Anastásia ☄
Acordo e sinto a cama vazia. Meu anjo já tá correndo. Como se eu o estivesse chamado em pensamento, ele entra no nosso quarto todo lindo, suado e gostoso.
– Como está se sentindo, baby?
– Estou bem. Meu anjo cuidou de mim muito bem.
– Sempre irei cuidar baby.
– Acho que eu exagerei no vinho ontem.
– Um pouco. Digamos que você ficou um tanto desinibida.
– Que vergonha – digo colocando minhas mãos no rosto. – Como vou encarar todo mundo agora!?
– Finge que não se lembra de nada. Apesar de que acho que o Miguel não vai nos deixar esquecer. Sem falar no Hugo.
– Caramba! E meu irmão ainda estava lá e percebeu tudo. Que mico!
– Miguel vai ter que se acostumar. Toma banho comigo? – pergunta ele mudando de assunto.
– Uhum.
Me levanto e o acompanho para o banheiro.
– Hoje não precisa você ir para o trabalho, tire a manhã para descansar.
– Como não? Ainda tenho que terminar as fotos, elas tem que ser entregues na próxima semana.
– Dará tempo. Quero que hoje pela manhã você descanse já que a tarde você vai pra faculdade. À noite quero você descansada e bem disposta.
– O que meu lindo namorado preparou? – pergunto mordendo meu lábio já imaginando o que ele deve ter preparado. Sei que ele programou tudo para nossa primeira vez, e é exatamente por isso que estou nervosa. Não sei como agir nem o que fazer quando chegar a hora.
– Surpresa! Agora vamos tomar banho, tomar café e depois você volta pra cama. E não se preocupe, deixe tudo comigo. Só curta o momento e relaxe, não pense em mais nada. Confie em mim.
– Eu confio. Sempre. – E confio mesmo.
Nosso banho é rápido apesar do desejo palpável que estamos sentindo, conseguimos nos manter apenas nos toques. Depois de darmos banho um no outro, regrado a muitos toques e carícias nos deixando ainda mais quentes, ele desliga o chuveiro.
Nos secamos sorrindo um para o outro e escolho uma roupa para ele vestir. Escolho um terno de três peças cinza escuro, camisa branca e uma gravata cinza escuro com listras cinza claro e azul. Enquanto ele se arruma eu hidrato meu corpo e coloco uma roupa básica já que vou ficar em casa.
– Baby, eu venho almoçar em casa e aproveito para deixar você na faculdade.
– Uhum. Tá certo. Tem certeza que eu não preciso ir?
– Tenho. Vá descansar.
– Certo. Meu mandão.
– Só cuidando do que é meu baby. Só cuidando de você. – E eu me derreto toda quando ele fala comigo assim.
Depois do café meu anjo vai embora para a GREY e fico mais um pouco conversando com a Vera tentando arrancar dela alguma informação de para onde meu anjo vai me levar, mas ela parece não saber de nada.
Volto para o quarto como prometido e resolvo fazer o que foi me pedido, me deito para dormir, e por incrível que pareça durmo por umas duas horas. Quando acordo, sinto-me bem mais disposta. Já imaginando como será minha noite vou ao banheiro faço minha depilação completa. Preparo um banho relaxante e fico na espuma por um bom tempo.
Chega a hora do almoço e Christian chega para almoçarmos juntos e depois me levar para a faculdade.
– Vera, fez o que pedi? – pergunta ele, e eu fico olhando a interação dos dois querendo saber o que ele pediu pra ela.
– Tudo pronto meu menino. Já entreguei tudo para Taylor.
– Posso saber do que vocês dois estão falando?
– Das nossas malas. Vamos passar o final de semana fora, então pedi para a Vera preparar nossas coisas.
– E eu não sabia fazer isso!? – pergunto fazendo bico.
– Claro que sim, baby. Mas ai você ia descobrir para onde íamos.– Responde ele e me beija desfazendo o meu bico, aproveito dou uma mordidinha em seu lábio fazendo-o gemer.
Ficamos conversando enquanto almoçamos. Quando terminamos subimos para o quarto para nos escovar. Christian desce e eu vou para o closet e coloco uma lingerie e cinta liga branquinha com meias da cor da pele, uma saia lápis preta uma blusa sem mangas de seda branca combinando com a roupa que ele está vestido. Acrescentando um colar e um bracelete que o Christian me deu de presente. Deixo meus cabelos soltos, faço uma maquiagem discreta coloco um par de Louboutin pretos, pego minhas coisas e desço para encontrar meu lindo namorado.
