das pessoas aparentemente.
— Vejo que todos sabiam sobre nossos sentimentos, menos nós. — Resmungou.
Podiam ao menos ter dado uma dica? Assim não teria perdido tanto tempo.
— Me conte Kara, como isso aconteceu e quem se declarou para quem? Aposto que foi Lena.
Kara ignorou a falta de confiança de Winn em suas tomadas de atitude.
— Um pouco das duas. – Suspirou sem esconder um sorriso crescendo nos lábios e o brilho nos olhos. – Gosto dela, Winn.
Winn sorriu.
—Isso está claro em seus olhos. – Winn ficou sério e Kara já sabia o que ele iria perguntar a seguir. — Já falou com James? Ele vai ficar chateado, ele gosta de Lena.
Revirou os olhos.
— Gosta? Por favor, Winn. Somos amigos de James, mas ele não sente nada por Lena. Só está com o orgulho ferido porque ela o dispensou.
— Pode ser, mas mesmo assim vocês ainda são amigos e Lena é a ex dele, você gostando ou não.
Sabia que conversar com James era o certo a se fazer, mesmo que estivesse chateada com ele, aquilo era o certo.
— Vou falar com James, não se preocupe.
Winn lhe tocou o braço.
— Eu sei que vai. Você sempre faz o que é certo. — Winn tocou seu braço e viu o olhar sincero de alegria nos olhos dele. — Fico feliz que esteja feliz, você mais do que ninguém merece.
Sorriu.
— Obrigada Winn.
O amigo piscou brincalhão para ela.
— Lena é o melhor partido da cidade, você se deu bem.
Kara jogou a cabeça para trás rindo.
— Ela realmente é, e está comigo, você pode acredita nisso?
— Se eu posso? National city inteira deve perceber que Lena Luthor tem uma queda por Kara Danvers.
Kara sorriu tímida e lisonjeada.
— E Kara Danvers também tem uma queda enorme por Lena Luthor.
Winn sorriu entregando a caixa a Kara.
— Seu colar.
Kara imediatamente abriu um sorriso ainda maior, nem acreditava que finalmente a solução dos seus problemas estava finalmente ali em suas mãos.
— Obrigada, Winn. – Tirou o colar da caixa e o colocou envolta do pescoço.
— Lena e você podem ativa-lo, o efeito sobre você é de perda de força, como Lena 30 fez. Seus outros poderes permanecem, o que te dar uma vantagem caso precise deles.
Kara assentiu com atenção.
— O efeito passa assim que desativado e sua força volta ao normal.
— Isso é bom, assim posso garantir a segurança das pessoas se for preciso.
Winn assentiu.
— Exatamente. Agora responda a minha primeira pergunta. Qual objetivo disso?
Corou, mas respondeu.
— Lena é humana Winn e eu uma alienígena com super-força. — Podia sentir as bochechas queimarem. — Nem sempre vou estar sob o controle do meu corpo, principalmente quando estivermos juntas, e quero ter esse relacionamento 100% se é que me entende.
— Wow! – Exclamou Winn se sentando. — Eu não tinha pensado nisso, vocês duas.
Revirou os olhos vendo o rumo de pensamentos de Winn se encaminhando para onde não devia.
— Nem precisa pensar Winn, por favor.
Winn riu.
— Uma Luthor e uma Super, quem diria.
Kara deu um beijo no rosto do amigo.
— Obrigada por isso – apontou para o colar. – E obrigada pelo apoio.
— Somos amigos, não faço mais que minha obrigação.
Concordou e lançou um ultimo sorriso a ele antes de sair.
— Kara. – A voz de Mon-El.
Revirou os olhos se sentindo tentada a sair andando sem lhe dar atenção. Mas permaneceu onde estava e apenas girou o corpo cruzando os braços esperando ele se aproximar.
— Alguma novidade sobre quem implantou a bomba na casa de Lena?
Lena, mais uma vez o tópico favorito de Mon-El ultimamente.
— Ainda não, mas a DEO vai encontrar o culpado e é comigo que ele vai se entender.
— Claro, afinal é sua melhor amiga. – Ele cruzou os braços. – Você vai viajar? Vai para Argo?
— Como soube? — Perguntou confusa, Alex não contaria.
— J'onn, ele pediu ajuda a legião, caso precise, em sua ausência. Fiquei preocupado, alguma coisa com a sua mãe?
— Não estou indo para Argo, se me der licença tenho coisas para organizar.
— Claro. – Mon-El deu espaço para Kara passar. – Pode deixar que cuido de Lena enquanto estiver fora.
Kara se voltou para ele, podia sentir o ar de provocação na voz do ex.
