O Destino de Uma Dama Arruina...

By JuSezenem

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[CONCLUÍDA] Lady Sophia Holland tinha tudo aquilo que as damas de sua época desejavam: seu pai era um duque... More

BEM-VINDOS!
PRÓLOGO
Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Futuro do livro
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
RETORNO E AVISO (SOBRE PLAGIO E VÍRUS)
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Epílogo

Capítulo 2

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By JuSezenem




(Encontrei esse homem maravilhoso que se assemelha MUITO com o Carter da minha cabeça... a única diferença é que eu o imagino com cabelos mais claros)

           

***





19 de Julho de 1822

Mansão de Warminster, 7h04min





Ela mal pôde se despedir de sua família apropriadamente. A duquesa passou a noite chorando no quarto pela única filha (agora deserdada). Já Oliver, que não fazia ideia do que estava acontecendo, tentava entender o motivo pelo qual sua irmã iria sair de casa de forma tão súbita. O duque fora para Londres e Richard não se encontrava em parte alguma, possivelmente ele estava evitando-a.

Na manhã do dia seguinte, suas malas já estavam postas em uma carruagem que a levaria para longe de tudo que conhecia. Ela ouvira algo relacionado ao campo, mas não podia ter certeza de que esse seria seu destino.

— Eu posso saber para onde está indo? — Oliver lhe lançou um olhar desesperador ao notar que as malas da irmã já não estavam mais ali.

— Nem eu tenho certeza do meu destino. Ouvi eles falarem algo sobre campo, mas não sei ao certo em que lugar exatamente. — ela suspirou e olhou para fora da janela, onde no céu aos poucos se reuniam nuvens negras. — Provavelmente irei para a casa de um parente. 

Oliver mostrou uma careta nada bonita ou apropriada para um jovem aristocrático.

— Só reze para que não seja a nossa tia Judith. Ela é mais azedo que creme de limão estragado — ele estremeceu da cabeça aos pés e lançou um olhar questionador à irmã. — Por que você está concordando com isso, Soph?

Ela estava tão cansada que nem mesmo o repreendeu por falar de uma dama respeitosa — e que ainda por cima pertencia à família deles — daquele modo. Sophia não queria mentir para ele, mas isso fora algo que o duque exigira, já que todos sabiam qual seria a reação de Oliver se a verdade viesse à tona. E ela não estava com forças para lidar com mais drama.

— Eu estou cansada de toda essa confusão que passei na última temporada em Londres. Preciso me afastar de discussões sobre noivado, vestidos, bailes, cortejos...

— Mas todas as garotas só gostam de falar sobre isso.

— Nem todas conseguem lidar com a pressão por tanto tempo. Além disso, é provável que eu ensine as matérias que venho estudando há tantos anos em casa. Essa será uma oportunidade para relembrar tudo.

— Você irá ser tutora de algum de nossos primos? — ele riu mas seu rosto era puramente piedade. — Boa sorte. Se for primo Lucas, então...

— Por que? Eu soube que ele é um bom garoto — ela protestou. — E, para quem já conviveu com você, Oliver, é fácil de lidar com qualquer um.

— Eu não sei como ainda me surpreendo com seus exageros — disse ao sorrir. Ele sabia que fora uma peste. Ou melhor, ainda era. — Vou sentir saudades.

Sophia sentiu uma ardência atrás de seus globos oculares. Aquele lado doce e amável do irmão sempre a desestabilizava e era definitivamente o que ela precisava para perder o controle de si mesma. E isso não podia acontecer de forma alguma. Se ele soubesse da verdade, ela tinha certeza que ele faria o que fosse necessário para ajudá-la naquela situação. E sem dúvidas brigaria com Richard e gritaria com o duque. Mas ele tinha apenas 15 anos e, além de não ter capacidade para mudar alguma coisa, nada daquilo seria justo com ele. O garoto provavelmente levaria uma surra do próprio pai — algo que ela não queria ver novamente em sua vida — apenas para protegê-la. Porque Oliver simplesmente era assim.

Uma lágrima solitária caiu rapidamente de seu olho, mas ela logo a secou com os dedos delgados.

Sophia teria coragem, mesmo que no momento parecesse estar prestes a ruir. Ela enfrentaria as consequências de suas decisões, pois era o certo a se fazer. Ninguém mandara ela ser ingênua o suficiente para confiar em alguém como o visconde de Cottingley. Ou pensar que seu pai de fato iria defendê-la.