– Você está linda baby. – Fala ele e coloca a mão no meu joelho subindo por baixo da minha saia. – E está usando cinta liga!
– Gostou?
– Vou gostar ainda mais de tirar.
– Foi você quem tirou a que eu estava usando ontem.
– Mas não valeu. Não pude apreciar.
O caminho para a faculdade é rápido e logo chegamos, ele desce e abre a porta pra mim me beijando até ficarmos os dois sem fôlego.
– Até mais tarde baby.
– Até anjo. Vou está te esperando morrendo de saudades.
– Esteja preparada.
Respiro fundo olhando bem nos seus olhos. – Sempre.
Entro para a faculdade e já vejo o Nick de longe, ele me olha e baixa a cabeça, não sei o porquê dele está assim e nem o porquê dele ter passado esses dias sumido, mas de hoje não passa, vou tentar descobrir o que está acontecendo com ele, e quem sabe o ajudar se eu puder.
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Nicholas Schinaider
Conheci Anastásia Steele no seu primeiro dia de aula. Ela era uma garota tímida, linda e meiga. Um anjo. O anjo que eu precisava. Talvez ela fosse à pessoa que eu estava procurando, a garota que eu pudesse apresentar aos meus pais.
Desenvolvemos uma linda amizade, mas eu queria tentar algo a mais com ela. Queria tentar ser mais que seu amigo, mas ela sempre estava com pressa, o seu motorista sempre estava lá no horário certo para pegá-la.
Passaram umas duas semanas e eu resolvi não esperar mais e em um momento de loucura quando estávamos saindo da faculdade eu acabei tomando coragem e falando o que estava querendo falar a muito tempo.
– Ana, espera.
– Oi Nick, desculpa, mas preciso ir, tenho uma consulta marcada agora, não posso me atrasar.
– Seu motorista nunca se atrasa? – pergunto, pois ele devia facilitar as coisas. Mas o cara é pontual.
– O Taylor é muito pontual, mas ele não é meu motorista. Ele é o motorista de um amigo que está me ajudando muito.
E o que esse amigo será dela?
– Ana eu queria falar com você uma coisa, mas você nunca tem tempo.
– Depois Nick, agora é sério, eu preciso ir.
Sem dar tempo pra ela e muito menos pra eu pensar muito, seguro seu braço virando seu corpo pra mim e tasco um beijo nela. Sinto que Ana está sem reação, mas mantenho minha investida, quero gostar, preciso gostar de beijar ela. Mas não funciona como eu queria. Ana consegue se afastar de mim, e libero seus braços.
– Nick porque você fez isso?
– Ana, desculpe, eu.... – tento me explicar, mas ela não deixa.
– Olha Nick, se você quiser ser meu amigo eu estou aqui, agora mais do que isso eu nunca vou ser. Então que essa seja a primeira e última vez que você faz isso, ou a nossa amizade acaba aqui. Agora me desculpe, eu preciso ir, e você pense bem. Na próxima investida sua contra mim nossa amizade acaba.
– Ana, eu... – Que merda foi que acabei de fazer? Ela era minha única amiga, e agora acho que nem isso será mais. Tudo por culpa da minha cabeça confusa.
Sem me deixar falar nada ela entra no carro e vai embora me deixando plantado me sentindo a pior pessoa desse mundo. Mas que merda eu fiz, o que deu em mim para beijar ela sem pedir permissão.
Onde eu estava com a cabeça quando a beijei a força? Porque eu fiz isso? Idiota. Idiota. É isso que eu sou. Um tremendo idiota.
Vou pra casa pensando no que acabei de fazer, passo todo o meu final de semana me amaldiçoando pelo que fiz, e doido para chegar à segunda para pedir desculpas a Ana. Mas pra minha desgraça ela não vem pra aula, e começo a ficar assustado com a possibilidade dela ter ido embora. Claro que ela pode fazer isso. Afinal o cara que se dizia seu amigo a beijou sem permissão. Idiota.
Na terça estou escorado na parede da nossa sala quando ela chega.
– Você faltou ontem. – digo sem nem a cumprimentar.
– Oi pra você também Nick.
– Ah, oi desculpa. Queria falar com você, te esperei ontem e você não veio. Fiquei preocupado.
– Tudo bem.
