**ACONSELHO VOLTAREM NO CAPÍTULO ANTERIOR E LÊ-LO NOVAMENTE**
P.O.V. ANABELLA
Eu estava sentada próxima ao balcão da cozinha vendo Peter encarar por trinta minutos um copo vidro transparente cheio de água filtrada. Uma parte de mim queria perguntar o motivo de ele estar tão quieto e aparentemente pensativo em algo, mas a outra parte pensava que era só uma espécie de hormônios aflorados em que Peter só estava passando por uns dias assim e logo voltaria tudo ao normal. No entanto, minha parte curiosa para saber o que estava acontecendo foi alimentada com mais sucesso. De certo ponto, a curiosidade era o de menos, pois eu me preocupo com as pessoas que eu gosto, e se houver algo que estiver ao meu alcance eu não gosto de perder essas oportunidades.
"Tem certeza que está tudo bem?" Pergunto ainda na dúvida por ver que após o momento que Peter deixou-me na porta do shopping ele voltou um pouco calado e muito pensativo.
"Sim, só estava lembrando de algumas coisas." Peter responde saindo de seu transe emocional.
"O que deixa essa cabeça tão pensativa?" Suscito meu interesse em saber indo até ele passando meus braços ao redor de sua cintura como um tipo de abraço.
"De como nossa vida mudou tão rápido." Ele diz e por fim toma a água do copo que estava quase esquentando em sua mão.
"De vez em quando eu também me encontro pensando nisso, entendo." Concordo, mas tinha um pouquinho de dúvida de sua resposta. "Mas tem certeza que é só isso?" Insisto em perguntar.
"Tenho sim, não é nada. Obrigado." Agradece retribuindo com um beijo na testa, demonstrando respeito.
"Okay. Acho que vou treinar um pouco, quer ir?" O convido.
"Tenho que fazer meu fluído de teia. Falando nisso, estou dando uns retoques na armadura de Aranha de Ferro, sei que ela é nanotecnológica, mas queria adicionar algo que sirva como isolante elétrico. Não sei o que usar como isolante. Tem alguma sugestão do que eu uso?" Pergunta ele, com sua super inteligência no ramo da Física e da Química.
"Tenta polietileno. É uma ideia barata e costumam usar tubos de polietileno como isoladores de fios de eletricidade." Digo ao lembrar da aula de Química que era a minha favorita.
"Claro, como eu não pensei nisso? Amo você." Peter diz e já sai em direção ao laboratório.
"Amo você mais." Retribuo.
Tem razão de falarem que somos um grude, porque realmente nós somos, e eu adoro isso. Vou para meu alojamento, onde coloco uma roupa de treino, tudo bem que eu tenha poderes, mas é legal saber lutar, nunca se sabe quando poderei precisar. Caminho livremente até a academia, onde posso escutar socos sendo revidados em um saco de areia. Percebo Steve com fitas brancas de tecido nas mãos esmurrando com toda a sua força, fazendo o saco de areia se movimentar bastante. Eu nunca consegui movimentar o saco de areia com um chute ou soco.
"Steve, pode me ensinar lutar?" Pergunto e ele se assusta, virando para trás.
"Ah, oi Anabella. Quer que eu te ensine lutar?" Diz ele surpreso por completo.
"Sim. Eu ia pedir a Natasha, mas ela foi visitar o Clint." Sou sincera.
"É, a Natasha é boa nisso." Concorda Steve. "Mas por que você quer aprender lutar?"
"Porque é legal, ué!" Digo com objetividade na voz.
"Já que você quer aprender, vamos lá." Steve pega um tipo de almofadas e as prende em suas mãos. "Quando eu disser 'direita' soque a almofada em minha mão direita, quando disser 'esquerda' soque minha mão direita e depois chuta. Certo?" Steve explica-me e eu acho que entendi. Pelo menos a parte da explicação eu entendi, agora veremos como me saio na prática. "Soque a almofada com o punho firme e fechado, mais ou menos na altura do ombro." Completa.
"Eu consigo." Digo dando pulinhos para me aquecer.
"Vai. Direita, esquerda e chute. Direita, esquerda e chute."
