Música - Patrick Swaize - She's Like The Wind.
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O hotel em Córdoba era diferente de tudo o que Lilian já havia visto, diversos chalés em torno do terreno, a suíte tinha portas janelas de vidro. Quando chegaram estava chovendo muito, as janelas abertas traziam o cheiro da chuva. Lilian parou em frente a porta e aspirou o ar, Enrique se posicionou atrás da esposa e a abraçou, envolvendo o corpo dela, encostou a cabeça no ombro dela, o nariz passando de leve pela pele do pescoço, aspirava o aroma do perfume dela, era único, sabia que reconheceria em qualquer lugar, não era o cheiro da colônia que ela usava, mas sim, da pele.
-Esse lugar é lindo! – ela elogiou.
-Realmente! Lindo demais! – ele respondeu, virando-a de frente para ele. –Vamos tomar banho de chuva? – ele convidou.
-Vamos! – ela concordou sorrindo, já puxando-o pela mão.
-Calma, amor! Espera, vamos tirar as roupas.
-Nus? Mas alguém pode nos ver, Rique.
-Os chalés são independentes, ninguém irá nos ver, do contrário nunca daria a ideia, ou acha que me agrada o fato de que alguém possa vê-la nua? Esse prazer é só meu.
Rindo, ela começou a se despir, soltou os cabelos que estavam presos e saiu na frente dele. Enrique a contemplava enquanto tirava a própria roupa. Se apressou para poder acompanha-la. Linda! Ela era linda e sua. Livre! Era assim que Lilian se sentia, viu quando o marido se aproximou dela, nu, completamente nu, assim como ela, nunca havia imaginado ser assim, tão livre de pudores quando estava com ele. Ergueu a cabeça para o céu, abriu os braços e agradeceu a Deus por viver esses momentos, por ser feliz, por ter encontrado o amor e ser correspondida, também pediu para que Deus a agraciasse com um filho, queria dar um filho ao homem que amava.
Nesses últimos dias estava menos ansiosa, não ficava pensando tanto nisso, achava que Jade tinha razão, livre de preocupações e ansiedade, poderia dar certo.
Enrique aproximou-se da esposa e a ergueu nos braços, Lilian o envolveu com as pernas, encaixando-se nele, abraçando-o pelo pescoço. Suas bocas se uniram em um beijo voluptuoso, cheio de tesão, de desejo, luxúria pura os dominou, era cru, carnal, sentiam-se como se fossem únicos no mundo, e sim, eram únicos no seu mundo. As respirações começaram a ficar dificultosas, os corações acelerados. Enrique desceu com a boca pelo colo da mulher em seus braços, da sua mulher, sua mulher, pensar isso despertava ainda mais seu desejo, mordiscou de leve um dos mamilos duros, Lilian deixou escapar um gemido rouco. Ele a ajeitou melhor e se afundou no corpo dela, entrando de uma vez, arrancando gemidos involuntários dela e ele se deliciou ao perceber que ela já se entregava, vê-la tão entregue, o enlouqueceu, segurando-a pelas costas, a apoiou na porta de vidro, colocou-a no chão e a virou de costas para ele, imprensando-a na porta de vidro, o gelo do vidro em contato com o calor de seu corpo trouxe uma sensação nova a ela, segurando-a pela cintura, passou a estocar forte, profundo, intenso!
Lilian gemia descontrolada, Enrique se deliciava por sentir a esposa assim, descontrolada de prazer.
-Amo. Você! – ele pontuou! –Sou. Louco. Por. Você! – Lilian não conseguia articular palavra para responder, queria dizer que também o amava, que também era louca por ele, mas apenas gemeu ainda mais em resposta.
-Você me enlouquece, só você, Lilian! Minha, minha esposa, minha mulher! Goza comigo, vem! – sem mais se conter, ela se deixou levar, sentiu o estremecer do corpo dele, o gemido dele, sentiu o calor da essência dele enche-la.
Suas pernas amoleceram, teria caído como uma massa mole se ele não a sustentasse. Enrique a pegou no colo e encaminhou-se para o banheiro. Ele a depositou sentada em cima da bancada de mármore da pia, abriu as torneiras para encher a banheira, pegou uma toalha e a limpou, seu sêmen escorria misturado com os fluidos do corpo dela, era primitivo e aquilo o fez sorrir, era uma intimidade nova, algo que nunca havia sonhado compartilhar com uma mulher, era disso que sempre fugira. Quanta tolice! Depositou a palma da mão na face dela em um carinho, desceu seu lábio para os dela em um selinho quase casto.
~*~
O mês passou rápido, rápido demais para Enrique e Lílian, eles estavam felizes, havia sido uma viagem cheia de encantos, conhecimentos, descobertas. Era bom terem esses momentos e prometeram que fariam uma viagem sempre que pudessem, mesmo que fosse apenas um final de semana. Haviam programado a partida para o dia seguinte, pois queriam estar em casa quando Jade fosse para o hospital.
Estavam no centro de Granada, assistiram a uma apresentação de flamenco realizada em praça pública, o grupo que se apresentava se denominava los gitanos (os ciganos), durante a apresentação, uma velha cigana se aproximou de Lílian e pediu para ler sua mão.
-¿Puedo ver su suerte, hermosa joven? (Posso ver sua sorte, linda jovem?) – perguntou a cigana.
Lílian não acreditava nessas coisas, mas quando foi recusar, a velha segurou sua mão e a virou com a palma para cima.
-Usted tiene mucho amor en su corazón, también es muy amada, pronto tendrá una bella noticia, pero antes pasará por una gran prueba, una gran tristeza. (Você tem muito amor em seu coração, também é muito amada, logo terá uma bela notícia, mas antes irá passar por uma grande provação, uma grande tristeza.) – disse a cigana, olhando-a com pesar.
