— Qual o seu problema? — Sasuke veio irado em minha direção quando saiu do banheiro.
Pulei do sofá tentando correr para porta mas ele me alcançou antes que conseguisse chegar lá. Droga, sabia que deveria ser mais atlética.
— Foi só uma brincadeira.
— Ta querendo me matar? — ele ergueu meus braços para cima deixando-me presa contra a porta.
— Você mereceu.
— Mereci? — sua irritação só aumentava cada vez mais.
Mordi os lábios segurando o riso, Sasuke abriu a boca para gritar mas se afastou rapidamente com uma careta de dor no rosto.
E lá se foi o coitado de volta pro banheiro. Me deu um pouquinho de pena mas só um pouquinho mesmo.
Corri para o quarto evitando o Uchiha e ainda o ouvi me chamando pela casa antes de ir embora. Ele estava bem irritado e eu era inteligente o bastante para ficar longe.
Meu pai ainda veio no quarto perguntar que gritaria era aquela que incomodava seu sono e eu disse que os piolhos de Sasuke estavam loucos. Kizashi saiu resmungando que arrumaria um remédio pro Uchiha.
Eu sou a rainha das mentiras.
Não ousei sair de casa durante o resto do sábado e nem no domingo pela manhã. Para minha sorte Sasuke não veio se vingar, ainda deve está no banheiro coitado.
Mas talvez ele seja uma pessoa de bom coração e me perdoe. Será que ele faria isso?
— Sakura vamos almoçar na casa de Mikoto hoje. — meu pai avisou chegando em casa cedo.
Me engasguei com a barra de chocolate que comia, tossindo sem parar.
— Acho que vou ficar por aqui mesmo.
Não seria inteligente ir comer na casa de Sasuke um dia depois de ter colocado laxante em sua comida.
— Para de reclamar e vai se arrumar logo.
— Tô lascada. — choraminguei já imaginando que passarei fome.
Porque de jeito nenhum eu vou comer na casa de Sasuke hoje.
(...)
— Chegaram na hora certa o almoço está quase pronto. — Mikoto abriu a porta sorridente.
— Achei que chegaríamos atrasados, Sakura passou duas horas para se arrumar e não queria sair do quarto. — meu pai resmungou entrando na casa.
Sorri forçado para Mikoto quando passei por ela. Meu pai havia me puxado pelas pernas enquanto eu estava agarrada na cabeceira da cama quase chorando, ele me obrigou a vir.
— Aqui, isso vai dar um jeito nos piolhos de Sasuke. — Kizashi entregou uma caixinha de remédios para Mikoto.
— Piolho? mas Sasuke não tem piolho. — ela respondeu o olhando confusa.
Essa é a hora em que eu me ferro.
— Talvez ele não queira que você saiba.
— Eu vivo passando a mão na cabeça daquele moleque, pode ter certeza que não tem nenhum piolho naquele ninho.
Meu pai me encarou e eu abri mais ainda meu sorriso forçado. Seu olhar sério era de “depois conversamos ” e eu até que gostei disse. Nós íamos conversar, coisa que nunca acontece.
— Acho que me enganei.
Mikoto deu de ombros puxando meu pai para cozinha e eu fiquei para trás dando privacidade ao “casal”. Lembrei-me que Sasuke tinha um plano para separa-los e fiquei me perguntando o que seria.
Será que machucaria os sentimentos de Mikoto?
— Haruno, que bom ver você. — o Uchiha apareceu na sala me assustando.
Olhei desconfiada para um Sasuke tranquilo e sorridente? Tô com medo. Agora que eu não bebo nem água nessa casa.
Desde quando o coração de gelo sorria? Era assustador.
— Oi. — murmurei o observando com cautela.
— Você está pálida, tá sentindo alguma dor? — Sasuke se aproximou um pouco e eu dei um passo para trás.
— Estou bem obrigada e você?
— Estou ótimo, você ainda não conseguiu me matar. — ironizou cruzando os braços.
Parece que ele não esqueceu.
— Que bom, fico feliz que esteja bem.
Ele assentiu e ficamos nos encarando em silêncio até eu tentar fugir.