E assim eu fazia seguidamente sem errar, e a cada golpe Steve acelerava o comando, fazendo com que eu acelerasse meus movimentos. Não fazia ideia que tinha tanta força, fiquei impressionada comigo mesma. Vejo que os treinos diários estão surtindo efeito, porém, eu não sou incansável. Meu peito subia e descia rapidamente, minha boca estava seca de sede e meu coração estava disparado. Estou tentando me libertar do sedentarismo, mas é preciso dizer a verdade, é muito difícil o sedentarismo se libertar de mim. Não posso negar, é muito difícil ter uma vida saudável.
Nessa tarde treinei um bom tempo com o Capitão e gosto da ideia de saber que eu sou mais que o poder de uma loba, por mais que o poder da loba já seja muita coisa, antes dos poderes eu era apenas a garota que sabia fazer brigadeiros. À propósito, todos do Complexo amam meus brigadeiros, mas nem todos sabem pronunciar o nome do doce.
Eu pensava que o Steve era uma homem bem chato e cheio de blábláblás de tiozão, ele tem essa parte de tiozão ranzinza, claro, mas ele não é assim, acho ele muito legal, e de vez em quando ele até faz umas piadas bestas. Confesso que o senso de humor não é um dos melhores, mas é uma ótima pessoa. A melhor parte de ser integrante caçula d'Os Vingadores é que eu recebo um mimo razoável da parte de todos, o que mais tenta me agradar é sem dúvidas Thor, meu irmãozinho não tão "zinho". A melhor parte é a que eu posso contar vantagem por estar do lado dos homens mais bonitos do mundo segundo a mídia. São eles: Thor, Steve Rogers e Tony Stark. ISSO MESMO! Tony sempre esteve nesse páreo junto com Matt Damon. Sabem, o mais engraçado dessa lista é que Tony é o mais velho fisicamente, no entanto é o mais novo em idade. (KKKKKKKKKK), pensem comigo... Thor tem mais de 1500 anos, Steve lutou na Segunda Guerra Mundial e Tony só nasceu alguns anos depois. A diferença é que o de 1500 é um deus, o do meio é um soldado geneticamente modificado que foi congelado por décadas e o outro é somente um humano comum cheio de grana e genialidade.
Vejo Peter no laboratório, todo estranho, só que ele não quer contar-me, e isso é ruim. Muito ruim. Fico pensando se foi algo que fiz de errado. O jeito é ir até Wanda para que ela possa me ajudar, talvez um desabafo. Vou até seu alojamento, bato na porta e já entro não ligando se ela permitiria ou não.
"Eu não sei se você sabe, mas quando se bate na porta normalmente espera-se a pessoa de dentro autorizar sua entrada." Wanda finge seriedade, mas eu sei que é mentira.
"Não ligo, Matilda." Chamo-a pelo apelido que eu criei, e por acaso ela odeia.
"Cuidado, hoje tem lua cheia." Diz ela sem tirar o olho do livro antigo que lia.
"O que tem a ver isso?" Pergunto realmente sem entender.
"Sei lá se você vira um lobisomem e devora o Peter a noite." Diz ela e eu taco-lhe um chinelo.
"Posso devorar, mas de outra maneira." Dou uma mordida no lábio inferior.
"Credo. Me poupe." Diz ela com seu sotaque inigualável.
"Você acha que todos não sabem das festas noturnas no alojamento do Visão entre vocês dois?" Digo com minha maior cara de deboche.
"Fica quietinha, viu. Quietinha. Shhhh..." Ela coloca o dedo indicador na frente dos lábios pedindo silêncio.
"Enfim, eu estou achando o Peter um pouco estranho. Sinto que aconteceu algo mas ele não quer me contar. Será que eu o magoei ou fiz algo errado? Ele realmente não quer me contar. Eu devo ter feito algo errado." Sou muito paranóica, mas na maioria das vezes minhas paranóias sempre são reais.
"Bom, a cama batendo na parede prova que vocês não tiveram um desentendimento sério. Pode ser bobeira, deve ser irrelevante." Wanda volta a ler seu livro como se estivesse super ocupada.
"Ora, me respeita! Faz pensar que eu sou uma viciada em sexo!" Ralho.