— Qual o seu interesse em Lena de repente? Todo o tempo falando sobre ela ou querendo protege-la? Dias atrás você deixou bem claro sua opinião sobre Lena, qual a razão disso tudo agora?
Mon-El abaixou a cabeça sorrindo, o que a irritou ainda mais.
— Não posso mudar de opinião? Lena é uma mulher interessante, você sempre fez questão que todos a vissem desta forma. E eu estou vendo.
Kara apontou o dedo para Mon-El, não dava a mínima a onde estava. Não acreditava em uma palavra que ele dizia e deixaria isso claro.
— Fique longe dela.
— Você que deveria ficar. Não sou eu que uso o símbolo no peito o qual a família dela odeia.
Assim era melhor, mostrando a verdadeira opinião. Pensou Kara.
— Você não controla tudo como gosta de pensar Kara, e muito menos controla Lena. Um dia ela vai sair dessa bolha que você a colocou, e aí sim, eu quero ver o que vai fazer. — Ele disse e deu as costas a ela.
O que ele quis dizer com aquilo? Ela nunca colocou Lena em bolha alguma. Ambas sempre tiveram liberdade de expressar suas opiniões e varias vezes chegaram a discordar, mas mesmo assim, sempre chegavam a um senso comum, como ele pode dizer que ela tentava controlar Lena? Será que Lena pensava assim?
Balançou a cabeça e afastou o pensamento.
— Babaca! – murmurou o xingamento enquanto saia da DEO, Mon-El não estragaria seu dia.
(...)
Lena conseguiu organizar junto com Jess toda a agenda, Sam estava em uma reunião com uns investidores importantes para L.corp e voltaria na manhã seguinte.
Tudo estava em perfeito estado na empresa.
Soltou um suspiro de orgulho, tinha construído e ainda pretendia construir, com a ajuda da L.corp, tantas coisas e isso enchia seu coração de felicidade e esperança. Amava aquela empresa e o que ela podia fazer para mudar a vida das pessoas e o mundo.
Olhou a hora, teria uma reunião com James ao meio dia. Catco era sua responsabilidade também, apesar de não ter a mesma ligação emocional que tinha com a L.corp, era sua e precisava administra-la com perfeição.
Quando a comprou, comprou por Kara, gostasse ou não de admitir, não queria ver Kara desempregada, não, só em pensar em vê-la triste a deixava em pânico.
Comprou Catco e aquilo virou um dos seus grandes investimentos, James e ela tinham seus problemas pessoais, mas quando se tratava da revista ele cuidava melhor que ninguém.
— Senhorita Luthor, Olsen está aqui.
— Pode mandar entrar.
Lena caminhou até sua cadeira, sempre agradecia por aquela cadeira extremamente confortável, depois de um dia longo, sempre era reconfortante sentar ali.
Olhou para o sofá e sorriu, aquele era outro que ela não vivia sem, além de lhe proporcionar bons descansos também lhe proporcionou bons momentos com Kara.
— Boa tarde, Lena. – James a cumprimentou lhe estendendo a mão.
— Olá, James. — Apertou a mão dele rapidamente.
— Eve disse que não adiantou o assunto da reunião, algum problema?
— Vou me ausentar uns dias e gostaria de comunicar a você.
O olhar de James ficou mais atento quando ouviu a palavra "viagem"
— Você já cuida da Catco praticamente sozinho, mas ela segue sendo minha e eu vou ter que estar fora da cidade; qualquer problema que acontecer eu quero contar com você para resolver.
— Viajar? Com quem? – James perguntou curioso não dando a mínima sobre o que ela estava falando sobre Catco.
— James, não importa com quem, não o chamei aqui para da satisfação sobre minha vida e sim para saber se você se sente capaz de cuidar da Catco sozinho.
A fúria nos olhos do homem a sua frente não passou despercebida, mas ela pouco se abalava; James não era assunto seu pelo menos não mais.
— Acabamos de terminar Lena...
— Não estamos aqui para falar sobre nós e muito menos de um "nós" que nem sequer existe mais, então, por favor, mantenha o foco.
Ele a olhou irritado por uns segundos.
— Posso e vou cuidar da Catco.
Lena se levantou.
— Ótimo, era só isso. – Passou por ele que se levantou ficando a sua frente.
— Você não sente falta de nós? – James tocou seu cabelo e seu primeiro impulso foi retroceder. – Sinto sua falta Lena.
Deu um passo atrás mantendo distancia dele.
— Não eu não sinto e esta é a verdade que você não quer entender.
Ele negou voltando a se aproximar insistente.