— Eu também sentirei saudades — Sophia lhe deu um abraço apertado. Aquele poderia ser o último momento que teria com o irmão, e pensar nisso doía demais. — Cuide-se, está bem? Não quero ficar sabendo que está aprontando no colégio... ou na universidade.

Ele revirou os olhos mas ainda assim sorriu emocionado. Por um segundo, ela pensou ver uma expressão apavorada e extremamente insegura perpassar pelo seu rosto.

— Por que está falando como se nunca mais fosse me ver? — ele franziu a testa. — Você virá nos visitar, certo? E um dia voltará para nós. Tem que voltar.

— Oliver, eu...

— Por acaso eu sou o motivo pelo qual você está indo embora? — as palavras se embolaram no ar junto à insegurança incomum que seu irmão expunha. Eram tão estranhas ao ouvido dela e à boca dele que Sophia levou alguns segundos para digeri-las.

— Você realmente acha que eu estaria indo embora por sua causa?

Ele apenas deu de ombros impotente e encarou a irmã com um olhar frágil que não era característica de sua família. Os Hollands nunca se submetiam a tal vulnerabilidade.

— Eu confesso que ultimamente tenho sido mais irritante que o normal. A ansiedade em voltar a Eton está me consumindo e eu acabo descontando em você. Com tudo que está acontecendo...

— Oliver, olhe para mim — ele a obedeceu relutante. — Depois de tantos anos convivendo com seu sarcasmo e sua implicância, acho que desenvolvi uma certa imunidade. Eu te amo demais e nunca fugiria de você, irmãozinho.

— Então do que está fugindo? — ele agora não mais escondia o pavor em seus olhos castanho-claros. — Por que não me conta o que está acontecendo? E por que não me leva com você?

Todos os sentimentos conflitantes dentro dela pareceram se aquietar de uma só vez e, estranhamente, se tornaram mil vezes mais desconfortáveis.

Como ela sabia que contar a verdade não era o que deveria ser feito, Sophia apenas sorriu, beijou-lhe a bochecha e deu as costas ao irmão mais novo enquanto ouvia seus gritos desesperados por todo o caminho, mesmo após quilômetros de distância da casa. 

Por que está me deixando sozinho aqui? ele havia perguntado em tom de súplica, fazendo com que fosse mais difícil ela se virar para ir embora.

— Por favor, me explique o que está acontecendo, Sophia a garganta dela se fechou ao ouvir as últimas palavras que ele proferiu. —  Eu nunca mais voltarei a falar com você.

As falas de seu irmão foram como facas atravessadas em suas costas, deixando um rastro de dor, sangue e lágrimas. Mas ela não tinha escolha e Oliver nunca entenderia isso. A melhor coisa fora deixá-lo no escuro, sem pistas do que havia acontecido de verdade.

Deixar para trás sua casa, aqueles que amava e todo o seu passado foi a coisa mais difícil que ela teve que fazer em toda a sua vida. Mas, a partir daquele momento, Sophia sabia que não poderia ser mais a dama inocente e dependente que sempre fora criada para ser.

Sozinha à frente de um futuro desconhecido, ela encontraria forças dentro de si mesma e não deixaria que qualquer pessoa a enganasse e arruinasse outra vez. Por mais que tudo parecesse se desfazer aos seus olhos, ela não desistiria de encontrar motivos para sorrir.

Mas primeiro, ela percebeu, teria que sobreviver. E isso significava enfrentar o que lhe fora designado: o cargo de tutora de um menino de 11 anos.  

Sophia não sabia o que pensar sobre isso; não antes de conhecer o garoto. Ela estava mais nervosa do que jamais esteve, já que nunca pensara em seu futuro como incerto. Sua mãe sempre lhe dizia que sua missão na vida era fazer uma boa temporada, fisgar um lorde que lhe fizesse bem, se casar com ele e gerar herdeiros. Mas tudo o que a duquesa planejara foi perdido no minuto em que a menina aceitou dançar com o visconde. Todos os planos, as certezas e os sonhos das duas desapareceram.