"E não é?!" Ela olha-me por cima de seu óculos de graus que usa pra leituras.
"Deixa disso! Eu sei das transferências de conteúdo via USB que você e o seu andróide fazem, ou você está realmente achando que ninguém escuta?" Digo e a mesma mostra-me o dedo do meio.
"Não escondemos nada de ninguém." Diz Wanda bancando a séria, sendo que não é.
"Voltando ao assunto que me trouxe aqui. Eu desconfio, o Peter não é assim." Eu parecia um pouco preocupada.
"Talvez ele possa estar escondendo algo de você, tipo uma supresa. Acho melhor conversar com ele, insiste mais um pouquinho que ele acaba contando." Wanda diz e eu acabo concordando.
"Obrigada, deve ser isso. Meu aniversário é daqui umas semanas." Agradeço e puxo para trás alguns fios de cabelo que estavam bagunçados em minha testa.
"Vai lá, lobinha." A mesma faz gozações com o modo como alguns chamam aqui no Complexo.
"Fica quieta, Matilda." Faço referência a um antigo filme de criança.
Wanda mostra-me sua língua que estava tingida de preto por causa de um pirulito estranho que ela estava chupando. Saio do alojamento da Feiticeira e me dirijo ao meu para tomar um banho bastante refrescante, mas ainda no meio do trajeto resolvo voltar e procurar Peter no laboratório. Diante das paredes de vidro eu podia vê-lo sentado em uma banqueta usando óculos de proteção e mexendo uma mistura viscosa, seu fluído de teias. Ele parecia tranquilo, talvez Wanda estivesse certa e fosse só bobeira e paranóia de minha cabeça. Eu espero encarecidamente que seja apenas paranóia.
P.O.V. PETER
"Peter vem dormir." Escuto a doce voz chamando-me.
Olho para a porta do laboratório e a vejo usando um pijama de florzinhas com o cabelo dividido ao meio usando dois elásticos nos cabelos bem rente à raiz, com duas "xuxinhas". Dava todo um ar de pureza e inocência. Era tão bonitinha e apreciável que eu havia me esquecido do ocorrido mais cedo.
"Já está tarde. Vamos dormir." Ela passa a mão nos olhos.
"Daqui um pouco eu vou, pode ir se deitando." Digo batucando em uma vidraria de erlenmeyer.
"Não demora, Petie." Diz e sai do laboratório cambaleando de sono.
Volto ao meu trabalho que na verdade nem havia começado, até então eu estava apenas olhando para as vidrarias, compostos e ferramentas sem fazer nada. Minha cabeça só conseguia pensar no que aconteceu hoje durante o dia, quando aquela garotinha chorosa havia perdido seu gato e eu me dispus a ajudá-la, mas na verdade era um tipo de isca que atraiu-me para entrar naquele estúdio antigo de cinema para que eu pudesse ver aquela história de minha vida. A história de como eu perdi meu tio Ben. O que mais me corroía era que eu não havia dito aquele fato para ninguém, pois ainda temo que as pessoas me culpem. Não foi minha culpa, mas eu podia ter impedido que meu tio Ben se fosse. Talvez eu realmente seja o culpado, assim como as vozes dentro do estúdio de cinema gritavam para mim que eu era o responsável pela morte de meu tio. Eu não devia ter suscitado meu ego por coisa tão simples e inútil, e por minha culpa perdi meu exemplo, o meu verdadeiro herói, meu tio.
"Me perdoa, Tio Ben." Digo em um único sussurro enquanto sentia uma única lágrima desenhar meu rosto em linha reta.