— Você não pode está falando sério quando diz isso, claro que está chateada pelo que eu falei, mas caramba Lena, já passou eu me desculpei.
— Não é só isso James eu... – Ele não a deixou terminar a puxou de surpresa pela cintura a prendendo contra o corpo e a beijou com força.
Quando se deu conta do que estava acontecendo, tentou empurra-lo, mas a força de James era muito maior que a sua, mas mesmo assim continuou empurrando e girando a cabeça. Seguiu empurrando e quando a boca dele saiu de cima da sua e foi para seu pescoço, foi sua chance, gritou para ele solta-la.
— Pare com isso James, está me machucando. — Tentou se soltar mais uma vez o empurrando, mas quanto mais o empurrava, mais James juntava o corpo ao seu de forma possessiva.
A boca dele em seu pescoço estava lhe dando náuseas, precisava se soltar.
— ME SOLTA! – Gritou mais uma vez e mais alto.
E para seu alivio, os dois agentes da DEO entraram na sala e o arrancaram de cima.
Deu dois passos para trás desiquilibrada e atordoada com a situação.
— Você é minha, Lena. – Ele gritou e ela não conseguia acreditar.
Sam passou pela porta e foi direto na direção de James e lhe deu um chute no saco.
— Se encostar um dedo nela outra vez, eu vou fazer picadinho de você. Tirem o daqui.
Os agentes da DEO se afastaram as deixando sozinhas, seu corpo inteiro tremia.
— Ele machucou você? – Sam perguntou preocupada.
— Ele me beijou a força, Sam. – As palavras saíram com incredulidade. – O que aconteceu com ele?
— É um babaca, você tem que começar a pensar na demissão dele Lena, ele já está passando dos limites, imagine se os agentes não estivessem aqui?
Lena nem queria pensar naquilo, passou a mão pelos lábios e no pescoço tentando se livrar de qualquer vestígio de James.
— Eu não queria fazer isso, realmente não queria misturar as coisas, mas ele não está me dando opção.
— Ele está passando de todos os limites com você, precisa fazer isso.
Lena sentou no sofá e Sam lhe entregou um copo de agua.
— Eu nunca pensei que as coisas tomariam um rumo tão desconfortável. – Olhou o rosto da amiga. — Sam imagina quando ele descobrir sobre Kara? –Olhando agora para a água em seu copo e lamentou: – Vou ficar no meio da amizade deles.
— É uma bobagem pensar isso, Kara nunca culparia você pelas atitudes de James.
— Eu sei que não, mas mesmo assim é difícil estar na posição de "pedra no caminho" de uma amizade dela.
— A pedra é James, ele que é o babaca Lena. – Tirando o copo da mão de Lena, Sam sugeriu: — Sabe o que você tem que fazer?
Lena balançou a cabeça.
— Você deve ir para casa e terminar de arrumar suas coisas para a sua viagem, eu vou cuidar da L.corp e até você arrumar outra pessoa para cuidar da Catco, James cuidara dela, é um babaca, mas adora aquilo. Esqueça qualquer coisa que te incomoda, viva 100% esse momento seu e de Kara, eu aposto que ela está animadíssima.
Lena forçou um sorriso tentando afastar o recente acontecimento da mente.
— E ela está, tem razão Sam.
— Sempre tenho.
Lena levantou.
— Vou sentir saudade. – Sam riu e a abraçou.
— Pare de mentir que duvido muito que vá lembrar-se de mim quando estiver só você e Kara.
Lena corou, mas concordou rindo.
— É difícil pensar em qualquer outra coisa que não seja Kara quando ela está por perto.
Sam revirou os olhos.
— Vá logo para casa antes que as formigas invadam está sala com tanto mel sendo derramado.
Lena riu. James não estragaria sua viagem.
(...)
Lena deixou os sapatos em um canto do quarto e entrou no banheiro para tomar um banho, queria tirar os vestígios de James de corpo. Só a lembrança dele a tocando a deixava enjoada. Como ele podia ter agarrado daquele jeito? Nunca imaginou que James pudesse ser esse tipo de homem.
Dois dias seguidos com alguém a atacando, seja com uma tentativa de assina-la ou com um ex namorado a beijando a força, qual a droga do problema das pessoas com ela afinal? Era exaustivo às vezes, exaustivo demais.
Enrolou-se na toalha e foi para o quarto tentando se concentrar que logo teria uns bons dias de tranquilidade com Kara fora dali. Depois de se trocar conferiu se todas suas coisas estavam devidamente organizadas em sua mala e quando checou que estavam, pegou o celular para fazer uma ligação importante.
— Alicia Barker, quem é?
Lena sorriu ao ouvir a voz tão conhecida de Alicia.