E agora ela estava ali, em uma carruagem de aluguel indo para Berkshire, mais precisamente para casa de um amigo de seu pai. Antes de entrar no veículo, ela pressionou o cocheiro para dizer o destino para qual seu pai lhe mandara. Depois de algumas tentativas fracassadas, duas ameaças e uma moeda de suborno, ele finalmente explanara a ela tudo o que lhe contaram. Sophia ficou sabendo apenas que o homem era um barão, Lorde Louis Everleigh, e possuía dois filhos, um deles o menino para quem ela iria servir de tutora. Mais nada.

Olhando através da janela da carruagem e sentindo a brisa de verão em seus cabelos escuros, ela se perdeu em pensamentos. A constante paisagem pincelada pelo verde dos campos de gramíneas o tom azul-claro do céu contrastava radicalmente com suas emoções mais profundas e vacilantes.

Embora tenha parecido que o tempo se arrastou mais lentamente do que o habitual, ela finalmente chegou ao seu destino. Quando a porta de madeira do veículo se abriu, a garota sentiu cada fibra sua vibrar em ansiedade e nervosismo.

O que iria acontecer com ela a partir dali? E se o patrão a odiasse? E se os criados pensassem que ela era uma nobre prepotente? Todos os piores pensamentos rondavam a sua mente no momento em que ela segurou a mão do cocheiro e desceu da carruagem.

No entanto, qualquer preocupação que tenha lhe atormentado até ali perdeu o sentido quando ela viu a primeira pessoa à sua frente.

O homem estava um pouco distante e virado para outro lado, onde uma carroça com poucos sacos de mantimentos estavam empilhados, por isso ele não podia vê-la. Aproveitando a chance, ela o observou atentamente e agradeceu aos Céus por não ter ninguém, além do cocheiro, que pudesse ver seu rosto vermelho. Pois a cena que se encontrava à sua frente parecia, de uma maneira que ela não entendia, muito indecente e nada apropriada para os olhos de uma dama. E, mesmo que ela tenha sida deserdada, não podia simplesmente abandonar seus costumes e tudo aquilo que lhe fora ensinado.

O rapaz vestia uma blusa de linho larga enrolada até os antebraços, permitindo que os músculos sob a pele bronzeada ficassem nítidos, calças um pouco justas nas coxas  e botas masculinas gastas. Seus cabelos eram de um tom claro que, juntamente com a cor de sua pele, mostravam que ele passava muito tempo sob o sol de verão. Entretanto, o que mais deixou-a abalada foi quando ele pegou um daqueles sacos e o jogou facilmente sobre um dos ombros, contraindo cada músculo possível. Não era certo ele mostrar tanta pele assim, na frente de pessoas – na frente dela.

A primeira coisa que Sophia pensou foi: Ele é um brutamontes

E, no instante em que aquele homem bruto virou-se, encarou-a intensamente e levantou as sobrancelhas ao analisar cada pedacinho seu, ela sentiu o sangue subir até as orelhas. Mas não estava envergonhada ou algo assim, ela estava com raiva. Raiva de todos os homens que a obrigaram a ir àquele lugar, raiva por ter confiado na maioria deles (quando claramente não devia) e raiva daquele homem que nem a conhecia e já a analisava como um lobo feroz.

Não, dessa vez ela não iria ser enganada por mais ninguém, principalmente por homens. Ela faria a coisa mais sensata: não falar nada além do necessário. E, se ele tentasse se aproximar dela, acabaria se arrependendo indubitavelmente.


O relincho dos cavalos começou mais cedo naquele dia, assim como as preparações para o café da manhã na casa principal. A movimentação entre os criados era tão aparente que o recinto parecia criar vida sozinho. No entanto, a tensão e a pressa pairavam no ar indiscutivelmente. Isso só significava uma coisa: visitas.

Carter se levantou de onde estava sentado descansando – ele carregara cinco sacos de batatas com mais ou menos 20 kg cada um – e se aproximou da mãe em uma tentativa de descobrir o que estava acontecendo, quem é que estava chegando.

— Já acabou de trazer todos os sacos? — ela perguntou antes mesmo do filho pisar na cozinha.

— Não, ainda faltam alguns... – ele foi interrompido por um olhar mortal que lhe foi direcionado. — Desculpe, eu só queria saber o que está acontecendo. Todos estão mais eufóricos do que o normal.