— Eu vou ajudar sua mãe com a mesa. — avisei passando por ele rapidamente mas meu braço foi segurado.
Paralisei já imaginando o que estava por vir.
— Se eu fosse você prestaria atenção no que irá colocar nessa boquinha ardilosa. — sussurrou me soltando e eu engoli em seco.
Eu não poderia deixar que Sasuke se vingasse e para isso precisava faze-lo mudar de ideia.
— Você não faria mal a mim, faria? — sorri amigável passando uma mão pelo seu rosto.
— O que você acha? — arqueou uma sobrancelha me fitando divertido.
É ele faria.
— Você me chateou primeiro, eu só quis brincar um pouquinho. — retruquei irritada.
— Toda ação tem uma reação irritante, lei de Newton lembra?
— Eu não curto física.
— Pois eu curto bastante.
— Sasuke. — o olhei implorando para que parasse de brincar com minha mente.
— Crianças venham a comida está pronta. — Mikoto avisou aparecendo na sala.
— Ótimo, a Sakura está morrendo de fome. — Sasuke respondeu se virando para a mãe.
Se arrependimento matasse eu já estaria morta.
A mesa estava bastante cheia e todos encheram seus pratos. Mikoto e meu pai conversavam sobre assuntos banais e Sasuke comia em silêncio a minha frente.
— Sakura querida, não vai comer? — Mikoto perguntou fazendo todos me encararem.
— Não obrigada tô de regime. — respondi vendo Sasuke começar a rir.
Que bom que meu sofrimento o divertia. Esse cara era bastante estranho, será que me apaixonei por um psicopata?
— Mas você está ótima assim, não precisa emagrecer mais que isso.
— É melhor não arriscar. — sorri falsamente.
— Ela está com frescuras, não faça essa desfeita e coma a comida Sakura. Esses não foram os modos que eu te dei. — meu pai disse severamente.
Olhei para as comidas a minha frente e depois para Sasuke que ainda tinha um pequeno sorriso na boca. Talvez eu estivesse equivocada e ele só estava me colocando medo. Não tinha como ele por laxante na comida onde todos iriam comer, até mesmo ele próprio.
Soltei um suspiro assentindo e resolvi matar minha fome, torcendo pra outra coisa não me matar.
— Sakura e eu temos uma novidade. — Sasuke anunciou me olhando sugestivo e eu não dei moral.
Estava mais concentrada na coxinha de frango deliciosa da Dona Mikoto.
— Ah é?
— O que vocês estão aprontando? — meu pai olhou pra mim desconfiado e eu dei de ombros.
— Sei de nada. — respondi vendo Sasuke revirar os olhos.
Ele acha que eu sou advinha?
— Estamos namorando. — o Uchiha disse me lançando um olhar de “concorde ou morre”.
Me engasguei com a coxinha virando um copo de água na boca tentando não morrer.
— O que? Vocês ficaram loucos? — Kizashi explodiu se levantando.
— Qual o problema? — Mikoto perguntou o olhando confusa.
— Como assim qual o problema? Sakura não vai namorar seu filho.
— E o que você tem contra meu filho? — ela se levantou com uma cara nada boa.
— Você sabe que isso é errado.
— Não sei porcaria nenhuma, me diz você.
Os dois começaram a discutir e pelo olhar satisfeito de Sasuke eu entendi o que estava acontecendo. Esse era o plano.
Ele se levantou e eu fiz o mesmo o seguindo de fininho para fora da cozinha deixando os dois adultos trocando farpas.
— Como sabia que eles agiriam assim? — perguntei enquanto subíamos a escadas.
— Pelo jeito que seu pai nos olhou ontem, ele não aceitaria isso e minha mãe agiria ao contrário.
— Eu nunca tinha a visto tão brava.
— Ela tem seus momentos. — Sasuke abriu a porta do quarto e eu entrei o vendo a fechar e acender a luz.
Tinha que concordar que ele foi bastante esperto e observador, apesar de quase ter me matado do coração.
— Engraçada foi a cara do meu... — Sasuke me cortou vindo rápido em minha direção pegando-me no colo. — O que você está fazendo? — o olhei assustada.