— Lena Luthor.
O silencio na linha deixou claro que ela estava surpresa em ouvir sua voz.
— Lena, quanto tempo.
— Bastante. Como você está?
A outra respirou profundamente.
— Vivendo um dia de cada vez e você? Eu sinto muito pelo que aconteceu com Lex.
— Não sinta, ele só está pagando pelo que fez com Clark.
— Não escuto esse nome há tanto tempo, sabe como ele está?
— A ultima vez que eu o vi ele estava muito bem.
— Que bom, mesmo que ele não acredite, eu sempre quis o melhor para ele.
— Ele sabe, mas não liguei para você para falar sobre ele ou meu irmão. Quero lhe oferecer um emprego Ali, o que acha de ser a CEO da Catco Worldwide media?
— O que? Lena, sobre o que você está falando?
Lena sorriu.
— Não tem lido nada sobre mim ultimamente? Estou ofendida.
— Não brinque comigo, você comprou a Catco?
— Sim e quero que você assuma, estou com problemas com o atual CEO então pensei em você.
— Isso, isso é maravilhoso, logico que eu quero!
— Ótimo, é a resposta que eu esperava. Vou sair para uma pequena viagem e quando voltar, eu vou resolver as coisas com o atual CEO, você já pode preparar suas coisas e vim para National City.
— Lena, isso é um sonho? Você tem certeza? Você sabe que as pessoas ainda desconfiam de mim.
Alicia tinha feito muita coisa errada no passado, mas tinha se concertado e Lena queria dar esta chance a ela. A conheceu através do irmão, nunca foram próximas, mas ela tinha uma simpatia por Alicia, ela tinha tido uma vida difícil e Lena queria ajudar.
— O que passou, passou. Você vai gostar desta cidade.
— Só de ter uma chance de recomeçar já me faz feliz.
— Eu mais do que ninguém entendo isso.
Lena virou o rosto quando ouviu um barulho vir de sua janela, sorriu ao ver Kara entrando em seu uniforme de Supergirl.
— Preciso desligar, posso contar com você?
— Sim, você pode.
— Nós vemos então.
Deixou o celular sobre a cama e levantou indo de encontro a Kara. Depois do que houve com James, precisava de um abraço dela, do cheiro, do sabor. Precisava de Kara.
— É tão bom sentir seu cheiro. – Sussurrou com o rosto afundado no pescoço da loira.
Os braços de Kara rodearam sua cintura a fazendo se sentir protegida.
— É bom sentir o seu também. – Kara sussurrou em seu ouvido.
Afastando o rosto, apenas o suficiente para poder olhar para os olhos azuis, deslizou mão pelo rosto da repórter; completamente encantada com os olhos azuis. Tinha certeza que aquele tom de azul era único de Kara, nunca tinha visto olhos tão lindos quantos os dela, tão puros e sinceros.
— Como foi seu dia? – Perguntou, em resposta, Kara se inclinou um pouco juntando seus lábios em um doce beijo.
— Muito melhor agora. – Lena sorriu. – Conseguiu organizar tudo na L.Corp e na Catco?
Desviou o olhar e Kara notou a hesitação.
— Ei, algum problema? – Perguntou um pouco preocupada.
Lena não queria entrar no assunto, sentia que já tinha minado a relação de Kara com James o suficiente e não gostava de estar nesta posição, mas tinham prometido não mentir uma pra outra.
Desvencilhou um pouco de Kara e deixou a respiração pesada sair dos pulmões.
— Tive uma pequena discursão com James. – Ocultar a parte que ele a tinha beijado a força não era mentir propriamente.
— O que ele fez dessa vez? – Kara cruzou os braços e sua expressão suave de minutos atrás tinha desaparecido e era isso que não queria; ser a pessoa que tira dela aquele olhar doce.
— Não foi nada Kara, já passou. – Voltou a se aproximar dela e acariciou seus braços na intenção de acalma-la.
— Você está me escondendo algo, vai me contar ou vou ter que ir pessoalmente perguntar a James?
Abriu a boca e a fechou. Por que ela a conhecia tão bem?
— Então? – Kara insistiu.
— Ele me beijou, a força. – soltou as palavras sabendo que a reação dela seria ruim.
— Ele o que? – Kara perguntou sem acreditar no que ouvia.
— Kara já foi resolvido isso que importa.
— Ele a beijou a força – repetiu as palavras. — Como ele pode fazer isso?
Lena estava se fazendo a mesma pergunta.
Kara começou a andar de um lado para o outro.
— Você não precisa ficar assim, droga eu não quero que nada estrague nossa viagem, Kara.