-Lo siento, señora, pero no lo creo. (Sinto muito, senhora, mas não acredito nisso.) – respondeu Lílian.
-Creer, joven, será días difíciles... (Acredite, jovem, será dias difíceis...) – continuou a cigana.
-Señora, mi esposa ya dijo que no cree. (Senhora, minha esposa já disse que não acredita.) – interrompeu Enrique, pegando a mão de Lílian e a tirando do meio da multidão que se aglomerava.
Mesmo não acreditando, Lílian ficou impressionada, virou-se para trás e a velha estava a olhando e fazia o sinal da cruz.
-Não acreditou, não é meu amor? – Enrique indagou ao perceber que a esposa estava muito quieta.
-Não, claro que não, mas... mas é que ela falou com tanta convicção, fiquei arrepiada, me senti mal, uma sensação estranha. Rique, não me sinto bem, vamos voltar para o hotel?
-O que está sentindo, meu amor?
-Não sei, uma angústia, podemos ligar para casa?
-Sim, se fará com que se sinta melhor, mas não fique pensando no que essa cigana disse, deveria ser proibido esse tipo de coisa.
-Não é pelo que ela me disse, estou tonta, minhas mãos estão geladas. – ao dizer isso, ela se segurou nele.
-Vou telefonar para meu pai, verá que lá em casa está tudo bem. – Enrique pegou o celular e teclou no número do pai que deixava nos favoritos.
Nesse instante, uma moto apareceu em alta velocidade, Lilian estava na beira da calçada, o motoqueiro perdeu o controle do veículo e veio para cima dela, Enrique a jogou para o lado, mas ela ainda estava tonta, se desequilibrou e caiu, batendo a cabeça no meio-fio. Enrique tentou segurá-la, desesperado, mas não conseguiu, a confusão foi grande, já que o motoqueiro acabou atropelando duas senhoras que não conseguiram se desviar.
-Lilian! Lilian! Alguém por favor, chama uma ambulância! – gritou Enrique desesperado.
-Não mexa nela, senhor, eu sou médico e como não sabemos as extensões dos ferimentos que ela possa ter, é melhor não mexer, vou chamar a ambulância.
Sim, Enrique sabia que não devia mexer nela, mas como ficar alí parado? Ela estava com os olhos fechados, respirava devagar. O que ele faria?
-O hospital não é longe, logo eles estarão aqui. – anunciou o tal médico.
Pegando o pulso dela, ele contou a pulsação.
-A pulsação dela está um pouco fraca, mas nada muito preocupante, com certeza é um trauma apenas, por ela ter batido a cabeça, mas já ela será atendida.
Enrique não sentia, mas as lágrimas caiam em abundância por seu rosto. Logo ouviu-se ao longe a sirene estridente das ambulâncias, como haviam mais pessoas machucadas, vieram três de uma vez, mais carros de polícia que estavam perseguindo o motoqueiro.
Os socorristas pediram licença para as pessoas e perguntaram a Enrique o que havia acontecido. Ele explicou da melhor maneira, estava apavorado, nervoso, chorando.
-Calma senhor, sua esposa já será atendida, a levaremos para o hospital e ela terá o melhor atendimento. Agora, deixe-nos atende-la.
Colocaram a tábua ao lado de Lilian e fizeram uma rápida avaliação, examinaram as pupilas, a resposta motora, o nível de consciência, colocaram um colete cervical, viraram-na ao mesmo tempo, o que chamava-se de movimentação em bloco, colocaram-na na tábua e a levaram para o interior da ambulância.
-Senhor, pode acompanhar sua esposa. Precisamos de mais informações a respeito dela, nome completo, idade, data de nascimento, documentos em geral.
Enrique respondeu tudo da melhor maneira, estava assustado, ainda não tinha se dado conta da gravidade da situação, o medo aprisionava seu coração com mãos de ferro.
-Temos uma vítima de TCE grave, 8 pontos na escala de Glasgow, nível de consciência rebaixado, pupilas apresentam midríase unilateral, não contactuante, pressão arterial 90x50, saturação de oxigênio 92, frequência cardíaca de 60 bpm, 10 respirações por minuto, provavelmente iremos precisar intubar, o nível de consciência está muito baixo.
Essas informações deixaram Enrique estático, até então não queria acreditar que o estado dela era tão grave assim.
-Senhor, de onde vocês são? – o médico da ambulância perguntou.
O cérebro dele não raciocinava direito.
-Senhor! – chamou novamente o médico.
-Madri, somos de Madri, estávamos viajando de férias.
-Vocês têm família em Madri? Quer que avise alguém? Consegue fazer isso?
-Sim, sim temos família.
Seus movimentos eram automáticos, parecia um robô, respondendo a comandos. Pegou o celular e viu o nome do pai na tela. Atendeu.
-Enrique! Enrique, filho, ainda bem que atendeu, fiquei preocupado, você me ligou, mas não falou nada, só ouvi muito barulho.
-Papa, papa, eu preciso do senhor, preciso de vocês.
Ele desmontou ao ouvir a voz do pai, chorava copiosamente.
-Filho, o que aconteceu, pelo amor de Deus!
-Lilian, papa, eu não sei, estamos levando-a para o hospital, ela... está desacordada, ela caiu, bateu a cabeça... estou com medo papa, ela não acorda...
-Estamos indo, meu filho, vou avisar o Joseph, Theo não poderá ir, mas nós estaremos com você o mais rápido possível, vou alugar um helicóptero.
-Eu preciso de vocês, papa, eu preciso de vocês...
-Estou indo, meu filho, sempre estarei ao lado dos meus filhos quando precisarem de mim. Eu amo você, filho!
~*~