— Acho que depois de toda comida que você ingeriu vai querer usar o banheiro.
— Na verdade eu estou bem, você estava blefando.
— Não se preocupe, você não vai ficar bem por muito tempo. — avisou abrindo a porta do banheiro me soltando dentro.
O olhei confusa o vendo acenar com um sorrisinho mal e em seguida bateu a porta na minha cara. Minha mente gritou em alerta e eu não gostei disso.
— Por que me trancou aqui dentro?
Me virei para observar o cômodo e o que vi me fez gritar horrorizada. Sapos, tinham sapos por toda parte, eu odiava sapos.
— Lembro-me que em uma aula de biologia do segundo ano você fez um escândalo por causa de um sapo morto, e fiquei imaginando o que você faria se visse um vivo. — ouvi a voz do idiota do outro lado da porta.
Ele conseguiu me enganar direitinho, nunca pensei que Sasuke fosse cruel a esse nível.
— Me tira daqui. — gritei me encostando na porta petrificada vendo aquelas coisas nojenta por toda parte.
Estava me tremendo de medo e com ânsia de vômito.
— Ontem eu passei duas horas nesse banheiro, será o tempo que você ficará hoje. E não se preocupe eles só atacam pessoas estranhas com cabelos coloridos, ah e rosa, eles odeiam rosa. — Sasuke disse brincando com meu psicológico.
— Seu imbecil abra essa porta. — bati contra a madeira desesperada.
Como ele pôde fazer uma coisa dessas comigo? Será que não sabe os riscos que estou correndo?
— Comportamento agressivo só vai os deixar mais agitados.
— Sasuke por favor me tira daqui. — choraminguei vendo aquela coisa feia me olhando a centímetros do meu corpo. — ele vai me matar. — voltei a bater na porta.
— Acho que vou dormir agora, aproveite bastante seus novos amigos. — ouvi sua voz se distanciando e me desesperei.
— Não me deixa aqui, me desculpa por favor. Eu nunca mais vou colocar laxante na sua comida, já tô até arrependida.
— Seu teatro não me comoveu.
— Eu faço qualquer coisa, só leva esses bichos pra longe de mim. — gritei vendo aquela coisa chegar mais perto. — Sasuke. — berrei tão alto que acho a que vizinhança inteira ouviu.
— O que está acontecendo aqui? — ouvi a voz de Mikoto e respirei aliviada.
— Nada, Sakura tá só usando o banheiro.
— Socorro, me tira daqui.
— Sasuke o que você fez?
— Não abra essa porta mãe.
Ouvi passos se aproximando e quando a porta foi aberta eu pulei nos braços de Mikoto aliviada. Eu amo essa mulher mais que tudo nessa vida.
— O que aconteceu? — ela passou as mão pelo meu cabelo preocupada.
— Sapos. — apontei pra dentro do banheiro horrorizada e puxei a porta para que eles não saíssem.
— Como esses sapos foram parar ai? — Mikoto perguntou confusa.
— Seu filho os colocou para me assustar e depois me trancou com eles. — acusei olhando feio para o Uchiha que estava deitado tranquilamente na cama.
Eu deduro mesmo.
— Sasuke! Que tipo de namorado é você? Pede desculpas agora, você tem merda na cabeça menino? — ela gritou o olhando brava.
Cruzei os braços sorrindo satisfeita. Com certeza ele não era do tipo romântico.
— Eu só estava me vingando do laxante que ele me deu. — ele deu de ombros.
Mikoto olhou de mim para o filho umas três vezes antes de jogar as mãos para cima.
— Vocês vão me deixar louca, na minha época os namoros eram mais saudáveis. — resmungou saindo do quarto e logo depois voltou — Sakura o machista do seu pai foi embora e está te esperando em casa. — avisou com a voz desgostosa e bateu a porta sumindo de nossas vistas. — E é melhor você se livrar desses sapos garoto, minha sandália sabe voar.
Encolhi os ombros olhando para o Uchiha que encarava a porta fechada entediado.
— Ela tá bem?