— Sim, sim. — Sua mãe não parava de conferir cada condimento, panela e legume que estava sobre a mesa. A mulher apesar de baixinha andava para lá e para cá com velocidade impressionante. — Depois que você acabar a sua tarefa, eu te conto o que está acontecendo. Agora vá, não podemos perder tempo.

A única coisa que um homem sábio faria nesse momento seria escutar a sua mãe e, mesmo que Carter não se considerasse um gênio ou algo assim, ele também não era estúpido. Por isso, deixou a cozinha e se pôs a andar até onde os sacos de mantimentos encontravam-se empilhados. Ele ficara encarregado de levar tudo aquilo, o que não era realmente um problema, mas os raios de sol do verão estavam começando a incomodar-lhe. O suor escorreu pela sua testa e ele teve que secá-la com um gesto irritado da mão.

— Quer uma ajuda, garoto? — Gareth, o homem que cuidava dos cavalos e sempre ajudava com tarefas mais pesadas, perguntou ao rapaz. — Parece ser um trabalho um tanto puxado para um homem só.

Carter murmurou que não precisava de ajuda, muito obrigado. Mas mesmo assim o homem colocou a mão no ombro forte dele, sorriu e começou a pegar um dos sacos que faltavam. Os dois permaneceram em silêncio enquanto trabalhavam conjuntamente, nenhum dos dois era de falar muito. Estranhamente, isso fazia com que eles se intendessem.

Já quando estavam no final, a mãe de Carter apareceu afobada e fez com que os dois homens dessem um pulo de susto.

— Ah, Garry! Obrigada por ajudar o meu filho, o senhor é sempre um ótimo amparo – ela pegou a mão do homem, que olhou para o chão parecendo envergonhado com o agradecimento e depois retribuiu o olhar carregado de significados que Carter não entendia.

Não havia dúvidas de que Gareth estava apaixonado pela mãe de Carter. Todos conseguiam ver que a ligação entre os dois parecia intensa e nada recente. O rapaz suspirou desconfortável com o clima que se instaurou naquele instante. Não era uma sensação maravilhosa ver um homem apaixonado pela sua mãe, mesmo que ele fosse Garry.

— Vamos, Carter, não podemos demorar. Ela já está chegando! – ela pulou de ansiedade e correu de volta para cozinha.

— E quem diabos é ela? — sussurrou para si mesmo, já que a mulher tinha desaparecido.

— Não ouviu? — o homem mais velho franziu o cenho. — A nova tutora e babá de Peter está chegando.

— Então a coitada da Sra. Backer se demitiu mesmo?

Gareth confirmou com a cabeça e pegou um dos dois últimos sacos de batatas.

— Você sabe como o garoto é uma peste — ele disse olhando por cima do ombro enquanto voltava à mansão.

Isso ele não podia negar. Peter era mais um animal selvagem do que uma criança. E, quando chegava uma nova tutora ou governanta, ele tentava de tudo para que elas desistissem e fossem embora o mais cedo possível.

Vinte e duas babás, quinze tutoras e nove governantas não aguentaram as travessuras do menino e acabaram se demitindo.

— Ela com certeza precisará de muita sorte – murmurou para si mesmo, distraído.

Mas a sua distração não durou muito. Pois, quando Carter foi se virar para ir até a dispensa colocar as batatas, uma carruagem parou a alguns metros e dela desceu uma garota com cabelos negros bagunçados pelo vento. Suas bochechas estavam rosadas devido ao calor incomum daquele verão, os cabelos estavam desgrenhados pelo vento e alguns fios prendiam-se nas laterais de sua têmpora com o suor que lhe escorria da testa e ia em direção ao busto. O vestido dela, apesar de ser apropriado para a estação, devia piorar a sensação quente de seu corpo esquio.

Ele não conseguiu fazer mais nada além de fincar as botas no chão e levantar as sobrancelhas ao perceber que ela o encarava com uma expressão esquisita. Será que ela o pegara analisando seu corpo? Provavelmente sim, parecia que a garota já o conhecia e o odiava.

Mas Carter nunca a tinha visto antes, isso ele poderia garantir. Não havia chances de conhecer um rosto como o dela e esquecer-se dele.

Pelo visto, era ele quem iria precisar de sorte.




Data da próxima postagem: 27/12

Bom Natal, ladies e lordes! ❤️❤️❤️

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