Olho para a mesa onde estava meu traje sem nenhuma alteração que eu havia planejado fazer esta tarde. Eu preciso de um banho quente e de minha cama. Saio do laboratório e dirijo-me ao meu alojamento, onde podia ver Anabella dormindo igual uma pedra em seu lado da cama. Entro no banheiro e dispo-me, me centralizo em baixo do chuveiro enquanto podia sentir cada gota de água quente caminhar por meu corpo exausto e meus músculos tensos. Por minutos eu fiquei lá, parado, apenas escutando o barulho do chuveiro ligado e a água escorrendo pelo ralo. Tinha a expectativa de que a água levasse essa culpa da morte de meu tio que percorria meus pensamentos. Expectativa falha. Enxugo-me com uma toalha bastante macia e coloco um calção de dormir com uma camiseta aleatória. Antes que me deitasse ao lado de Bella percebi algo se movendo no lado de fora do Complexo. Me aproximo da janela de vidro balístico, que estava sem a proteção dos raios solares da manhã, normalmente fechamos para que a claridade não nos acorde às 06:00 da manhã, mas Bella estava tão sonolenta que acabou por esquecer de fechar. Olho para o lado de fora e posso ver um homem caminhando pelo gramado, ele usava camisa xadrez, calças de um jeans simples e sapatos sem nenhuma formalidade. Meus olhos guiam o homem transitando pelo pátio gramado sem nenhum medo na maior naturalidade, como se fosse o Central Park em uma belíssima e calma manhã, mas já era madrugada. O homem para e olha para mim, somente assim consigo perceber que eu conhecia aquele rosto. O homem sorri para mim e cumprimenta-me gesticulando com a mão. Forço minha visão para vê-lo melhor, não poderia ser possível. Não crendo no que os meus olhos via, minha mão queria tocar o homem e ver se era real. Abro a porta da minha sacada e salto no chão, descalço não importando se sujaria meus pés lá fora. Caminho até o homem, hesitando em alguns passos.
"Tio Ben?" Chamo-o. "É o senhor?"
"Sou eu, Peter. Sinto sua falta." Diz ele.
"Tio Ben eu o vi desfalecer os olhos na minha frente. Eu não entendo."
"Peter, por que fez isso?" Ele pergunta-me e por um instante eu não sei o que dizer ou fazer. "Por que você me matou?" Ele transcrita uma lança de palavras em meu peito ao fazer aquele questionamento.
"Tio Ben. Eu não o matei." Digo com voz falha.
"Você é o culpado. Por que não impediu aquele bandido? Por que me matou? Por que fez isso?" Eram tantos 'porquês' que afagavam minha garganta e bloqueavam meus pensamentos.
"Tio Ben... eu..."
"Você é culpado! Você é culpado!" Meus ouvidos doíam por escutar aquilo, feriam meus ouvidos tais palavras.
"Peter, o que faz aí?" Olho para cima e percebo Bella observando-me assustada.
"Eu..." Volto meu olhar para meu Tio Ben e me surpreendo quando não o vejo mais. "Eu só estava... respirando um ar fresco." Minto.
"À essas horas? Aqui sozinho?" Bella indaga desentendida e puramente desconfiada do que eu havia dito.
"Não se preocupe, não era nada." Digo após ter saltado e me dependurado até voltar para dentro do alojamento.
"Tudo bem." Ouço sua voz recuar e só depois percebo que fui ríspido ao respondê-la.
"Me desculpa, estou um pouco cansado." Tento me redimir.
"Não quer me dizer nada, Peter?" Ela parecia saber que algo me perturbava, mas eu não queria dizer nada, pois se eu contasse dessas aparições de meu tio juntamente com o episódio no antigo prédio de cinema uma hora ou outra eu haveria de contar sobre os fatos da morte de meu tio Ben, e eu não estou preparado para isso.
"Está tudo bem, Bella." Digo tentando expressar a maior tranquilidade que eu conseguia.
"Não, Peter. Não está! Eu fiz algo errado? Diz, porque você parece me esconder algo e isso me preocupa." Ela caminha até mim falando alto.
"Não, você não fez nada. Não se preocupe, eu estou com a cabeça cansada, mexer com o sistema do traje deixou-me com dores de cabeça." Invento uma desculpa deslavada, porque eu nem mexi no traje, falei que iria fazer alterações mas não fiz absolutamente nada.
"Você tem certeza?! Sabe que eu estou aqui, e qualquer coisa que acontecer eu estou para te ajudar, te apoiar." Diz ela e eu aperto-a em um abraço.
Dou-lhe um beijo na testa enquanto ainda a mantinha envolvida em meus braços. Devo valorizar muito mais essa pessoa que está aqui ao meu lado, pois como ela não encontrarei nem em um milhão de anos.