— Não, mas logo passa, deve ser a tpm chegando. — deu de ombros pegando seu celular e eu cruzei os braços o encarando raivosa. — Que foi?
— Nada, só quero avisar que não vai ficar barato essa brincadeira de mal gosto.
— Claro, pode deixar que dá próxima vez eu coloco cobras. — respondeu cínico. — Acho melhor você nem sonhar em fazer gracinha comigo de novo, vai se arrepender Haruno.
Esse daí consegue ser mais cruel que eu. Nem parece que saiu do útero da doce Mikoto.
— Adeus Sasuke. — rosnei batendo a porta ao sair do quarto.
Nunca mais entro nesse antro de maldade.
(...)
Kizashi me esperava sentado no sofá de cara feia assim que entrei em casa, fechei a porta me aproximando cautelosa.
— Isso é verdade? — foi curto e grosso.
— O que?
— Não se faça de desentendida.
Cruzei os braços encarando seu olhar zangado, não era verdade, mas iria se tornar.
— É verdade sim, eu estou namorando com Sasuke algum problema?
— Está fazendo isso por pirraça.
— Não é pirraça.
— Claro que é, isso tudo porque eu comecei a namorar Mikoto e você não quer aceitar.
— Eu gosto dele.
— Não interessa isso não pode continuar.
— E por que não? — também me irritei.
— Porque pretendo pedir Mikoto em casamento e de maneira nenhum nossos filhos vão ter uma relação amorosa, se contente em ter apenas um irmão.
Entreabri os lábios surpresa e não consegui dizer mais nada. O que eu tanto temia iria acontecer.
(...)
Na segunda feira a primeira aula foi de biologia. Mas eu não conseguia prestar atenção em nada que não fosse as palavras de meu pai.
O plano era para afasta-lo de Mikoto mas parece que a situação só piorou ainda mais. E eu estava muito irritada com isso.
Fora isso ainda tinha que ficar vendo Tenten de sorrisinho com o Hyuuga. Eles chegaram de mãos dadas na escola assumindo o namoro.
Eu tinha tantos problemas a minha volta que já não sabia mais o que fazer para resolver. Tudo havia virando uma grande bola de neve, e eu não tinha mais nada ao meu controle.
No intervalo da segunda aula eu estava guardando meus livros no armário, quando uma mão o fechou e Neji se prostrou ao meu lado.
— Cara isso já está ficando chato, eu tô me irritando profundamente com você. — lhe lancei um olhar de aviso.
Se ele continuasse com essas gracinhas e eu partiria para a agressão. Iria adorar socar sua cara cínica.
— Andou falando mal de mim para Tenten?
— Só disse a verdade, ela merece saber onde está se metendo.
— Acho que ela merece saber quem é a amiguinha dela também.
— Vai em frente, faça o que quiser mas eu não vou deixar ela cometer o erro de ficar com alguém como você. — disse com desprezo vendo sua expressão se fechar e ele virou meu corpo me prendendo contra o armário.
— Não precisa fingir ser forte quando está assustada gatinha. — sorriu deixando as mãos ao lado do meu rosto.
Quis cuspir em sua cara.
— É melhor tomar cuidado porque a gatinha morde.
— Eu adoraria ser mordido por você. — sorriu cínico passeando o polegar em meus lábios.
— E eu adoraria afundar sua cara nesse armário se não se afastar dela agora. — ouvi a voz irritada de Sasuke e não sabia se ficava aliviada ou temerosa.
Neji rolou os olhos se afastando e eu pude ter a visão do Uchiha mais a frente trocando olhares de ódio com o Hyuuga.
— E o que isso é da sua conta? Estamos resolvendo um assunto particular. — Neji retrucou e quando Sasuke deu um passo a frente eu também fiz.
Não seria legal uma briga no meio do corredor. Os dois iriam se ferrar com isso e Sasuke poderia sair prejudicado.
— Neji? — Tenten apareceu nos olhando curiosa. — O que está acontecendo aqui?
Ótimo, a merda estava formada e eu tinha a impressão de que ninguém sairia daqui sem está machucado. As cartas seriam postas a mesa.