– Então, você está saindo com o todo poderoso Christian Grey. Por isso nós... – ela me corta antes que eu continue. Também nem sei por que estou falando tanta besteira. Eu vi a foto dela nos jornais com o Grey, mais isso não me dá o direito de falar com ela assim.
– Não, Nick. Principalmente não existe e nunca existiu um nós. Nem mesmo a remota possibilidade de existir. E quanto a mim e Christian, nós nos amamos, e eu não classificaria o que temos em saídas, o que temos é muito especial para ser usado dessa forma.
– Então é sério? – pergunto com um pouco de inveja do cara. Queria que fosse eu a está com ela. Ela é a garota perfeita pra mim. Não é igual às outras como a Britney. Com ela eu talvez conseguisse ser o que minha família quer que eu seja.
– Muito sério Nick.
– Posso ser seu amigo? Prometo me comportar. – Não quero perder a amizade dela. Por mais que não a tenha como minha namorada, quero pelo menos ser seu amigo.
– Claro que pode. – diz ela, mas sei que vou ter que ir com calma. Eu fiz merda quando a beijei, agora preciso recuperar sua confiança em mim.
Quando entramos na sala de aula o professor praticamente entra junto conosco e não sei por que me vem uma vontade de tocar naqueles músculos fortes. Corro o olho por todo seu corpo, caramba, ele é todo apetitoso. Mas que merda! Porque estou babando por um cara? O professor Yago Lancaster é o nosso professor de Matemática financeira, e ele deixa qualquer mulher babando por ele, menos Ana pelo que vejo. Olho pra ela e vejo que ela está me olhando. Que merda, será que ela me viu admirando o professor? O pior é que não consigo, por mais que tente me policiar sempre acabo admirando demais os caras bonitões e isso tem me colocado em muitas saias justas, principalmente com minha família.
Passo toda a aula tentando me controlar, pois vejo que Ana está de olho em mim, por sorte como ela faltou ontem ela usa o tempo do intervalo para pegar algumas matérias, mas sei que quando a aula acabar ela vai querer falar comigo. Só não sei se estou pronto para ouvir. Quando estamos saindo ela me pede para esperar e ai vem à bomba.
– A quanto tempo Nick?
– Quanto tempo o quê? – pergunto tentando sair fora, mas Ana não vai desistir fácil.
– A quanto tempo que você descobriu ser gay?
Gay. Ela falou com todas as letras aquilo que reprimo em meu ser por tanto tempo.
– Ana, de onde você tirou isso? – mais uma vez tento sair fora, pois ela não faz ideia da cruz que carrego.
– Nick, você pode tentar enganar as outras pessoas mais a mim não. Eu aprendi com a vida a observar os comportamentos das pessoas. E você Nick devorou o professor Lancaster com os olhos. Você deu uma olhada pra ele pior que a Britney. – Meu Deus, e agora o que eu faço?
– Ana... – tento falar, mas ela não deixa.
– Pode parar. Nem vem com mentiras pra mim. Nick, comigo você pode se abrir, eu sou sua amiga, lembre-se disso. – Sim é verdade ela é minha amiga, mas as coisas não são tão simples assim, o meu pai nunca vai aceitar ter um filho gay. Eu não tenho para onde correr, não enquanto eu depender deles para pagar minhas despesas.
Vamos descendo as escadas e de longe vejo o Christian Grey parado perto do carro encarando Ana que vai andando ao meu lado. A cara dele não está nada boa e me pergunto se ele sabe que eu a beijei. Bom, deve saber já que o grandão é seu motorista e deve ser por isso que ele está me olhando assim. Porém saio das minhas reflexões com Ana se jogando em cima do Grey e quase derrubando a Britney que estava tentando cravar suas unhas nele.
O cara é mais bonito pessoalmente do que por fotos, puta merda! Presencio a interação entre os dois, como também a possessividade dela com ele. É nítido que eles se amam e que são loucos um pelo outro. Se eu não tirar essas amarras nunca vou poder ser feliz, e muito menos serei capaz de fazer alguém feliz.
Mas a Britney não seria ela se não tentasse arruinar um relacionamento.
– Se você é namorada dele porque vive de conversinha com o Nicholas?
Desgraçada! Piranha mal amada. Mas vejo que Ana não é nenhuma boba e coloca a Britney em seu lugar. Melhor eu ir embora antes que essa louca invente mais merda.
Vou o meu caminho inteiro pensando no que vou fazer, preciso me decidir, continuo negando pra mim mesmo quem realmente sou, e vivo uma mentira para agradar minha família, preciso tomar uma decisão. Ou corro risco de ser jogado na rua, mas com isso tenho a chance de ser feliz, ou vivo uma mentira para agradar a todos a minha volta.