A loira parou na frente de Lena.
— Ele não pode beijar você a força Lena, é errado. Não só porque estamos juntas, mas porque não se deve ultrapassar o limite que uma pessoa dar.
— Eu sei.
— Winn ainda me disse que eu deveria conversar com ele, ser honesta sobre o que está acontecendo entre nós e eu pensei que ele estava certo, mas que respeito eu devo alguém que não tem respeito por outra pessoa?
— Você acha que é uma boa ideia contar a ele sobre nós?
Kara estranhou a pergunta.
— Neste momento eu sinto que não devo nada a ele a não ser um bom soco por ter tocado em você, mas sim no geral acredito que devo contar. Por quê? Você não quer?
— Não é isso, não é sobre mim. É sobre vocês e a amizade que tem.
— Lena, James não está merecendo nada de mim, depois de tudo que me disse no bar e do que fez a você naquele dia e hoje.
— Ele é seu amigo e sei como isso importar pra você.
— Sim ele é, ou foi meu amigo... Mas você – segurou o rosto de Lena entre as mãos. – Você é a mulher que eu quero, e eu não vou esconder isso de ninguém. Não estamos fazendo nada de errado Lee, se ele não aceitar é problema dele, James teve a chance de ter você e a desperdiçou, eu não vou cometer o mesmo erro.
Como ela conseguia deixar seu coração batendo tão descompensado com simples palavras como aquelas?
— Ele nunca teve essa chance Kara – Sussurrou. – Meus pensamentos e meu coração já eram seus, independente se me quisesse ou não.
Sorrindo Kara juntou os lábios das duas.
— Os meus também Lee, os meus também.
Deslizando os dedos pelos fios loiros, Lena sussurrou.
— Não vamos mais pensar em James, não por esses dias que estivermos fora, quero pensar só em você, em nós, mais nada.
Kara concordou enquanto novamente seus lábios escapavam outro sorriso.
— Posso lidar com James quando voltarmos.
Lena assentiu.
Kara continuou falando:
— Você tem toda razão, vamos pensar só em nós. – Lena repousou um beijo suave contra os lábios de Kara, que retribuiu de forma lenta e afetuosa.
— Pegou tudo que precisa? – Kara perguntou apontando para a mala.
Lena nem sequer desviou o olhar, ao contrario, segurou o rosto de Kara entre as mãos e sussurrou:
— Tudo que eu preciso está bem aqui na minha frente.
Kara mordeu o lábio inferior com força enquanto sorriso continuava crescendo em seus lábios.
Lena conseguia mexer com todas suas emoções, sempre a deixava sem palavras e sem ar.
— Podemos ir então? – Um frio de ansiedade começou a crescer em sua barriga, estava pronta para mostrar para Lena seu lugar favorito e mais ainda compartilhar ótimos momentos com ela.
— Sim. – Lena olhou para os lados. – Você não vai levar nenhuma mala?
— A cabana para onde nós vamos é minha e tudo que preciso levar para lá, é você. – Disse mostrando os braços e Lena os olhos com um pouco de pânico fazendo Kara rir. – Você sabe que não vou deixa-la cair não sabe?
— Isso não muda o fato que odeio voar. – Lena respondeu fazendo um pequeno bico que Kara tinha certeza que ela nem sequer tinha percebido que tinha feito.
— Vou tirar esse medo com o tempo, pode apostar.
— Eu lhe daria minha fortuna inteira só para perder esse medo, você sabe o tanto de calmante que já tomei ao longo da minha vida só para poder pegar alguns voos? Nem queira saber.
Lena caminhou até onde estava sua mala e a levou para perto de Kara, esticou o braço e pegou um dos seus casacos favoritos. Quando ia se inclinar para pegar o celular, Kara o tirou de sua mão e o guardou em uma gaveta.
— Nada de celular, seremos apenas eu e você.
— Mas e se precisarem de mim, algum problem...
— Nada de celular, Lena.
Lena levantou a mão cedendo ao pedido, melhor a ordem da loira.
— Sabe que quando usa esse tom "Supergirl" me irrita bastante não sabe?
Kara jogou a cabeça para trás rindo.
— Sei. – puxando Lena pela cintura sussurrou contra seu ouvido. – Você não vai precisar de celular, pretendo mantê-la ocupada.
Lena suspirou e saiu quase como um gemido e empurrou um pouco Kara para longe.
— Se você vai começar com isso, é bom terminar.
— E eu vou, pode apostar que eu vou.
Sem aviso previu pegou Lena no colo a fazendo soltar um pequeno grito de surpresa.
— Vamos. – Pegou a mala e saiu voando com Lena em seus braços.