"Você quer um remédio para dor de cabeça?" Bella oferece com gentileza.
"Não precisa, vamos nos deitar. Um cafuné é o que eu preciso." Digo em busca de aliviar um pouco da tensão que eu estava transmitindo.
"Claro." Ela sorri.
Nos deitamos em minha cama e ela começou fazer cafunés em minha cabeça enquanto eu sentia seus dedos passearem por meus cabelos fazendo redemoinhos em volta dos fios. Em meu subconsciente eu estava perturbado. Aquele era uma armação ou assustadora aparição do passado que vem para me desinquietar? Eu não sabia. Mas tinha certeza que não era do bem, pois me causava calafrios e arrepios, detalhes que meu sentido aranha alertava discretamente, quase não perceptível.
P.O.V. ANABELLA
"Olha, é o seguinte, essas suas músicas são horríveis, Rogers. Daqui dez minutos vão ter pessoas se suicidando, porque a melancolia de cada verso está absurda." Diz Tony com toda sua cara expressão de sarcástico.
Estávamos na sala fazendo algo atoa em grupo, como colocar conversas em dia, falar da vida dos outros e nos divertirmos, mas a problemática havia sido criada ao deixarmos Steve escolher as músicas. Pareciam músicas de velório com um som de saxofone no fundo. Não sei dizer o gênero musical daquela melancolia em formato de som. Nem sabia que existia um playlist tão antiga assim nas plataformas digitais.
"E o que você aconselha de ouvirmos?" Capitão Rogers bebia um conhaque bastante envelhecido. O líquido descia por sua garganta igualmente à água, já que seu corpo tem fator de cura acelerado que não permite que o mesmo fique bêbado.
"Sexta-feira, Sweet Child O'Mine, por favor." Tony pede para sua interface e imediatamente começa tocar a música em todo o Complexo d'Os Vingadores.
Peter e eu ficamos loucos, afinal de contas, nossa música estava passando no volume máximo dentro do Complexo. Como três idiotas sem medo de estar passando vergonha, Tony, Peter e eu encenávamos o clipe, o tocando guitarras e baterias invisíveis como crianças que sonhavam em tocar instrumentos. Todos do Complexo riam de nós, mas era uma música contagiante, no mesmo momento cantávamos em coro. Admito, talvez estivéssemos imitando um bando de periquitos, porque o dom do canto não é bem o nosso forte, somos mais daqueles de socos e chutes. Credo! Pareço que convivo com lutadores selvagens quando digo isso.
"Silêncio agora, cambada!" Pede meu sogro soberano.
"QUE PUXA-SACO VOCÊ É, ANABELLA!" O lado racional de minha consciência grita em meu interior.
"Vamos ouvir a opinião do Picolé à respeito da música. Cof... quer dizer, do hino." Tony faz uma correção explícita com o intuito de provocar um certo humor.
"É... ela é animada... achei legal."
"Achou legal?! Steve, no mínimo você tem que achar excelente." Digo horrorizada.
"Tudo bem. Eu gostei muito da música." O Capitão admite depois de uma pequena hesitação e Tony sorri vitorioso.
Amo essa galera! Resolvo sair da sala em busca de lambiscar algo para comer ao ouvir meu estômago roncar alto. Procuro na geladeira e armários mas fico completamente desanimada de fazer algo muito trabalhoso para comer, porque não tinha nada que interessava minha barriguinha e eu já estava enjoada de comer sanduíche de peito de peru. Preciso mesmo é de um enorme, saboroso e gorduroso sanduíche do senhor Delmar, aqueles sanduíches parecem ser uma amostra ligeira do paraíso. Não tem como algo ser tão maravilhoso. Próxima vez que eu for no Queens não resistirei em comer aquela delícia de colesterol.
"Estou com fome." Peter aparece passando a mão na barriga provando o real.
"Estou procurando algo para fazer." Digo abrindo a porta da geladeira para fazer uma análise do que tinha lá dentro.
Em seguida todos aparecem conversando em voz alta como um grupo de adolescentes voltando da escola a pé. A maior parte do tempo passamos todos na sala e na cozinha, a cozinha é conjugada com uma salinha, então ficamos muito tempo por aqui.