Tomo uma decisão que a muito me prendia e me deixava com medo, hora de crescer Nicholas, hora de enfrentar sua família, e seja o que Deus quiser.
Arrumo uma mochila, pego algumas coisas, meus documentos e passaporte. Pelo celular compro uma passagem de avião que por sorte sai daqui a duas horas. Hora de visitar a Inglaterra. Se meu pai quer que eu seja homem, bom, essa será minha primeira atitude. Enfrentar todos e assumir aquilo que eu realmente sou.
Chego à Inglaterra e como ninguém sabe que estava vindo, não tem ninguém me esperando. Pego um taxi e sigo para a casa dos meus pais.
Quando chego pago ao taxista e entro em casa. Minha mãe quando me vê se assusta, mas corre ao meu encontro.
– Meu querido, que surpresa boa. Porque não disse que estava vindo pra casa. Tínhamos mandado o Rick te pegar no aeroporto.
– Foi decisão de última hora mamãe. Onde está o papai? – preciso falar com eles antes que minha coragem acabe.
– Está no escritório querido. Vem, fique aqui um pouco com sua mãe, estou morrendo se saudades do meu menino.
– Eu também mamãe, mas eu vim hoje aqui porque preciso ter uma conversa muito séria com vocês.
– Tem que ser agora? Você acabou de chegar, não quer descansar, eu peço para Hilary levar seu jantar no quarto.
– Não, mamãe. Tem que ser agora.
– Tudo bem meu querido.
Fico no sofá conversando com minha mãe, contando como está a faculdade, até que meu pai sai do escritório.
– Nicholas, o que faz aqui? Não me venha dizer que largou a faculdade.
– Não, pai. Eu vim apenas conversar com vocês.
– Não me diga que veio atrás de dinheiro, já não basta você ter insistido em ir para aquele lugar e fazer essa faculdadezinha de merda, ainda fica torrando todo o dinheiro que te mando? Deveria ter ligado, evitava um gasto desnecessário.
– Não vim aqui atrás do seu dinheiro, vim para termos uma conversa muito importante para mim, para o que eu sou, e para o que quero ser.
– E o que seria essa conversa tão importante que fez você vir em uma terça-feira dos Estados Unidos para a Inglaterra.
– Vamos jantar, conversamos a mesa. – fala mamãe, e às vezes acho que ela sabe como eu sou.
Na mesa começamos a comer e às vezes olho para mamãe e ela me abre um sorriso encorajador.
– Bom, já estamos à mesa, já jantamos, e você ainda não nos disse qual o assunto que te trouxe aqui.
– Eu sei que não sou o filho que o senhor queria pai. Eu não segui sua profissão, e nem estou casado e com uma casa cheia de netinhos para o senhor. Mas eu também não sou, ou não era o que sempre quis ser.
– Seja mais claro Nicholas, deixe de rodeios e fala logo o que você quer falar.
– Eu sempre me senti diferente, e agora tenho certeza que sou diferente. Eu não me vejo com uma mulher, eu até tentei com uma amiga, mas não funciona, eu não consigo.
– O que você está querendo dizer com isso?
– O que quero dizer pai, mãe, é que eu sou gay. Eu sei que não era isso que vocês queriam ouvir... – só escuto o estouro e todas as louças se espatifando no chão com o murro que meu pai deu na mesa de jantar. Era uma mesa de vidro que se partiu ao meio.
– O que você falou seu moleque? Você não tem vergonha de vir na minha casa e falar uma barbaridade dessas?
– Pai....
– Pai nada. Você vai virar homem por bem ou por mal. E vai esquecer que pronunciou essa palavra.
– Eu não posso mudar quem eu sou.
– Pode, e vai.
– Eu não vim aqui para o senhor me dar um ultimato eu vim aqui para contar algo que eu já sabia, mas que negava pra mim mesmo temendo essa sua reação. Mas eu percebi que nunca seria feliz mentindo pra mim e negando quem eu sou.
– Um doente. É isso que você é, um doente que precisa ser curado.
– Eu não sou doente.
– Ou você vira homem de verdade, ou esqueça que eu e sua mãe existimos.
– Não fale isso, Nathan. Ele é nosso filho.