"Pelo jeito todo mundo ficou com fome na mesma hora." Digo.
"É uma boa oportunidade pro Visão usar os dotes culinários dele." Diz Bruce limpando a lente do óculos que estava suja, no entanto, naquele mesmo instante o interfone toca.
"Quem é?" Tony pergunta não para nós mas para Sexta-Feira, sua interface.
"Chefe, é um entregador com uma caixa."
"Faz um escâner. O que é que tem dentro da caixa?" Tony pede a interface e olhamos para ele com sobrancelhas arqueadas. "Trauma do ofício. Nunca se sabe, pode ser uma bomba." Ele justifica toda a sua paranóia. Faz sentido!
"São bolinhos decorados, chefe."
"Chegaram na hora certa." Digo caminhando até a porta para pegar a caixa de entrega, logo volto com a caixa.
Vou ansiosa para ver os doces dentro da caixa. Eram lindos, fofos e perfeitos bolinhos decorados com figurinhas que representavam cada um d'Os Vingadores. O meu era azul com brilhos comestíveis e um lobinho branco desenhado com confeitos em pasta americana, o desenho do lobo era um pouco abstrato. O de Peter era decorado com vermelho, azul e dourado e tinha o desenho da aranha do peito do seu uniforme de Aranha de Ferro. De Thor era preto com um incrível doce no formato idêntico à Rompe Tormentas. E os demais doces eram uma graça, no entanto não irei dizer como ficou cada um com todos os detalhes, porque eu não tenho paciência para isso. Natasha vê um envelope dependurado ao lado da caixa e puxa-o para ler.
"Bom, aqui diz: Um excelentíssimo presente como símbolo de gratidão e honra para Os Vingadores. Esperamos que gostem e saboreiem esses deliciosos bolinhos, que são especialidade da Confeitaria Sabor Nova-iorquino." Nat lê o papel todo enfeitado com cheiro de doces.
"Um presente de nossos fãs." Thor pega seu bolinho e abocanha-o ficando com um bigode de chocolate.
"Me dá o meu. Me dá o meu." Digo pulando para pegá-lo dentro da caixa de papelão e fico contemplando os detalhes minuciosos por um bom tempo.
"Estupendo! São de nozes." Diz Bruce e eu freio a bocada que estava prestes a dar no bolinho.
"NOZES!?" Berro.
"Sim, o meu também é de nozes, todos devem ser." Diz Wanda enquanto eu via o recheio de dentro escorrendo em câmera lenta do seu docinho. Os demais assentiram que os seus também eram de nozes.
"Ah não." Choramingo e deposito o bolinho de volta na caixa. "Sou alérgica à nozes. Se eu comer precisarão me levar às pressas para o hospital." Deito minha cabeça no balcão e não consigo evitar o meu beiço por estar emburrada.
"Tem rosquinhas dentro do meu carro, pegue-as se não tiverem derretido." Diz Tony e uma ponta de felicidade me atinge.
"Obrigaaaaada, Tony." Agradeço e vou correndo até o carro na expectativa de encontrar as rosquinhas intactas só esperando por mim.
"Pai, para de mimar a Bella com doce. Ela vai ter diabetes." Peter diz revirando os olhos.
"Pode comer o meu bolinho, Petie." Digo satisfeita por saber que tinham rosquinhas para mim.
"Já comi o seu, irmã." Thor diz com a boca cheia de brilho do que era pra ser um bolinho da Loba Azul para eu comer. Todos olhamos para Thor surpresos pelo fato de que o deus do trovão mal esperou eu permitir que o mesmo comesse meu doce. "O que foi? Eu sou grande e robusto, alimento-me mais que vocês, humanos."
***
OIOI, FILHOTES! VOLTEIIII.
PEÇO MIL PERDÕES PELA DEMORA, MAS É QUE EU PASSEI POR UNS DÉFICITS DE CRIATIVIDADE ACARRETADOS DE UNS MOMENTOS RUINS. MAS EU VOLTEI, TALVEZ DEMORE PARA PUBLICAR NOVOS CAPÍTULOS MAS SEMPRE PUBLICAREI.