– Meu filho não. Eu não tenho filho baitola. Essa frutinha não é meu filho, e se você ficar ao lado dele você também estará fora da minha vida. Nunca vou permitir essa desonra na nossa família. – diz ele e sai bufando pra sala.
– Mãe me desculpe.
– Não meu filho, não se desculpe. Eu já sabia, eu sempre percebi, só estava aguardando quando você ia ter essa conversa conosco.
– A senhora ama o papai, não quero que se separem por minha causa.
– Nicholas Schinaider, nunca mais fale uma coisa dessas. Eu amo seu pai meu filho, mas eu amo muito mais você. Você é o meu bebê e eu sempre, vou está do seu lado apoiando toda e qualquer decisão que você tomar.
– Obrigado mãe. Mas eu não quero ser o motivo para uma possível separação de vocês.
– E não será meu filho. Não será. Vá pro seu quarto descansar, e deixe que do seu pai cuido eu. Não se preocupe, apenas seja feliz meu bebê.
O clima na casa dos meus pais ficou pesado, então no outro dia voltei para Seattle, mas não voltei para a faculdade. Estava me sentindo sujo, uma doença que precisava de cura como meu pai falou. E ainda tinha a culpa por ter causado uma briga entre meus pais. Não queria que isso acontecesse, só queria ser feliz como qualquer outra pessoa. Mas ver minha mãe brigar com meu pai pra me defender me deixou cheio de remorso.
Não era assim que eu queria que as coisas acontecessem. Não era à custa da felicidade dos meus pais que eu gostaria de conseguir a minha.
Eu precisava conversar com alguém. Alguém que me ouvisse sem me julgar, e foi pensando nela, na minha única amiga, que na sexta resolvi voltar à faculdade.
Estou lá escorado na parede no mesmo lugar que a esperei na terça-feira. De longe a vejo e baixo minha cabeça sentindo vergonha de tudo que passei na casa dos meus pais. Mas preciso ser forte e me abrir com ela. Pelo menos desabafar.
– Oi Nick, o que aconteceu com você? Você sumiu desde terça.
– Tinha ido pra Inglaterra visitar meus pais.
– Eles estão bem? Aconteceu alguma coisa?
– Eles estavam bem. E sim aconteceu uma coisa. Podemos conversar no intervalo?
– Claro.
Entramos para a sala, mas hoje não estou com cabeça pra nada. Logo chega o intervalo e vou com Ana para a cantina onde nos sentamos e eu começo a narrar toda a conversa que tive com meus pais.
– Nick, não fique assim. Não se sinta culpado por nada. O único culpado aqui é seu pai e o preconceito dele. Sua mãe só fez o que toda boa mãe faz que é ficar sempre ao lado de seu filho. Vai dá tudo certo. Vou torcer para seu pai mudar de opinião e te aceitar do jeito que você é. Você é um bom filho, ele deveria se orgulhar de você. Nunca mais pense que você é uma doença e que precisa de cura. Você não é. Você é um ser humano como qualquer outro que tem direito a suas escolhas e merece ser respeitado.
– Obrigado por ser minha amiga.
– Sempre serei sua amiga. Você quer conversar com alguém sobre isso? Eu tenho um amigo que também é gay, quem sabe não seja melhor você conversar com ele.
– Eu não sei.
– Olha, vou te dar o número dele, e vou dizer pra ele que talvez você ligue para conversar. Eu não vou ficar em Seattle, na verdade eu nem sei pra onde vou esse final de semana, então acho bom deixar alguém para você trocar umas ideias ou apenas sair pra tomar uma bebida.
Ela me dá o número do amigo dela e logo voltamos pra aula.
No final da aula saímos e como sempre o carro já está parado a espera de Ana. Logo a porta se abre e o seu belíssimo homem desce sorrindo.
– Acho que não seria uma boa escolha eu te dá um abraço né? – pergunto sorrindo.
– Acho que ainda não. Deixa eu conversar com ele. E liga para o meu amigo, vai ser bom pra você conversar com ele.
Ela segura meu ombro, dá um pequeno aperto e sorrir.
– Relaxa e seja feliz. Esquece as merdas que seu pai falou. Qualquer coisa me liga ou liga pro meu amigo.
– Liga pro amigo dela, pois ela ficará incomunicável. – diz Grey chegando ao nosso lado.
– Ok. Divirtam-se vocês dois.
– Ah, nós vamos. Pronta baby?
– Sempre pronta. Tchau Nick. Se cuida.
– Você também. E obrigado.
Saio caminhando para meu apartamento enquanto eles entram no carro.
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